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GIOVANA OLIVEIRA DE RUSSI - PósDefesa

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uma leitura que traz à tona dispositivos e configuração significantes

(GUILHAUMOU; MALDIDIER, 2010, p. 162).

De forma prática, o arquivo foi constituído e se mostrou, nesta pesquisa, como

heterogêneo, constituído de diversos mídium, e marcado justamente pela abrangência social e

uma leitura plural. Com relação à leitura, Pêcheux (1981 apud DIAS, 2015, p. 973) nos alerta

que não há apenas uma maneira de leitura, muito pelo contrário, há uma pluralidade de gestos

de leitura e tampouco trata-se de uma leitura literal, trata-se de “adicionar sistematicamente a

leitura à fragmentação espontânea das sequências para liberar completamente a matéria verbal

[ou não verbal] dos restos de sentido que ainda a aderem [...]”, o que Cristiane Dias (2015, p.

973) explanou como “tirar a leitura de qualquer relação com a evidência”.

O arquivo foi construído por documentários como The Hunting Ground;

Untouchable; Nevertheless; Feministas: o que elas estavam pensando?; Miss Representation;

Rede de abuso, Atleta A e No coração do ouro: o escândalo da seleção americana de ginástica.

Filmes, séries e miniseries: Patriot Act; Jeffrey Epstein: poder e perversão; O homem invisível;

I may destroy you; The Handmaid’s Tale, Inacreditável e Nanette. Além do livro Ela disse.

A partir do arquivo, começamos a seleção dos recortes que iriam figurar no

corpus de análise, composto por (i) um vídeo do canal estadunidense As/Is sobre uma história

de estupro apresentada pela própria vítima, (ii) diversos tweets retirados diretamente de contas

do Twitter de atrizes, ginastas e anônimas e (iii) dois documentários que abordam o julgamento

do médico olímpico Larry Nassar, a fim de elucidar e responder à pergunta de pesquisa.

A decisão de analisar o vídeo This Is My Assault Story #metoo veio após assistir

o vídeo derivado dele, publicado pela página brasileira Quebrando o Tabu no Twitter e

Facebook. Começamos a análise pelo vídeo original, com vistas a compreender seus modos de

significação, dos quais destaca-se a circulação de sentidos, com efeitos nos sentidos produzidos.

A construção da dissertação se deu a partir disso e foi progredindo conforme o próprio material

pedia novos rumos e conceitos.

No percurso desta pesquisa, entendemos que o vídeo This Is My Assault Story

nos permite sustentar uma compreensão da hashtag #metoo enquanto acontecimento

discursivo, conforme o objetivo principal proposto. Situamos, deste modo, a hashtag #metoo

no encontro entre uma memória e uma atualidade, procurando abarcar seu funcionamento

discursivo, ou seja, seus modos de formulação, constituição e, principalmente, circulação, posto

que a circulação tem um lugar privilegiado quando se pensa a produção de sentidos no digital:

[...] a maneira de circular altera o sentido da arte e sua função social. Trata-se de uma

circulação por reprodução. É a circulação que produz mudanças no modo de

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