universidade federal da bahia escola de administração núcleo

instituições e as leis como medidas mais eficazes, ou seja, o remédio é o mesmo proposto por
Pasquino (2000).
Já o modelo inconsciente diz respeito aos detentores de poder que, desconhecendo os
princípios que devem nortear as ações dos agentes públicos, atuam sob a crença de que estão
cumprindo o seu papel honestamente, mesmo quando praticam ações corruptas. Tem-se aqui
uma prática de “corrupção por ignorância” (Idem, p. 45). Tal situação pode ser exemplificada
por atos que privilegiam o atendimento de demandas individualizadas, fugindo, portanto, das
universais. Neste caso, a medida recomendada pelo autor é a conscientização dos detentores
de cargos sobre o significado do termo república, fazendo-os perceber que qualquer decisão
que alcance apenas um indivíduo em particular fugiria ao espírito do bem comum, ferindo,
pois, o sentido republicano, sendo tal decisão também uma forma de corrupção. Cumpre
informar que o autor não detalha como tal conscientização pode ser efetivada com o fim de
evitar a corrupção por ignorância, mas, a priori, pensamos que as organizações da sociedade
civil que se propõem a combater a corrupção, tais como as que focalizamos neste estudo,
podem desempenhar importante papel nesse sentido.
As tipologias indicadas por Scott (1969, apud BEZERRA, 1995) também trazem uma
contribuição positiva a esse debate. No primeiro tipo, denominado por “corrupção de
mercado” a corrupção se processa de modo impessoal, ou seja, o beneficiado é aquele que
pode pagar mais pelo ato. Já no tipo “corrupção paroquial” o detentor do poder garante o
acesso aos favores àqueles que com ele mantém algum tipo de “laço” seja este de parentesco,
amizade ou patronagem. Diferentemente do que ocorre no primeiro tipo, no qual a identidade
dos envolvidos não determina a prática, na corrupção paroquial as relações e redes pessoais
são fortes motivadores desta. Destaque-se que nesta compreensão, embora no primeiro
momento a relação pessoal não esteja presente, da “corrupção de mercado” poderá surgir uma
relação pessoal, o que daí pode gerar corrupção do tipo paroquial. Ademais, à luz de Speck
(1998), compreende-se que mesmo nas democracias consolidadas é possível a ocorrência de
práticas corruptas baseadas nas relações e redes pessoais. De acordo com este pesquisador,
pesquisas empíricas na Alemanha e na França, revelaram que também nestes países “da
tendência de aproximação entre administradores públicos e representantes da sociedade (...)
podem surgir redes de amizade, camaradagem e troca de favores” (Idem, p. 43).
Outra interessante tipologia da corrupção pode ser encontrada nos estudos
desenvolvidos por Filgueiras (2009). A idéia que subjaz a esta classificação é a de que a
tolerância à corrupção nasce de contradições existentes na cultura política de fundo, tendo em
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