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Ostra Feliz Nao Faz Perola - Rubem Alves

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que você, além de comer pão, verduras, carnes, massas, coma também,<br />

diariamente, um prego, um alfinete, um botão... Os primeiros alimentos seriam<br />

digeridos e assimilados, isto é, ficariam semelhantes ao seu corpo. E isso seria bom<br />

para a sua saúde. Mas os outros não seriam assimilados. Ficariam depositados no<br />

seu corpo até adoecê-lo e eventualmente matá-lo. Assim acontece com o lixo não<br />

biodegradável. Ele fica depositado na Terra, envenenando-a. Que fazer com ele? A<br />

solução é reciclar. Reciclar é transformar esse tipo de lixo para que ele seja usado<br />

de novo. Sendo usado de novo ele não entra no estômago da Terra... Calcula-se<br />

que cada habitante da Terra produza, em média, diariamente, 250 gramas de cocô.<br />

Se multiplicarmos por 6.000.000.000 teremos o peso, em gramas, do cocô que a<br />

população da Terra produz por dia. Multiplicando-se por 365 teremos o peso do<br />

cocô que, durante um ano, os seres humanos produzem. Há de se acrescentar a<br />

essa cifra os cocôs produzidos por todos os animais.<br />

O hábito da leitura<br />

Perguntam-me: o que fazer para criar o hábito da leitura? Respondo: “Nada. Não se<br />

deve criar o hábito da leitura. Hábito tem a ver com cortar as unhas, tomar<br />

banho... Os hábitos produzem ações automáticas. Um homem pode ter o hábito de<br />

dar um beijinho na mulher ao sair de casa estando com o pensamento muito longe<br />

dela. O que há de se fazer é ensinar as crianças a amar os livros...”.<br />

Da Vinci<br />

... afirmava que só se pode amar aquilo que se conhece. Eu, presunçoso, digo o<br />

contrário: só se pode conhecer aquilo que se ama. É o amor que busca o<br />

conhecimento. As Sagradas Escrituras estão certas ao chamar o ato sexual de<br />

“conhecer”. Amo uma mulher, logo, quero conhecê-la...<br />

Exame de admissão ao doutoramento<br />

Quando eu ainda era professor universitário, fui nomeado presidente de uma<br />

comissão que iria examinar os candidatos ao doutoramento. Uma longa lista de<br />

livros havia sido preparada com antecedência, livros que os candidatos deveriam<br />

estudar. Aí no dia do exame eu tive uma ideia que submeti aos meus colegas e<br />

eles concordaram. Em vez de inquirir os candidatos sobre as ideias de outros<br />

escritas nos livros, ideias que nós já conhecíamos, por que não pedir que eles nos<br />

falassem sobre suas próprias ideias? Falando sobre suas ideias teríamos condições<br />

de conhecê-los melhor. Assim, quando o candidato passava pela porta da sala,

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