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The story of bedouin-arab
women in a polygamous
marriage
por Alean Al-Krenawi e John R. Graham, 1999
Em “The story of
bedouin-arab women in a
polygamous marriage” é
feita uma pesquisa acerca
da dinâmica familiar e
do papel da mulher num
casamento poligâmico
árabe, em Israel. A
comunidade árabe tem
estabelecido um sistema
severamente patriarcal,
onde os papéis de género
são arcaicos sem serem
questionados: as mulheres
devem permanecer em
casa e estar ao serviço do
bem-estar da família.
Com 73 anos,
Ahmad tem seis mulheres,
que entre si vão dos 30 aos
67. Com todas elas, partilha
um total de 60 filhos, o mais
velho com 40 anos, e o mais
novo com 2 meses. Como
é de esperar os problemas
não acabam. O clima entre as
mulheres é de tensão constante,
não só entre elas como com
os próprios filhos. Dividindo
atenções com os irmãos, os
filhos de comportamento
agressivo onde é comum
haver intimidação irmão-irmã
e filho-mãe, exemplos que
estes jovens vão certamente
buscar ao pai. Nenhum deles
acabou o ensino secundário,
e muitos sofrem com abuso
de substâncias e doenças
psicológicas, provavelmente
devido à falta de apoio da parte
da família. As mulheres, objetos
da autoridade castradora do
marido e de agressão física e
verbal recorrente, encontram na
família o principal motor da sua
opressão, quando este devia ser
um espaço de conforto e amor.
Nestes casos,
todo o conjunto de género/raça/
religião/classe social, contribui
para colocar a mulher e as
crianças destes casamentos
em risco, constituindo por isso
importantes casos de estudo
para a compreensão dos
direitos da mulher.
A mulher e o dote
no casamento na Índia
por Madalena Leitão
O dote é um costume cultural e religioso do casamento
oriental com fortes raíses na Índia, consistindo na
transferência de bens (monetários ou materiais) da
família da noiva para a do noivo, que normalmente se
casam por conveniência.
É uma prática que define o paradigma patriarcal destas
comunidades, marcado pela crença de que a mulher deve residir com,
ou perto da família do marido. Em termos históricos, o dote era uma
forma de compensar a família do noivo financeiramente, uma vez que
a mulher ia passar a viver com eles, e não podia ter independência
laboral: era culturalmente inaceitável a mulher trabalhar fora do espaço
doméstico. Por causa desta prática, ter filhas era visto como uma
grande despesa a longo termo, mas também como uma oportunidade
de ascender socialmente, dependendo do valor do dote. Este valor
era de extrema importância: garantia aos pais da noiva que a sua filha
seria bem tratada em casa dos genros, que geralmente lhes davam
menos responsabilidades domésticas e mais liberdade se o dote fosse
significativo. Quando as expectativas relativamente a esta valor não eram
cumpridas, as noivas sofriam as consequências, que incluem ataques de
ácido, violência física, e eventualmente a morte.
Assim como muitas outras formas de violência contra
a mulher, os ataques de ácido, são fenómenos de uma sociedade que
priveligia o controlo masculino através do uso da intimidação agressiva.
Segundo a OMS, estes ataques devem-se, essencialmente, a três fatores:
à desigualdade e descriminação de género, a disponibilidade de ácido, e à
falta de legislação contra o atacante. Estas formas de violência constituem
atrocidades que continuam a ser praticadas diariamente, perpetuando
a condição inferior da mulher e, sejam elas relacionadas ou não com o
dote. Mesmo assim, apesar deste ter sido removido da legislação em
1961, há mulheres que aceitam esta tradição, olhando para ela como
uma componente normal do ritual do casamento, uma perspetiva que
certamente se foi transformando numa resposta a uma sociedade cada
vez mais materialista, um motivo de orgulho para estas comunidades.