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Revista Apólice #235

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Ano 23<br />

Número 235<br />

Agosto 2018


2


editorial<br />

Ano 23 - nº 235<br />

Agosto 2018<br />

Esta revista é uma<br />

publicação independente<br />

da Correcta Editora Ltda<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />

A saúde suplementar<br />

precisa ser reformulada<br />

Perdendo beneficiários desde o ano de 2015, após ter atingido<br />

a marca de 50,43 milhões de vidas em 2014, segundo dados da ANS<br />

(Agência Nacional de Saúde Suplementar), os planos de saúde buscam<br />

alternativas para a sua atuação, enquanto aguardam o antídoto para a<br />

cura: a melhora da economia. A Agência informou que, até junho de<br />

2018, o sistema contava com 47,62 milhões de pessoas cobertas.<br />

Enquanto ela não acontece, medidas paliativas são tomadas para<br />

estancar a sangria de gastos, estimulada pela aclamada “inflação médica”,<br />

pelas fraudes e pelo uso indiscriminado. As operadoras de planos<br />

de saúde querem investir na saúde de seus beneficiários, como uma<br />

forma de diminuir os gastos. Entretanto, enfrentam problemas para dialogar<br />

com estas pessoas. Apesar dos investimentos em tecnologia para<br />

diminuir a distância até o segurado, o caminho ainda é longo. Mas já<br />

existe muita gente trabalhando nisso, como as empresas de healthcare.<br />

Nesta edição, mostramos o esforço para a aprovação dos planos<br />

com coparticipação e franquia. Após os protestos de algumas entidades,<br />

a ANS voltou atrás e revogou a regulamentação. Entretanto, atores<br />

do setor de saúde dizem que estes produtos (que já são comercializados<br />

no mercado corporativo) podem ser uma alternativa para as pessoas<br />

com menor poder aquisitivo e que ficaram à margem do sistema<br />

principalmente em virtude do alto índice de desemprego. Na contramão,<br />

entidades de defesa do consumidor acreditam que este pode se<br />

endividar ao necessitar de tratamentos mais complexos.<br />

Enquanto uma solução institucional não chega para esta questão,<br />

clínicas populares de saúde proliferam pelos grandes centros. Não há<br />

um dado consolidado sobre quantas já existem, mas elas representam<br />

um meio termo entre o SUS e o atendimento dos planos de saúde.<br />

Estas clínicas também não são regulamentadas pela Agência Nacional<br />

de Saúde Suplementar e seguem apenas as orientações do Conselho<br />

Federal de Medicina.<br />

Falamos ainda sobre odontologia, Brasesul, tecnologia e riscos<br />

cibernéticos. Um bom apanhado dos temas relevantes do mercado de<br />

seguros.<br />

Boa leitura!<br />

Diretora de Redação<br />

Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />

3


sumário<br />

6<br />

12<br />

16<br />

|<br />

|<br />

|<br />

painel<br />

gente<br />

capa<br />

Addvalora reuniu colaboradores, corretores e seguradores<br />

do mundo inteiro na Espanha, com o objetivo<br />

de comemorar seus 15 anos e ampliar o conhecimento<br />

sobre as práticas da regulação de sinistros<br />

16<br />

20<br />

|<br />

especial saúde<br />

coparticipação e franquia<br />

Cercadas de reviravolta, regras para planos de coparticipação<br />

e franquia dividem a opinião dos agentes<br />

do setor. Entenda o que está em jogo na Resolução<br />

Normativa 433<br />

26<br />

|<br />

healthcare<br />

Novas ferramentas geram inteligência e soluções<br />

para melhor utilização dos recursos, redução dos<br />

desperdícios, entrega de melhores resultados e acesso<br />

a assistência mais assertiva<br />

20<br />

30<br />

|<br />

odonto<br />

Mercado de planos odontológicos apresenta resultados<br />

expressivos e deve seguir em expansão, mas<br />

ainda precisa conquistar quem desconhece o serviço<br />

e seu custo-benefício<br />

33<br />

|<br />

odonto empresas<br />

Equilíbrio de benefícios entre todos os agentes da<br />

cadeia de planos odontológicos é o foco da campanha<br />

realizada pela companhia<br />

34<br />

|<br />

clínica popular<br />

Elas conquistam os brasileiros que deixaram de ter<br />

plano de saúde. Novo modelo permite que paciente<br />

escolha quando e onde quer ser tratado, mas apresenta<br />

algumas ressalvas<br />

34<br />

37<br />

|<br />

riscos cibernéticos<br />

Aumento de incidentes cibernéticos e apoio da regulamentação<br />

surgem como molas propulsoras de um<br />

mercado que, embora tenha potencial bilionário, ainda<br />

engatinha no País<br />

40<br />

|<br />

brasesul<br />

Encontro de players do setor proporcionou momentos<br />

de debate e motivação aos profissionais de seguros<br />

do Sul<br />

37<br />

42<br />

46<br />

|<br />

|<br />

insurtech & inovação<br />

Evento mostrou que estamos atingindo um ponto de<br />

maturação das tecnologias o que levará o mercado de<br />

seguros a um novo patamar<br />

comunicação<br />

4


5


painel<br />

• nfraude<br />

15,8% dos sinistros suspeitos<br />

O relatório do Sistema de Quantificação de Fraudes (SQF) referente<br />

a 2017, publicado pela CNseg, indica que os sinistros ocorridos<br />

no período somaram aproximadamente R$ 33 bilhões. Desses, R$<br />

5,2 bilhões (15,8% do valor total) foram resultados de sinistros suspeitos.<br />

