Orion 7
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posição do rapaz, mas estava resignado à sua condição, já<br />
com quase cinquenta anos, não fazia sentido voltar para a<br />
escola e tirar o diabo de uma licenciatura.<br />
O jovem começou a falar.<br />
- Excelentíssimos senhores, obrigado pela vossa<br />
presença e disponibilidade.<br />
Para seu espanto, a reunião era em Português. E o<br />
seu Português era perfeito, um alfacinha de gema, o som<br />
da sua voz era cativante e difícil de não lhe prestar atenção,<br />
na verdade, apesar de estar abstraído de outros assuntos,<br />
tudo passou para segundo plano e só aquele rapaz e as<br />
imagens que se seguiram tinham relevância.<br />
- Tor e Avalon, durante quase dois mil anos,<br />
existiram em simultâneo ocupando o mesmo espaço e<br />
tempo, escondidos pelas brumas do poder do dragão até<br />
que o homem colocou a existência do planeta em risco e o<br />
Arquidruida Merlim deu origem ao dia da grande<br />
revelação. Mas isso já todos sabemos. - No centro da sala<br />
ergueu-se o monte de Tor, mas não era a torrezinha que<br />
ocupava o alto da colina, mas sim um majestoso mosteiro<br />
medieval, o dito Templo da Deusa de Avalon, de seis<br />
torres, quatro avançadas e duas mais juntas formando uma<br />
espécie de arco triunfal, um arco proibido aos homens<br />
comuns.<br />
- Durante anos Camelot viveu à sombra de<br />
Avalon, cresceu e prosperou durante séculos, mesmo<br />
depois de Artur e seus cavaleiros, até que a escuridão<br />
cobriu a terra e demónios e doenças varreram e dizimaram<br />
civilizações que acabaram esquecidas e enterradas. Com<br />
Camelot também se perderam artefactos de grande poder<br />
mágico, o maior de todos: Excalibur.<br />
A imagem do castelo e a cidadela que o envolvia e<br />
aos seus pacíficos habitantes, foi trocado por uma espada,<br />
que tirando os efeitos especiais de brilhar com luz própria,<br />
pareceu a Fernando uma espada como outra qualquer.<br />
Mas sem pensar disse: - A espada na pedra! – E logo de<br />
seguida. - Desculpe interromper.<br />
- Não precisa de se desculpar, é um erro comum,<br />
a espada na pedra foi um truque de Merlin Taliensi para<br />
empossar Artur como Rei. A Excalibur foi forjada na<br />
caverna do Dragão e embutida do seu poder e entregue ao<br />
Rei Artur posteriormente para harmonizar os nossos dois<br />
mundos. A espada perdeu-se com Morgana: após a morte<br />
de Artur, ela não voltou ao templo, desapareceu com a<br />
espada e até ao dia de hoje nunca mais soubemos do seu<br />
paradeiro.<br />
A espada desapareceu para dar lugar ao sítio de<br />
uma escavação arqueológica. – A imagem fez zom a um<br />
senhor alto com peso a mais, de rosto redondo e calvo,<br />
vestido com um fato de treino largo, com a cintura das<br />
calças a fugir-lhe para debaixo da barriga. De olhar muito<br />
inteligente e severo, a trabalhar nos seus cascalhos, que não<br />
era mais nada que restos de cerâmicas expostos numa<br />
mesa, tornava-se engraçado pelo gesto repetitivo de puxar<br />
as calças para cima.<br />
– Adriano Gregoriano, foi autorizado a escavar<br />
nas ruínas de Camelot, em busca do túmulo de Artur, com<br />
todas as devidas autorizações, mas o que ele desenterrou<br />
foi algo muito perturbador.<br />
A imagem passou para a câmara do túmulo, uma<br />
imagem que só podia ter sido feita com raios-espiões e não<br />
com holocâmaras, o homem é filmado a passar as mãos<br />
pela estátua deitada no túmulo, como se acarinhasse uma<br />
mulher nua, na verdade, a expressão de prazer dele era tão<br />
evidente que era visível o erotismo da cena. Será que o<br />
coitado sabia que estava a ser filmado?<br />
Durante e sua exploração táctil, o Dr. Adriano<br />
ativa um mecanismo secreto que abre o túmulo, do seu<br />
interior sai uma luz branca raiada de azul, a lâmina de uma<br />
espada levanta-se e é erguida ao alto, no seu punho ainda<br />
se vê uma mão alva de dedos compridos. Perplexo com a<br />
visão ou em estado de hipnose, o arqueólogo aceita a<br />
espada que lhe é estendida pela mão e braço sem corpo e<br />
assim que as suas mãos envolvem o punho da mesma, o<br />
seu brilho intensifica-se e ambos desaparecem num rasgo<br />
de luz azul.<br />
- Meia hora depois temos esta situação. – A<br />
imagem passou para o que parecia ser o interior de uma<br />
caixa forte de um banco, sim, lá estava o senhor dito<br />
arqueólogo, de espada na mão, com a mesma roupa, o<br />
gesto repetido de puxar as calças para cima que teimavam<br />
em descer para baixo da barriga volumosa, a abrir um<br />
portal com a espada, por onde as barras de ouro em<br />
descanso nas prateleiras, por magia ou telecinética,<br />
desaparecem a voar e Adriano atrás delas.<br />
- Como já devem ter calculado, este ouro foi usado<br />
para fundir o caldeirão que recebeu o sangue da virgem.<br />
Meus senhores, temos um problema grave, Morgana quer<br />
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