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Revista Apólice #235

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comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

Porque os Homens não estão<br />

mais amando as Mulheres!<br />

As mulheres mudaram muito, mas muito mesmo,<br />

ao longo do tempo.<br />

Lá atrás, no passado, eram extremamente submissas,<br />

pacíficas, passivas, até.<br />

Imaginem que Sara, mulher do patriarca Abraão,<br />

chamava-o de senhor!<br />

Aqui, no nosso Brasil varonil (varonil mesmo,<br />

no sentido de “varão”, homem), as mulheres tinham<br />

posição de inferioridade registrada em lei! Lei 3071 de<br />

1º de janeiro de 1916 – Código Civil Brasileiro – que<br />

definia a mulher casada como incapaz de realizar certos<br />

atos e previa que ela necessitava da autorização do<br />

marido para exercer diversas atividades, incluindo a de<br />

ter uma profissão ou receber uma herança! Ao se casar,<br />

a mulher perdia sua plena capacidade, tornando-se<br />

relativamente incapaz, à semelhança dos índios, dos<br />

pródigos e dos menores púberes (entre 16 e 18 anos).<br />

Sequer votar elas podiam!<br />

Só em 1932 – mesmo ano de nossa gloriosa<br />

Revolução Constitucionalista – elas adquiriram esse<br />

direito, através do Decreto 21.076, de 24/02/32. “Meio<br />

direito”, na verdade, porque havia restrições: votavam<br />

só as casadas, com autorização do marido; as viúvas e<br />

as solteiras que tivessem renda própria! A Constituição<br />

de 1934 eliminava essas exigências, mas estabelecia<br />

apenas o voto masculino como obrigatório, diferença<br />

finalmente afastada na Carta de 1946.<br />

Entretanto, no Rio Grande do Norte, em 1927, o<br />

artigo 17 da lei eleitoral dizia que, no Estado, poderiam<br />

“votar e ser votados, sem distinção de sexo” todos os<br />

cidadãos. Bastou isso para que despontasse a primeira<br />

eleitora do Brasil: Celina Guimarães Viana! Então,<br />

em 1929, no mesmo estado, Alzira Soriano tornou-se<br />

a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul,<br />

vencendo Sérvulo Pires Neto Galvão, recebendo 60%<br />

dos votos!<br />

1962 marca nova conquista feminina: a Lei 4121,<br />

o Estatuto da Mulher Casada que, entre outras coisas,<br />

concede o direito de viajar sem autorização do marido<br />

e de gerenciar seus bens patrimoniais. A Lei do<br />

Divórcio, contida na Emenda Constitucional número<br />

9, de 28/06/1977, regulamentada pela Lei 6.515, amplia<br />

seus direitos e liberdades, e tudo se coroa com a<br />

Constituição de 1988, que equipara homens e mulheres<br />

em direitos e obrigações!<br />

Mas, só para se ter uma ideia do que ocorria nos<br />

anos 1950 e 1960, eis algumas recomendações de<br />

revistas femininas às mulheres de então:<br />

“Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas”<br />

(Jornal da Moças, 1957).<br />

“Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa<br />

deve redobrar seu carinho e provas de afeto, sem<br />

questioná-lo (Cláudia, 1962).<br />

“A mulher deve fazer o marido descansar nas horas<br />

vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada<br />

de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas”<br />

(Jornal das Moças, 1959).<br />

“O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira<br />

o matrimônio. ELE é quem decide – sempre. (<strong>Revista</strong><br />

Querida, 1953).<br />

“O lugar da mulher é no lar. O trabalho fora de<br />

casa masculiniza” (<strong>Revista</strong> Querida, 1955)!<br />

Nos nossos dias, entretanto, tudo, tudo mudou!<br />

Na própria Copa, vimos uma bela e esfuziante<br />

loira distribuindo sorrisos e simpatia. Não era apenas<br />

uma torcedora da surpreendente Croácia. Era sua<br />

Presidente Kolinda Grabar-Kiatrovic!<br />

Cá, no Brasil, além de comandar postos-chave nos<br />

mundos corporativo, político, social e que tais, o Judiciário<br />

está sob sua absoluta chefia: Advocacia-Geral<br />

da União: Grace Mendonça; Procuradoria-Geral da<br />

República: Raquel Dodge; Presidência do Superior<br />

Tribunal e Justiça: Laurinda Vaz e Presidente do<br />

Supremo Tribunal Federal: Cármen Lúcia!<br />

Por tudo isso é que os Homens não estão mais<br />

amando as Mulheres.<br />

Hoje, mais do que nunca, os Homens estão A<br />

MANDO DAS mulheres!<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

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