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580 DISCURSOS ACADÊMICOS<br />

“talhado para as gran<strong>de</strong>zas,<br />

para crescer, criar, subir”.<br />

Raiou então no horizonte político a presidência gloriosa <strong>de</strong> Rodrigues<br />

Alves, aureolada por uma verda<strong>de</strong>ira constelação <strong>de</strong> ministros e auxiliares.<br />

Aí é que Lauro Müller entrou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo a brilhar como estrela <strong>de</strong> primeira<br />

gran<strong>de</strong>za. Ao assumir a pasta da Indústria, Viação e Obras Públicas,<br />

cifrara ele o seu programa em duas palavras: “fazer engenharia”. E foi o que<br />

fez. Mas é que a sua engenharia tinha o bafejo superior das inspirações do<br />

homem <strong>de</strong> Estado. Tão grandioso fora, por vezes, o seu plano, que parecia<br />

raiar pela utopia. Mas <strong>de</strong>le, como bem notou o Sr. Coelho Neto, po<strong>de</strong>r-se-ia<br />

repetir o que <strong>de</strong> si mesmo dizia Lesseps, a quem foi ele já tantas vezes comparado:<br />

“julgaram-me um sonhador, mas provei que sou um homem prático”.<br />

E viu-se efetivamente o <strong>de</strong>senvolvimento extraordinário, com que ele<br />

soube impulsionar <strong>todo</strong>s os serviços a seu cargo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a viação ferroviária e<br />

telegráfica até as obras públicas, em que resolveu problemas seculares da<br />

maior relevância, como o cais do porto <strong>de</strong>sta soberba metrópole.<br />

Ninguém melhor do que o Dr. Miguel Calmon, seu imediato sucessor<br />

naquele Ministério, podia resumir a gestão <strong>de</strong> Lauro Müller, como o fez,<br />

quando lhe disse numa síntese eloqüente: “imprimistes ao País, das margens<br />

do Ma<strong>de</strong>ira e do Mamoré à barra do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, a vibração <strong>de</strong> uma<br />

energia privilegiada, pois não houve faixa do seu solo, trecho das suas águas e,<br />

mesmo, digamos assim, parte da sua atmosfera, a que não beneficiasse a vossa<br />

ação administrativa, tantas foram as estradas <strong>de</strong> ferro, os portos, as linhas <strong>de</strong><br />

navegação e os fios telegráficos, com que o dotastes”.<br />

Mas a obra-prima da engenharia <strong>de</strong> Lauro Müller, a sua obra <strong>de</strong> ciclope,<br />

em que abatendo seiscentos prédios, transformou como por encanto,<br />

saneando e embelezando, a velha cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, foi certamente a<br />

Avenida Central, a que mais tar<strong>de</strong>, completando assim o pensamento do seu<br />

planeador, que a imaginara um como pórtico das nossas relações internacionais,<br />

foi dado o simbólico nome <strong>de</strong> Rio Branco.<br />

Ele próprio em tanto a prezava, que a punha na altura <strong>de</strong> uma conquista<br />

republicana, chamando-lhe “a Avenida que a República fez”.<br />

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