O valor das fraudes comprovadas somou aproximadamente<br />

R$ 730,1 milhões (14,1% dos sinistros suspeitos). Ao comparar o<br />

quociente do valor das fraudes comprovadas pelo valor dos sinistros<br />

ocorridos em 2017 (2,2%) com 2016 (1,8%), observa-se um aumento,<br />

em termos relativos, de aproximadamente 22,2%. Contudo, em 2017<br />

houve o retorno da participação da Seguradora Líder, o que pode<br />

ter impactado o resultado da apuração comparativa. Por intermédio<br />

do SQF, que é alimentado pelas próprias seguradoras com dados<br />

referentes aos ramos de seguros Patrimoniais e de Responsabilidades,<br />

são gerados anualmente indicadores de fraude contra o seguro,<br />

compondo-se uma série histórica dessas ocorrências no segmento<br />

de seguros gerais.<br />

• ¢ luto<br />

O adeus à Edna Damasceno<br />

O mercado segurador se despediu de Edna Damasceno. Ela<br />

foi uma das sócias-fundadoras<br />

do Clube de Seguros de Pessoas<br />

de Minas Gerais (CSP-MG)<br />

e integrava o Conselho Consultivo<br />

da entidade. Além do<br />

CSP-MG, Edna ocupou cargos<br />

de destaque no Sincor-MG, no<br />

Conselho Empresarial de Seguros<br />

da ACMinas, no Clubcor-MG<br />

e no Clube da Bolinha de Minas<br />

Gerais. Em 2014, recebeu uma<br />

homenagem do CSP-MG pelos<br />

serviços prestados à classe e<br />

ao setor.<br />

• negócios<br />

Compra aprovada pela Susep<br />

A Zurich teve a aprovação da Susep para a aquisição<br />

das operações da QBE Insurance Group Limited no Brasil.<br />

Desde o dia 2 de julho, a QBE atua como Zurich no<br />

mercado brasileiro. A compra foi anunciada pelo Grupo<br />

Zurich no final de fevereiro e, além do Brasil, incluiu<br />

as operações da QBE<br />

na Argentina, Colômbia,<br />

Equador e México. O<br />

valor total da operação<br />

na região foi de US$ 409<br />

milhões.<br />

Com a aquisição, a<br />

Zurich passa a ter uma<br />

gama de capacidades adicionais<br />

e acesso a novos<br />

canais de distribuição no<br />

Brasil. “Está dentro do<br />

nosso princípio estratégico<br />

com objetivo de somar<br />

mais negócios em afinidades, seguro viagem e seguros<br />

empresariais, bem como aumentar escala e ampliar canais<br />

de distribuição”, reforça Edson Franco, CEO da Zurich<br />

no país.<br />

• negócios 2<br />

Transação finalizada<br />

A AIG finalizou o processo de aquisição da Validus<br />

Holdings Ltd. (Validus), após aprovações regulatórias<br />

e dos acionistas da Validus. Como parte da AIG, a empresa<br />

acrescenta franquias diversificadas ao portfólio da<br />

companhia, incluindo a Validus Re, plataforma líder de<br />

resseguro; AlphaCat, gestor de ativos de títulos ligados<br />

a seguros; Talbot, consórcio do banco Lloyd; Western<br />

World, especialista nos Estados Unidos em riscos comerciais<br />

para pequenas e<br />

médias empresas; e Serviços<br />

de Riscos Agrícolas,<br />

que fornecem acesso ao<br />

mercado norte-americano<br />

de seguros agrícolas. De<br />

acordo com Peter Zaffino,<br />

CEO da área de Seguros Gerais<br />

da AIG, “os negócios da<br />

Validus serão imediatamente<br />

acrescentados à atuação<br />

de Seguros Gerais da AIG,<br />

já que eles já fazem parte da<br />

AIG oficialmente”.<br />

6


• nproduto<br />

Novidades no seguro residencial<br />

O Porto Seguro Residência traz novidades em suas segmentações.<br />

No Seguro Residência Habital e Premium, quem<br />

contrata o Plano Essencial Gratuito conta com caçamba em<br />

caso de sinistro e pode solicitar reparos em linha branca<br />

(congelador, depurador de ar, fogão, micro-ondas, geladeira,<br />

lava e seca, lavadora de roupas, secadora de roupas e<br />

lava-louças). No Plano Conforto, foram inclusos serviço de<br />

desentupimento, reparos em ar-condicionado, atendimento<br />

veterinário e help desk telefônico ou com visita técnica. No<br />

Plano Exclusive, os segurados podem aproveitar os dois<br />

novos serviços: o de conectividade, que inclui suporte para<br />

instalação de aparelhos eletrônicos; e o de mudança de mobiliário,<br />

que disponibiliza mão<br />

de obra para deslocamento de<br />

móveis. Já o seguro Residência<br />

Veraneio passa a oferecer<br />

reparos em linha branca no<br />

plano Essencial e os serviços<br />

do plano Conforto, além de<br />

reversão de fogão e de reparos<br />

em lava-louças.<br />

¢ • produto 2<br />

Novas coberturas<br />

de RC<br />

A Mitsui Sumitomo ampliou<br />

o portfólio no seguro<br />

empresarial com o lançamento<br />

das coberturas de<br />

Responsabilidade Civil para<br />

estabelecimentos de ensino,<br />

estabelecimentos de hospedagem,<br />

restaurantes, bares e boates, pet shops, cabeleireiros,<br />

e drogarias e farmácias. O seguro empresarial da companhia<br />

abrange de micro a médias empresas e oferece coberturas<br />

que garantem indenizações por perdas e danos ao imóvel,<br />

equipamentos, mercadorias, móveis e utensílios. As contratações<br />

poderão ser feitas diretamente no Portal do Corretor para<br />

riscos de até 20 milhões. “Oferecer coberturas específicas para<br />

nichos é um importante diferencial no mercado. Dessa forma,<br />

podemos oferecer proteções que atendam às necessidades dos<br />

nossos clientes de acordo com a atividade que desenvolvem”,<br />

diz Hélio Kinoshita, VP e responsável pela operação da Mitsui<br />

Sumitomo no Brasil.<br />

7


painel<br />

• nacordo<br />

Expansão no ramo de Pessoas<br />

A Asseg Assessoria em Seguros expandiu atuação em Minas<br />

Gerais ao firmar um acordo com a Icatu Seguros, marcando o<br />

lançamento de suas operações no Norte do estado. Segundo o<br />

empresário Jader Pereira de Abreu Filho, o início da atuação na<br />

região é mais uma etapa do projeto de expansão da Asseg, que já<br />

atua com seguros gerais e agora<br />

intensifica os investimentos nos<br />

segmentos de Vida e Previdência.<br />

“Há uma demanda crescente pelos<br />

produtos de proteção pessoal.<br />

Queremos fomentar nos corretores<br />

o desejo de trabalhar com<br />

esse nicho do mercado. Vamos<br />

oferecer todo suporte técnico e<br />

operacional para que eles possam<br />

comercializá-los, obtendo maior<br />

lucratividade em seus negócios”,<br />

explica.<br />

• nacordo 2<br />

Nova identidade de marca<br />

conjunta<br />

Após o anúncio da aquisição do XL Group pela Axa, em<br />

março, as duas empresas apresentaram um novo passo no<br />

processo de operações combinadas, que será a criação de uma<br />

divisão do Grupo Axa dedicada a grandes linhas patrimoniais,<br />

de responsabilidade civil e de riscos especiais. Nomeada como<br />

Axa XL, a nova divisão vai operar sob a marca principal Axa. Seus<br />

serviços serão identificados em três categorias: XL Insurance<br />

(que incluirá a operação de seguros do XL Group e da Axa<br />

Corporate Solutions e também a XL Art & Lifestyle, combinação<br />

da divisão Fine Arts & Specie da XL Catlin e da Axa ART),<br />

XL Reinsurance (que incorporará a operação de resseguros<br />

do XL Group), e XL Risk Consulting (que vai incorporar o Axa<br />

MATRIX e a Divisão de Engenharia de Risco GAPS do XL Group).<br />

O sindicato principal do XL Group no Lloyd’s continuará sendo<br />

conhecido como XL Catlin Syndicate 2003.<br />

• nameplan<br />

Último mês da campanha<br />

#partiuBahia!<br />

A campanha de<br />

vendas lançada em<br />

janeiro de 2018 é a<br />

oitava campanha de<br />

incentivo promovida<br />

pela Ameplan Saúde,<br />

com o propósito de<br />

reconhecer os campeões<br />

de cada modalidade<br />

envolvidos<br />

no processo da venda<br />

de varejo.<br />

Pelo segundo<br />

ano consecutivo, a<br />

operadora faz questão de reconhecer aquele vendedor<br />

que apresenta a melhor qualificação na condução da<br />

venda, desde a prospecção até a entrega do kit do cliente.<br />

De acordo com o regulamento, o vendedor que atingir<br />

os melhores índices de qualidade, inclusive pendências,<br />

desfrutará de uma viagem para a Bahia. Trata-se de um<br />

incentivo às boas práticas de conduta, além de contribuir<br />

na administração dos custos assistenciais, transformando-se<br />

em um exemplo positivo e sendo recompensado<br />

com alguns dias de lazer.<br />

“Como era esperado, este ano está sendo altamente<br />

desafiador para o segmento de serviços, particularmente<br />

para o segmento de saúde. Para obter bons resultados,<br />

não é o momento de subtrair, mas de somar o máximo<br />

de variáveis possíveis para que produto, processos,<br />

tecnologia e pessoas deem o seu melhor para vencer<br />

este período mais difícil. Por esta razão, a Ameplan deu<br />

continuidade à sua campanha de vendas, mantendo<br />

nela os pontos elogiados pelos próprios participantes<br />

e melhorando o que entendeu que agradaria mais as<br />

pessoas envolvidas no processo”, afirma Laureci Zeviani,<br />

diretor comercial da operadora.<br />

Trata-se de uma campanha alinhada com os principais<br />

parceiros comerciais da Ameplan (Affix, Dentalpar,<br />

Corpore, Divicom e Hebrom) que também lançaram<br />

suas próprias campanhas de vendas, demonstrando o<br />

esforço que os agentes envolvidos no processo de vendas<br />

fazem para rodar esta engrenagem, primordial para<br />

o crescimento e fortalecimento de qualquer negócio.<br />

Nos últimos 7 anos, a Ameplan não tem medido<br />

esforços para se relacionar com os seus representantes<br />

comerciais, sejam corretoras, gerentes de vendas, empresários,<br />

assistentes, diretores e vendedores. O apoio e<br />

reconhecimento têm que caminhar juntos.<br />

8


• nproposta<br />

Aperfeiçoamento do DPVAT<br />

A Seguradora Líder, em documento conjunto com a<br />

CNseg e a FenSeg, encaminhou à Susep uma proposta<br />

com 19 temas para o aperfeiçoamento do modelo de<br />

operação do seguro DPVAT. Entre as sugestões está a<br />

atualização das importâncias seguradas – que a indenização<br />

máxima no Brasil passe de R$ 13,5 mil para R$ 25<br />

mil. Os valores das indenizações pagas às vítimas estão<br />

sem reajustes há 11 anos e são inferiores aos 36 países<br />

analisados em um estudo realizado pela seguradora com<br />

o apoio de uma consultoria internacional. O relatório<br />

apontou que o valor<br />

da Importância Segurada<br />

no Brasil está<br />

atrás de países como<br />

Indonésia, Nigéria<br />

e Bolívia. A Rússia<br />

possui indenização<br />

aproximadamente<br />

três vezes superior à<br />

do Brasil, apesar de<br />

o PIB per capita ser<br />

próximo.<br />

• nfusão<br />

Soluções para o mercado segurador<br />

Seis meses após a união<br />

entre a Sistemas Seguros e a<br />

Virtual Softwares para Seguros,<br />

chega ao mercado uma<br />

nova marca que conciliará<br />

os ativos das duas empresas:<br />

a Quiver. A companhia nasce<br />

com um faturamento previsto<br />

de R$ 25 milhões para<br />

2018. Por meio de um portfólio<br />

de produtos diversificados<br />

para atender corretoras de<br />

seguros de todos os portes,<br />

a Quiver conta com sede nas<br />

cidades de São Paulo e Ponta Grossa (PR) e mais de 170 profissionais,<br />

e será responsável pela gestão de um volume total em prêmios de<br />

R$ 21,5 milhões, além de uma carteira de mais de sete mil clientes.<br />

“Estamos focados no desenvolvimento de novos produtos e na<br />

atualização do nosso portfólio para apresentar o que existe de<br />

mais moderno em tecnologia para o mercado de seguros”, explica<br />

Maurício dos Santos, VP de Produtos e Tecnologia da companhia.<br />

9


painel<br />

• naniversário<br />

Seguradora comemora 112 anos<br />

Para comemorar os 112 anos de atuação no mercado, a Previsul<br />

reuniu os colaboradores da matriz, em Porto Alegre (RS),<br />

com transmissão ao vivo para todas as sucursais e escritórios.<br />

“Poucas são as empresas que conseguem se manter por tanto<br />

tempo num mercado tão competitivo. E isso só foi possível<br />

pois, com o passar dos anos, buscamos evoluir constantemente<br />

em nossos produtos, processos internos, tecnologias, e demais<br />

fatores que pudessem entregar as melhores soluções aos nossos<br />

corretores e segurados”, disse o presidente, Renato Pedroso.<br />

A partir da esquerda: João Paulo Morosvick, Fernando Moraes,<br />

Renato Pedroso e Andréia Araujo<br />

• ¢ destaque<br />

Reconhecimento<br />

Pela quinta vez, o Grupo Bradesco Seguros foi campeão<br />

na categoria Seguros do prêmio The Winner, reconhecimento<br />

concedido pela revista Magazine Top International<br />

a líderes empresariais e empresas que contribuem<br />

para o crescimento de seu país nas mais variadas categorias.<br />

O superintendente executivo Luiz Carlos Gomes<br />

recebeu a premiação em nome da seguradora. Os vencedores<br />

foram escolhidos por meio dos seguintes critérios:<br />

reputação empresarial,<br />

reconhecimentos, selos<br />

de qualidade, certificados,<br />

prêmios recebidos,<br />

êxitos em participação<br />

em feiras nacionais e<br />

internacionais, mostras,<br />

congressos, ações em<br />

sustentabilidade no setor<br />

social, responsabilidade<br />

social e ambiental,<br />

além de veiculação de<br />

matérias na mídia.<br />

• ndestaque<br />

Entre as principais marcas<br />

mundiais<br />

A Unimed recebeu,<br />

em Nova York (EUA), o<br />

prêmio World Branding<br />

Awards, que reconhece<br />

as principais marcas do<br />

ano globalmente. A cooperativa<br />

de saúde foi a<br />

única brasileira eleita na<br />

categoria Planos de Saúde<br />

do National Award, destinado<br />

àquelas que foram<br />

julgadas excepcionais em<br />

cada país participante.<br />

“Quando também somos bem avaliados por instituições internacionais,<br />

percebemos que a trajetória construída há mais de<br />

50 anos extrapola as fronteiras do nosso País e tem o poder de<br />

ser referência ao setor de saúde e de prestação de serviços como<br />

um todo, além do movimento cooperativista”, afirmou Orestes<br />

Pullin, presidente da Unimed do Brasil, que representou a<br />

Confederação no evento. O World Branding Awards é realizado<br />

anualmente pelo World Branding Forum (WBF), entidade sem<br />

fins lucrativos que se dedica à avaliação e condecoração das<br />

marcas mais reconhecidas por consumidores de todo o mundo.<br />

• nwebsérie<br />

Dicas para o corretor<br />

Entender melhor as novas tecnologias e de que forma o corretor<br />

pode usá-las ao seu favor no dia a dia. São com base nesses<br />

objetivos que a Argo Seguros lançou a websérie Dicas Digitais,<br />

com oito capítulos e apresentação de Roberto Uhl, gerente de<br />

Canais Digitais da companhia. Os vídeos, de aproximadamente<br />

um minuto, trazem as principais questões relacionadas ao<br />

mercado de seguros e a tecnologia. Entre os temas abordados<br />

estão as terminologias digitais (Big Data, Inteligência Artificial,<br />

Bots e Blockchain), as<br />

diferenças entre o meio<br />

digital e as insurtechs, e<br />

as próximas tendências<br />

do segmento. Essa é a<br />

segunda websérie lançada<br />

pela seguradora. Há<br />

quase um ano, a companhia<br />

abordou técnicas<br />

de marketing digital para<br />

ajudar os corretores a<br />

gerar novos negócios<br />

através da internet.<br />

10


• npme<br />

Desafios na gestão de risco<br />

De 12,2 mil inspeções<br />

realizadas pelo Grupo BB e<br />

Mapfre nos últimos três anos,<br />

apenas para 32% delas foram<br />

emitidas apólices. Os sistemas<br />

de proteção automática foram o<br />

ponto mais negligenciado pelas<br />

pequenas e médias empresas.<br />

“Das 10 coberturas mais contratadas<br />

nos seguros de riscos<br />

industriais, seis correspondem<br />

a aproximadamente 95% dos<br />

valores das indenizações de<br />

sinistros. Medidas preventivas poderiam ser tomadas para<br />

reduzir a sinistralidade e trazer melhores taxas para os produtos<br />

de seguros”, diz Almir Fernandes, diretor de Riscos<br />

Industriais da companhia. Outra questão é o fato da operação<br />

