11.04.2013 Views

universidade federal da bahia escola de administração núcleo

universidade federal da bahia escola de administração núcleo

universidade federal da bahia escola de administração núcleo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

majoritariamente, como sendo a dos costumes e, sim, como furto” (i<strong>de</strong>m, p.79). Vale salientar<br />

que esse autor esclarece que o termo “mo<strong>de</strong>rno” empregado por ele para tipificar a corrupção<br />

mediante a prática <strong>de</strong> furto não indica que tal mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> somente tenha sido verifica<strong>da</strong> a<br />

partir dos regimes políticos que surgiram na mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, haja vista os registros <strong>de</strong> práticas<br />

<strong>de</strong>ssa natureza localizados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Antigo Regime.<br />

Já a corrupção pós-mo<strong>de</strong>rna sai <strong>da</strong> esfera do “furto aos cofres públicos efetuado por<br />

indivíduos ou classes gananciosas” (i<strong>de</strong>m), passando a dizer respeito à “busca do po<strong>de</strong>r pelo<br />

po<strong>de</strong>r” (i<strong>de</strong>m) expresso nas práticas <strong>de</strong> grupos que, interessados em se elegerem, se lançam na<br />

busca <strong>de</strong> doações vultosas para fazerem frente aos altos custos <strong>da</strong>s campanhas midiáticas.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> corrupção que, segundo Ribeiro (2006), beneficia “não<br />

necessariamente o bolso do corrupto, mas um projeto político que po<strong>de</strong> até ser justo e<br />

honrado” (i<strong>de</strong>m, p. 79). Neste caso, quem está no po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>svia dinheiro público para fazer<br />

campanhas com o objetivo <strong>de</strong> se manter no po<strong>de</strong>r. O que esta mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> tem <strong>de</strong> “terrivel”,<br />

segundo Ribeiro (2006) é a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> envolver até as pessoas honestas, pois esta “se<br />

torna quase a única maneira <strong>de</strong> sobreviverem” na cena política (i<strong>de</strong>m, p. 79). Um fator que<br />

po<strong>de</strong> ser acrescentado como impulsionador <strong>da</strong> corrupção pós-mo<strong>de</strong>rna trata-se do<br />

financiamento <strong>da</strong>s campanhas políticas por meio <strong>da</strong>s contribuições pesa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> empresários,<br />

pois seguindo Speck (1998) esta tem sido a saí<strong>da</strong> adota<strong>da</strong> para fazer frente às campanhas<br />

eleitorais ca<strong>da</strong> vez mais caras.<br />

Em outro momento, Ribeiro vai distinguir a corrupção <strong>de</strong> acordo com a visibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta no seio <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Desta feita, Ribeiro (2009) rotula a corrupção pequena e<br />

dissemina<strong>da</strong> como corrupção cultural, pois seus vestígios são claros, visíveis para qualquer<br />

um. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> microcorrupções. Para as macrocorrupções, o rótulo posto por<br />

Ribeiro é <strong>de</strong> corrupção estrutura<strong>da</strong>, ou organiza<strong>da</strong>. Enquadra-se nesta tipologia a corrupção<br />

fruto do conluio feito por grupo <strong>de</strong> pessoas para <strong>de</strong>sviar gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> dinheiro dos<br />

cofres públicos. Trata-se <strong>de</strong> corrupção em gran<strong>de</strong> escala. Conforme leciona Ribeiro (2009), a<br />

corrupção estrutura<strong>da</strong>, que é secreta e organiza<strong>da</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprimora<strong>da</strong>s investigações (<strong>da</strong><br />

polícia, <strong>de</strong> auditores <strong>de</strong> crimes financeiros ou mesmo <strong>de</strong> jornalistas muito especializados) para<br />

que seja evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong>. Vê-se aqui que a utilização <strong>da</strong> palavra furtar não mais se dá no seu<br />

sentido restrito, apenas como a subtração <strong>de</strong> um bem ou valor, como ocorre na corrupção<br />

cultural, pois passa a chamar a atenção para um aspecto que, para esta reflexão, po<strong>de</strong> ter<br />

especial importância, qual seja, o fato <strong>de</strong> que a corrupção estrutura<strong>da</strong> se processa ardil e<br />

sofistica<strong>da</strong>mente às escondi<strong>da</strong>s.<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!