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universidade federal da bahia escola de administração núcleo

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Faoro, como para os seus possíveis controladores. Como se sabe, a ausência <strong>de</strong>sse requisito<br />

abre espaço para o exercício <strong>de</strong> práticas que, como o clientelismo, o patrimonialismo e, óbvio,<br />

a corrupção, afastam a <strong>de</strong>mocracia do mo<strong>de</strong>lo normativo representativo, gerando o que<br />

Guillermo O’Donnell (1991, p. 27) adjetivou por “<strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>legativa”, situação na qual os<br />

componentes <strong>da</strong> re<strong>de</strong> constitucional <strong>de</strong> uma poliarquia (Po<strong>de</strong>res Legislativo e Judiciário,<br />

partidos políticos e eleições) se fazem presentes, mas com funcionamento precário. Como se<br />

vê, tantas são as virtu<strong>de</strong>s <strong>da</strong> accountability que esta po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como “um bem<br />

público” (POWER; TAYLOR, 2011, p. 250).<br />

1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA<br />

É generaliza<strong>da</strong> a percepção <strong>de</strong> que, no Brasil, a corrupção é um fenômeno corriqueiro.<br />

De fato, verifica-se, sem muito esforço, que a corrupção ocorre com freqüência em diversos<br />

órgãos que representam os po<strong>de</strong>res constitucionais do Estado e em to<strong>da</strong>s as esferas <strong>de</strong><br />

governo. Por meio <strong>da</strong> ação <strong>da</strong> imprensa e <strong>de</strong> órgãos fiscalizadores, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira tem<br />

tomado conhecimento <strong>de</strong> tantas práticas caracteriza<strong>da</strong>s como corruptas a ponto <strong>de</strong> gerar a<br />

sensação <strong>de</strong> que essa é a característica predominante na política do País. Gran<strong>de</strong> e pequena,<br />

mo<strong>de</strong>rna e pós-mo<strong>de</strong>rna; cultural e organiza<strong>da</strong>; impessoal e <strong>de</strong> mercado; consciente e por<br />

ignorância, são apenas algumas <strong>da</strong>s tipologias que, com base na literatura pesquisa<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>m-<br />

se <strong>de</strong>nominar as múltiplas práticas relaciona<strong>da</strong>s à corrupção no Brasil.<br />

Tal situação é instigante. Afinal, com a re<strong>de</strong>mocratização e a conseqüente<br />

promulgação <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral em 1988, a repartição do exercício do po<strong>de</strong>r no Brasil<br />

foi restabeleci<strong>da</strong>, esperando-se que o sistema <strong>de</strong> freios e contrapesos (checks and balances)<br />

adotado funcionasse a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente, a ponto <strong>de</strong> coibir, a partir <strong>de</strong> então, práticas corruptas<br />

que, como se sabe, dilapi<strong>da</strong>m o patrimônio público do Estado brasileiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua fun<strong>da</strong>ção.<br />

A<strong>de</strong>mais, as reformas promovi<strong>da</strong>s no aparelho do Estado, em especial a <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>da</strong> a partir<br />

<strong>de</strong> 1995, durante o Governo <strong>de</strong> Fernando Henrique Cardoso (FHC), contribuíram para que<br />

discussões quanto à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se aprofun<strong>da</strong>r o controle do Estado pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

especialmente no tocante ao controle e à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos gastos públicos, como também com<br />

referência à eficiência e eficácia <strong>da</strong> ação governamental, ganhassem espaço e notorie<strong>da</strong><strong>de</strong> no<br />

Brasil. Nesse novo cenário, os mecanismos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s dimensões <strong>da</strong> accountability e a<br />

participação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil na <strong>de</strong>finição, formulação, implementação e avaliação <strong>da</strong>s<br />

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