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GIOVANA OLIVEIRA DE RUSSI - PósDefesa

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convocação do feminino a se mobilizar, se identificar e responder ao tweet. Contudo, essa

convocação é esquecida, aspecto fundamental da materialidade da hashtag, uma vez que a

corrente se cria, se replicando através da hashtag #metoo e não necessariamente conectada ao

tweet original, criando o que Dias (2019) coloca como textualidades seriadas, que trataremos

mais a diante de forma detalhada. Há também a possibilidade de identificação de grupos não

convocados, como na figura abaixo, em que um homem se identifica com a convocação e faz

uso do espaço digital para compartilhar sua história. É relevante notar que também existe a

possibilidade de compartilhamento e identificação sem que necessariamente se use a hashtag,

o que também se mostra como específico da materialidade e funcionamento da mesma.

Figura 3 – Twitter de Randall G. Arnold.

Fonte: Tweet resposta à Alyssa Milano, 2017 35 .

Outro aspecto que se apresenta na equivocidade é que há ainda a história

determinando esses processos, o que significa que nem toda mulher irá se identificar com a

hashtag ou com o movimento. Prova disso é o Manifesto das artistas francesas, assinado por

Catherine Deneuve e dezenas de outras francesas, que faz frente ao #metoo alegando que

[...] a sedução insistente ou desajeitada não é um crime nem o galanteio uma agressão

machista [...] Essa justiça expeditiva já fez suas vítimas, homens castigados no

exercício de sua profissão, forçados a se demitir, etc., quando seu único erro foi ter

tocado um joelho, tentado roubar um beijo, falar sobre coisas “íntimas” em um jantar

profissional ou ter mandado mensagens com conotação sexual a uma mulher cuja

atração não era recíproca. (MANIFESTO, [n.p.]).

Apesar de não nos estendermos em análise do manifesto por se tratar de um

deslizamento que não nos interessa aqui, ele pode ser lido na íntegra no ANEXO A.

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Randall G. Arnold: não sou uma mulher, mas eu também, no ambiente de trabalho.

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