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185 RIOT

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The story of bedouin-arab

women in a polygamous

marriage

por Alean Al-Krenawi e John R. Graham, 1999

Em “The story of

bedouin-arab women in a

polygamous marriage” é

feita uma pesquisa acerca

da dinâmica familiar e

do papel da mulher num

casamento poligâmico

árabe, em Israel. A

comunidade árabe tem

estabelecido um sistema

severamente patriarcal,

onde os papéis de género

são arcaicos sem serem

questionados: as mulheres

devem permanecer em

casa e estar ao serviço do

bem-estar da família.

Com 73 anos,

Ahmad tem seis mulheres,

que entre si vão dos 30 aos

67. Com todas elas, partilha

um total de 60 filhos, o mais

velho com 40 anos, e o mais

novo com 2 meses. Como

é de esperar os problemas

não acabam. O clima entre as

mulheres é de tensão constante,

não só entre elas como com

os próprios filhos. Dividindo

atenções com os irmãos, os

filhos de comportamento

agressivo onde é comum

haver intimidação irmão-irmã

e filho-mãe, exemplos que

estes jovens vão certamente

buscar ao pai. Nenhum deles

acabou o ensino secundário,

e muitos sofrem com abuso

de substâncias e doenças

psicológicas, provavelmente

devido à falta de apoio da parte

da família. As mulheres, objetos

da autoridade castradora do

marido e de agressão física e

verbal recorrente, encontram na

família o principal motor da sua

opressão, quando este devia ser

um espaço de conforto e amor.

Nestes casos,

todo o conjunto de género/raça/

religião/classe social, contribui

para colocar a mulher e as

crianças destes casamentos

em risco, constituindo por isso

importantes casos de estudo

para a compreensão dos

direitos da mulher.

A mulher e o dote

no casamento na Índia

por Madalena Leitão

O dote é um costume cultural e religioso do casamento

oriental com fortes raíses na Índia, consistindo na

transferência de bens (monetários ou materiais) da

família da noiva para a do noivo, que normalmente se

casam por conveniência.

É uma prática que define o paradigma patriarcal destas

comunidades, marcado pela crença de que a mulher deve residir com,

ou perto da família do marido. Em termos históricos, o dote era uma

forma de compensar a família do noivo financeiramente, uma vez que

a mulher ia passar a viver com eles, e não podia ter independência

laboral: era culturalmente inaceitável a mulher trabalhar fora do espaço

doméstico. Por causa desta prática, ter filhas era visto como uma

grande despesa a longo termo, mas também como uma oportunidade

de ascender socialmente, dependendo do valor do dote. Este valor

era de extrema importância: garantia aos pais da noiva que a sua filha

seria bem tratada em casa dos genros, que geralmente lhes davam

menos responsabilidades domésticas e mais liberdade se o dote fosse

significativo. Quando as expectativas relativamente a esta valor não eram

cumpridas, as noivas sofriam as consequências, que incluem ataques de

ácido, violência física, e eventualmente a morte.

Assim como muitas outras formas de violência contra

a mulher, os ataques de ácido, são fenómenos de uma sociedade que

priveligia o controlo masculino através do uso da intimidação agressiva.

Segundo a OMS, estes ataques devem-se, essencialmente, a três fatores:

à desigualdade e descriminação de género, a disponibilidade de ácido, e à

falta de legislação contra o atacante. Estas formas de violência constituem

atrocidades que continuam a ser praticadas diariamente, perpetuando

a condição inferior da mulher e, sejam elas relacionadas ou não com o

dote. Mesmo assim, apesar deste ter sido removido da legislação em

1961, há mulheres que aceitam esta tradição, olhando para ela como

uma componente normal do ritual do casamento, uma perspetiva que

certamente se foi transformando numa resposta a uma sociedade cada

vez mais materialista, um motivo de orgulho para estas comunidades.

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