da seguradora ser retroalimentada com os dados e informações<br />

obtidas dos negócios realizados. “Os guias de subscrição de<br />

riscos podem ficar mais ou menos restritivos para aceitações<br />

que apresentam comportamento incompatível com o apetite de<br />

riscos das seguradoras”.<br />

• nmudança<br />

Nome alinhado aos novos<br />

objetivos<br />

O CVG-PR se tornou Instituto Superior de Seguros e Benefícios<br />

Brasil (ISB Brasil). Em Assembleia Geral com aprovação<br />

de 95% dos presentes, a diretoria entendeu que a mudança de<br />

posicionamento da entidade exigiria uma alteração da razão social,<br />

com um nome mais alinhado à adição de novos objetivos. O<br />

Instituto já desenvolve pesquisas internas com corretores, assessorias<br />

e seguradoras para entender quais as dificuldades de cada<br />

um. As próximas atividades programadas irão se concentrar no<br />

hábito de consumo dos produtos de benefícios. O presidente do<br />

Insituto, Cesar Heli Oliveira,<br />

declara que ainda não se sabe<br />

qual será o impacto dessa<br />

mudança nos CVG’s de outros<br />

estados. “O ISB Brasil será<br />

uma entidade acolhedora e focada<br />

no ideal de construção de<br />

conhecimento e precisaremos<br />

muito do apoio de todos os<br />

CVG’s. É importante ressaltar<br />

que o CVG-PR não deixou de<br />

existir e atua em conjunto com<br />

o Instituto”, diz.<br />

• ninternacional<br />

Prêmios crescem nos mercados<br />

emergentes<br />

Nos mercados emergentes, os prêmios de vida e não<br />

vida aumentaram 14% e 6,1% em 2017, respectivamente.<br />

No setor de não vida, o crescimento desacelerou, mas ainda<br />

se manteve robusto. Os dados fazem parte do relatório<br />

Sigma de seguro mundial, do Swiss Re Institute. Ainda de<br />

acordo com o relatório, a China continua a ser a principal<br />

engrenagem de crescimento nos mercados emergentes.<br />

Em comparação com 2016, o crescimento desacelerou<br />

na região, mas ainda foi significativo. O mercado de vida<br />

chinês cresceu 21% em 2017, bem acima da sua média<br />

de dez anos de 14%. Atualmente, a China é o segundo<br />

maior mercado de<br />

vida do mundo, atrás<br />

apenas dos EUA, e<br />

representa mais da<br />

metade dos prêmios<br />

de seguros de vida<br />

dos mercados emergentes,<br />

ou 11% do<br />

total mundial.<br />

• ncompromisso<br />

Princípios para Sustentabilidade<br />

em Seguros<br />

A Aon agora é signatária<br />

dos Princípios para Sustentabilidade<br />

em Seguros (PSI)<br />

das Nações Unidas (ONU). O<br />

compromisso foi assinado por<br />

Eric Andersen, Copresidente<br />

da Aon Global. Coincidentemente,<br />

o Brasil também<br />

assinou o acordo com a ONU,<br />

através da CNSeg e da Susep,<br />

e se tornou o primeiro mercado<br />

segurador do mundo a se comprometer com os Princípios de<br />

Sustentabilidade da ONU. “O papel da Aon como signatária<br />

do PSI trará perspectivas importantes a diversas iniciativas,<br />

que servirão para orientar empresas, globalmente, a gerenciarem<br />

seus riscos e sua governança, e apoiando nas ações<br />

necessárias para obter suporte junto ao mercado segurador<br />

e ressegurador, já que a subscrição de seguros também será<br />

influenciada pelos princípios de sustentabilidade”, pontua<br />

Marcelo Homburger, vice-presidente-Executivo de Riscos<br />

Corporativos da Aon Brasil.<br />

11


GENTE<br />

Líder para a América Latina<br />

Vice-presidente<br />

de P&C<br />

Novo presidente<br />

Marcos Coltri assumiu a<br />

presidência da Federação Nacional<br />

de Capitalização (FenaCap)<br />

no lugar de Marco Antonio da<br />

Silva Barros, que esteve à frente<br />

da entidade por quase sete anos.<br />

A mudança já era esperada desde<br />

que Barros passou a comandar a<br />

Brasilprev, em março de 2018.<br />

A seguradora francesa Coface<br />

elegeu a ex-Swiss Re Carmina<br />

Abad Sanchez para liderar a região<br />

da América Latina. Ela vai integrar<br />

o comitê executivo e reportar a<br />

Xavier Durand, CEO do grupo, no<br />

lugar de Bart Pattyn, que deixou a<br />

companhia.<br />

Fonte: Broadcast, Estadão<br />

Leandro Martinez assumiu a<br />

vice-presidência de Subscrição de<br />

P&C da Chubb Brasil e será responsável<br />

pelo P&L de Global, Middle<br />

Market/SME e Resseguros. O executivo<br />

está na companhia desde janeiro<br />

de 2011 e, em agosto de 2014, passou<br />

a desempenhar o papel de VP Regional de Linhas Financeiras.<br />

Riscos<br />

Corporativos e<br />

Automóvel<br />

A Sompo Seguros contratou<br />

três executivos para a área de Riscos<br />

Corporativos. André Yoshinore,<br />

Fabrício Navarro e Marcos Melo<br />

Guedes ocupam os cargos de gerente<br />

nos setores de Seguro Garantia, Responsabilidade Civil e<br />

Gestão Atuarial e Solvência, respectivamente. Para a diretoria<br />

técnica do Produto Automóvel, o escolhido foi Rogério Santos.<br />

CEO no Brasil<br />

Ariel Couto chegou à MDS<br />

Brasil para ocupar a posição de<br />

CEO. O executivo iniciou carreira<br />

no mercado de seguros em<br />

1995, na gestão de uma corretora<br />

familiar, e desde então passou<br />

por empresas como a corretora<br />

do grupo Brascan (atualmente<br />

Brookfield), RSA Seguros (hoje<br />

Sura) e QBE.<br />

Superintendente<br />

regional<br />

Renato da Silveira Martins é<br />

o novo superintendente regional da<br />

Berkley nos estados do Rio de Janeiro,<br />

Minas Gerais e Espírito Santo,<br />

além das regiões Centro-Oeste, Norte<br />

e Nordeste. Ele assume o cargo<br />

com o compromisso de ampliar o<br />

relacionamento com os corretores de diferentes regiões.<br />

Crescimento, Estratégia e<br />

Parcerias<br />

A Pitzi anunciou duas contratações.<br />

Como diretor de Crescimento<br />

e Estratégia, Thiago Machado<br />

vai identificar oportunidades de<br />

aproveitamento das tecnologias<br />

e infraestrutura da empresa para<br />

solucionar dores importantes para<br />

seguradoras e seus distribuidores. Já<br />

Eduardo di Loreto fica na diretoria de Parcerias, com a missão<br />

de criar valor aos parceiros da Pitzi no varejo e seguradoras.<br />

Novas diretorias<br />

A Marsh criou três diretorias<br />

e nomeou novos executivos para as<br />

posições. Eduarda Tenes fica na<br />

diretoria de Placement para P&C,<br />

Corporate & Energy, enquanto Luis<br />

Guilherme Menezes assume a de<br />

Surety & Credit. Além da diretoria<br />

de Large Industries, Wellington Zanardi continuará a exercer<br />

a Liderança dos Clientes de Energy – Downstream.<br />

12


13


GENTE<br />

Vice-presidente<br />

Silas Kasahaya é o novo<br />

vice-presidente da Samplemed.<br />

No novo cargo, deve levar sua<br />

expertise de mais de 30 anos<br />

trabalhando em grandes seguradoras.<br />

Kasahaya, que também<br />

é presidente do Clube Vida em<br />

Grupo São Paulo (CVG-SP), iniciou<br />

carreira na AGF Brasil Seguros<br />

(hoje Allianz) e atuou na Porto<br />

Seguro, além da Icatu Seguros.<br />

Novos líderes<br />

A Willis Towers Watson reforçou<br />

o time de líderes da empresa<br />

no Brasil. Álvaro Trilho ingressou<br />

como diretor de Novos Negócios na<br />

estrutura de Client Management, enquanto<br />

Raquel Silva ocupa a posição<br />

de head of Affinity Brazil e Danilo<br />

Renaldin a de gerente de Sinistros.<br />

Cláudio Mello atua como gerente de<br />

Novos Negócios para Grandes Contas. Já Mario Luiz Ferreira<br />

ingressa como gerente de Seguros Facultativos.<br />

Executiva Comercial em<br />

Salvador<br />

A JLT Brasil intensificou a atuação<br />

em Salvador. Como parte desse<br />

movimento, Michelly Rosica, que<br />

desde 2015 era executiva de contas<br />

na área de relacionamento da filial<br />

Salvador, passou a ocupar o cargo<br />

de executiva Comercial na capital<br />

baiana.<br />

Reforço em São Paulo<br />

Novo COO<br />

A Som.us Brasil nomeou Luciano<br />

Scatamacchia para o cargo de Chief<br />

Operationg Officer (COO). Ele chega<br />

para contribuir com desenvolvimento<br />

da cultura corporativa, políticas,<br />

eficiência das áreas de middle e back<br />

office, business intelligence, gestão e<br />

estratégias da companhia no Brasil.<br />

Diretor financeiro<br />

André Caldeira foi o escolhido<br />

para ocupar a diretoria financeira da<br />

Prudential do Brasil. O executivo, que<br />

será responsável pelas áreas de Tesouraria,<br />

Planejamento & Investimento e<br />

Finanças de Vida em Grupo, já passou<br />

pela SulAmérica e pelo grupo Axa.<br />

Gerente de Marketing e<br />

Comunicação<br />

A Youse anunciou Érika Mello<br />

como gerente de Marketing, com foco<br />

em liderar as frentes de Comunicação<br />

e Branding. A executiva deve liderar<br />

as equipes internas, além das agências<br />

de comunicação. Érika conta com<br />

mais de oito anos de experiência em<br />

Comunicação e Marketing.<br />

Superintendente comercial<br />

Alexandre de Mattos Malho foi nomeado superintendente<br />

regional responsável pela área de corretores e interior<br />

de São Paulo da Icatu Seguros. Ele assume a função no lugar<br />

de Silas Kasahaya. Malho atua há mais de sete anos na Icatu<br />

e estava à frente da área de parcerias comerciais. Antes disso,<br />

trabalhou por 14 anos no Bradesco.<br />

O ITA Seguro Viagem trouxe<br />

três executivos com experiência comercial<br />

e de relacionamento. Entre<br />

eles está Luci Mota, nova gerente<br />

Nacional da companhia; Gilmar<br />

Abrahão, que chegou para reforçar<br />

a equipe comercial; e Bianca Carolina,<br />

que também vai atuar como<br />

executiva de contas.<br />

14


15


capa | addvalora<br />

Regulação de sinistro<br />

com qualidade garantida<br />

Empresa global<br />

reuniu colaboradores,<br />

corretores e<br />

seguradores do mundo<br />

inteiro na Espanha,<br />

com o objetivo de<br />

comemorar seus<br />

15 anos e ampliar o<br />

conhecimento sobre as<br />

práticas da regulação<br />

de sinistros<br />

A<br />

cada dois anos e meio, o<br />

Grupo Addvalora realiza um<br />

evento técnico sobre regulação<br />

de sinistros de alta complexidade,<br />

incluindo exemplos práticos<br />

vivenciados pela reguladora na Espanha<br />

(onde fica sua sede) e em outros países.<br />

Desta edição participaram mais de 500<br />

técnicos e profissionais da área de seguros,<br />

entre todos os painéis. Ocorrido no<br />

mês de maio, em Madri, o encontro deste<br />

ano contou com participantes corretores<br />

de seguros, seguradores, representantes<br />

de grandes grupos econômicos atuantes<br />

❙❙Visita guiada a Madri com a delegação brasileira<br />

16<br />

❙ ❙<br />

Vicente Hurtado, CEO do Grupo Addvalora; William Fernandez, CEO do Grupo<br />

Addvalora Brasil e Ignacio Lorenzo, CEO GlobalCorporate e Specialities<br />

na Espanha, colaboradores da Addvalora<br />

Espanha e delegações internacionais do<br />

Brasil, EUA, México, Guatemala, Colômbia,<br />

Peru, Chile, Argentina, Inglaterra,<br />

França e Turquia. É importante ressaltar<br />

que participaram também representantes<br />

de segurados nas mesas de discussões<br />

após cada painel do evento.<br />

A Addvalora é uma reguladora referência<br />

no mercado nacional, atuante em<br />

vários tipos de processos – do início à sua<br />

conclusão. Os de natureza mais complexa<br />

exigem atendimento altamente especializado,<br />

como os riscos de engenharia e seguro<br />

garantia. No Brasil, a empresa conta<br />

com 86 colaboradores, distribuídos em<br />

15 escritórios próprios, localizados em<br />

pontos estratégicos (principais capitais<br />

e cidades do Estado de São Paulo), bem<br />

como conta com representantes em todo<br />

o território nacional para atendimento/<br />

vistoria de sinistros de pequeno valor<br />

agregado (massificados/fast track).<br />

Os temas que cercam as atividades<br />

dos clientes da empresa, como telecomunicações,<br />

aeronáutica, petróleo, energias<br />

renováveis, mineração e construção<br />

estiveram presentes nos painéis. “A filial<br />

brasileira sempre marcou sua presença<br />

neste grande evento, desde a primeira<br />

edição. É um momento especial para<br />

reforçarmos nossas parcerias com os<br />

clientes e prospecção de novos negócios<br />

para a Addvalora e demais participantes<br />

do mercado”, explica o CEO da Addvalora<br />

Brasil, William Fernandez. Além<br />

de cinco colaboradores da empresa,<br />

visitaram a Espanha vinte convidados,<br />

entre representantes de seguradoras,<br />

resseguradoras, corretores de seguros e


❙❙<br />

Delegação<br />

segurados com importantes atuações no<br />

cenário mundial e local.<br />

A presença dos clientes em um evento<br />

tão especial quanto este agrega não só<br />

ao trabalho da regulação, mas à subscrição<br />

de apólices que venham a atender<br />

ao seu destinatário. Para a regulação, a<br />

troca de informações com os segurados<br />

enriquece as análises, tornando o trabalho<br />

final fruto de um entendimento entre<br />

as partes envolvidas.<br />

Além do CEO da filial brasileira<br />

foram enviados outros quatro coordenadores:<br />

Engº Mecânico Isidro Maldonado<br />

Zambudio, do escritório de SP para<br />

Grandes Sinistros; Miriam Santato, do<br />

escritório de SP de casos com gestão<br />

centralizada, fast track e pequenos riscos;<br />

Paulo Henriques da Costa, do escritório<br />

de SP para riscos patrimoniais de grande<br />

e médio porte; Advogada Luciana Correia<br />

Hey, do escritório de Curitiba para casos<br />

de seguro garantia, responsabilidade<br />

civil, fiança locatícia e ressarcimento.<br />

brasileira e internacional rumo ao primeiro dia de evento<br />

fast track, responsabilidade civil (geral<br />

e profissional) e seguro garantia. Atualmente,<br />

a filial brasileira é a que tem a<br />

maior representação dentro da operação<br />

internacional da Addvalora, atingindo a<br />

marca de 67% dos trabalhos produzidos<br />

pela empresa em 2017. Para 2018, a perspectiva<br />

é de que este número se mantenha<br />

ou até cresça minimamente.<br />

Após quase oito anos de atuação no<br />

País, a empresa já conquistou a confiança<br />

das companhias de seguro, dos corretores<br />

de seguros e de segurados. Em alguns<br />

casos, a nomeação da participação da<br />

Addvalora nos processos de regulação de<br />

sinistros acontece por registro consignado<br />

na própria apólice de seguros, o que<br />

garante ao segurado o conhecimento prévio<br />

de quem fará o atendimento em caso<br />

de algum infortúnio. “Este fato propicia<br />

à reguladora o maior conhecimento do<br />

segurado e do negócio, facilitando a atuação<br />

em caso de sinistro, simplificando<br />

o trabalho de regulação”, avalia William<br />

Fernandez.<br />

Nos últimos anos a empresa intensificou<br />

a sua expansão geográfica, para<br />

oferecer mais agilidade no primeiro<br />

atendimento de casos urgentes, incluindo<br />

casos de calamidade, bem como na especialização<br />

da equipe técnica, que conta<br />

com profissionais com larga experiência<br />

de mercado que já passaram em outras<br />

reguladoras, corretoras e seguradoras.<br />

“As perspectivas para 2018 na área do<br />

seguro garantia são muito boas, mesmo<br />

considerando o cenário atual econômico<br />

e político do país, pois já estamos per-<br />

Addvalora no Brasil<br />

A operação brasileira da Addvalora<br />

teve início em setembro de 2010, sob a<br />

batuta do sócio brasileiro majoritário<br />

e o único representante estrangeiro no<br />

Conselho Diretivo do Grupo Addvalora,<br />

William Fernandez. Desde então, o<br />

escritório local ganhou bastante importância<br />

com a ampliação dos ramos de<br />

aplicação, iniciando com o property e<br />

depois especializando-se em ramos mais<br />

específicos como os riscos de engenharia,<br />

❙ ❙<br />

Representantes da Addvalora Brasil: Luciana Correia Hey, Paulo Henriques da<br />

