You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A teoria du parceiro
pelo gozo eles se tornam solitários. É o status auto-erótico, até mesmo
autístico do gozo.
Mesmo considerando separadamente os sujeitos de cada sexo, a
mulher vai alhures, sozinha, enquanto o homem é presa do gozo de um
órgão destacado em seu corpo próprio, e que, se o quisermos, lhe faz
companhia. O gozo, à diferença da fala, torna solitário.
Há esta esperança que chamamos de castração, esperança de que
uma parte de gozo autístico esteja perdido e que se o reencontre no
Outro sob a forma de objeto perdido. Em outras palavras, a castração é
a esperança de que o gozo torne-se parceiro, porque ela exigiria que se
encontrasse o complemento de gozo necessário no Outro.
Para Lacan, o tema do parceiro-falo traduz a face positiva da castração:
ela é o sexo tornando os sujeitos parceiros. Sob outro ângulo,
isso faz do Outro apenas um meio de gozo, e não é evidente que isso
desqualifique ou anule o cada-um-por-si do gozo e sua idiotia.
Em O Seminário, livro 20: mais, ainda, Lacan evoca a masturbação
como o gozo do idiota. Digamos que a idiotia do gozo evidentemente
não é desqualificada pela ficção consoladora da castração. Ê bem essa a
diferença que se demarca se opomos a construção de Lacan em ''A significação
do falo" àquela que aparece em "l:Étourdit". Em ''A significação
do falo", temos de haver-nos com o parceiro falicizado, na tentativa
de demonstrar em que o falo torna parceiro. Reencontramos tal falo na
construção de "L'Étourdit", mas ela não incide sobre o parceiro, e sim
no próprio sujeito, inscrito na função fálica. Nesse nível, longe de incidir
sobre o parceiro, de qualificar o parceiro, a função fálica qualifica o
próprio sujeito, mostrando-o parceiro da função fálica. Dessa maneira,
nas entrelinhas, pode-se ler que, por esse viés, não são parceiros, ou
seja, um e o outro não são parceiros pelo viés da função fálica, que,
contrariamente, qualifica a relação do próprio sujeito com essa função.
E desse modo, o parceiro só aparece em seu status minorado, degradado,
o de ser meio de gozo.
Na verdade, o parceiro meio de gozo é o que aparece na fantasia.
A teoria da fantasia sustenta que o parceiro essencial é o parceiro
fantasístíco, este que é escrito por Lacan em sua fórmula da fantasia no
lugar do objeto a. O status essencial do parceiro no nível do gozo é ser
o objeto a da fantasia.
Certamente quando Lacan forja tal fórmula a partir de "Uma criança
é espancada", de Freud, o pequeno a é um termo imaginário, e
sem dúvida ele distingue o invólucro formal da fantasia, ou seja, a imagem
e a frase na fantasia, do núcleo de gozo como sendo propriamente
193