11.04.2013 Views

universidade federal da bahia escola de administração núcleo

universidade federal da bahia escola de administração núcleo

universidade federal da bahia escola de administração núcleo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Schilling (1999), inspirando-se em Marilena Chauí, que retrata a violência como “todo<br />

ato <strong>de</strong> violação <strong>da</strong> natureza <strong>de</strong> alguém ou <strong>de</strong> alguma coisa valoriza<strong>da</strong> positivamente pela<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>”, <strong>de</strong>staca a corrupção como um tipo <strong>de</strong> crime, uma espécie <strong>de</strong> “mal público” visto<br />

as suas conseqüências na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Essa idéia <strong>de</strong> crime é reforça<strong>da</strong> quando Ribeiro (2005)<br />

adverte para o fato <strong>de</strong> que o corrupto impossibilita que esse dinheiro vá para a saú<strong>de</strong>, a<br />

educação, o transporte etc., <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> conseqüências negativas,<br />

tais como morte, ignorância, etc. Já Salgado (2002, apud IQUIAPAZA; AMARAL 2007)<br />

leciona que o dinheiro <strong>de</strong>sviado pelo superfaturamento <strong>de</strong> obras públicas e pela sonegação <strong>de</strong><br />

impostos faz falta para investir em infra-estrutura e saú<strong>de</strong> pública no Brasil. Destaca o autor<br />

que tais práticas, além <strong>de</strong> diminuírem a arreca<strong>da</strong>ção, têm efeito <strong>de</strong>vastador na criação <strong>de</strong><br />

postos <strong>de</strong> trabalho e agravam a <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma vez que <strong>de</strong>svia os recursos dos programas<br />

<strong>de</strong> governo que valem a pena do ponto <strong>de</strong> vista social e econômico. Tudo ratificando a<br />

afirmação <strong>de</strong> Schilling (1999) quanto à “vitimização coletiva” provoca<strong>da</strong> pela corrupção.<br />

(IDEM, p. 50).<br />

Ain<strong>da</strong> sobre os efeitos <strong>da</strong> corrupção, Ramos (1983), apontando para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

rigorosas análises sobre a funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa prática nos serviços públicos nos países latino-<br />

americanos, já alertava para os seus óbvios efeitos disfuncionais. Pasquino (2000) ratifica tal<br />

pensamento quando diz que o ato corrupto, mesmo quando praticado em um sistema<br />

excessivamente formalista e burocratizado para <strong>de</strong>sbloquear situações que obstaculizam o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico, alivia o problema apenas temporariamente e sua influência no<br />

longo prazo será negativa, vez que acaba favorecendo uns em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outros. De forma<br />

semelhante, Elliott (2002) também admite que embora alguns momentos a corrupção possa<br />

ser vista como “catalisadora <strong>da</strong> eficiência” (I<strong>de</strong>m, p. 272) é difícil limitá-la a apenas essas<br />

situações. Ain<strong>da</strong> sobre uma possível função social <strong>da</strong> corrupção, Cai<strong>de</strong>n (1988), recuperando<br />

alguns estudos que apontam tal funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, se posiciona totalmente contrário a essa<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, pontuando ain<strong>da</strong> que o peso esmagador <strong>da</strong>s evidências obti<strong>da</strong>s nos estudos por<br />

ele analisados indica que as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s seriam consi<strong>de</strong>ravelmente melhor se elas pu<strong>de</strong>ssem<br />

reduzir a corrupção.<br />

Os argumentos acima confirmam que Power e Taylor (2011) estão corretos quando<br />

pontuam que o consenso que emerge <strong>da</strong> literatura não mais consi<strong>de</strong>ra a corrupção como um<br />

“lubrificante <strong>da</strong>s engrenagens” do <strong>de</strong>senvolvimento econômico, e sim que, por distorcer os<br />

critérios pelos quais as políticas públicas são escolhi<strong>da</strong>s, arruína os resultados <strong>de</strong>ssas políticas.<br />

Desse modo, esses autores lecionam que, no campo econômico, a corrupção é fenômeno que<br />

35

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!