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Jacques-Alain Miller - A teoria do parceiro-2

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A teoria do parceiro

A noção de interseção libidinal exprime que, no nível radical, o

campo do Outro se reduz ao objeto. No lugar da mônada primitiva do

gozo, há sem dúvida uma relação com o Outro, reduzida porém a um

objeto necessário para que a pulsão faça seu circuito. Essa é uma posição

em que o Outro não existe, mas o objeto a consiste. Essa perspectiva foi

anunciada por Lacan em seu "O Seminário, livro 16: de um Outro ao

outro", o Outro sendo considerado aqui como um Outro, porque ali é

variável, enquanto o artigo definido é atribuído ao objeto. Esse parceiro,

o objeto a, sempre é para vocês o (le). Há sempre um deles.

Que parceiro revestirá esse objeto? Aqui é um outro, ou ainda

outro. Isso não merece a mesma singularidade que o objeto. Dito de

outro modo, o que completa nosso Outro que não existe é exatamente

o fato de que o Outro consiste quando está cm estado de objeto. O que

consiste propriamente falando é o objeto pulsional, mas em sua condição

de oco, vazio, dobra ou borda.

A pulsão, o gozo, o Outro reduzido à consistência do objeto a

como consistência lógico-topológica, tal é o fundamento da relação com

o Outro.

O parceiro-sintoma

Já afirmei que o sexo não é exitoso em tornar os seres humanos, os

parlêtres, parceiros. Desenvolverei que apenas o sintoma é bem-sucedido

quanto a isso. O verdadeiro fundamento do casal é o sintoma. Se

consideramos o casamento como um contrato legal que liga as vontades,

abordarei o casal como, se assim posso dizê-lo, um contrato ilegal

de sintomas.

Em que um e outro estão de acordo, no sentido mesmo da harmonia?

A experiência analítica mostra que é o sintoma de um que entra em

consonância com o sintoma do outro. A expressão "parceiro-sintoma"

não era usual até este momento. Convém então fundá-la.

Indo direto ao assunto, lembrarei o que Lacan desenvolveu arespeito

do que podemos chamar de o parceiro-falo, a redução do parceiro

ao status fálico.

O parceiro-falo

É nessa perspectiva que se insere ''A significação do falo" (1958) e a

relcitura dos textos de Freud sobre a vida amorosa.

Lacan distingue e articula três modalidades de casal, três casais, se

excluímos da série o casal da necessidade. Este é composto por aquele

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