Costa, William Fernandez, Isidro Maldonado Zambudio e Miriam Santato<br />

17


addvalora<br />

❙❙O evento contou com a participação de mais de 500 profissionais<br />

cebendo a retomada de algumas linhas<br />

importantes de negócios, principalmente,<br />

em concessões públicas e substituições de<br />

depósitos judiciais por apólices de seguro<br />

garantia, o que tem movimentado novas<br />

emissões e renovações de apólices. Já para<br />

os demais ramos entendo que tudo dependerá<br />

dos rumos do país”, avalia o CEO.<br />

É importante ressaltar que o trabalho<br />

de regulação de sinistro é bastante<br />

minucioso e, muitas vezes, requer conhecimento<br />

técnico da área em questão,<br />

principalmente aqueles que envolvem<br />

grandes obras, engenharia e casos de<br />

muita repercussão na mídia.<br />

Cada regulação é um caso específico<br />

e é feito em etapas que envolvem a vistoria<br />

no local, a entrega dos documentos solicitados,<br />

o trabalho da perícia etc. Todo<br />

este processo pode demorar de um mês<br />

a um ano. “Deve-se considerar também<br />

o ramo específico do seguro contratado,<br />

pois em alguns casos são relacionados a<br />

ações judiciais em curso, o que pode fazer<br />

com que a regulação fique atrelada ao<br />

tempo de conclusão do processo judicial”,<br />

esclarece Fernandez.<br />

Ao final do trabalho de regulação,<br />

a reguladora entrega à seguradora a sua<br />

análise com base nos fatos, investigação<br />

realizada e coberturas da apólice. Com<br />

isso, a companhia obtém um número<br />

bastante grande de informações que a<br />

auxiliam na análise de novos riscos que<br />

tenham as mesmas características, seja<br />

com a exigência de uma vistoria prévia,<br />

a entrega de um número maior de documentos<br />

ou mesmo questionamentos<br />

complementares a serem formalizados no<br />

momento do envio da proposta de emissão.<br />

Além disso, é parte integrante do<br />

processo de regulação apontar eventuais<br />

situações possíveis para o ressarcimento<br />

da indenização, com a identificação do<br />

verdadeiro causador dos danos, nos casos<br />

de riscos patrimoniais, por exemplo.<br />

O Relatório Final de Regulação é<br />

entregue à seguradora, seja pelas vias<br />

eletrônica, física ou mesmo presencial,<br />

dependendo do caso e da política interna<br />

de cada companhia. O segurado e o corretor<br />

de seguros da apólice acompanham<br />

ativamente todo o processo, pois também<br />

faz parte do trabalho da reguladora manter<br />

um bom fluxo de informações entre<br />

as partes interessadas.<br />

Comemoração dos 15 anos<br />

Para comemorar esta data tão importante<br />

– XV Aniversário do Grupo<br />

Addvalora – os colaboradores da empresa<br />

que atuam na Espanha, e também os<br />

convidados de diversos países que participaram<br />

desta jornada, estenderam sua<br />

estada num final de semana na província<br />

El Barco de Ávila, localizada a 155 quilômetros<br />

de Madri.<br />

Foi uma grande oportunidade para<br />

descontrair e participar de eventos esportivos,<br />

passeios e até uma disputa descontraída<br />

da melhor “Paella”, encerrando<br />

a grande festa com um jantar dançante.<br />

Toda esta festa foi realizada no Hotel<br />

Mirador de Gredos, que ficou totalmente<br />

à disposição dos colaboradores da<br />

empresa, propiciando grande integração<br />

entre todos.<br />

❙❙Delegação brasileira (Addvalora e convidados) no encerramento do evento<br />

18


19


especial saúde | regulação<br />

Queda de braço<br />

Cercadas de reviravolta, novas regras<br />

para planos de coparticipação e<br />

franquia dividem a opinião dos<br />

agentes do setor. Entenda o que está<br />

em jogo na Resolução Normativa 433<br />

Lívia Sousa<br />

20


Os planos de coparticipação<br />

e franquia são aplicados no<br />

mercado de saúde suplementar<br />

há pelos menos duas<br />

décadas. Nos últimos anos, tiveram um<br />

exponencial crescimento. Atualmente,<br />

mais de 52% dos consumidores já estão<br />

em planos dessa modalidade, ao passo<br />

que, em 2007, este percentual era de 22%.<br />

Com o salto no número de beneficiários, a<br />

Agência Nacional de Saúde Suplementar<br />

(ANS) entendeu que era preciso editar<br />

um normativo específico para instituir<br />

regras mais claras a esses produtos, o<br />

que resultou na publicação da Resolução<br />

Normativa (RN) 433, em junho deste ano.<br />

“Tais mecanismos estavam previstos<br />

na Resolução do Conselho de Saúde<br />

Suplementar (Consu) 8, de 1998, a qual,<br />

no entanto, continha previsões genéricas<br />

e abertas, sem a definição clara das condições,<br />

dos critérios e dos limites para<br />

aplicação destes mecanismos financeiros<br />

de regulação”, justifica Rodrigo Aguiar,<br />

diretor de Desenvolvimento Setorial<br />

da ANS. Segundo ele, as mudanças suprem<br />

as lacunas existentes na legislação<br />

e garantem maior clareza, segurança<br />

jurídica, previsibilidade e proteção aos<br />

consumidores. Isso porque as regras<br />

em vigor há 20 anos não estabelecem<br />

qualquer previsão de limites de aplicação<br />

em percentual ou valores, não prevêem<br />

elenco de isenções para cobrança e não<br />

estipulam um teto máximo até o qual o<br />

consumidor pode ser cobrado de coparticipação<br />

e franquia.<br />

A RN 433 entraria em vigor no fim<br />

❙❙Rodrigo Aguiar, da ANS<br />

deste ano e seria aplicada aos produtos<br />

registrados após sua vigência. Mas, em<br />

julho, foi suspensa por decisão liminar<br />

proferida pela presidente do Supremo<br />

Tribunal Federal (STF), ministra Cármen<br />

Lúcia, que acatou o pedido do Conselho<br />

Federal da Ordem dos Advogados do<br />

Brasil (CFOAB). Em petição apresentada<br />

no STF, a OAB afirma que “a referida<br />

Resolução institui severa restrição a um<br />

direito constitucionalmente assegurado (o<br />

direito à saúde) por ato reservado à lei em<br />

sentido estrito, não a simples regulamento<br />

expedido por agência reguladora” e chama<br />

de abusivo o porcentual de 40% que<br />

os beneficiários dos planos de assistência<br />

à saúde poderão pagar.<br />

De acordo com a ANS, a decisão do<br />

STF foi tomada sem que a Agência tenha<br />

sido previamente ouvida. A entidade<br />

informa que editou a norma observando<br />

o rito para edição de ato administrativo<br />

normativo, especialmente quanto à oportunidade<br />

de participação da sociedade,<br />

e que a Resolução foi analisada pela<br />

Advocacia Geral da União (AGU) sem<br />

que tenha sido identificada qualquer ilegalidade<br />

ou inconstitucionalidade. Ainda<br />

assim, no dia 30 de julho, a Agência revogou<br />

a resolução normativa “em respeito e<br />

atenção às preocupações demonstradas<br />

pela sociedade desde a publicação da<br />

norma”. As discussões acerca da proposta<br />

serão reabertas e deverão contar com a<br />

participação das instituições públicas que<br />

se manifestaram sobre a matéria.<br />

Pontos em discussão<br />

As mudanças sugeridas determinam<br />

um percentual máximo de 40% a ser<br />

cobrado pelos procedimentos realizados<br />

– que será definido entre as operadoras<br />

e os contratantes do serviço (empresas,<br />

associações ou pessoas físicas). Também<br />

impõem limites para o valor total pago<br />

no mês e no ano pelo consumidor (no<br />

limite mensal, o valor máximo não pode<br />

ultrapassar o valor correspondente à própria<br />

mensalidade; e no anual ao valor de<br />

12 mensalidades) e isenção de cobrança<br />

para quatro consultas anuais, realizadas<br />

em consultório ou em domicílio por um<br />

médico generalista, assim como para<br />

mais de 250 procedimentos e eventos<br />

em saúde, como exames preventivos<br />

(mamografia, colonoscopia, teste da HVI<br />

e glicemia etc), e para tratamentos de<br />

doenças crônicas (hemodiálise, radioterapia,<br />

quimioterapia, entre outros).<br />

Nos atendimentos em pronto-socorro,<br />

somente poderá ser cobrado valor fixo<br />

e único, não importando a quantidade e o<br />

tipo de procedimento realizado. O valor<br />

deverá ser previamente conhecido pelo<br />

beneficiário e não poderá ser superior<br />

a 50% do valor da mensalidade, nem<br />

maior que o valor pago pela operadora ao<br />

prestador. As mesmas condições valem<br />

para as internações – com a diferença de<br />

que o valor não poderá ser superior ao<br />

valor da própria mensalidade (veja mais<br />

detalhes na tabela).<br />

Benefícios<br />

As entidades ligadas aos planos de<br />

saúde defendem que a modernização é<br />

imprescindível para o beneficiário, pois<br />

amplia e diversifica a oferta de produtos<br />

no mercado, e ressaltam que os planos<br />

como conhecemos hoje não mudam e<br />

continuarão disponíveis. “Na verdade,<br />

surgirão novas opções para que o consumidor<br />

tenha maior poder de decisão. Tudo<br />

isso para que o cliente possa escolher o<br />

melhor plano, levando em consideração<br />

o seu perfil e as suas necessidades”,<br />

explica Reinaldo Scheibe, presidente da<br />

Associação Brasileira de Planos de Saúde<br />

(Abramge).<br />

Os mecanismos financeiros de regulação<br />

são reconhecidos por estimular<br />

a participação e a fiscalização do beneficiário<br />

de plano de saúde, que passa a<br />

❙❙Reinaldo Scheibe, da Abramge<br />

21


egulação<br />

participar mais ativamente das tomadas<br />

de decisões junto aos médicos, laboratórios<br />

e hospitais; e por possibilitar o real<br />

entendimento da necessidade de determinados<br />

exames e tratamentos. “Falamos<br />

insistentemente sobre a importância das<br />

pessoas se tornarem conscientes de que<br />

suas atitudes em relação ao uso do plano<br />

de saúde impactam diretamente no custo<br />

da sua mensalidade e também na dos<br />

demais usuários. A regulamentação dos<br />

modelos de franquia e coparticipação é<br />

o pontapé para que isso aconteça”, garante<br />

Scheibe. Apesar de burocrática, ele<br />

alega que com a norma os consumidores<br />

passam a ter controle e acesso sobre a<br />

utilização de seus planos e acredita que<br />

o valor das mensalidades deve cair.<br />

Para a Federação Nacional de Saúde<br />

Suplementar (FenaSaúde), a possibilidade<br />

da contratação de planos de saúde com<br />

franquia ou coparticipação aumentará a<br />

sustentabilidade do setor. “Esses produtos<br />

oferecem incentivo ao beneficiário para<br />

fazer o uso na medida certa – nem mais<br />

nem menos – dos serviços de assistência<br />

médica, sem que isso represente perda da<br />

qualidade assistencial do cuidado à saúde.<br />

As operadoras poderão desenhar novos<br />

produtos e atrair mais consumidores”,<br />

pontua a presidente da entidade, Solange<br />

Beatriz Mendes.<br />

❙❙Solange Beatriz Mendes, da FenaSaúde<br />

22<br />

Consequências<br />

O parecer da ministra Cármen Lúcia<br />

recebeu o apoio de entidades de defesa do<br />

consumidor. “A decisão do STF reconhece<br />

que a ANS está transbordando de sua<br />

competência regulatória e formulando<br />

uma normativa que não atende o interesse<br />

público”, diz a advogada e pesquisadora<br />

em Saúde do Instituto Brasileiro de Defesa<br />

do Consumidor (Idec), Ana Carolina<br />

Navarrete. Em nota de repúdio assinada<br />

com outras 16 entidades, o Idec afirma<br />

que o normativo expande de maneira<br />

irresponsável os limites de coparticipação,<br />

cria planos em que será possível o<br />

consumidor pagar a mensalidade e ainda<br />

assim custear integralmente o valor do<br />

procedimento (nos casos de franquia<br />

acumulada e coparticipação em pronto<br />

atendimento).<br />

Ana Carolina declara que a normativa<br />

não atendeu às solicitações das entidades<br />

de defesa do consumidor, expandindo<br />

o limite sem base técnica que justifique<br />

a ação, permitiu cobrança em urgências<br />

e emergências e não se preocupou em<br />

dispor sobre regras de publicidade para<br />

esses planos que deixem claro o seu potencial<br />

de endividamento. Além disso,<br />

se queixa de que não foi aberta consulta<br />

pública para discutir com a sociedade os<br />

limites de exposição financeira. Para ela,<br />

essas medidas retrocedem a regulação<br />

hoje em vigor, alterando a finalidade da<br />

norma e descumprindo os deveres de<br />

defesa do interesse público e articulação<br />

com entidades de defesa do consumidor<br />

previstos na lei de criação da Agência.<br />

“O Idec não recomenda a contratação<br />

de planos com esses instrumentos. Eles<br />

são destinados a fazer o usuário utilizar<br />

menos o plano, retardando diagnósticos e<br />

prejudicando a prevenção, o que no longo<br />

prazo é ruim para a saúde como um todo.<br />

É preciso que o consumidor avalie se um<br />

plano um pouco mais barato, mas com<br />

risco de pagar até o dobro da mensalidade,<br />

vale a pena ser adquirido”, frisa.<br />

Maria Lacerda, supervisora do<br />

Procon-SP, avalia que alguns pontos da<br />

Resolução trazem prejuízos aos consumidores,<br />

entre eles a possibilidade do<br />

percentual de coparticipação atingir 60%<br />

nos contratos coletivos empresariais, a<br />

incidência de mecanismos financeiros<br />

nas internações e no atendimento de<br />

urgência e emergência, em que pese o<br />

valor ser fixo; e o limite de exposição<br />

financeira mensal e anual não ser sufi-<br />

❙❙<br />

Ana Carolina Navarrete, do Idec<br />

ciente para evitar o endividamento do<br />

beneficiário. “Tudo isso pode levar o<br />

consumidor a retardar o tratamento de<br />

sua saúde, ou mesmo recorrer ao SUS por<br />

não conseguir arcar com as despesas de<br />

mensalidade somada à coparticipação e<br />

franquia”, declara. Outra preocupação é a<br />

forma como esses planos serão ofertados<br />

aos consumidores, ou seja, se eles serão<br />

suficientemente esclarecidos sobre o tipo<br />

de produto que estarão contratando.<br />

A isenção de procedimentos e o<br />

limite de exposição financeira, que não<br />

existiam na normativa anterior, são<br />

bem-vindos, mas de acordo com Livia<br />

Coelho, advogada da Proteste – Associação<br />

Brasileira de Defesa do Consumidor,<br />

insuficientes para inibir o endividamento<br />

dos consumidores ou para garantir os<br />

tratamentos preventivos de saúde. “Os<br />

planos de saúde estão cobrando valores<br />

tão elevados que pode-se dizer que estão<br />

praticamente impossíveis de serem pagos<br />

pelos consumidores”, alega. Enquanto<br />

os problemas estruturais relacionados<br />

à saúde não forem atacados no Brasil<br />

(como um sistema público que não funciona,<br />

a tributação excessiva e a inflação<br />

médica, que chega a ser quatro ou cinco<br />

vezes superior à inflação oficial), toda a<br />

legislação será insuficiente na resolução<br />

do problema de forma efetiva.<br />

Ao contrário das instituições ligadas<br />

aos planos de saúde, a Proteste acredita<br />

que com a RN 433 há chances de que<br />

o mercado passe a não oferecer planos<br />

sem franquia e coparticipação. “O que<br />

poderia ser uma opção a mais será, nesse


caso, a única opção do usuário”, alega.<br />

Ela afirma que os consumidores que<br />

utilizam muitos procedimentos poderão<br />

dobrar seus gastos com saúde por ano e<br />

que a lista de procedimentos isentos de<br />

cobrança traz algumas falhas como, por<br />

exemplo, a mamografia (isenta somente<br />

a cada dois anos, sendo que em geral os<br />

médicos recomendam que ela seja feita<br />

anualmente). “A lista privilegia médicos<br />

generalistas em detrimento de especialistas<br />

e isso pode levar à descoberta tardia<br />

de doenças mais graves, o que se contrapõe<br />

ao princípio da prevenção”.<br />

Com a palavra, a ANS<br />

A Agência assegura que a RN 433<br />

limita a liberdade de atuação das operadoras,<br />

que terão que formatar seus<br />

produtos conforme os parâmetros da norma,<br />

ao mesmo passo que confere maior<br />

segurança jurídica ao deixar claro quais<br />

são estes parâmetros e reforça o papel<br />

das empresas na gestão mais eficiente<br />

da saúde de seus beneficiários, com foco<br />

em atenção primária e programas de prevenção<br />

de doenças e promoção da saúde.<br />

Menciona ainda que a resolução prevê de<br />

forma expressa a coparticipação positiva<br />

ou concessão de bônus aos beneficiários<br />

como forma de incentivo aos bons hábitos<br />

de saúde dos mesmos e suas rotinas de<br />

prevenção.<br />

Sobre o fato do consumidor ter de<br />

desembolsar a mais pelos produtos, a<br />

Agência afirma que o modelo previsto<br />

para entrar em vigor objetiva justamente<br />

❙❙Maria Lacerda, do Procon-SP<br />

o contrário: ele já saberá, de antemão,<br />

que o máximo que irá pagar – caso use<br />

intensivamente o plano – será o mesmo<br />

valor da mensalidade. “É incorreto dizer<br />

que o consumidor terá aumento de 40%<br />

no seu plano. Ele terá um limite. Hoje, há<br />

planos que cobram 50%, 60% e até 70%<br />

de coparticipação aplicáveis a todos os<br />

procedimentos e sem limite máximo de<br />

cobrança. Ou seja, a realização de muito<br />

procedimento, na vigência da Consu 8,<br />

pode resultar na oneração excessiva do<br />

consumidor”, explica Rodrigo Aguiar.<br />

O percentual estipulado, fundamentado<br />

em diversos estudos, leva em conta<br />

um valor capaz de inibir a utilização do<br />

plano por conveniência, sem resultar em<br />

um valor excessivo ao ponto do beneficiário<br />

deixar de buscar o atendimento<br />

efetivamente necessário. Esse limite<br />

máximo, aliado aos demais limites que<br />

reduzem os riscos aos beneficiários (limite<br />

de exposição financeira, isenção de<br />

cobrança em procedimentos e concessão<br />

de bônus e descontos aos beneficiários<br />

como forma de incentivo aos bons hábitos<br />

de saúde e rotinas de prevenção),<br />

reduzem os impactos financeiros para o<br />

consumidor.<br />

Segundo Aguiar, com os limites de<br />

exposição financeira, por exemplo, o consumidor<br />

somente receberá cobrança de<br />

coparticipação e franquia até o limite do<br />

valor da própria mensalidade nos casos<br />

em que fizer uma utilização muito intensa<br />

do plano de saúde naquele determinado<br />

mês. Caso sua utilização seja eventual,<br />

somente receberá a cobrança relativa à<br />

realização daquele determinado procedimento<br />

ou da utilização de determinado<br />

serviço, estando limitado, no caso da<br />

coparticipação, por percentual, a 40% do<br />

seu valor. “Se ele realizar uma consulta<br />

de R$ 70, pagará, no máximo, R$ 28”,<br />

exemplifica o diretor.<br />

Já a inclusão de mais de 250 procedimentos<br />

e eventos em saúde isentos de<br />

cobrança de coparticipação e franquia<br />

vão beneficiar, por exemplo, os pacientes<br />

crônicos e idosos, que não poderão ter<br />

cobrança em exames preventivos.<br />

Quanto à discussão sobre a regulamentação<br />

desses mecanismos, a ANS<br />

lembra que o tema foi debatido em diversas<br />

oportunidades. “Essa, inclusive, foi<br />

❙❙<br />

Livia Coelho, da Proteste<br />

uma das normas editadas que mais teve<br />

discussões com a participação de representantes<br />

da sociedade”, assegura Aguiar.<br />

O tema “Mecanismos Financeiros de<br />

Regulação” é debatido na agência desde<br />

2005, quando foi aberto um processo<br />

administrativo para revisão da Resolução<br />

Consu 8. Desde então, já foi objeto<br />

de duas Consultas Públicas, em 2006 e<br />

2017; uma Câmara Técnica, em 2012;<br />

e um Grupo de Trabalho, em 2015. Em<br />

2016, os debates ganharam mais vigor,<br />

resultando na constituição de um Grupo<br />

Técnico específico sobre o assunto para<br />

discussão com a sociedade.<br />

Na sequência, o tema passou por<br />

audiência pública, consulta pública, e,<br />

por último, foi realizada pesquisa aberta<br />

à participação de toda a sociedade. “Em<br />

números gerais, a consulta pública sobre<br />

o tema recebeu 1.177 contribuições da sociedade<br />

e a pesquisa pública contou com<br />

645 contribuições”, contabiliza o diretor,<br />

destacando que todos os documentos<br />

relativos às discussões promovidas pela<br />

ANS sobre o tema estão disponíveis no<br />

portal da Agência, a fim de dar transparência<br />

à sociedade e dirimir eventuais<br />

dúvidas.<br />

“Cabe destacar, ainda, que os órgãos<br />

de defesa do consumidor são ouvidos e<br />

possuem assento nas diversas instâncias<br />

de participação social instauradas pela<br />

reguladora. Durante a consulta feita à<br />

sociedade, a ANS recebeu cerca de 140<br />

contribuições de representantes de defesa<br />

do consumidor, das quais 74 foram totalmente<br />

ou parcialmente acatadas”, afirma.<br />

23


egulação<br />

Por fim, a Agência diz que monitorará<br />

a aplicação da norma para confirmar se<br />

serão ofertados aos consumidores tanto<br />

planos com coparticipação e franquia<br />

como planos sem essas condições, na<br />

forma como determina a regulação.<br />

Nada de novo<br />

A participação do beneficiário em<br />

determinados procedimentos e a instituição<br />

de um limite para que a operadora<br />

de planos de saúde seja integralmente<br />

responsabilizada são mecanismos financeiros<br />

de regulação largamente utilizados<br />

pelo mercado de saúde suplementar, diz<br />

Márcio Dainesi, advogado especialista<br />

em saúde suplementar e sócio na Dainesi<br />

& Parré Advogados.<br />

“Mesmo antes de 1998 algumas<br />

operadoras já utilizavam esses fatores<br />

de moderação, pois tais princípios e<br />

conceitos são oriundos do mercado segurador<br />

em geral, que é muito anterior ao<br />

mercado de saúde suplementar”, afirma,<br />

acrescentando que apesar de intensificar<br />

a comercialização e a efetiva operação<br />

de produtos com mecanismos financeiros<br />

de regulação, a RN 433 não altera a<br />

dinâmica do setor.<br />

Sendo assim, a edição da norma<br />

ajudou a difundir o assunto que, embora<br />

já fosse praticado, não era tão conhecido<br />

pela população. Agora, é preciso buscar<br />

a conscientização de todos os agentes do<br />

mercado (operadoras beneficiários/empresas<br />

contratantes, médicos/prestadores de<br />

serviços) de que a utilização de fatores de<br />

moderação resultará na democratização<br />

COPARTICIPAÇÃO E FRANQUIA<br />

PRINCIPAIS REGRAS<br />

❱❱<br />

O valor máximo pago pelo beneficiário não pode ultrapassar<br />

o valor correspondente à mensalidade (limite mensal) ou a 12<br />

mensalidades (limite anual)<br />

»»<br />

Por exemplo, se o beneficiário paga R$ 100 de mensalidade,<br />

o limite mensal não pode ultrapassar R$ 100. Com isso o<br />

beneficiário irá pagar, neste mês, no máximo R$ 200.<br />

❱❱<br />

Isenção de cobrança para mais de 250 procedimentos, como<br />

exames preventivos, tratamento de doenças crônicas e exames<br />

de pré-natal e neonatal.<br />

❱❱<br />

Proibido uso de coparticipação e franquia diferenciado por<br />

doença ou patologia.<br />

❱❱<br />

Para atendimento em pronto socorro ou durante internação,<br />

deve ser aplicado valor monetário fixo e único contemplando<br />

todos os serviços e procedimentos.<br />

❱❱<br />

Informações devem ser detalhadas no contrato.<br />

❱❱<br />

Operadoras deverão divulgar extrato de utilização dos procedimentos<br />

com os valores aplicados em seus sites, na área do Portal<br />

de Informações do Beneficiário da Saúde Suplementar (PIN-SS).<br />

❱❱<br />

Percentual máximo de coparticipação não pode ultrapassar<br />

40% do valor do procedimento.<br />

❙❙Márcio Dainesi, da Dainesi & Parré<br />

24<br />

do plano, uma vez que as pessoas que hoje<br />

não possuem condições de contratá-lo<br />

poderão fazê-lo – desde que coparticipem<br />

financeiramente com uma contribuição<br />

mínima em restritos procedimentos, ficando,<br />

no caso de adversidades, assegurada<br />

sua assistência médico-hospitalar independente<br />

do valor total que o procedimento<br />

ou internação gerará.<br />

“Trata-se de franquear acesso a um<br />

público que hoje se encontra relegado ao<br />

SUS, que, embora se esforce a cumprir<br />

seu munus constitucional, não possui<br />

capilaridade e capacidade assistencial<br />

e financeira para garantir assistência à<br />

saúde a todo o país”, finaliza.


