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272-273 don’t touch

my hair

Perdidas na exposição?

Desafiar o imaginário colonial

português através de fotografias

de mulheres negras

por Júlia Garraio

A realidade vivida pelas mulheres

negras nos “paraísos tropicais”

do perverso império português

De que forma estiveram as mulheres presentes na política

do continente africano no pós-colonialismo?

Novas necessidades resultaram na criação da União

Africana, em 2002, na capital da Etiópia. Esta tinha como modelo a União

Europeia e mostrava uma preocupação elevada em relação aos direitos

humanos que a diferenciava da antiga OUA.

A comissão é composta por um presidente, um vicepresidente

e oito comissários. Estes dez elementos devem refletir uma

representação de dois elementos por cada uma das regiões africanas,

sendo que um destes deverá ser uma mulher.

O tribunal de justiça é composto por 11 juízes e, em 2010,

integravam o colectivo de juizes: Hamdi Fanoush, Kelello Mafoso-Gunni,

El Hadji Guisse, Fatsah Ouguergouz, Modibo Guindo, Jean Mutsinzi,

circulação de imagens de mulheres

negras semi-nuas tornou-se comum,

quer no espaço público, quer no

espaço privado, não sendo raro ver

estas fotografias nos jornais, postais

e exposições. Em 1934, na exposição

colonial do Porto, o caso de “Rosita”,

uma mulher trazida para Portugal

devido ao seu corpo peculiar, ficou

bastante conhecido e, inclusive, muitos

autores concordam que o sucesso

da exposição se deveu à exibição dos

corpos negros semi-nus. Deste modo,

a mulher negra era símbolo de prazer

sexual, do ultramar e dos selvagens,

sendo que as relações sexuais com elas

eram social e culturalmente aceites,

no entanto, se fossem com mulheres

brancas seria considerado pornografia.

Por fim, os

Colonizadores estabeleceram um

sistema económico e social em que

os nativos saíam muito prejudicados,

esta assimetria racial levou algumas

mulheres negras a assumirem a

prostituição para manter a subsistência

do povo e como uma forma de navegar

entre estratos sociais e económicos.

Júlia Garraio concebe

um discurso acerca do imaginário

das mulheres negras no colonialismo

português através da análise da

exposição Retornar: Traços de

Memória, constituída por fotografias

colonialistas de álbuns de família.

Esta começa por referir

que o álbum é um objeto que resulta da

seleção de momentos memoráveis feita

por quem está a fazer a compilação do

mesmo. As descrições das fotografias

abrangem figuras de soldados brancos e

de mulheres negras, semi-nuas, onde os

soldados estão a tocar nos seios ou na

zona púbica das mulheres.

Estas imagens poderão

ser um bom retrato das realidade

vividas por estas mulheres, fruto de

uma extrema sexualização racial do

corpo das colonizadas, de violações

e explorações de outro tipos. As

fotografias e a violência sexual seria

como uma performance de afirmação

do poder colonial e supremacia do

homem branco.

A metrópole portuguesa

era muito católica e conservadora,

condenando a nudez e controlando

a sexualidade feminina, contudo, a

Da Organização de Unidade Africana à União Africana

por Arquivo Janus: African Union Profile

Postal da exposição colonial do Porto

Gerard Niyungeko, Sophia Akuffo, Githu Muigai, Joseph Mulenga e

Bernard Ngoepe. Destes onze membros apenas um é uma mulher.

Foram catorze os comités temáticos que a União Africana

optou por priorizar. Um deles é o “Comité de Género e Capacitação das

Mulheres” e funciona como um órgão de preparação dos programas e

projetos da UA e, numa fase posterior, como órgão de acompanhamento

e implementação dos mesmos.

A União Africana visava a maximização das afinidades

entre estados africanos e o resultado proveniente da complementaridade

de múltiplas realidades com um passado comum (regime colonial).

Num contexto alargado de redefinição do panorama internacional para

construção e funcionamento dos Estados pós-independências, verificaramse

avanços no plano da cooperação regional a nível económico e político

procurando sempre alcançar uma sociedade estável e democrática.

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