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livro todo tomo II.qxd - Academia Brasileira de Letras

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maior e mais imprescindível a responsabilida<strong>de</strong> dos que precisam conhecer o<br />

rumo do bom governo.<br />

Não menos reparadas, na verda<strong>de</strong> cristã, “as injustiças econômicas”: “a<br />

luta entre o po<strong>de</strong>r do ouro e o po<strong>de</strong>r dos <strong>de</strong>sesperos”. Os padres da Igreja, em<br />

estilo severo que os escolásticos abrandaram, censuram a negação do regime<br />

distributivo, porque os afortunados insistem em não querer distinguir o suficiente<br />

do supérfluo. Adverte o ar<strong>de</strong>nte São Basílio que pertence ao nu a roupa<br />

guardada nas arcas e, ao pobre, o ouro escondido nos cofres. Fundamento <strong>de</strong><br />

uma verda<strong>de</strong>ira doutrina jurídica: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século IV, para a Igreja, o uso do<br />

necessário é um direito e a posse do supérfluo uma intendência. Era assim que,<br />

aos ricos da sua Igreja, falava o Bispo <strong>de</strong> Cesaréa, há mais <strong>de</strong> 1.500 anos...<br />

Será difícil, mas conhecido, o caminho da vida feliz. O efêmero,<br />

porém, não é a rota. Nem o efêmero nem o opulento. Palácios, festins, alfaias,<br />

moedas, não afugentam pesa<strong>de</strong>los. Bem-aventurado, o simples, contrito e<br />

agra<strong>de</strong>cido, servidor do Pai Perfeito que, das alturas, tanto o afasta da tentação<br />

como o aproxima do pão <strong>de</strong> cada dia.<br />

* * *<br />

Em pouco mais <strong>de</strong> três lustros, escrevestes três <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> <strong>livro</strong>s. Como<br />

assunto, tudo: o moral, o econômico, o jurídico, o literário, o pedagógico e<br />

até o político. Para cumprir a fórmula regulamentar não vos faltaram razões.<br />

Recém-vindo à maturida<strong>de</strong>, pensando com maestria, herdastes, e guardais, o<br />

magnífico espólio intelectual <strong>de</strong> Jackson <strong>de</strong> Figueiredo, o animador da vossa<br />

fé. Ainda não se havia focalizado o nome <strong>de</strong>sse cavaleiro da nova cruzada e,<br />

entre os rumores <strong>de</strong> entusiasmo, corria a nova da vossa conversão, <strong>de</strong>clarada<br />

na Tentativa <strong>de</strong> Itinerário, programa <strong>de</strong> uma campanha <strong>de</strong> renascimento “pela<br />

volta à religião que nos formou, pelo estímulo à ciência verda<strong>de</strong>ira, pela reforma<br />

social cristã <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> que se suicida na inconsciência paganizante,<br />

pela fusão da arte com a realida<strong>de</strong>, para arrancar a máscara do convencionalismo<br />

sem prejuízo do humano e do universal. E acima <strong>de</strong> tudo a reforma do<br />

homem íntimo, a orientação ao Santo mais que ao super-homem”.<br />

Estreastes na arena literária antecipando um triunfo com o estudo da<br />

vida fidalga e esmaltada <strong>de</strong> Afonso Arinos. Nesse surto, consagrou-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

logo o ensaísta. Nascido sob o signo da predição, para vós a crítica foi antes<br />

1393<br />

DISCURSOS ACADÊMICOS 1393

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