25


especial saúde | tecnologia<br />

Setor em<br />

transformação<br />

Novas ferramentas<br />

geram inteligência<br />

e soluções para<br />

melhor utilização dos<br />

recursos, redução<br />

dos desperdícios,<br />

entrega de melhores<br />

resultados e acesso<br />

a assistência mais<br />

assertiva<br />

Lívia Sousa<br />

O<br />

mercado de produtos para<br />

saúde cresce no mundo todo<br />

e cria oportunidades para<br />

novos players. Esse cenário é<br />

evidenciado com o envolvimento crescente<br />

da indústria da tecnologia da informação<br />

na área da saúde, as parcerias criadas<br />

com empresas do setor e a proliferação de<br />

startups. Surgem novos aplicativos, novas<br />

tecnologias e soluções decisivas para<br />

melhorar a sustentabilidade do sistema e<br />

sua produtividade.<br />

Suíça, Islândia, Suécia, Coréia do<br />

Sul e Itália são referências mundiais em<br />

healthcare, setor que engloba o mercado de<br />

cuidados com a saúde e assistência médica.<br />

Além do uso de recursos tecnológicos<br />

para desenvolvimento de seus sistemas<br />

de saúde, a extensão demográfica desses<br />

países, em sua maioria pequenos em território,<br />

favorece o controle e aplicação de<br />

medidas igualitárias. Ainda fazem parte<br />

da lista Estados Unidos, Canadá, Europa<br />

Ocidental e Japão, por já lidarem com o<br />

envelhecimento da população há algum<br />

tempo e discutirem a saúde pública e privada<br />

– o envelhecimento da população é<br />

um fator fundamental para o planejamento<br />

estratégico dos setores público e privado,<br />

visto que o número de incidência de doenças<br />

crônicas cresce e, consequentemente,<br />

a necessidade de suporte de produtos (medicamentos,<br />

equipamentos médicos etc)<br />

e serviços (atenção farmacêutica, maior<br />

26


acesso aos médicos, entre outros) para a<br />

prevenção de novas doenças ou ganho de<br />

qualidade de vida.<br />

“Cada vez mais os aplicativos e<br />

startups estão sendo aprimorados, modificando<br />

a maneira de se exercer a medicina,<br />

o ensino médico, e a própria relação<br />

médico-paciente, porque possibilitam,<br />

entre inúmeras opções, monitoramento<br />

e atendimento à distância. Essas inovações<br />

conferem maior responsabilidade<br />

ao paciente pela gestão da própria saúde<br />

e, além de beneficiá-lo, geram economia<br />

para as operadoras e para o sistema de<br />

saúde como um todo”, diz Carlos Goulart,<br />

presidente executivo da Associação<br />

Brasileira de Indústria de Alta Tecnologia<br />

de Produtos para Saúde (Abimed).<br />

O sistema de saúde brasileiro também<br />

passa por uma série de transformações.<br />

Tecnologia de ponta já é encontrada em<br />

hospitais de renome que contribuem para<br />

o tratamento mais efetivo do paciente.<br />

Por aqui, há um mercado crescente, com<br />

demandas igualmente crescentes neste<br />

sentido. O setor de healthcare ganhou<br />

maturidade nos últimos anos, apesar da<br />

crise econômica e aumento significativo<br />

de custos que limita a capacidade do<br />

governo para lidar com as necessidades<br />

da população.<br />

“O mercado vem em uma transformação<br />

crescente desde 2014, quando o<br />

capital estrangeiro passou a ser permitido<br />

no Brasil. Antes disso, vivia de modelos<br />

de gestão mais tradicionais. Desde então,<br />

se profissionalizou e eu acredito que há<br />

espaço para consolidação, principalmente<br />

para o setor hospitalar. Isso deve<br />

continuar nos próximos anos”, garante o<br />

sócio-diretor da KPMG, Daniel Greca.<br />

Aplicação e oportunidades<br />

Além de contar com milhares de<br />

produtos e dos mais sofisticados equipamentos<br />

a commodities de uso hospitalar, o<br />

setor vem se transformando com a Internet<br />

das Coisas, a nanotecnologia, a inteligência<br />

artificial e a realidade aumentada, que<br />

são fundamentais para melhorar a sustentabilidade<br />

do sistema de saúde. A difusão<br />

da tecnologia dentro deste mercado gera<br />

inteligência e soluções imprescindíveis,<br />

em médio e longo prazos, para uma melhor<br />

utilização dos recursos e redução dos desperdícios,<br />

o que proporciona diminuição<br />

de custos, entrega de melhores resultados<br />

aos pacientes e maior acesso a uma assistência<br />

mais assertiva.<br />

Entre as ferramentas mais disseminadas<br />

estão os sistemas de Gestão da Saúde<br />

ou de Gestão Hospitalar, mais conhecidos<br />

por Healthcare Information System (HIS),<br />

assim como o Big Data. Por meio dele, o<br />

desenvolvimento de indicadores que podem<br />

ser utilizados para a gestão, definição<br />

do perfil do paciente, interação medicamentos,<br />

estratégias de conduta médica,<br />

entre outros, estão ganhando espaço e se<br />

transformando em tendência.<br />

Além desses, a utilização de ferramentas<br />

com tecnologia móvel, como os<br />

smartphones, para monitorar remotamente<br />

o paciente, cresce rapidamente. Mas, onde<br />

estão as oportunidades no Brasil? “Vejo a<br />

integração entre a saúde pública e a saúde<br />

privada. “Existe um abismo entre as duas<br />

saúdes, embora pelo menos do ponto de<br />

vista teórico isso deveria estar em conjunto.<br />

O país tem uma oportunidade gigante<br />

de fazer essa junção, sempre pensando<br />

no cidadão lá na ponta, que é quem vai<br />

receber o serviço”, aposta Greca.<br />

Contudo, é preciso mitigar ou diminuir<br />

a necessidade de serviço de saúde,<br />

trabalhando de uma forma preventiva e<br />

olhar ampliado para o paciente, de uma<br />

forma mais integrada. “Essa integração<br />

parece simples, mas ela passa por princípios<br />

básicos, como ter acesso a todas<br />

as informações e histórico do paciente.<br />

Passa pelo prontuário eletrônico único,<br />

pela integração das informações e<br />

❙❙Carlos Goulart, da Abimed<br />

❙❙Daniel Greca, da KPMG<br />

27


tecnologia<br />

❙❙Eliane Kihara, da PwC Brasil<br />

compartilhamento entre todos os elos da<br />

cadeia, seja público ou privado, porque<br />

o paciente pode ter um plano privado,<br />

mas tomar uma vacina em um posto<br />

de saúde do município, por exemplo”,<br />

elucida Eliane Kihara, sócia da PwC<br />

Brasil. Passa, ainda, por uma estrutura<br />

de atenção primária em que o paciente<br />

tenha um médico ou um conjunto de profissionais<br />

com familiaridade com o seu<br />

histórico para fazer o acompanhamento<br />

e encaminhá-lo adequadamente para<br />

um atendimento secundário e terciário,<br />

se necessário. “A lógica parece óbvia,<br />

mas existe ainda um gap enorme dentro<br />

do Brasil para se atingir esse nível de<br />

integração para, no final do dia, otimizar<br />

a utilização de recursos”.<br />

Autocuidado atrai as<br />

empresas<br />

Uma pesquisa global feita pela<br />

IQVIA apontou que uma em 20 buscas<br />

❙❙Rodrigo Kurata, da IQVIA<br />

28<br />

no Google são relacionadas à saúde e<br />

que 60% da população tende a tomar um<br />

medicamento isento de prescrição antes<br />

de marcar uma visita ao médico. Ainda<br />

de acordo com o levantamento, 95% das<br />

pessoas concordam que o autocuidado<br />

está fortemente relacionado à responsabilidade<br />

pela própria saúde, 67% procuram<br />

monitorar os problemas de saúde, 59%<br />

usam produtos isentos de prescrição para<br />

gerenciar os sintomas do dia a dia, 83%<br />

dos consumidores acham que os websites<br />

e apps os ajudam na dieta e 81% dos<br />

shoppers pesquisam online antes de fazer<br />

grandes compras.<br />

“Os números refletem o autocuidado,<br />

que vemos hoje como tendência, e<br />

explicam a atratividade de trabalhar tecnologia<br />

no segmento de saúde”, declara<br />

Rodrigo Kurata, diretor da Unidade de<br />

Negócios Consumer Health da IQVIA.<br />

Atualmente são mais de 320 mil aplicativos<br />

de saúde existentes no mundo e<br />

mais de 1 mil wearables e clinical devices<br />

disponíveis para o consumidor, desde<br />

apps no formato gamification para a<br />

gestão de doenças crônicas até aparelhos<br />

transdérmicos para controle de nicotina,<br />

chatbots, inteligência artificial por voz<br />

e Google Assistant, que em breve deve<br />

ir para o caminho de serviços de saúde,<br />

segundo o executivo. “Tudo isso já é realidade<br />

no Brasil e a penetração dessas<br />

ferramentas de saúde está cada vez maior,<br />

o que certamente contribuirá muito com<br />

a eficiência do setor”.<br />

Porém, é preciso disseminar o conceito<br />

de autocuidado, que passa principalmente<br />

pelo conhecimento da população<br />

sobre a gestão da própria saúde. “Infelizmente<br />

o brasileiro é reativo às doenças<br />

e não se previne adequadamente para<br />

melhorar sua saúde física e mental”, diz<br />

Kurata, alegando que muitos dos problemas<br />

poderiam ser evitados se as pessoas<br />

tivessem consciência sobre como se cuidar,<br />

desde um bom sono e alimentação<br />

até o conhecimento sobre o uso de medicamentos<br />

isentos de prescrição para suas<br />

dores do dia a dia (sem precisar recorrer<br />

ao posto de saúde, hospital ou SUS).<br />

Tecnologia na prática<br />

A Amil é uma das empresas de saúde<br />

que investem em tecnologia. Na com-<br />

panhia, o big data é aplicado na análise<br />

avançada de dados que dão suporte às<br />

decisões administrativas e assistenciais.<br />

“Por meio dele, identificamos os beneficiários<br />

com maior potencial de adesão a<br />

iniciativas de gestão de saúde, os clientes<br />

que mais fazem uso do sistema e as razões<br />

que os levam a isso, e o caminho percorrido<br />

por um cliente insatisfeito, entre<br />

outras informações”, explica o diretor<br />

de crescimento e inovação em produtos,<br />

Mario Saddy.<br />

Na área clínica, a aposta é no projeto<br />

de Natural Language Processing (NLP)<br />

que analisa os dados carregados pelos<br />

médicos que usam o sistema da companhia<br />

para atualização do prontuário do<br />

paciente. A ferramenta faz uma leitura<br />

inteligente das anotações, que vão desde<br />

observações clínicas a resultados de<br />

exames, e interpreta os dados, sinalizando<br />

prováveis relações com doenças<br />

❙❙Mario Saddy, da Amil


específicas. Em seguida, essas informações são salvas<br />

em um grande banco de dados Clinical Data Warehouse<br />

(CDW), para posterior atuação dos cientistas de dados.<br />

O objetivo é gerar insights para gestão médica.<br />

Outra ferramenta, o MCG, permite o compartilhamento<br />

das melhores diretrizes clínicas baseadas em<br />

evidências científicas, de forma online, entre médicos que<br />

atuam diretamente em hospitais próprios e credenciados<br />

de nove estados brasileiros. Com a iniciativa, aponta<br />

Saddy, foram registradas, em 2016 e 2017, quedas de<br />

26% e 16% no tempo médio de internação hospitalar e<br />

em unidades de terapia intensiva, respectivamente, e de<br />

3% na mortalidade do grupo de pacientes monitorados.<br />

Já no campo da Gestão de Saúde Populacional,<br />

utilizamos a inteligência artificial para ajudar a prever a<br />

progressão de doenças crônicas em determinados pacientes.<br />

Esse processo envolve a identificação, a estratificação<br />

e a análise de populações de clientes da Amil, além de<br />

subsidiar ações estratégicas de cuidado.<br />

Há ainda o sistema de Gestão Inteligente de Leitos,<br />

por meio do qual é possível otimizar o processo de ocupação<br />

pelos pacientes internados, considerando variáveis<br />

como agendamento, necessidade dos médicos, tipo de<br />

cirurgia, deslocamento até o hospital e até tempo de<br />

higienização e liberação do leito.<br />

Saddy enxerga a necessidade de transformação do<br />

mercado. “Ações de cuidado coordenado, equipamentos<br />

de alta geração, técnicas inovadoras e capacitação profissional<br />

proporcionarão cada vez mais qualidade de vida e<br />

segurança para pacientes e beneficiários. Nesse sentido,<br />

a tecnologia será fundamental para a análise de dados e<br />

o cruzamento de informações de forma rápida e eficiente,<br />

apoiando a tomada de decisões”, acredita, ressaltando<br />

que, atrelado aos resultados que a tecnologia oferece,<br />

está o olhar do profissional. “É por meio das pessoas<br />

que conseguimos oferecer um atendimento qualificado<br />

e acolhedor, tornando a experiência dos beneficiários<br />

ainda melhor dentro da nossa rede”, aponta.<br />

Desafios<br />

Com a globalização,<br />

os profissionais de<br />

saúde no Brasil têm à<br />

disposição a mesma<br />

tecnologia utilizada por<br />

países desenvolvidos.<br />

Contudo, alguns pontos<br />

acabam prejudicando<br />

a aplicação das<br />

ferramentas, como a<br />

desigualdade social e<br />

a falta de investimento<br />

nessas tecnologias,<br />

principalmente na saúde pública.<br />

“Além das dificuldades financeiras, do envelhecimento populacional<br />

e dos problemas de gestão, um dos principais desafios<br />

é a gestão de pessoas. No Brasil, ainda temos dificuldade na<br />

contratação de mão de obra qualificada, dificuldade em alocar<br />

profissionais em regiões distantes dos grandes centros, além da<br />

falta de profissionais em especialidades específicas”, completa<br />

Jocelmo Pablo Mews, diretor de Gestão de Pessoas da Pró-Saúde<br />

Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar.<br />

O sistema de remuneração brasileiro também é um entrave,<br />

pois não é sustentável. É preciso evoluir para um sistema de remuneração<br />

por performance e não por procedimento.<br />

O envelhecimento da população, o aumento de doenças<br />

crônicas, avanços tecnológicos, demanda reprimida, setor público<br />

sobrecarregado, entre outros, são outros fatores que impactam diretamente<br />

no mercado de saúde no Brasil. Para fazer frente a esses<br />

itens, questões importantes devem ser levadas em conta, tais como<br />

reformas na saúde, redução de custos, qualidade, segurança do<br />

paciente e infraestrutura. “Diante da burocracia do setor público e<br />

do dinamismo na saúde, cada vez mais se faz necessário o aumento<br />

das parcerias públicas e privadas para gerir o setor”, diz Mews.<br />

29


especial saúde | odonto<br />

A saúde<br />

começa<br />

pela boca<br />

Mercado de planos odontológicos<br />

apresenta resultados expressivos<br />

e deve seguir em expansão, mas<br />

ainda precisa conquistar quem<br />

desconhece o serviço e seu custobenefício<br />

Lívia Sousa<br />

Os planos exclusivamente<br />

odontológicos superaram,<br />

em maio de 2018, a marca de<br />

23 milhões de beneficiários.<br />

No total, 1,2 milhão de novos vínculos<br />

desse tipo foram firmados nos 12 meses<br />

encerrados no período, o que significa um<br />

incremento de 5,3%. A maior parte dos<br />

vínculos se concentra no Sudeste do país<br />

(13,5 milhões). O montante cresceu 4,8%,<br />

acrescentando 623,1 mil novos vínculos<br />

na região, mais do que todas as outras<br />

regiões somadas.<br />

Há alguns motivos para que isso<br />

aconteça. Os custos do produto são mais<br />

atrativos se comparados aos planos comuns,<br />

o que permite tanto as famílias<br />

acessá-los com mais facilidade quanto às<br />

empresas oferecê-lo como benefício, com<br />

menos impacto nos seus custos – esse<br />

último, aliás, é justamente um dos pilares<br />

do crescimento destes planos. Cada vez<br />

30<br />

mais companhias oferecem o benefício<br />

como uma forma de reter talentos. A<br />

exemplo do que acontece com os planos<br />

médico-hospitalares, os planos coletivos<br />

empresariais respondem pela maior parte<br />

dos vínculos odontológicos: são 16,9<br />

milhões (74,4% do mercado).<br />

“O plano odontológico tem um ticket<br />

médio extremamente acessível, um fator<br />

importante de inclusão social de uma camada<br />

da população que não tem condições<br />

de arcar com os custos de um tratamento<br />

odontológico”, explica Armando Rodrigues<br />

Filho, diretor da Dentalpar Assistência<br />

Odontológica, empresa que conta com<br />

100 mil beneficiários e espera alcançar<br />

maior participação no mercado de saúde.<br />

“Temos uma expectativa de melhorar<br />

nosso desempenho, especialmente quando<br />

fazemos uma comparação com o mercado<br />

de assistência médica. Existe um mercado<br />

de saúde muito grande a ser atingido e o<br />

plano odontológico pode dar ao beneficiário<br />

uma percepção de satisfação muito<br />

grande”, pontua. A garantia da satisfação<br />

já é realidade: uma pesquisa elaborada em<br />

2017 pelo Ibope, e encomendada pelo Instituto<br />

de Estudos em Saúde Suplementar<br />

(IESS), indica que 79% dos beneficiários<br />

estão satisfeitos ou muito satisfeitos com<br />

seus planos e que 81% os recomendariam<br />

para um amigo ou parente.<br />

Margem para crescimento<br />

Os custos reduzidos em comparação<br />

com os planos médico-hospitalares resultam<br />

em mais uma distinção: não é o<br />

acesso, mas a educação, o principal determinante<br />

para que as pessoas mantenham<br />

cuidados adequados com sua higiene<br />

bucal. A conclusão é de Luiz Augusto<br />

Carneiro, superintendente executivo do<br />

IESS. “A escolaridade média dos brasileiros<br />

cresceu 29,6% entre 2001 e 2015,


❙❙<br />

Armando Rodrigues Fº, da Dentalpar<br />

e o crescimento ultrapassou os 50% para<br />

certos grupos. É natural que o cuidado<br />

bucal e a busca e valorização dos planos<br />

exclusivamente odontológicos cresçam<br />

no País”, conclui.<br />

Levando em conta esses fatores, ele<br />

acredita que o segmento deve continuar<br />

apresentando resultados positivos, mas<br />

que também há razões para o mercado<br />

ficar atento. “Como a maior parte dos<br />

planos odontológicos é contratada pela<br />

empresa para seus colaboradores, o avanço<br />

do desemprego puxado pelo mercado<br />

informal, não é um bom sinal”, explica.<br />

Apesar do crescente número de adeptos<br />

ao plano odontológico, o segmento<br />

ainda conta com menos da metade do<br />

total de vínculos médico-hospitalares.<br />

De acordo com a Agência Nacional de<br />

Saúde Suplementar (ANS), só 12% da<br />

população possui o produto. Já os dados<br />

mais recentes divulgados em 2015 pelo<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

(IBGE) revelam que 55,6% dos<br />

brasileiros não se consultam regularmente<br />

com um dentista.<br />

Muitas pessoas desconhecem o<br />

serviço e, por isso, ficam em dúvida se<br />

o investimento vale à pena. Fazer um<br />

trabalho de conscientização sobre a<br />

importância da saúde bucal é o primeiro<br />

❙❙<br />

Luiz Augusto Carneiro, do IESS<br />

passo para que esse quadro se reverta. “A<br />

maior oportunidade está na conscientização<br />

da população sobre a importância<br />

dos cuidados com a saúde bucal”, afirma<br />

Geraldo Almeida Lima, presidente do<br />

Sindicato Nacional das Empresas de<br />

Odontologia de Grupo (Sinog). A partir<br />

31


odonto<br />

❙❙<br />

Geraldo Almeida Lima, do Sinog<br />

do momento que houver essa percepção,<br />

segundo ele, será possível equiparar<br />

o número de beneficiários de planos<br />

odontológicos aos que possuem planos<br />

médicos. “Essa educação engloba o fato<br />

de possuir o benefício em longo prazo.<br />

Hoje, percebemos uma taxa significativa<br />

de cancelamento de contratos individuas<br />

(2,9% ao mês), que geralmente ocorrem<br />

depois que o indivíduo realiza algum<br />

tipo de tratamento. Nos planos coletivos<br />

empresariais essa taxa é de 2,3%, e 1,9%<br />

nos coletivos por adesão”, acrescenta.<br />

Até o fim deste ano, o Sinog estima<br />

um crescimento de 3,1% na adesão ao<br />

produto, encerrando o período com 23,7<br />

milhões de pessoas cobertas.<br />

32<br />

Novas portas para o corretor<br />

Além do gap gerado por quem<br />

se encontra desprovido de um plano<br />

odontológico, é importante frisar que o<br />

Brasil concentra 19% de toda a população<br />

de cirurgiões-dentistas do mundo,<br />

sendo o destino preferido de indivíduos<br />

que pretendem realizar um tratamento<br />

odontológico, tanto do ponto de vista da<br />

qualidade quanto de custo, condições<br />

que abrem novas portas para o mercado<br />

e também para os corretores.<br />

A Horizonte Corretora de Seguros<br />

iniciou a comercialização no ramo odontológico<br />

em 2009. Aproximadamente<br />

15% da carteira pessoa jurídica da empresa<br />

possui plano odontológico e a meta<br />

é dobrar esse percentual até 2020. “É um<br />

segmento de risco menor, que não sofre a<br />

mesma pressão de custo da área médica,<br />

é mais estável”, garante o sócio-proprietário,<br />

Josué Lolli. Para os corretores,<br />

a vantagem de trabalhar com produtos<br />

na área de benefícios é a fidelização da<br />

empresa, pois uma vez que o profissional<br />

passa a cuidar do bem mais precioso do<br />

cliente, a saúde, consequentemente fica<br />

mais fácil atendê-lo nos demais ramos.<br />

Outro detalhe é que o contrato, uma vez<br />

feito, tem faturas mensais, o que por si<br />

só traz um rendimento mais equilibrado<br />

à corretora, necessitando somente fazer<br />

a gestão sobre a conta.<br />

“Podemos contar com muitas vendas,<br />

aumentando assim a possibilidade de<br />

firmar parceria com novas empresas e<br />

clientes e ofertar outros produtos e benefícios”,<br />

diz Oldair Douglas Freitas, sócio-<br />

-fundador da ConsulMed Consultoria em<br />

Benefícios, que soma aproximadamente<br />

oito mil clientes nessa carteira. Mas, para<br />

se ter vendas em quantidade, é necessário<br />

treinamento, foco e conhecimento para<br />

argumentar e mostrar confiança nas vantagens<br />

do produto, assegura o executivo.<br />

Regulamentação específica<br />

Um dos grandes desafios do setor<br />

é criar uma regulamentação específica<br />

para a odontologia suplementar, que considere<br />

as diferenças e especificidades do<br />

segmento. Na visão de Geraldo Almeida<br />

Lima, do Sinog, isso poderia ampliar o<br />

leque de produtos das operadoras.<br />

“Precisamos tratar a questão da desproporcionalidade<br />

das penalidades aplicadas<br />

pela agência reguladora”, afirma.<br />

Embora possuam capacidade financeira<br />

significativamente menor, ele declara que<br />

as operadoras odontológicas suportam<br />

um peso muito maior do que o suportado<br />

pelos planos de assistência médica. Além<br />

de valores altos das multas, que podem<br />

chegar a centenas de milhares de reais,<br />

há ausência de regras claras, excesso de<br />

79% dos beneficiários dos<br />

planos odontológicos<br />

estão satisfeitos ou<br />

muito satisfeitos com<br />

seus planos e 81% os<br />

recomendariam para um<br />

amigo ou parente<br />

Fonte: Ibope<br />

❙❙<br />

Josué Lolli, da Horizonte<br />

normativos a serem cumpridos e prazos<br />

muito curtos para o atendimento de demandas<br />

assistenciais, que dificultam o<br />

cumprimento da legislação.<br />

“O Sinog enviou um ofício à Agência<br />

Nacional de Saúde Suplementar (ANS),<br />

demonstrando que o valor disponível nas<br />

operadoras exclusivamente odontológicas<br />

para o custeio de despesas não assistenciais<br />

é 5,23 vezes menor do que nas operadoras<br />

de planos médico-hospitalares. Tal fato é<br />

consequência principalmente das mensalidades<br />

cobradas, visto que o ticket médio<br />

dos planos odontológicos é de R$ 14,65 e<br />

dos médicos é de R$ 263,60”, diz Lima,<br />

avaliando que essa disparidade sobrecarrega<br />

a capacidade econômica das operadoras<br />

exclusivamente odontológicas e pode<br />

comprometer a sustentabilidade do setor.<br />

Procurada pela <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong>, a<br />

ANS afirmou, em nota, que toda sua atuação<br />

é pautada em regras claras e de total<br />

conhecimento do mercado regulado. As<br />

normas que balizam a atuação fiscalizatória<br />

da Agência são de 2006 (RN 124, que<br />

trata do valor das multas) e de 2015 (RN<br />

388, que trata do processo sancionador).<br />

“Quanto à solicitação do Sinog, de<br />

fato foi apresentado um ofício que solicitava<br />

a redução das multas aplicadas<br />

nas operadoras odontológicas em função<br />

exclusivamente de seu porte econômico,<br />

sem ponderação sobre o atendimento a<br />

ser prestado a seus consumidores”, informou<br />

a ANS, concluindo que “assim, não<br />

há, até o momento, razão regulatória para<br />

que a Agência considere o segmento de<br />

forma diferenciada ao receber denúncias<br />

de seus consumidores”.


