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FRANCESES, ATENIENSES<br />
E HISTORIADORES NO MARANHÃO<br />
Começou mal o debate em torno do livro A<br />
Fundação Francesa de São Luís e seus Mitos, da professora<br />
Maria de Lourdes Lauande Lacroix. Sem<br />
argumentação convincente e presas exatamente a<br />
uma interpretação do significado da chegada dos<br />
franceses ao Maranhão, as considerações têm passado<br />
ao largo de alguns problemas cruciais sugeridos<br />
pela autora, que não se referem ao século<br />
XVII, mas, principalmente, ao século XX.<br />
A reflexão clássica sobre o Brasil, nos mais<br />
variados campos, da historiografia à literatura,<br />
do ensaio sociológico à discussão sobre as artes,<br />
está marcada pela ideia da formação. Construía-<br />
-se uma ideia de Brasil em que a análise do passado<br />
era totalmente marcada pela projeção do futuro,<br />
tendo a constituição da nação como questão<br />
de fundo. No caso do Maranhão, a construção da<br />
história passava por outro viés, a problemática<br />
da “formação” não criou uma distorção marcada<br />
pela perspectiva do futuro, mas pela busca de um<br />
passado idílico. Construir a história do Maranhão<br />
era pintar um quadro em que a existência de um<br />
período áureo passou a ser cantada e decantada e<br />
o atraso econômico “compensado” por um suposto<br />
apego à cultura, às letras, ao bem falar. Terra de<br />
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O Estado do Maranhão, 14/07/2001