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Golf & Negócios UM POTENCIAL ainda mal explorado Por Guillermo Piernes * Os negócios em torno do golfe brasileiro poderiam crescer mais. Não é apenas um desejo. É uma constatação que com mais união e percepção seria possível diminuir a brecha existente, não somente em relação às potências econômicas mundiais, mas também à maioria dos países sul-americanos. Deixamos de fora desta análise a parte de torneios, alta competição, financiada, em sua maioria, pela renúncia fiscal, investimentos diretos de marketing, assim como o funcionamento das federações regionais, sustentadas pelas contribuições de todos os golfistas com handicap oficial. Obviamente que cada empresa ligada ao golfe estuda 70
a sua própria solução, porém todas elas deveriam procurar também saídas ou soluções coletivas baseadas nos pontos coincidentes para enfrentar burocracias e outras questões a serem superadas somente pela força da união. Burocracia é um obstáculo grande para construir novos campos de golfe no modelo econômico mundialmente consagrado, ou seja, parte de condomínios residenciais ou de grandes resorts. Dá a impressão que para alguns órgãos de controle ambiental e prefeituras é mais fácil aprovar a construção de prédios, fábricas de fertilizantes ou monocultivos do que liberar áreas para campos de golfe, que inclusive ajudam a preservar matas, riachos, aves, animais, além de gerar empregos. Preconceito x burocracia: perigosa combinação O preconceito está inserido em cada dificuldade do trâmite, além de outros componentes mais amplos que é melhor deixar de lado nesta análise. Essa burocracia também afeta a indústria do turismo de golfe. Ao chegar aos aeroportos, o turista de golfe parece que está trazendo amostras de gesso ou talco da Bolívia ou Colômbia ao enfrentar os fiscais aduaneiros. A Receita Federal respondeu a uma petição de esclarecimentos solicitada por advogados catarinenses sobre a entrada de taqueiras de golfe. “O material esportivo levado ao exterior para a utilização em evento oficial por esportista é considerado, quando do seu retorno, como bagagem, na qualidade de bem de caráter manifestamente pessoal” é a resposta. Porém, pela orientação desses mesmos advogados, é bom viajar com uma carta de apresentação do clube do qual participa ou à federação a qual está vinculado, na qual conste que participará de determinado torneio, em tal data, local. Isso resultaria absurdo na maioria dos países. Esse tipo de burocracia é fator de atraso para o desenvolvimento do golfe. Se continuarmos com limitada ação coletiva para lidar com a burocracia e o preconceito, é melhor recorrer ao poema de Gilberto Brandão Marcon, que aqui reproduzo e assino embaixo: Se não quiser agradecer, ao menos finja. Premie com sua hipocrisia o orgulho alheio, Para depois receber em troca toda merecida indiferença. Não se esqueça de bater continência às estátuas das praças. Plante um sorriso imbecil na sua face, seja aceitável. Seja tolerável, tente agradar, não julgue nada. Esqueça as suas inquietantes dúvidas E, por fim, nada de lágrimas, Escancare os dentes e sorria. Mas não podemos ficar somente com a poesia. Devemos cortar a burocracia. É imperativo acabar com o círculo vicioso de preconceito contra o golfe, urge mostrar os benefícios que o golfe traz para terras degradadas, em empregos, para a saúde dos seus praticantes. Devemos trabalhar perto e em aliança com a mídia para potencializar toda ação com golfe. Devemos levar palestras para dentro das empresas para mostrar quanto o esporte contribui para os seus executivos e os seus negócios, aos valores éticos, criando consciência sobre o potencial do golfe em todos os setores. Pensar com maior amplitude ajudará a transformar o golfe brasileiro num esporte maior. Será melhor negócio para as empresas que investem e trabalham com golfe, para a direção institucional do esporte, para profissionais e praticantes de fim de semana. O golfe poderia assim contribuir muito mais na construção de um País com maior qualidade de vida. Guillermo Piernes é palestrante, consultor e escritor. Autor dos livros Liderança e Golfe, Tacadas de Vida e Comunicação na América Latina. Contatos: www.guillermopiernes.com.br / piernes@golfempresas.com.br 71
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