especial saúde | odonto empresas<br />

Nova campanha proporciona<br />

ganhos para toda a cadeia<br />

O equilíbrio de<br />

benefícios entre<br />

todos os agentes<br />

da cadeia de planos<br />

odontológicos é o foco<br />

da campanha realizada<br />

pela Odonto Empresas<br />

A<br />

palavra sustentabilidade agora<br />

faz parte do vocabulário da<br />

maioria das empresas, mas o<br />

discurso precisa fazer jus ao<br />

que é praticado no dia a dia. Assim, a<br />

Odonto Empresas idealizou uma campanha<br />

de incentivo que estimula os corretores<br />

a buscar as melhores condições<br />

para as empresas seguradas.<br />

O início da campanha foi em 1º de<br />

agosto, com duração até 31 de novembro.<br />

Seu objetivo é fomentar a entrada de<br />

renovações de outras operadoras de planos<br />

odontológicos. “Os novos contratos<br />

também serão bem remunerados, mas<br />

há uma premiação mais forte para as<br />

renovações”, explica Julio Cesar Felipe,<br />

diretor executivo da Odonto Empresas.<br />

Apesar de não deixar de lado as<br />

❙❙Julio Cesar Felipe, da Odonto Empresas<br />

empresas de menor porte, para esta<br />

campanha o foco são as companhias com<br />

mais de 400 vidas, com um período determinado<br />

de contrato e tíquete mínimo.<br />

Felipe explica que a premiação funciona<br />

como um quebra-cabeça. À medida que<br />

vai acrescentando condições dentro da<br />

negociação a remuneração do corretor<br />

de seguros aumenta. “Temos que fechar<br />

o negócio quando atingimos um ponto<br />

em que é bom para o cliente, bom para o<br />

corretor de seguros e bom para a empresa”,<br />

aponta Felipe.<br />

A remuneração em dinheiro será<br />

mais robusta para os corretores de<br />

seguros, principalmente para que eles<br />

possam fazer um caixa para enfrentar<br />

o início do ano. O nome da campanha é<br />

Ganha-ganha.<br />

Apesar do ano de 2017 ter sido bastante<br />

difícil para o setor de saúde de forma<br />

geral, o mercado odontológico sofreu<br />

menos. Segundo dados divulgados pela<br />

Agência Nacional de Saúde Suplementar,<br />

o ano terminado em maio de 2018 somou<br />

1,2 milhão de novos consumidores para<br />

o setor de odonto, que bateu a marca de<br />

23 milhões de beneficiários.<br />

O diretor executivo da Caixa Odonto<br />

acredita que este cenário favorável para<br />

o mercado de planos odontológicos<br />

continua porque este é um benefício de<br />

custo mais baixo para ser implantado.<br />

“Algumas empresas fizeram downgrade<br />

em seus planos de saúde. Para compensar,<br />

procuraram um plano odontológico”,<br />

reflete Felipe.<br />

A Odonto Empresas pretende fechar<br />

o ano de 2018 com crescimento de 20%<br />

em seu faturamento. Para tanto pretende<br />

ampliar sua penetração nas regiões em<br />

que atua: Rio Grande do Sul, Paraná,<br />

Santa Catarina, Bahia, Rio de Janeiro<br />

e São Paulo, com a distribuição de produtos<br />

feita por seus dois mil corretores<br />

cadastrados.<br />

Com uma rede de oito mil prestadores<br />

de serviços em todo o País, os planos<br />

da Odonto Empresas contam também<br />

com convênio com farmácias, isenção<br />

de pagamento para beneficiários de 0 a 3<br />

anos e aplicativo inteligente para facilitar<br />

a vida do segurado, que tem todos os<br />

benefícios na palma da sua mão.<br />

33


especial saúde | clínica popular<br />

Um caminho para<br />

escapar da crise<br />

Clínicas populares<br />

conquistam os<br />

brasileiros que deixaram<br />

de ter plano de saúde.<br />

Novo modelo permite<br />

que paciente escolha<br />

quando e onde quer ser<br />

tratado, mas apresenta<br />

algumas ressalvas<br />

Lívia Sousa<br />

O<br />

mercado dos Estados Unidos adota há mais de dez anos<br />

uma solução de atendimento com clínicas médicas de<br />

varejo voltadas a uma população cada vez maior. Localizadas<br />

em centros comerciais e supermercados, as clínicas<br />

contam com atendimento rápido e barato para os padrões americanos:<br />

uma consulta pode custar entre US$ 35 e US$ 60. Estima-se que por<br />

lá 45 milhões de pessoas utilizem esse serviço, seja pelo custo ou pela<br />

carência dos planos de saúde.<br />

No Brasil e em países da América Latina, as clínicas populares<br />

sempre existiram em bairros ou cidades que carecem de atendimento<br />

médico público. Agora, se expandem para os grandes centros e ganham<br />

cada vez mais atenção dos brasileiros. Isso porque muitos trabalhadores<br />

perderam o emprego com a crise econômica e, consequentemente, o<br />

acesso ao convênio médico – a maioria dos planos de saúde contratados<br />

no país é coletivo.<br />

34


❙❙<br />

Lilian Martins, analista<br />

De acordo com a Agência Nacional<br />

de Saúde Suplementar (ANS), entre 2015<br />

e 2017 mais de três milhões de pessoas<br />

deixaram de ter planos de saúde no país<br />

e ficaram com a opção de utilizar os serviços<br />

do Sistema Único de Saúde (SUS),<br />

que embora na teoria seja considerado<br />

um dos modelos de planos de saúde mais<br />

avançados do mundo, na prática enfrenta<br />

muitas dificuldades e queixas por parte<br />

dos usuários. Outros dados, coletados em<br />

uma pesquisa realizada pelo Serviço de<br />

Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela<br />

Confederação Nacional de Dirigentes<br />

Lojistas (CNDL) em parceria com o Ibope,<br />

constataram que 56% dos brasileiros<br />

acreditam que a saúde pública piorou no<br />

último ano.<br />

Como funcionam<br />

O custo de uma consulta em uma clínica<br />

popular é, em média, de R$ 75, valor<br />

que pode variar conforme a especialidade<br />

médica, horário ou localidade do atendimento.<br />

Também são vendidos exames e<br />

terapias de baixo impacto. Emergências<br />

têm prioridade e há ainda a possibilidade<br />

de se realizar exames (como hemograma,<br />

ecocardiograma, endoscopia e teste ergométrico)<br />

no próprio local de atendimento.<br />

A agilidade nos serviços joga a favor de<br />

quem não quer enfrentar a longa espera<br />

dos hospitais públicos.<br />

“Minha mãe esperou por mais de<br />

seis meses para passar no cardiologista<br />

pelo SUS. Cansei e marquei uma consulta<br />

para ela em uma clínica popular”, diz a<br />

analista Lilian Martins, de 28 anos, que<br />

❙❙<br />

Arthur Junqueira, da TPA Saúde<br />

recorreu ao serviço após indicações de<br />

amigos. Ela garante que não teve nenhum<br />

tipo de problema até o momento. “Os<br />

médicos são muito bons e atenciosos. Não<br />

tenho do que reclamar”, afirma.<br />

Mesmo aqueles que possuem um<br />

plano de saúde, em alguns casos, podem<br />

utilizar esses centros médicos, seja pela<br />

proximidade e a existência de convênio<br />

de atendimento ou pelo baixo custo de<br />

aquisição. Contudo, atrair pacientes para<br />

este modelo de atendimento será uma tarefa<br />

de planejamento e comunicação, afirma<br />

Arthur Junqueira, gerente executivo<br />

da TPA Saúde, empresa de administração<br />

e gestão de saúde corporativa.<br />

“Também não podemos esperar que<br />

todos os pacientes do SUS migrem para<br />

um modelo privado de baixo custo, mas<br />

podemos afirmar que parte dos segurados<br />

do Sistema Único de Saúde, com melhores<br />

condições financeiras, poderão ocasionalmente<br />

utilizar um sistema privado<br />

para suprir as carências da saúde estatal.<br />

Os pacientes, quando têm alternativas,<br />

fazem escolhas sobre quando e onde<br />

querem ser tratados”, declara Junqueira.<br />

Se o paciente paga por uma consulta<br />

ou para a realização de exames básicos e<br />

laboratoriais em um local em que chega<br />

Entre 2015 e 2017, mais de<br />

três milhões de pessoas<br />

deixaram de ter planos<br />

de saúde no país<br />

Fonte: ANS<br />

❙❙<br />

Salomão Rodrigues, da CFM<br />

e é atendido no mesmo dia, também<br />

é importante saber que esse sistema<br />

apresenta algumas ressalvas e que nem<br />

sempre poderá resolver o seu problema.<br />

Nenhuma dessas clínicas atende a todas<br />

as especialidades. Elas apenas fazem um<br />

atendimento básico, de clínica médica, e<br />

um atendimento de áreas de especialidades<br />

onde a procura é mais frequente.<br />

Ou seja: nas clínicas populares, o médico<br />

tem condições de resolver problemas de<br />

baixa complexidade. “O paciente pode ser<br />

atendido, achar que vai ter o seu problema<br />

resolvido e, no final da consulta, com<br />

alguns exames básicos feitos, o médico<br />

pode dizer que o problema dele é mais<br />

complexo e pedir para que ele procure<br />

um especialista em outra área”, lembra<br />

Salomão Rodrigues, coordenador da Comissão<br />

Nacional de Saúde Suplementar<br />

do Conselho Federal de Medicina (CFM).<br />

Regras para um mercado<br />

crescente<br />

Ainda não há números que indiquem<br />

quantos estabelecimentos desse tipo existem<br />

no país. “Elas [clínicas populares]<br />

são registradas como ambulatório. Temos<br />

a separação do que é ambulatório (conjunto<br />

de consultórios sem internação, mas<br />

com alguns pequenos procedimentos), do<br />

que é hospital (maior complexidade) e do<br />

que é consultório (local de atendimento<br />

de um a três médicos). As clínicas populares<br />

estão no grupo de ambulatórios”,<br />

explica Rodrigues. Apesar disso, o surgimento<br />

de novas clínicas e a procura pelo<br />

serviço apontam que seu crescimento é<br />

35


clínica popular<br />

Fique de olho<br />

Antes de recorrer às clínicas populares,<br />

certifique-se o estabelecimento<br />

está registrado no Conselho Regional<br />

de Medicina. No site do CRM também<br />

é possível ver se o médico realmente<br />

possui a especialidade registrada. Isso<br />

dá a segurança de que o paciente terá<br />

atendimento com maior qualidade.<br />

nítido, despertando o interesse não só de<br />

grupos formados por próprios médicos,<br />

mas de grandes empresários que passam<br />

a trabalhar com entusiasmo neste nicho.<br />

Um mercado em ascensão necessita<br />

de regras e, em janeiro deste ano, o<br />

CFM determinou algumas normas para<br />

o funcionamento deste setor. Dentre<br />

as determinações estão o registro no<br />

Conselho Regional de Medicina (CRM)<br />

do estado em que atuam e a obrigatoriedade<br />

de indicação do diretor técnico<br />

médico responsável no CRM. Também<br />

foi vedada a divulgação dos valores de<br />

consultas, procedimentos e exames e<br />

condições de pagamento fora dos estabelecimentos<br />

(inclusive em panfletos e<br />

anúncios publicitários) e o fornecimento<br />

de cartões de descontos, fidelidade ou similares.<br />

O corpo clínico deve contar com<br />

médicos comprovadamente habilitados<br />

para o exercício da medicina no Brasil<br />

e os serviços colocados à disposição<br />

da população devem se limitar a atos e<br />

procedimentos reconhecidos pelo CFM.<br />

Na Resolução, ficou proibida ainda<br />

a instalação das clínicas junto a estabelecimentos<br />

que comercializem órteses,<br />

próteses, implantes, produtos e insumos<br />

❙❙Jorge Sale Darze, da Fenam<br />

36<br />

médicos. Elas não podem estar próximas<br />

a óticas, farmácias, drogarias e comércio<br />

varejista de combustíveis, ou em interação<br />

com estabelecimentos comerciais de<br />

estética e beleza. Entretanto, seu funcionamento<br />

é autorizado em locais de grande<br />

fluxo de pessoas, como shoppings centers.<br />

Para tanto, devem obedecer às normas do<br />

CFM no que diz respeito ao ato médico<br />

e dispositivos para segurança predial e<br />

rotas de fuga para situações de pânico,<br />

de acordo com a legislação específica.<br />

Oportunidade para o médico,<br />

desafio para o setor<br />

Salomão Rodrigues, do CFM, e<br />

Jorge Sale Darze, presidente da Federação<br />

Nacional dos Médicos (Fenam),<br />

afirmam que no SUS o profissional é<br />

mal remunerado e não tem a segurança<br />

necessária para executar o seu trabalho.<br />

Neste cenário, é comum encontrar profissionais<br />

que, em geral, somam mais<br />

de três relações de trabalho para tentar<br />

sobreviver através desses empregos. Eles<br />

revelam ainda que a saúde suplementar<br />

já não é tão atrativa para os médicos em<br />

razão das dificuldades que apresenta e<br />

da impossibilidade dos profissionais de<br />

tentar reverter essa situação.<br />

Também nos planos de saúde tradicionais,<br />

mesmo com o paciente agendando<br />

a consulta com antecedência, os<br />

médicos levam de dois a três meses para<br />

ver seu atendimento se transformar em<br />

pagamento. “Apesar do preço cobrado<br />

por uma consulta ser baixo, as clínicas<br />

populares tem um alto volume de atendimento<br />

e o médico recebe em um dia. Ele<br />

vai passar o dia em uma clínica popular<br />

e, ao final desse mesmo dia, receberá o<br />

fruto do seu trabalho”, explica Rodrigues,<br />

reiterando que esses fatores interferem e<br />

favorecem o surgimento desse mercado.<br />

Na avaliação de Darze, os médicos<br />

adotam um sistema diferente, com valores<br />

mais baixos de consulta, como uma<br />

alternativa de sobrevivência ao mercado<br />

adverso que existe fora de seu consultório,<br />

que apresenta dificuldades tanto no setor<br />

público quanto no privado. Ele lembra<br />

ainda que grande parte da insatisfação da<br />

população com o SUS se dá pela dificuldade<br />

de acesso aos médicos. “Se o problema<br />

está no acesso ao médico, a clínica popular<br />

Princípios<br />

fundamentais<br />

Arthur Junqueira, da TPA Saúde,<br />

lembra que as clínicas devem ser<br />

norteadas por alguns princípios fundamentais<br />

que sintetizam a missão<br />

complementar ao Sistema Único<br />

de Saúde e seu compromisso com<br />

a população, além de respeitar os<br />

princípios fundamentais de qualquer<br />

sistema de saúde, que são:<br />

❱❱<br />

Fornecer serviço de baixa complexidade<br />

a todos baseados nas necessidades<br />

clínicas e não na capacidade<br />

de pagamento;<br />

❱❱<br />

Basear-se nas necessidades e preferências<br />

individuais dos pacientes,<br />

familiares e seus responsáveis;<br />

❱❱<br />

Trabalhar continuamente para prover<br />

serviços de qualidade;<br />

❱❱<br />

Trabalhar com parceiros estratégicos<br />

– laboratórios, farmácias, hospitais<br />

e clínicas especializadas – para<br />

assegurar a continuidade do atendimento<br />

aos pacientes;<br />

❱❱<br />

Ajudar a manter a saúde da população<br />

e reduzir a desigualdade na<br />

saúde;<br />

❱❱<br />

Respeitar a confidencialidade dos<br />

pacientes e prover o livre acesso<br />

a informações sobre os serviços e<br />

tratamentos.<br />

é uma forma de facilitar esse acesso”, diz.<br />

Contudo, as clínicas populares<br />

também farão com que as operadoras<br />

busquem outras alternativas para conviver<br />

com esse sistema – não à toa, o<br />

próprio governo estimula essa medida<br />

com a criação do chamado plano de<br />

saúde popular, um plano de baixo custo,<br />

com coberturas básicas, que oferece aos<br />

usuários menos serviços e atendimentos<br />

do que o estabelecido pelas coberturas<br />

mínimas obrigatórias da Agência Nacional<br />

de Saúde Suplementar (ANS) e que<br />

divide opiniões entre os especialistas.<br />

“Isso é uma aberração. O governo, ao<br />

invés de incentivar a abertura de novos<br />

planos populares de saúde, deveria investir<br />

no SUS e tirá-lo da condição crítica em<br />

que se encontra”, opina Darze.


