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na enorme variedade da música brasileira. Nessa<br />
onda, quando a ênfase se deslocava para a redefinição<br />
dos nichos de mercado, a nossa sigla aparece,<br />
como em outros momentos, através de uma<br />
identificação frágil a enfatizar a distinção em detrimento<br />
da diferença, com a desastrada apropriação<br />
mercadológica e oficialesca de um movimento<br />
estético interrompido, cujos melhores frutos já haviam<br />
sido colhidos.<br />
Só para terminar jogando uma última lenha<br />
na fogueira, Shopping Brazil, o esperado cd de Cesar<br />
Teixeira lançado em 2004 e com promessa de<br />
reedição para este ano, mastigou isso tudo e saiu<br />
lá na frente, mesmo quando revisita clássicos do<br />
que seria posteriormente chamado de mpm. É um<br />
Maranhão colocado no miolo do furacão, misturado<br />
com o Brasil, ou até mesmo a apresentação<br />
fundamental do Brasil como um grande Maranhão,<br />
e não separado para consumo no armazém<br />
das diferenças culturais. É música popular brasileira<br />
contemporânea sim, feita aqui e da melhor<br />
qualidade, como é o caso também do sofisticado<br />
Emaranhado, lançado em 2008 por Chico Saldanha<br />
e da simplicidade delicada de Eu Não Sei Sofrer em<br />
Inglês, o recente trabalho de Bruno Batista.<br />
CINEMA E LITERATURA<br />
EM TRÊS TEMPOS<br />
Não constitui novidade afirmar que o cinema<br />
já nasceu no exercício da metalinguagem,<br />
pois é uma arte que faz fronteira com várias artes<br />
e ciências, num jogo constante de apropriação e<br />
tradução. A literatura, a música, a pintura, a história,<br />
a filosofia e, sobretudo, o próprio cinema em<br />
citação, formam o campo básico, mas não exclusivo,<br />
de tradução de signos que permeia a formação<br />
da sétima arte.<br />
Uma questão central sempre foi a da impossibilidade<br />
como ponto de partida da tradução,<br />
pois, afinal, o que se traduz? Nas relações com a<br />
literatura, o caminho mais comum tem sido o de<br />
ficar preso ao enredo, quando a tradução entre<br />
sistemas de signos (ou a transcriação, para usar o<br />
termo caro a Haroldo de Campos) deve buscar os<br />
traços da linguagem, usar as formas da imagem<br />
para dar uma ideia do estilo, do ritmo da obra em<br />
foco. É antes uma tradução da forma que do enredo,<br />
uma sugestão mais que uma descrição. Em<br />
termos simplificados, poderíamos dizer que um<br />
caminho aponta para uma fidelidade descritiva,<br />
enquanto o outro busca a invenção, propõe uma<br />
“leitura” do original. As coisas, entretanto, nunca<br />
se bifurcam de maneira tão nítida.<br />
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