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276-277 don’t touch
my hair
A Situação da Mulher em Angola
de Maria Idalina de Oliveira Valente
Alice Cruz
Women and Colonialism
de Kathleen Sheldon
Na conferência de Berlim, em 1884-
1885, as nações europeias da Grã-
Bretanha, França, Alemanha, Bélgica e
Portugal dividiram áreas de domínio do
continente africano entre si.
população não tem acesso) e o escasso
acesso a serviços primários de saúde da
mulher, contribuem para a fragilização
da posição da mulher em Angola,
acentuando o alto nível de mortalidade
deste país.
Adicionalmente, apesar
de nos agregados familiares se dar
ênfase à mulher devido às tradições
não-católicas, havendo mesmo
inúmeras mulheres que assumem a
chefia das famílias, a politica continua
a ser um campo em que a presença
da mulher angolana é escassa,
pois ao ter sido algo transmitido e
institutionalizado pelos colonizadores,
existe uma elitização do próprio
sistema politico democrático que foi
desenhado por homens e para homens,
que exploram todas as riquezas naturais
e mão de obra do seu país.
Em termos legais, a
mulher angolana não é protegida em
situações de violência doméstica,
violação e aborto. A própria estrutura
familiar que é aceite é a família
monogâmica, apesar de em Angola
a poligamia ser bastante comum e
culturalmente aceite.
A mulher em angola,
encontra-se numa situação de extrema
pobreza e de debilitação dos seus
direitos básicos humanos. É imperativo
refletir sobre como estas mulheres são
as principais vitimas do colonialismo
e do conflito armado que se seguiu à
independência angolana.
O desenvolvimento de uma
nação, inicialmente, era apenas
visto como um desenvolvimento
económico, descartando-se
de forma sistemática todos os
fenómenos humanos, sociais,
políticos e ambientais, nesta
amalgama daquilo que se
considera o desenvolver de
um país. Neste sentido, Maria
Idalina de Oliveira Valente
explica como a situação da
mulher angolana deve ser vista
à luz de um desenvolvimento
que engloba a pobreza, a
fome, os recursos humanos, as
instituições e o meio ambiente,
aliado a um contexto histórico e
político, bastante marcado pela
colonização e pela guerra civil.
minas de ouro, diamantes e cobre. Relativamente
aos sistemas jurídicos relativos ao colonialismo,
as mulheres estavam em desvantagem, uma vez
que foram estabelecidas leis “consuetudinárias”
(fundadas nos usos ou costumes).
Assim, algumas mulheres mudaramse
para as novas comunidades urbanas em
desenvolvimento, em busca de oportunidades.
A atividade política précolonial
das mulheres foi geralmente
ignorada pelas autoridades coloniais que se
focaram exclusivamente nos homens quando
estabeleceram gabinetes políticos locais.
Em muitas partes da África
Ocidental, as mulheres eram membros de
associações dirigidas por e para as mulheres, o
que dava às mesmas a última palavra nas disputas
sobre mercados ou agricultura. No entanto,
os agentes coloniais, quase sempre homens,
ignoraram essa realidade.
Assim, seguiram-se os anos de
colonialismo mais intenso, com o progresso da
guerra quando os europeus tentaram impor o seu
próprio controlo político sobre África.
Nos anos 50 e início dos anos 60, as
mulheres estiveram envolvidas na independência
das nações africanas de diversas formas. Contudo,
o trabalho das mulheres durante o período colonial
sofreu de diversas formas: as mulheres perderam o
poder e a autonomia económica, foram excluídas
do mercado global, desenvolveram trabalho não
remunerado, entre outros.
As mulheres continuaram o seu
trabalho de cultivo de alimentos para consumo
familiar, enquanto os homens ganhavam salários
trabalhando em plantações de chá e algodão,
A globalização e as
intensas migrações como consequência
da guerra civil angolana, vieram
acentuar a feminização da pobreza em
angola, tendo consequências agravantes
como a alta taxa de analfabetismo
de 58%, dos quais 75% são mulheres,
levando ao desemprego, à prostituição
e à desintegração de famílias.
É alarmante como a
situação da mulher rural e da mulher
urbana é completamente dispare, sendo
que pobreza atinge maioritariamente
o primeiro grupo de mulheres. A falta
de acesso a água potável (cerca de
65% da população não o tem), o não
acesso a saneamento básico (75% da