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GIOVANA OLIVEIRA DE RUSSI - PósDefesa

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das mulheres assassinadas no Brasil em 2018, quase o dobro se comparado às mulheres nãonegras

5 . Não é nossa intenção diminuir a fala da escritora, mas é de suma importância para

nosso trabalho marcarmos a esfera racial e coloca-la em debate por entendermos sua relevância

e para não apagarmos e silenciarmos a criadora do movimento #metoo, Tarana Burke, mulher

negra e ativista.

A ONU (apud SOARES, 2015, [n.p.]) alerta que 7 em cada 10 mulheres no

mundo já foram ou serão violentadas em algum momento da vida por um parceiro e 35% das

mulheres já foram ou serão violentadas por um estranho, sem especificar raça, classe social,

escolaridade ou lugar no mundo.

Em 2019, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicou a segunda edição

do mapa “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, onde 37,1% das mulheres

com 16 anos ou mais relataram terem sofrido assédio dos mais variados tipos nos últimos 12

meses: 32,1% receberam comentários desrespeitosos ao andar na rua (19 milhões de mulheres);

7,8% foram assediadas fisicamente em transporte público (3,9 milhões) e 5% foram agarradas

ou beijadas sem consentimento (2,3 milhões). Além disso, 66% de mulheres entre 16 e 24 anos

sofreram algum tipo de assédio em 2019.

Os números ficam ainda mais alarmantes na pesquisa sobre violência contra

mulher no ambiente universitário realizada pelo Instituto Avon em 2015: 56% das mulheres

entrevistadas relataram já terem sofrido assédio sexual; 28% sofreram violência sexual; 18%

sofreram algum tipo de coerção; 10% sofreram violência física e 49% sofreram desqualificação

intelectual. Contudo, o mais preocupante desta pesquisa são os casos que ainda não são

reconhecidos como violência por parte dos homens: 27% não consideram violência abusar da

mulher embriagada; 35% não consideram violência coagir uma mulher a participar de

atividades degradantes como desfiles e leilões e 31% não consideram violência repassar fotos

ou vídeos das colegas sem a autorização delas. As mulheres negras são maior índice de

vitimização, representando 28,4% das mulheres vítimas de violência física, além de serem

40,5% das mulheres vítimas de assédio (DATAFOLHA; FÓRUM BRASILEIRO DE

SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).

Em 2017, nos EUA a atriz Alyssa Milano publica um tweet convocando

mulheres a contarem suas histórias de assédio usando a hashtag #metoo. Milano foi interpelada

pela reportagem do jornal The New York Times publicada dias antes, expondo décadas de

abusos e assédios por parte do magnata Harvey Weinstein. Apesar de Metoo já existir

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A pesquisa considera como mulheres não-negras as mulheres pardas, indígenas e brancas (IPEA, 2019).

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