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A teoria do oarceiro
Por fim, recorrer à análise é sempre substituir um casal pelo outro,
ou minimamente sobrepor um ao outro. Aliás, o cônjuge, quando
ele existe, nem sempre lida muito bem com isso; ele se opõe, tolera e,
eventualmente, procura um analista. Como pude dizer certa vez, o cônjuge
nem sempre é o sujeito com o qual estamos casados, tampouco
aquele com quem dividimos a cama, o concubino.
À ocorrência de o parceiro cônjuge ser o pai chamou-se histeria
feminina, e disso fez-se uma categoria clínica à parte. É claro que o
parceiro cônjuge pode ser a mãe. O que nomeamos como o obsessivo?
O sujeito cujo parceiro é o pensamento. No caso do Homem dos Ratos,
fala-se sobre a dama de seus pensamentos. Trata-se antes, contudo, de
seus pensamentos sobre a dama. Ele goza precisamente com seu pensamento.
E o parnóico? O paranóico é aquele cujo parceiro é o que dizem
os outros e que o visa de maneira maldosa.
O parceiro tem várias caras. Em uma palavra, o parceiro é
multifacetado. Muita variedade, muita diversidade, mas não deixem de
procurar o parceiro. Não se deixem hipnotizar com a posição do sujeito
sem se perguntarem: com quem ele joga a partida?
Na psicanálise, o parceiro é uma instância com a qual o sujeito
está ligado de forma essencial, uma instância que lhe causa problemas e
que eventualmente é enigmática.
As versões lacanianas do parceiro subjetivo
Como circunscrever o parceiro tomado nesse sentido? Em primeiro
lugar, o sujeito não consegue suportá-lo, ou seja, ele não consegue mantêlo
homeostático. Nos primórdios da psicanálise, foi como se considerou
o traumatismo.
Em segundo lugar, o sujeito goza repetidamente disso, como na
análise. De modo geral, isso torna-se evidente, o que significa dizer que
o parceiro tem status de sintoma. Sem dúvida o parceiro sintoma é a
fórmula mais geral para recobrir o parceiro multifacetado.
Façamos um pequeno retorno a Lacan, que procurou de fato saber
quem é o parceiro fundamental do sujeito. A primeira resposta foi dada
a partir de 1953: "um outro sujeito". Trata-se de uma concepção dialética
da psicanálise, a introdução de Hegel na psicanálise, tida como bizarra
e apresentada por Lacan como um retorno a Freud. Nessa noção, há
sintoma quando o Outro sujeito que é o seu parceiro fundamental não
reconhece o seu desejo. Daí, o retorno ao analista como o sujeito capaz
de reconhecer os desejos que no devido tempo não foram reconhecidos
como deveriam ter sido pelo parceiro-sujeito.
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