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eceita como desencargo de consciência. Na verdade, o senhor está medicando os<br />
meus parentes. São ilusões para manter neles acesa a chama da esperança. Mas<br />
há um momento da vida em que é preciso perder a esperança. Abandonada a<br />
esperança, a luta cessa e vem então a paz. Mas há algo que os seus remédios<br />
podem fazer. Não quero morrer com dor. Nesse ponto, é para isso que serve a<br />
ciência: para me tirar a dor. Muitos médicos se enchem de escrúpulos por medo de<br />
que os sedativos matem o doente. Preferem deixá-lo sofrendo a fim de manter<br />
limpa e sem pecado sua própria consciência. Com isso, eles transformam o fim<br />
harmonioso da melodia que é a vida num acorde de gritos desafinados. Somos<br />
humanos apenas enquanto brilha em nós a esperança da alegria. Quando a<br />
possibilidade de alegria se vai, é porque a vida humana se foi. Este é o meu último<br />
pedido: quero que minha sonata termine bonita e em paz... E agora, doutor, me<br />
responda: Será que eu saio desta? Ficarei feliz se o senhor não me der aquela<br />
resposta boba mas se assentar ao lado da minha cama e me disser: ‘Você está com<br />
medo de morrer. Eu também tenho medo de morrer...’. Então conversaremos sobre<br />
o medo que mora em nós dois que vamos morrer...”<br />
Oração pelos que vão morrer<br />
“Ó tu, Senhor da eternidade, nós que estamos condenados a morrer elevamos<br />
nossas almas a ti à procura de forças, porque a Morte passou por nós na multidão<br />
dos homens e nos tocou, e sabemos que em alguma curva do nosso caminho ela<br />
estará nos esperando para nos pegar pela mão e nos levar... não sabemos para<br />
onde. Nós te louvamos porque para nós ela não é mais uma inimiga, e sim um<br />
grande anjo teu, o único a poder abrir, para alguns de nós, a prisão de dor e de<br />
sofrimento e nos levar para os espaços imensos de uma nova vida. Mas somos<br />
como crianças, com medo do escuro e do desconhecido, e tememos deixar esta<br />
vida que é tão boa, e os nossos amados, que nos são tão queridos. Dá-nos um<br />
coração valente para que possamos caminhar por essa estrada com a cabeça<br />
levantada e um sorriso no rosto. Que possamos trabalhar alegremente até o fim e<br />
amar os nossos queridos com ternura ainda maior, porque os dias do amor são<br />
curtos. Sobre ti lançamos a carga mais pesada que paralisa nossa alma: o medo<br />
que temos de deixar aqueles que amamos, os quais teremos de deixar<br />
desabrigados num mundo egoísta. Nós te agradecemos porque experimentamos o<br />
gosto bom da vida. Somos-te gratos por cada hora de nossas vidas, por tudo o que<br />
nos coube das alegrias e lutas dos nossos irmãos, pela sabedoria que ganhamos e<br />
será sempre nossa. Se nos sentirmos abatidos com a solidão, sustenta-nos com a<br />
tua companhia. Quando todas as vozes do amor ficarem distantes e se forem, teus<br />
braços eternos ainda estarão conosco. Tu és o Pai dos nossos espíritos. De ti