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livro todo tomo II.qxd - Academia Brasileira de Letras

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DISCURSOS ACADÊMICOS 165<br />

Rodolfo Dantas, não havendo talvez logrado preferência para a compra<br />

do Jornal do Commercio ao Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Villeneuve e aos seus sócios Picot e<br />

Leonardo, os quais, com toda razão, optaram em favor do antigo, <strong>de</strong>dicado e<br />

capacíssimo servidor <strong>de</strong> casa Dr. J.C. Rodrigues, <strong>de</strong>sistiu do velho e lançou os<br />

alicerces do novo órgão, com a colaboração valiosa do digno sobrinho daquele<br />

titular na administração da folha.<br />

Aí, sem <strong>de</strong>mora, marcastes com brilho e honra um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque ao<br />

pé <strong>de</strong> Nabuco, Sancho <strong>de</strong> Barros e Gusmão Lobo.<br />

Aliás, não precisastes para esse efeito senão continuar a oração da formatura,<br />

proferida seis anos lá na vossa Bahia.<br />

Não vos perdoarei <strong>de</strong> modo nenhum se não incluir<strong>de</strong>s essa admirável<br />

peça no vosso segundo <strong>livro</strong>, que, para aparecer, po<strong>de</strong> bem prescindir <strong>de</strong> esperar<br />

que passeis à <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Suplementar, cuja existência <strong>de</strong>nunciastes e eu<br />

imediatamente confirmei, como me cumpria, sem saber, porém, se ela estará<br />

mesmo todinha no céu, ou se não andará também um pouco dispersa no<br />

outro mundo, parte pelo Inferno e parte pelo Purgatório, como acontece com<br />

a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> efetiva, com a sua se<strong>de</strong> no Rio e gente em São Paulo,<br />

Montevidéu, Londres, Washington, Nova York, Roma e não sei mais on<strong>de</strong>...<br />

Bastaria a peroração, calcada sobre uma linda imagem colhida em<br />

Renan, para vos mostrar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo como um escritor <strong>de</strong> raça.<br />

Mas, muito mais do que isso, o que me espanta, em <strong>todo</strong> correr <strong>de</strong>sse<br />

discurso, é a profunda nota <strong>de</strong> análise e <strong>de</strong> crítica social do momento brasileiro<br />

<strong>de</strong> então. Vergastes corajosamente da tribuna a vergonheira inominável da<br />

escravidão, cujo <strong>de</strong>saparecimento a ironia dos <strong>de</strong>stinos e dos rótulos ia reservar<br />

daí a três anos aos conservadores. E erguestes, naquele meio e naquela<br />

ocasião, palavras <strong>de</strong> fé, que <strong>de</strong>viam ter escandalizado um pouco o auditório<br />

oficial e merecem ser recordadas:<br />

Meus Senhores! Não sou daqueles que, por uma falsa compreensão <strong>de</strong><br />

patriotismo, encaram com <strong>de</strong>sprezo a nossa vida social, <strong>de</strong>sconhecem em nós os<br />

impulsos civilizadores e pronunciam-se com este violento pessimismo que cada<br />

vez mais vai conquistando a<strong>de</strong>sões.<br />

Mas também, por maior que seja a tolerância <strong>de</strong> que se revista o nosso<br />

espírito não po<strong>de</strong>remos estudar, sem uma espécie <strong>de</strong> inquietação, o resultado dos<br />

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