11.04.2013 Views

universidade federal da bahia escola de administração núcleo

universidade federal da bahia escola de administração núcleo

universidade federal da bahia escola de administração núcleo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

clientelismo etc” (I<strong>de</strong>m, p.130). Nessas áreas com características tão próximas <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

tradicionais, dá-se a convivência, no entanto, com “burocracias estatais, algumas <strong>de</strong>las<br />

gran<strong>de</strong>s e complexas, e on<strong>de</strong>, sob burocracias extremamente politiza<strong>da</strong>s e mal pagas, o<br />

próprio significado do termo “corrupção” se torna vago” (I<strong>de</strong>m). Em outras palavras, a<br />

corrupção passa a ser vista e aceita como normal, naturaliza<strong>da</strong>, faz parte do jogo. O’Donnell<br />

i<strong>de</strong>ntificava ain<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção do serviço público no período analisado, após término dos<br />

regimes ditatoriais. Ain<strong>da</strong> que tenha ocorrido um enfrentamento parcial <strong>de</strong>ssa questão, com a<br />

criação <strong>da</strong> carreira dos gestores públicos e <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> acompanhamento na<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil, não há razões para otimismo, parecendo permanecer o mesmo diagnóstico.<br />

“Em muitas repartições pouca coisa funciona sem suborno” (I<strong>de</strong>m, p. 138). Quando o autor<br />

i<strong>de</strong>ntifica que nos níveis altos e médios <strong>da</strong> burocracia, “a corrupção envolve enormes somas<br />

<strong>de</strong> dinheiro” (I<strong>de</strong>m), o autor está implicitamente fazendo a diferença entre o, digamos,<br />

prosaico suborno e uma corrupção propriamente dita, vista como uma ação mais concerta<strong>da</strong> e<br />

ar<strong>de</strong>ntemente concebi<strong>da</strong>, semelhante ao que, respectivamente, Ribeiro <strong>de</strong>nominou por<br />

corrupção cultural e estrutura<strong>da</strong>. A conseqüência disto resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que “quando alguns<br />

<strong>de</strong>stes atos se tornam escân<strong>da</strong>los públicos, eles minam a confiança não só no funcionamento e<br />

no papel do estado, mas também nos governos, que parecem incapazes <strong>de</strong> corrigir essa<br />

situação, quando não participantes ativos <strong>de</strong>la” (I<strong>de</strong>m, p. 138). O fenômeno <strong>de</strong>semboca em<br />

uma “pilhagem <strong>da</strong> máquina do estado” (I<strong>de</strong>m) on<strong>de</strong> os agentes que interagem com o estado<br />

buscam “colonizar os órgãos do estado que possam prover os benefícios buscados” lembrando<br />

que os capitalistas <strong>de</strong> países latino-americanos têm “uma longa experiência <strong>de</strong> viver <strong>da</strong><br />

generosi<strong>da</strong><strong>de</strong> do estado e <strong>da</strong> colonização <strong>de</strong> suas agencias”, indicando com isto ser o<br />

fenômeno muito mais estrutural, perene e naturalizado que algum <strong>de</strong>svio momentâneo.<br />

O trabalho <strong>de</strong> Wan<strong>de</strong>rley Guilherme dos Santos (1993) também é indicado por Pinho e<br />

Sacramento (2011), os quais o consi<strong>de</strong>ram uma contribuição importante para o entendimento<br />

<strong>da</strong> corrupção ain<strong>da</strong> que não diretamente, mas <strong>de</strong> forma indireta ao examinar as formações<br />

mais intestinas <strong>da</strong> nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> em estágio contemporâneo. Retoma<strong>da</strong> a <strong>de</strong>mocracia, Santos<br />

(1993) i<strong>de</strong>ntifica o Brasil como marcado pelo “formalismo poliárquico” assentado sobre uma<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que, plural quanto aos grupos <strong>de</strong> interesses, mostra-se “essencialmente hobbesiana”<br />

(SANTOS, 1993, p. 80). Agrega ain<strong>da</strong> que “o individuo isolado, não-poliárquico, pobre em<br />

laços <strong>de</strong> congraçamento social, prefere negar o conflito a admitir que seja vitima <strong>de</strong>le”<br />

(I<strong>de</strong>m). Isto posto, “a poliarquia brasileira restringe-se à pequena mancha institucional<br />

circunscrita por gigantesca cultura <strong>da</strong> dissimulação, <strong>da</strong> violência difusa e do enclausuramento<br />

49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!