COMUNICAÇÕES 242 - Paulo Portas: pelo digital é que vamos
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
portugal <strong>digital</strong><br />
56<br />
Alexandre Quintanilha acredita <strong>que</strong> <strong>é</strong> a inovação associada à tecnologia <strong>que</strong> nos vai<br />
ajudar a enfrentar as alterações climáticas<br />
já está ultrapassado. O outro <strong>é</strong> o do seu forte impacto<br />
ambiental. Mas perante um cenário de escassez recorrente,<br />
este <strong>é</strong> um recurso <strong>que</strong> não está fora de <strong>que</strong>stão.<br />
Em Portugal a dessalinização<br />
para abastecimento<br />
público só <strong>é</strong> usada em<br />
Porto Santo, mas já existe<br />
um projeto, a ser financiado<br />
com verbas do PRR,<br />
para o Algarve. Custará<br />
200 milhões e será o primeiro<br />
de outros <strong>que</strong> estão<br />
em estudo para o Alentejo<br />
e a região do Tejo. Estimase<br />
<strong>que</strong> a estação dessalinizadora<br />
do Algarve terá<br />
capacidade para produzir, no mínimo, 15hm3 de água.<br />
O deputado Alexandre Quintanilha, <strong>que</strong> foi relator<br />
da Lei de Bases do Ambiente aprovada recentemente,<br />
Um dos recursos<br />
tecnológicos <strong>que</strong> poderá<br />
ajudar muito na gestão<br />
dos serviços de gestão das<br />
águas <strong>é</strong> o 5G<br />
saúda todas estas iniciativas, mas adverte<br />
<strong>que</strong> as reformas <strong>que</strong> ainda estão<br />
por fazer relativamente às alterações<br />
climáticas e suas consequências só resultarão<br />
se partirem de uma mudança<br />
de atitude concertada.<br />
Otimista por natureza, sublinha<br />
<strong>que</strong> o simples facto de esta lei ter sido<br />
aprovada por todos os partidos – exceto<br />
o PAN e com a abstenção do PCP – significa<br />
<strong>que</strong> esta sensibilização já <strong>é</strong> muito<br />
transversal na sociedade. Não negando<br />
as insuficiências <strong>que</strong> ainda existem, nomeadamente<br />
no <strong>que</strong> respeita à gestão<br />
dos recursos hidrográficos do país, insiste<br />
em ver o copo meio cheio: “Temos<br />
de apostar na adaptação climática. Isso<br />
<strong>é</strong> possível. Há muitas novas formas de<br />
produção agrícola, em <strong>que</strong> se recorre à<br />
energia gen<strong>é</strong>tica para produzir muito<br />
mais alimentação, mais rica em nutrientes,<br />
consumindo menos água”.<br />
Frisando <strong>que</strong> subjacente a mudanças<br />
estruturais têm de existir mudanças<br />
culturais, a<strong>pelo</strong>u à responsabilidade<br />
individual dos cidadãos: “Aquilo <strong>que</strong><br />
mais alterou os ecossistemas foi a agricultura.<br />
Pois bem, cada um de nós pode<br />
contribuir para este esforço coletivo de<br />
poupança de recursos alterando a quantidade<br />
de carne <strong>que</strong> come, ou a quantidade<br />
de chocolate (uma das culturas<br />
<strong>que</strong> mais absorve água no planeta) <strong>que</strong><br />
consome”, cita a título de exemplo.<br />
Ciente de <strong>que</strong> a agricultura – a grande<br />
consumidora de água – e os nossos hábitos de consumo<br />
não se mudam de um dia para o outro, tem f<strong>é</strong><br />
<strong>que</strong> seja a inovação associada à tecnologia a ajudar-nos<br />
a enfrentar as alterações<br />
climáticas, tirando da cartola<br />
soluções inovadoras<br />
como as <strong>que</strong> no passado<br />
nos ajudaram a voltar a<br />
fechar o buraco do ozono:<br />
“Quando <strong>é</strong> necessário <strong>é</strong><br />
sempre possível fazer alguma<br />
coisa para ultrapassar<br />
estes desafios”, frisa.<br />
Antigo fundador e diretor<br />
do Instituto de Biologia<br />
Molecular do Porto, como<br />
homem da ciência <strong>que</strong> <strong>é</strong>, vê sempre “a História como<br />
uma história de avanços significativos”.•