produto | riscos cibernéticos<br />

Proteção local<br />

Aumento de incidentes<br />

cibernéticos e apoio da<br />

regulamentação surgem como<br />

molas propulsoras de um mercado<br />

que, embora tenha potencial<br />

bilionário, ainda engatinha no País.<br />

Tais perspectivas atraem cada<br />

vez mais um maior número de<br />

seguradoras que, por ora, ainda<br />

disputam uma fatia de um bolo<br />

pequeno no mercado<br />

Manuela Almeida<br />

Embora ainda se assemelhe mais<br />

a um gigante adormecido, o<br />

mercado de riscos cibernéticos<br />

ganha impulsionadores que<br />

podem torná-lo um nicho de negócios<br />

relevante sob a ótica do seguro no Brasil.<br />

Contribuem para que este segmento não<br />

só acorde bem como deslanche no País<br />

o número crescente de incidentes com<br />

gestão de dados por parte de empresas<br />

dos mais variados segmentos bem como<br />

o avanço de regras que disciplinam e<br />

punem quem expõe o seu cliente por mau<br />

uso de suas informações. O potencial<br />

em importância segurada é de bilhões<br />

de reais. Por ora, entretanto, o mercado<br />

brasileiro soma apenas algumas poucas<br />

apólices emitidas que, somadas, representam<br />

algo em torno de R$ 10 milhões<br />

em prêmios de seguros. O maior interesse<br />

das seguradoras em ter em sua prateleira<br />

soluções locais para riscos cibernéticos<br />

sinaliza a importância que o segmento<br />

pode desempenhar nos próximos anos no<br />

País. Do ano passado para cá, o número<br />

de companhias que passou a atuar neste<br />

segmento dobrou e não para de atrair<br />

novos interessados. Além da americana<br />

AIG, que trouxe a apólice de cyber para<br />

o Brasil em 2012, também já ofertam<br />

soluções customizadas no País a Chubb<br />

Seguros (ex-Ace), a XL Catlin, cuja operação<br />

global foi recentemente adquirida<br />

pela francesa Axa, Zurich, Generali e a<br />

Travelers. Quem também avalia entrar<br />

neste segmento é a Porto Seguro. De<br />

acordo com o diretor geral de Relações<br />

com Investidores da companhia, Marcelo<br />

Picanço, a seguradora, que ainda não tem<br />

um produto específico para riscos cibernéticos,<br />

considera explorar o segmento<br />

cyber, mas em parceria com uma empresa<br />

que tenha conhecimento global. Pode ser,<br />

conforme ele, tanto uma outra companhia<br />

de seguros bem como um player do setor<br />

de tecnologia. Na mira da Porto estão,<br />

❙❙Marcelo Picanço, da Porto Seguro<br />

principalmente, as pequenas e médias<br />

empresas, foco de atuação da companhia<br />

e que também estão suscetíveis a incidentes<br />

cibernéticos, pois lidam com informações<br />

de pessoas físicas diariamente. “Os<br />

ataques não vêm somente do Brasil. Por<br />

isso, atuar no segmento de cyber sozinho<br />

é mais difícil. Como se precifica esse<br />

risco? Não é trivial. É diferente de roubo<br />

e furto de veículos”, adverte Picanço, em<br />

entrevista à <strong>Apólice</strong>.<br />

Além das pequenas e médias empresas,<br />

outro público-alvo das seguradoras<br />

quando o assunto é risco cibernético são<br />

as próprias pessoas físicas. Um executivo<br />

do mercado, que prefere não se identificar,<br />

diz que a cobertura poderia ser<br />

incluída no próprio seguro residencial<br />

como uma cobertura acessória. A Argo<br />

chegou a estudar o lançamento de uma<br />

solução voltada às pessoas físicas no<br />

Brasil, mas não tirou os planos do papel.<br />

Assim sendo, no Brasil, por enquanto,<br />

as apólices focam apenas o setor corporativo,<br />

incluindo empresas de todos<br />

os tamanhos e diferentes segmentos.<br />

O superintendente da Susep, Joaquim<br />

Mendanha, acredita, entretanto, que o<br />

avanço do mercado de riscos cibernéticos<br />

para incluir também as pessoas físicas é<br />

natural nos próximos anos e representa<br />

37


iscos cibernéticos<br />

❙❙<br />

Silvia Gadelha, da XL Catlin<br />

um nicho promissor para o segmento no<br />

País. Ele antecipa ainda que a autarquia<br />

vai repaginar a regulação dos seguros<br />

cyber, cuja matéria deve ser alvo de uma<br />

circular, a 535, que vai alterar os ramos<br />

de responsabilidade civil operacional<br />

(RCO) e o de riscos cibernéticos ainda<br />

neste ano. “Com o avanço da tecnologia,<br />

é necessário atualizarmos a regulação<br />

para adequá-la ao cenário atual”, resume<br />

o superintendente.<br />

“Quanto mais informação, maior<br />

será o dano em caso de algum ataque.<br />

Não há hoje empresa que lide com dados<br />

de pessoas físicas no dia a dia que não<br />

coloque o risco cibernético como uma<br />

prioridade”, destaca Picanço<br />

A ofensiva das seguradoras no setor<br />

cyber ocorre em meio à maior conscientização<br />

das empresas no que tange às<br />

informações com que seus negócios têm<br />

de lidar diariamente que tem, cada vez<br />

mais, se revertido numa maior demanda<br />

por soluções no mercado de seguros. Com<br />

a maior presença da tecnologia no dia a<br />

dia (IoT – Internet das Coisas), novos<br />

tipos de ataques e o pouco conhecimento<br />

de executivos e pessoas sobre o tema, a<br />

preocupação com o vazamento de dados,<br />

inclusive por ação de hackers, é uma<br />

realidade até para grandes companhias<br />

que possuem sistemas mais sofisticados<br />

de segurança de informação. Mas o que<br />

pesa, na prática, de acordo com especialistas<br />

no tema, é o crescente número de<br />

incidentes no segmento, que já fez reféns<br />

globais como a rede social Facebook, que<br />

experimentou o que é passar por uma<br />

verdadeira crise de dados e começa a<br />

receber as multas por ter permitido o uso<br />

38<br />

ilícito de dados pessoais de 87 milhões de<br />

seus usuários pela consultoria Cambridge<br />

Analytica. A cada ano, novos casos são<br />

registrados. Depois de a corretora XP<br />

Investimentos e o Banco do Estado do<br />

Rio Grande do Sul (Banrisul) terem enfrentado<br />

problemas de ordem tecnológica<br />

no ano passado, incidentes envolvendo a<br />

subsidiária brasileira da varejista online<br />

Netshoes e o Banco Inter, instituição<br />

financeira controlada pelos donos do<br />

Grupo MRV, engordam a lista de empresas<br />

que tiveram suas práticas de gestão<br />

e segurança de dados colocadas a prova.<br />

De acordo com o coordenador da<br />

Comissão de Linhas Financeiras da<br />

Federação Nacional de Seguros Gerais<br />

(FenSeg) e Superintendente da Argo,<br />

Gustavo Galrão, os maiores contratantes<br />

de seguros contra riscos cibernéticos<br />

são as empresas de tecnologia e as instituições<br />

financeiras, devido à exposição<br />

que possuem. “Contudo, o interesse das<br />

empresas dos demais setores cresce<br />

consideravelmente e a expectativa é que<br />

o mercado aumente significativamente<br />

nos próximos anos”, acrescenta.<br />

Empurrão regulatório<br />

Em paralelo ao crescente número de<br />

empresas que protagonizam incidentes<br />

cibernéticos, o avanço de regulamentações<br />

específicas sobre proteção de dados<br />

ajuda a difundir a importância da segurança<br />

das informações no cenário atual,<br />

em que as empresas passam a usar cada<br />

vez mais o big data - armazenamento<br />

de elevado volume de informações - e<br />

dados sensíveis na nuvem pública (off-<br />

-premises) no lugar dos on-premises, que<br />

ficam mais restritos a companhias com<br />

espaço físico para manter uma infraestrutura<br />

de data center. O tema<br />

ganhou maior importância no<br />

Brasil com a entrada em vigor<br />

do regulamento europeu sobre<br />

dados pessoais, a General Data<br />

Protection Regulation (GDPR),<br />

há cerca de três meses. Alguns<br />

países da América Latina como<br />

Argentina, Chile, Colômbia,<br />

México, Peru e Uruguai tiveram<br />

suas leis balizadas pelas<br />

novas regras na Europa. No<br />

Brasil, embora empresas com<br />

operação global e em território nacional<br />

também estejam na mira do regulamento,<br />

ainda assim especialistas em gestão de<br />

informação defendiam regras locais para<br />

que a gestão das informações ganhasse<br />

de fato um aliado. A resposta veio na<br />

sequência com a aprovação no Senado,<br />

em julho, após muitos anos de debate, do<br />

projeto de lei que disciplina a proteção de<br />

dados pessoais no Brasil, cuja tramitação<br />

estava parada desde 2016. A criação de lei<br />

específica, sem dúvida, será de extrema<br />

importância não só para o desenvolvimento<br />

da carteira de seguro de cyber no<br />

Brasil como também para a criação de<br />

cultura das pessoas e das empresas com<br />

relação a este assunto no País”, opina a<br />

gerente de linhas financeiras da operação<br />

de seguros da XL Catlin, Silvia Gadelha.<br />

A regulamentação, que depende de<br />

sanção presidencial para vigorar, além de<br />

equiparar o Brasil a outras nações que já<br />

detêm legislação específica sobre o tema,<br />

disciplina como empresas, tanto do setor<br />

público como do privado, devem coletar<br />

e gerir informações de pessoas físicas,<br />

principalmente nos meios digitais. Esses<br />

dados incluem desde registros pessoais de<br />

cadastro até textos e fotos publicados em<br />

redes sociais. Mais do que disciplinar o<br />

uso e proteção de informações, o projeto<br />

de lei prevê multa de até 4% do faturamento<br />

registrado pela empresa, grupo<br />

ou conglomerado responsável, no último<br />

exercício (excluídos tributos), com valor<br />

limitado a R$ 50 milhões.<br />

Para o sócio do escritório Schreiber,<br />

Domingues, Cintra, Lins e Silva Advogados,<br />

Anderson Schreiber, a lei representa<br />

um expressivo avanço no tratamento da<br />

proteção aos dados pessoais, levando em<br />

conta a realidade da sociedade brasileira.<br />

❙❙Anderson Schreiber, advogado


O País conta atualmente, conforme ele,<br />

com 30 leis diferentes que podem reger<br />

direta ou indiretamente casos de vazamento<br />

de dados, o que traz insegurança<br />

jurídica e instabilidade no tratamento<br />

do assunto. “Ainda é muito cedo para<br />

avaliar a reação do mercado. De todo<br />

modo, algumas empresas internacionais<br />

com atuação no Brasil já se adaptaram ao<br />

regramento da União Europeia. Quanto<br />

às demais, certamente será necessária<br />

uma revisão de suas políticas para se<br />

conformar ao novo regramento (quando<br />

e se aprovado)”, avalia Schreiber.<br />

“O Brasil vinha adiando uma tomada<br />

de posição em relação à proteção<br />

de dados pessoais, embora a evolução<br />

tecnológica e social demande, já há algum<br />

tempo, uma disciplina legislativa<br />

mais cuidadosa e protetiva dos direitos<br />

fundamentais dos cidadãos”, esclarece<br />

Schreiber<br />

Se sancionado pelo presidente<br />

Michel Temer, que tinha até o dia 14 de<br />

agosto para assim fazê-lo – a expectativa<br />

era de aprovação no último dia do prazo<br />

com apenas algumas modificações – a<br />

proposta estabelece, conforme o projeto<br />

aprovado no Senado, prazo de 18 meses<br />

para as empresas se adaptarem. Schreiber<br />

acredita que é natural, de certo modo,<br />

que empresas só considerem prioritárias<br />

as mudanças que passarão a ser exigidas<br />

pela lei em breve. “Se o prazo for longo<br />

demais, o tema não se tornará prioridade<br />

até que o fim do prazo se aproxime.<br />

Dezoito meses é um bom meio termo,<br />

mas 12 meses seriam suficientes”, alerta<br />

o especialista.<br />

Dentre as empresas que são alvo das<br />

novas regras, estão, principalmente, os<br />

grupos que armazenam grandes quantidades<br />

de dados pessoais. A lista inclui<br />

players do setor varejista, hospitais, bancos,<br />

prestadores de serviços de centrais<br />

de atendimentos e também aqueles que<br />

atuam com mídia online. Muitas delas,<br />

inclusive, têm ações listadas em bolsa e,<br />

portanto, estão mais expostas em caso<br />

de incidentes cibernéticos. A especialista<br />

em risco cibernético da corretora<br />

JLT Brasil, Marta Helena Schuh, atenta<br />

para a necessidade de as empresas se<br />

prepararem às novas regras uma vez<br />

que, cada vez mais, os custos associados<br />

❙❙<br />

Marta Helena Schuh, da JLT Brasil<br />

a um incidente cibernético passam a ter<br />

grande potencial de perda financeira. Ela<br />

lembra que essa perda não estará atrelada<br />

somente às multas, mas aos custos de defesa,<br />

auditorias, notificação aos clientes e<br />

dano à reputação. “Portanto, certamente<br />

Seguro cyber<br />

As apólices de riscos cibernéticos<br />

no Brasil cobrem danos pessoais e corporativos<br />

provocados pela divulgação<br />

pública de informações privadas próprias<br />

ou de terceiros, tais como:<br />

❱❱<br />

Quebra de confidencialidade de dados<br />

por conta de falha do segurado;<br />

❱❱<br />

Comprometimento da rede de dados<br />

do segurado;<br />

❱❱<br />

Quebra de confidencialidade de<br />

dados por invasão de hackers;<br />

❱❱<br />

Roubo, destruição, remoção ou corrupção<br />

de dados digitais por invasão<br />

de hackers;<br />

❱❱<br />

Contaminação de dados pessoais<br />

ou informações confidenciais por<br />

transmissão de código malicioso;<br />

❱❱<br />

Ações regulatórias<br />

❱❱<br />

Demandas de extorsões;<br />

❱❱<br />

Negação de serviço;<br />

❱❱<br />

Violação de privacidade ou propriedade<br />

intelectual resultante da<br />

publicação de informações na mídia;<br />

❱❱<br />

Custos com perícia técnica, comunicação<br />

ao consumidor e gerenciamento<br />

de imagem;<br />

❱❱<br />

Responsabilidade por empresas<br />

subcontratadas;<br />

❱❱<br />

Interrupção de negócios (lucros<br />

cessantes)<br />

veremos as demandas pelo seguro contra<br />

risco cibernético darem um salto”, acrescenta<br />

Marta Helena.<br />

O gerente de linhas financeiras da<br />

seguradora AIG, Flávio Sá, lembra que a<br />

própria entrada em vigor do regulamento<br />

europeu, no final de maio, já despertou<br />

uma maior procura das empresas no<br />

Brasil por mais informações em torno<br />

do seguro de riscos cibernéticos. Assim,<br />

segundo ele, a implementação de uma<br />

regulação específica no País é um ingrediente<br />

adicional para desenvolver o<br />

segmento que ainda engatinha no Brasil<br />

a despeito de, conforme levantamento da<br />

empresa de segurança Kaspersky, ser o 6º<br />

no ranking das nações mais vulneráveis a<br />

ataques cibernéticos no mundo.<br />

Nos últimos anos, o mercado brasileiro,<br />

conforme Marta Helena, da JLT,<br />

passou por um processo de educação no<br />

tocante aos riscos cibernéticos. Embora<br />

muitos especialistas ainda acreditem que<br />

somente com estragos maiores e impactos<br />

financeiros para as empresas possam<br />

deslanchar com mais vigor o segmento no<br />

País – como ocorreu com o seguro D&O<br />

após a Operação Lava Jato –, ela acredita<br />

que as empresas associavam o risco cibernético<br />

com fraude. Essa visão, conforme<br />

Marta Helena, mudou. Boa parte do setor<br />

corporativo já entende que o seguro cyber<br />

é um instrumento para cobrir a operação<br />

da empresa e, consequentemente,<br />

protegê-la de impactos regulatórios,<br />

para imagem e até mesmo paralisação<br />

da operação. A adesão, entretanto, ainda<br />

é tímida. Levantamento da consultoria<br />

EY mostra que apesar do aumento dos<br />

investimentos na área de segurança cibernética,<br />

57% das companhias não têm<br />

um programa de inteligência de ameaças<br />

ou trabalha informalmente na prevenção<br />

de ataques. O potencial, entretanto, é<br />

gigantesco no Brasil e no mundo. Os<br />

prêmios globais de seguros voltados a<br />

cobrir riscos cibernéticos devem dobrar<br />

de tamanho este ano, galgando o patamar<br />

recorde de US$ 5 bilhões ante US$ 2,5<br />

bilhões em 2014, segundo estimativas da<br />

consultoria PwC. E as projeções indicam<br />

continuidade desse crescimento nos próximos<br />

anos. Até 2020, conforme a PwC,<br />

os riscos cibernéticos devem movimentar<br />

US$ 7,5 bilhões em todo o mundo.<br />

39


evento | brasesul<br />

Os presidentes Ricardo Pansera, Sincor RS; Auri Bertelli,<br />

Sincor SC e José Antonio de Castro, Sincor PR<br />

O corretor como protagonista<br />

Encontro de players do setor proporcionou momentos de debate e<br />

motivação aos profissionais de seguros do Sul<br />

Encontrar novos caminhos, alternativas<br />

e soluções para o<br />

mercado de seguros foi o mote<br />

que guiou a edição 2018 do<br />

Congresso Sul Brasileiro de Corretores<br />

de Seguros - Brasesul, que aconteceu nos<br />

dias 19 e 20 de julho, em Florianópolis, e<br />

que também contou com a Feira de Negócios<br />

realizada paralelamente ao evento.<br />

Os Sindicatos de Corretores de Seguros<br />

dos três estados da região Sul se<br />

uniram nas pessoas de seus presidentes<br />

para abrir o evento, celebrando o fato de<br />

que 16% da produção nacional do setor<br />

de seguros vem da região, de acordo com<br />

dados da Susep. “Acredito muito na continuidade<br />

do crescimento, sobretudo com<br />

a capacidade e criatividade dos nossos<br />

corretores de seguros”, afirmou Ricardo<br />

Pansera, presidente do Sincor-RS.<br />

José Antonio de Castro, presidente<br />

do Sincor-PR, mostrou-se otimista com o<br />

mercado e falou da situação atual do País<br />

afirmando que, mesmo nesse momento no<br />

qual muito se fala em crise, a meta é crescer.<br />

“Estamos aqui, juntos, para construir<br />

40<br />

alguma coisa maior. Precisamos trabalhar<br />

muito para que o mercado não passe o que<br />

vimos nosso País passar”, alertou.<br />

Protagonismo<br />

O principal objetivo do evento, como<br />

colocou o anfitrião Auri Bertelli, presidente<br />

do Sincor-SC, em seu discurso<br />

de abertura, foi dar aos profissionais da<br />

corretagem um lugar de destaque. “Esse<br />

é o momento de vocês mostrarem o grande<br />

potencial que temos e contarem aos<br />

seguradores o que precisam para os seus<br />

negócios”, sublinhou o dirigente.<br />

A mesa de abertura contou com figuras<br />

conhecidas do setor, como o convidado<br />

de honra e presidente licenciado da<br />

Fenacor, Armando Vergílio, o presidente<br />

da Escola Nacional de Seguros e presidente<br />

interino da Fenacor, Robert Bittar,<br />

e o superintendente da Susep, Joaquim<br />

Mendanha que se comprometeu com a<br />

categoria, afirmando que “acontecendo<br />

as inovações ou não elas precisam de<br />

vocês, profissionais preparados para levar<br />

a proteção”.<br />

Antes do começo oficial do evento, as<br />

mulheres foram convidadas a uma palestra<br />

com Maria Helena Monteiro, diretora<br />

de Ensino Técnico da Escola Nacional<br />

de Seguros, sobre o papel da mulher no<br />

setor e, principalmente, como chefes de<br />

família, pois a população feminina já é<br />

responsável por cuidar de 28,9 milhões<br />

de lares no País. No mercado de seguros,<br />

onde elas já são maioria, Maria Helena<br />

acredita que há desafios, mas que o setor<br />

se tornará menos machista à medida que<br />

as profissionais seguradoras crescerem<br />

em seus cargos, que as mulheres corretoras<br />

de seguros assumirem também as<br />

chefias das empresas e quando as seguradas,<br />

por sua vez, receberem produtos que<br />

dialoguem com suas demandas atuais,<br />

como a gestão de tempo e procura por<br />

bem-estar.<br />

Comprometimento<br />

Espaço para fazer o setor crescer parece<br />

não faltar, como afirmou o presidente<br />

licenciado da Fenacor, Armando Vergílio,<br />

em sua palestra sobre perspectivas.


Ele disse acreditar que a penetração do<br />

mercado de seguros na sociedade deverá,<br />

na próxima década, dobrar de tamanho e<br />

deu o recado: “esse crescimento virá das<br />

mãos dos corretores de seguros”.<br />

Se para crescer o corretor precisa de<br />

toda a cadeia securitária, os executivos<br />

do mercado parecem estar dispostos a<br />

colaborar. Um dos painéis mais aguardados<br />

do evento contou com presidentes<br />

de grandes companhias seguradoras do<br />

País em um debate com os congressistas.<br />

A ameaça da proteção veicular foi<br />

o primeiro tema a ser abordado, com a<br />

clara preocupação dos corretores sobre<br />

quais medidas estão sendo tomadas pelos<br />

seguradores para parar essa ameaça. Para<br />

Roberto dos Santos, presidente da Porto<br />

Seguro, o preço é um motivo gritante que<br />

faz os donos de veículos procurarem pelas<br />

cooperativas, que só são competitivas<br />

porque não têm que arcar com questões<br />

como reservas técnicas e impostos, por<br />

exemplo. “Nós pagamos por tudo isso,<br />

por isso perdemos competitividade”. A<br />

certificação de peças de carros usados<br />

foi citada por Gabriel Portella, presidente<br />

da SulAmérica, como uma das formas de<br />

baratear os custos, inibindo a procura por<br />

essas alternativas.<br />

Murilo Riedel, presidente da HDI,<br />

acredita que é preciso “criar produtos<br />

adequados para veículos mais antigos<br />

e também redobrar a atenção com os<br />

consumidores que agora têm renda maior<br />

e carros com mais de cinco anos”. Para<br />

Marco Antônio Gonçalves, diretor geral<br />

da Bradesco Seguros, o setor deve, sim,<br />

tomar medidas nesse combate: “a primeira<br />

é assumir a culpa, pois foi o próprio<br />

mercado segurador que deixou a situação<br />

chegar ao ponto que está hoje no País<br />

todo”, constatou.<br />

O produto de Responsabilidade Civil<br />

veio à tona abordado dentro do ramo de<br />

automóvel, que para Carlos Magnarelli,<br />

presidente da Liberty, deveria ser compulsório.<br />

“Com o seguro obrigatório e<br />

com marcação livre nos preços teríamos<br />

100% dos donos de carros com seguros”,<br />

refletiu sobre a dificuldade de penetração<br />

do produto.<br />

Já sobre os riscos declináveis, que<br />

têm crescido no Brasil, José Adalberto<br />

Ferrara, presidente da Tokio Marine,<br />

citou o resseguro, nacional e internacional,<br />

como uma alternativa para melhorar<br />

esse cenário. “A grande verdade é que<br />

ninguém declina o risco porque quer,<br />

mas porque não tem como bancar aquilo<br />

sozinho”, explicou. Para Francisco Vidigal<br />

Filho, presidente da Sompo Seguros,<br />

não basta apenas que as companhias e<br />

corretores queiram oferecer o produto,<br />

o segurado precisa colaborar. “Durante<br />

as inspeções, vemos riscos que são impossíveis<br />

de aceitar, porque não é risco,<br />

é certeza que haverá sinistro”, lamentou.<br />

Outro destaque foi o sentimento de<br />

que canais alternativos têm melhores<br />

condições de atuação do que os corretores<br />

de seguros. Auri Bertelli, presidente do<br />

Sincor-SC, dirigiu essa questão especificamente<br />

a Luis Gutiérrez, presidente<br />

da Mapfre, companhia que é conhecida<br />

por ter parceria com o Banco do Brasil<br />

e que teve problemas em relação a essa<br />

distribuição bancária em detrimento do<br />

corretor. A resposta do presidente da<br />

companhia foi afirmar que a seguradora<br />

está retirando dos bancos todas as operações<br />

que têm com os corretores, fazendo<br />

destes profissionais seu foco principal<br />

de distribuição. “Vamos constituir uma<br />

companhia Mapfre, nunca mais Grupo<br />

Segurador Banco do Brasil e Mapfre”,<br />

prometeu. (O Cade já aprovou a dissolução<br />

do acordo entre as empresas).<br />

Desenvolvimento<br />

O evento contou ainda com um espaço<br />

para a Escola Nacional de Seguros,<br />

no qual o presidente, Robert Bittar, a<br />

diretora de ensino técnico, Maria Helena<br />

Monteiro, e o diretor de Ensino Superior,<br />

Mário Pinto, puderam apresentar dados e<br />

contar a história da instituição.<br />

Para incentivar os corretores, outros<br />

palestrantes levaram suas famosas apresentações<br />

ao evento. Marcos Scaldelai,<br />

conhecido por ter sido o executivo mais<br />

jovem a ocupar a presidência de uma<br />

grande companhia, quando assumiu a<br />

Bombril aos 36 anos, pediu aos corretores<br />

para sempre terem em mente que 99%<br />

não é 100%, destacando que ter atitude<br />

para vencer e dar o melhor de si é o que<br />

faz uma empresa crescer. Gustavo Sette,<br />

consultor especialista em sucessão, falou<br />

sobre como manter empresas vivas quando<br />

elas precisam passar por mudanças.<br />

Martha Gabriel, palestrante de destaque<br />

na área de tecnologia do País, deu dicas<br />

importantes sobre inovação e Joe Jordan,<br />

destaque internacional, falou diretamente<br />

com o corretor, dando um conselho àqueles<br />

que têm medo das inovações digitais:<br />

“faça aquilo que os robôs não fazem. Há<br />

coisas que robô nenhum poderá proporcionar,<br />

mas você pode”, afirmou.<br />

Estiveram presentes os presidentes de grandes seguradoras do País, demonstrando a importância da região Sul para seus negócios<br />

