COMUNICAÇÕES 242 - Paulo Portas: pelo digital é que vamos
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
em desta<strong>que</strong><br />
32<br />
segurança, o trabalho à distância e o dinheiro<br />
virtual.<br />
Não por acaso a Sword Health inovou na área<br />
da saúde, com uma solução <strong>que</strong> presta serviços<br />
de fisioterapia <strong>digital</strong>. A Feedzai, <strong>que</strong> se move na<br />
área da cibersegurança, criou um sistema <strong>que</strong><br />
usa IA e machine learning para evitar o cibercrime.<br />
A Remote criou, por seu turno, uma plataforma<br />
de gestão de recursos humanos em teletrabalho.<br />
Finalmente a Anchorage Digital tornou-se<br />
o nosso unicórnio cripto. Nenhuma destas start<br />
-ups foi criada durante a pandemia, mas quando<br />
a COVID se espalhou <strong>pelo</strong> planeta, tinham em<br />
mãos o tipo de negócio com mais potencial para<br />
crescer. O resto, o <strong>que</strong> fez com <strong>que</strong> chegassem a<br />
unicórnio foi, talvez, o “ativo” de <strong>que</strong> fala Inês<br />
Mar<strong>que</strong>s: uma <strong>que</strong>stão de atitude.<br />
Diogo Mónica tem uma história para contar<br />
<strong>que</strong> ilustra bem o <strong>que</strong> <strong>é</strong> ter a atitude <strong>que</strong> pode<br />
fazer a diferença. Quando se espalhou a pandemia,<br />
estava a um passo de expandir a Anchorage<br />
Digital, <strong>que</strong> fundara dois anos antes, em<br />
São Francisco (EUA), para Portugal. Os tempos<br />
eram de incerteza, mas decidiu contratar: “Os<br />
70 colaboradores <strong>que</strong> hoje temos em Portugal<br />
são todos pós-pandemia”, confirma.<br />
Ao expandir (tamb<strong>é</strong>m abriu escritório em<br />
Singapura) percebeu <strong>que</strong> estava a expor-se a<br />
uma situação <strong>que</strong> precisava de controlar: “Percebi <strong>que</strong><br />
era preciso olhar com atenção para a nossa política de<br />
trabalho e focar-me na <strong>que</strong>stão da criação de cultura”,<br />
conta. Na<strong>que</strong>la fase Diogo tinha as suas pessoas a trabalhar<br />
em casa e equipas dispersas por três continentes:<br />
“No mundo pr<strong>é</strong>-pandemia,<br />
essa <strong>que</strong>stão não<br />
me preocupava...”<br />
Não perdeu tempo.<br />
Instituiu uma reunião<br />
semanal onde passou a<br />
acontecer muita coisa:<br />
“Nessa ocasião as pessoas<br />
Diogo Mónica, presidente e fundador da Anchorage Digital, acredita <strong>que</strong><br />
se a pandemia não o prejudicou, não será a guerra na Europa a fazê-lo<br />
Sem exceção, os quatro<br />
unicórnios <strong>que</strong> nasceram<br />
durante a pandemia<br />
estavam nas áreas de<br />
negócio mais apetecidas<br />
partilham preocupações<br />
pessoais e profissionais,<br />
entrevistam-se umas às<br />
outras, criando uma esp<strong>é</strong>cie<br />
de blockchain (risos)”.<br />
Lançou um chat, para <strong>que</strong> todos pudessem interagir<br />
e organizou jogos, com rankings e pr<strong>é</strong>mios para <strong>que</strong><br />
se divertissem a trabalhar. O pr<strong>é</strong>mio dele foi verificar<br />
<strong>que</strong> o seu problema de coesão cultural estava resolvido<br />
e <strong>que</strong> isso contribuíra tamb<strong>é</strong>m para uma retenção<br />
de quadros muito acima da m<strong>é</strong>dia. Por experiência ele<br />
sabe <strong>que</strong> “nos EUA, em m<strong>é</strong>dia a retenção de colaboradores<br />
situa-se entre os 12 e os 18 meses”, ao passo <strong>que</strong><br />
ele conseguiu <strong>que</strong> a permanência m<strong>é</strong>dia na Anchorage<br />
fosse de três anos. Estabilidade <strong>que</strong> representou, sublinha,<br />
“uma importante vantagem competitiva”.<br />
Com talento assegurado e o negócio certo nas mãos,<br />
a Anchorage Digital cresceu de tal maneira (começou<br />
com 65 pessoas, agora tem<br />
325) <strong>que</strong> tornar-se unicórnio<br />
foi, provavelmente,<br />
uma consequência natural.<br />
Hoje vale mais de três<br />
mil milhões de dólares e<br />
se a pandemia não foi entrave<br />
para este crescimento,<br />
Diogo acredita <strong>que</strong> a<br />
guerra tamb<strong>é</strong>m não será:<br />
“As pessoas, sobretudo<br />
com a guerra, começaram<br />
a perceber as vantagens de<br />
uma moeda <strong>que</strong> não pode ser inflacionada, congelada<br />
ou confiscada. Os únicos refugiados <strong>que</strong> saíram da<br />
Ucrânia, sem ser com a roupa <strong>que</strong> traziam no corpo, tinham<br />
criptoactivos. Estas moedas, <strong>que</strong> as pessoas não<br />
apreciavam por<strong>que</strong> não viam, agora começam a revelar<br />
todas as suas potencialidades”, comenta, com um sorriso.<br />
O c<strong>é</strong>u, para ele, continua a ser o limite.•