41


evento | insurtech & inovação<br />

A mudança de<br />

paradigmas já<br />

começou<br />

Gustavo Doria recepciona os congressistas<br />

Evento mostrou que<br />

estamos atingindo um<br />

ponto de maturação<br />

das tecnologias o que<br />

levará o mercado de<br />

seguros a um novo<br />

patamar<br />

42<br />

Kelly Lubiato<br />

Ainda era uma incógnita saber<br />

qual seria o comportamento<br />

do mercado de seguros diante<br />

de um desfile de novas possibilidades.<br />

Porém, Gustavo Doria decidiu<br />

apostar e fazer no Brasil a primeira edição<br />

do CQCS – Insurtech & Inovação, um<br />

evento espelhado ao Insurtech Connect,<br />

que acontece há três anos, em Las Vegas.<br />

A versão brasileira não fez feio. Em<br />

três dias, levou 700 pessoas para a gélida<br />

Zona Sul de São Paulo, dispostas a conhecer<br />

estas propostas inovadoras. Como<br />

uma prévia do que acontece em outubro,<br />

o evento começou com a palestra do<br />

fundador do Insurtech Connect, Caribou<br />

Honig. Para ele, o segmento passa por um<br />

momento de reconstrução das tecnologias<br />

e é preciso enxergar as insurtechs como<br />

parceiras, e não inimigas.<br />

“Estas empresas serão úteis para o<br />

resto do setor, mas temos que ficar de<br />

olhos abertos. Eu sei que entre os CEOs<br />

das companhias o talento e a cultura são<br />

componentes essenciais. Mas, não sei se<br />

estes temas são abordados especificamente<br />

no ambiente das insurtechs”, destacou.<br />

Honig afirmou que, se pudesse dar<br />

uma dica para um segurador ou ressegurador<br />

sobre uma tecnologia útil para os<br />

próximos cinco anos, seria a seguinte:<br />

preste atenção em Inteligência Artificial<br />

(IA), API’s, Blockchain, Cloud e smartphone.<br />

“A Inteligência Artificial não<br />

resolve tudo, apesar de já ter melhorado<br />

muito em alguns tipos de dados. Em tradução,<br />

por exemplo, o Google Translator<br />

já fala como uma criança de 6 anos”,<br />

brincou.<br />

Ele citou dois exemplos de aplicativos<br />

que utilizam inteligência Artificial.<br />

A Lapetus usa uma selfie com dados não<br />

estruturados e os transforma em dados<br />

estruturados capazes de ser utilizados<br />

para análise de aceitação de proposta pelo<br />

mercado de seguros. O Carpe Data usa<br />

informações de sinistro para buscar nas<br />

redes sociais informações complementares<br />

dos segurados. É um Big Brother.<br />

Honig agora tenta catalogar todos os<br />

API’s sobre seguros no mundo. “É um<br />

trabalho que está começando, mas que<br />

estou obcecado por isso”.<br />

“Existe uma coisa a favor das startups:<br />

elas têm cultura do risco, tem pensamento<br />

digital e não estão engessadas<br />

como a indústria tradicional”, ressaltou.<br />

Para inovar, é preciso saber que tudo é<br />

possível.<br />

Entretanto, o processo de inovação<br />

no mercado brasileiro pode esbarrar na<br />

questão da regulamentação. O superintendente<br />

da Susep, Joaquim Mendanha,<br />

disse em sua palestra no CQCS Insurtech<br />

e Inovação que a Superintendência já<br />

tem uma agenda junto às comissões de<br />

inovação para trabalhar de forma atenta<br />

aos avanços da tecnologia do setor de<br />

seguros.<br />

“A Susep está fazendo a sua parte<br />

dentro de suas estruturas. O grande<br />

desafio é buscar o ponto de equilíbrio,<br />

porque não se pode comparar um produto<br />

de seguros com outros produtos. Nós vendemos<br />

confiança e proteção e, por isso, os<br />

cuidados devem ser maiores”.<br />

Ele disse que o setor de tecnologia<br />

em seguros não poderá agir como um<br />

Uber, que chega, atua e depois é regulado.<br />

Segundo o superintendente, a Susep


está adiantada em termos de inovação.<br />

“Precisamos de calma, porque tratamos<br />

de um mercado regulado e que lida com<br />

a vida dos segurados”.<br />

José Figueiredo Almaça, presidente<br />

da Autoridade de Supervisão de Seguros<br />

e Fundos de Pensão de Portugal, disse<br />

que o seu país possui uma arquitetura de<br />

sistema jurídico centrado na Lei do Contrato<br />

do Seguro. “O que tentamos fazer<br />

é que a regulação que existe atualmente<br />

seja através do contrato de seguro e que<br />

se possa abarcar todas as coisas novas.<br />

Na área financeira e de seguros já constituímos<br />

uma entidade, chamada Portugal<br />

Fin Lab. Nós, Banco Central e Comissão<br />

de Valores Mobiliários. O Conselho Nacional<br />

de Supervisores Financeiros irá<br />

tratar dos assuntos transversais aos três<br />

setores. Será feito o protocolo e assinado<br />

no início de setembro”, adiantou.<br />

Mudança efetiva na forma de<br />

fazer seguro<br />

❙❙Jorge Nasser, José Figueiredo Almaça e Joaquim Mendanha<br />

O diretor Global de Inovação da<br />

Mapfre, Josep Celaya, veio para mostrar<br />

que, pela primeira vez, é possível que<br />

haja mudanças no modelo do mercado<br />

de seguros, que é o mesmo há mais de<br />

600 anos. “Estamos no Topping Point.<br />

Se o seguro funcionou da mesma forma<br />

nos últimos seis séculos, agora ele pode<br />

passar por transformações, e de forma<br />

rápida”.<br />

A mudança será significativa porque<br />

há uma combinação de fatores. Em<br />

primeiro lugar, há uma mistura de novas<br />

tecnologias que impactaram diretamente<br />

o setor, como os smartphones, a Inteligên-<br />

❙❙<br />

Caribou Honig, fundador do Insurtech Connect<br />

cia Artificial, o Blockchain e o Machine<br />

Learning. Em Blockchain, por exemplo,<br />

existe na Europa a Iniciativa da Indústria<br />

do Seguro Blockchain, da qual a Mapfre<br />

faz parte - a empresa já tem um produto<br />

de seguro de riscos catastróficos via blockchain<br />

e os distribui para empresas que<br />

têm esta demanda.<br />

O segundo fator indicativo de mudança<br />

é que a tecnologia e o negócio<br />

passaram a ser a mesma coisa. “Os<br />

profissionais precisam entender das duas<br />

realidades unidas. Não podemos esperar<br />

que os CEOs não sejam tecnólogos. E<br />

vice-versa”, sentenciou Celaya.<br />

A transformação na natureza do<br />

negócio é o terceiro ponto indicativo<br />

de uma mudança acentuada. Antes, os<br />

atuários pegavam os dados estatísticos e<br />

tentavam-se predizer o valor do risco a<br />

ser segurado. “A tecnologia deve mudar<br />

isso, porque as seguradoras podem passar<br />

a ser gestoras de risco, atuando na sua<br />

prevenção. O modelo é totalmente novo”,<br />

advertiu o executivo espanhol.<br />

“A quarta razão que nos leva a mudança<br />

transcendental são os ecossistemas<br />

e plataformas digitais. Existe um ator<br />

principal, mas qualquer um que queira<br />

vender um produto para um cliente precisa<br />

ir a uma loja digital (Google Play e<br />

Apple Store)”, lembrou Celaya. O negócio<br />

agora se faz através de um ator principal.<br />

Os grandes players como Apple, Amazon,<br />

AliBaba criaram seus ambientes digitais<br />

e são intermediários de negociações.<br />

A realidade é que as companhias seguradoras<br />

não estão conseguindo criar<br />

ecossistemas como estes, mas precisam<br />

se adequar a eles.<br />

No mercado segurador as mudanças<br />

vão acontecer no nível do empreendedorismo<br />

das startups. Uma coisa importante<br />

das insurtechs é que elas têm uma<br />

proximidade colaborativa com o setor.<br />

“Para este modelo de cooperação temos<br />

que pensar em investimentos e no relacionamento<br />

com instituições de ensino,<br />

pois muitos destes novos empreendedores<br />

saem do espaço acadêmico”, disse<br />

Celaya, citando o exemplo da Mapfre na<br />

Espanha.<br />

O setor vai continuar com a sua<br />

importância, mas é preciso questionar se<br />

os players continuarão sendo os mesmos<br />

daqui a 50 anos.<br />

43


insurtech & inovação<br />

Diversidade de temas<br />

Um dos pontos altos do evento<br />

foi a quantidade de temas discutidos<br />

em palestras simultâneas. Blockchain,<br />

seguro automóvel, inteligência artificial,<br />

mobilidade, facilidades para o corretor<br />

de seguros. Mostramos a seguir apenas<br />

uma mostra do que foi apresentado:<br />

❱❱<br />

Aplicação de IoT: Heitor Ohara,<br />

diretor de planejamento da SegPartners<br />

Brasil, falou da “IoT (Internet of<br />

Things) como ferramenta de mudanças<br />

no seguro de Auto”. Para Ohara,<br />

o que favorece a utilização dessa<br />

ferramenta é a queda do custo de<br />

armazenamento de dados. “No caso<br />

dos automóveis entra a Telemática,<br />

que acelera todo o processo”, comentou.<br />

Outro ponto mencionado são<br />

os fatores de riscos, que mudaram<br />

ao longo dos tempos. “Agora, novos<br />

sensores trazem mais informações<br />

como distância, velocidade, tempo<br />

no trânsito, dados da rota, entre outras<br />

coisas. Tudo vem para somar para<br />

justificar a precificação”, explicou.<br />

❱❱<br />

Tecnologia em prol do usuário:<br />

“A tecnologia não substitui o corretor,<br />

mas agrega valor”. A frase é de Enrico<br />

Ventura, diretor-gerente de Operações<br />

e Sinistro da Bradesco Auto. “O mundo<br />

digital permite que os clientes interajam<br />

mais com seus produtos e serviços<br />

contratados de diversos segmentos,<br />

de forma diária, melhorando o uso e<br />

a percepção com relação ao que estão<br />

comprando”, acredita Ventura. Ele<br />

entende ainda que é preciso estar 24<br />

horas presente em várias plataformas,<br />

inclusive de geolocalização como o<br />

Waze, com o máximo de qualidade<br />

no atendimento.<br />

❱❱<br />

E qual seria o entrave para que<br />

o mercado de seguros esteja<br />

mais inserido digitalmente?<br />

“Cultura”, disse Cristiano<br />

Barbieri, diretor de Inovação, Analytcs<br />

e Tecnologia da SulAmerica. “É preciso<br />

entender que tem de mudar, fazer<br />

plano de mudança e executar. Para<br />

que isso aconteça, ter um time com<br />

diversidade é importante”, completou.<br />

Segundo ele, com um time diversificado,<br />

o pensamento também é diversificado.<br />

“É imprescindível ter gente que<br />

pense ‘fora da caixa’”, enfatizou. Ainda<br />

de acordo com executivo, a SulAmerica<br />

vem obtendo sucesso quando começou<br />

a mudar o seu “mindset”.<br />

❱❱<br />

Wilson Leal, diretor de Tecnologia da<br />

Tokio Marine, ressaltou que “hoje o<br />

usuário é mais exigente, qualificado e<br />

está presente em vários canais. O cliente<br />

é influente e gosta de acompanhar<br />

e compartilhar suas experiências, quer<br />

sempre novidades e respostas rápidas.<br />

O desafio é entender o que eles querem<br />

e fazer os produtos como eles<br />

querem. Temos uma grande jornada<br />

pela frente”, refletiu.<br />

❱❱<br />

Corretora de Seguros digital: O<br />

foco dos prestadores de serviços de<br />

seguros deve ser o cliente. Esta é a<br />

recomendação de Ingo Weber, CEO<br />

e co-fundador do Digital Insurance<br />

Group, eleita a melhor corretora de<br />

seguros da Europa. Para ele, é fundamental<br />

atender à necessidade do<br />

cliente e mudar algumas práticas<br />

do mercado como a de “punir” o<br />

consumidor por comportamentos<br />

ruins. Este modelo se inverteu<br />

para o de “recompensar aqueles<br />

com comportamento positivo”.<br />

Se por um lado a tecnologia promove<br />

maior eficiência, ela certamente<br />

traz também mais concorrentes, de<br />

acordo com Weber. “O cenário hoje<br />

é brutal, todos lutam pelo mesmo<br />

cliente, que apenas quer mais facilidade”,<br />

afirmou. Além de outras<br />

seguradoras e bancos, entram em<br />

cena plataformas de ofertas variadas<br />

de produtos e serviços, como a<br />

chinesa Alibaba, onde o consumidor<br />

encontra várias soluções em um<br />

único endereço.<br />

❱❱<br />

Bankassurance: Heverton Peixoto,<br />

CEO do ZIM, deu um aviso em sua<br />

palestra: “se você atua no mercado<br />

de seguros brasileiro, esse assunto<br />

vai impactar os seus negócios”.<br />

Segundo o executivo, o modelo<br />

bankassurance tem se firmado<br />

como um dos principais canais de<br />

venda de seguros e passará por<br />

uma fase desafiadora no Brasil. Ele<br />

salientou que essa modalidade<br />

conta com uma transação bancária<br />

que absorve seguros; sejam eles<br />

vendidos, comprados ou que substituem<br />

os produtos financeiros. “No<br />

Brasil, grande parte dos seguros<br />

vendidos obedece a essa demanda”.<br />

De acordo com ele, esse modelo<br />

tem 42% do mercado de seguros.<br />

Segundo o executivo, nos últimos 25<br />

anos, o modelo de bankassurance se<br />

tornou um dos principais canais de<br />

venda do mercado de seguros. Para<br />

ele, entre as causas para isso estão: o<br />

sentimento de confiança do cliente<br />

em relação à rede bancária; e o fato<br />

de que a maior parte das vendas em<br />

seguros é feita de forma presencial<br />

(com o cliente dentro de uma agência<br />

bancária, o que propicia a<br />

oferta de um seguro).<br />

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comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

Porque os Homens não estão<br />

mais amando as Mulheres!<br />

As mulheres mudaram muito, mas muito mesmo,<br />

ao longo do tempo.<br />

Lá atrás, no passado, eram extremamente submissas,<br />

pacíficas, passivas, até.<br />

Imaginem que Sara, mulher do patriarca Abraão,<br />

chamava-o de senhor!<br />

Aqui, no nosso Brasil varonil (varonil mesmo,<br />

no sentido de “varão”, homem), as mulheres tinham<br />

posição de inferioridade registrada em lei! Lei 3071 de<br />

1º de janeiro de 1916 – Código Civil Brasileiro – que<br />

definia a mulher casada como incapaz de realizar certos<br />

atos e previa que ela necessitava da autorização do<br />

marido para exercer diversas atividades, incluindo a de<br />

ter uma profissão ou receber uma herança! Ao se casar,<br />

a mulher perdia sua plena capacidade, tornando-se<br />

relativamente incapaz, à semelhança dos índios, dos<br />

pródigos e dos menores púberes (entre 16 e 18 anos).<br />

Sequer votar elas podiam!<br />

Só em 1932 – mesmo ano de nossa gloriosa<br />

Revolução Constitucionalista – elas adquiriram esse<br />

direito, através do Decreto 21.076, de 24/02/32. “Meio<br />

direito”, na verdade, porque havia restrições: votavam<br />

só as casadas, com autorização do marido; as viúvas e<br />

as solteiras que tivessem renda própria! A Constituição<br />

de 1934 eliminava essas exigências, mas estabelecia<br />

apenas o voto masculino como obrigatório, diferença<br />

finalmente afastada na Carta de 1946.<br />

Entretanto, no Rio Grande do Norte, em 1927, o<br />

artigo 17 da lei eleitoral dizia que, no Estado, poderiam<br />

“votar e ser votados, sem distinção de sexo” todos os<br />

cidadãos. Bastou isso para que despontasse a primeira<br />

eleitora do Brasil: Celina Guimarães Viana! Então,<br />

em 1929, no mesmo estado, Alzira Soriano tornou-se<br />

a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul,<br />

vencendo Sérvulo Pires Neto Galvão, recebendo 60%<br />

dos votos!<br />

1962 marca nova conquista feminina: a Lei 4121,<br />

o Estatuto da Mulher Casada que, entre outras coisas,<br />

concede o direito de viajar sem autorização do marido<br />

e de gerenciar seus bens patrimoniais. A Lei do<br />

Divórcio, contida na Emenda Constitucional número<br />

9, de 28/06/1977, regulamentada pela Lei 6.515, amplia<br />

seus direitos e liberdades, e tudo se coroa com a<br />

Constituição de 1988, que equipara homens e mulheres<br />

em direitos e obrigações!<br />

Mas, só para se ter uma ideia do que ocorria nos<br />

anos 1950 e 1960, eis algumas recomendações de<br />

revistas femininas às mulheres de então:<br />

“Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas”<br />

(Jornal da Moças, 1957).<br />

“Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa<br />

deve redobrar seu carinho e provas de afeto, sem<br />

questioná-lo (Cláudia, 1962).<br />

“A mulher deve fazer o marido descansar nas horas<br />

vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada<br />

de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas”<br />

(Jornal das Moças, 1959).<br />

“O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira<br />

o matrimônio. ELE é quem decide – sempre. (<strong>Revista</strong><br />

Querida, 1953).<br />

“O lugar da mulher é no lar. O trabalho fora de<br />

casa masculiniza” (<strong>Revista</strong> Querida, 1955)!<br />

Nos nossos dias, entretanto, tudo, tudo mudou!<br />

Na própria Copa, vimos uma bela e esfuziante<br />

loira distribuindo sorrisos e simpatia. Não era apenas<br />

uma torcedora da surpreendente Croácia. Era sua<br />

Presidente Kolinda Grabar-Kiatrovic!<br />

Cá, no Brasil, além de comandar postos-chave nos<br />

mundos corporativo, político, social e que tais, o Judiciário<br />

está sob sua absoluta chefia: Advocacia-Geral<br />

da União: Grace Mendonça; Procuradoria-Geral da<br />

República: Raquel Dodge; Presidência do Superior<br />

Tribunal e Justiça: Laurinda Vaz e Presidente do<br />

Supremo Tribunal Federal: Cármen Lúcia!<br />

Por tudo isso é que os Homens não estão mais<br />

amando as Mulheres.<br />

Hoje, mais do que nunca, os Homens estão A<br />

MANDO DAS mulheres!<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

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