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O CORPO EM MOVIMENTO: Uma relação entre a ... - Unisalesiano

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O <strong>CORPO</strong> <strong>EM</strong> <strong>MOVIMENTO</strong>: <strong>Uma</strong> <strong>relação</strong> <strong>entre</strong> a psicomotricidade<br />

e a aprendizagem da escrita<br />

Claudioni Aparecido Colevati<br />

Ednaldo Donizete Pinho<br />

Eduardo Manzano Sorroche<br />

Maria de Fátima Paschoal Soler<br />

Lins – SP<br />

2009


O <strong>CORPO</strong> <strong>EM</strong> <strong>MOVIMENTO</strong>: <strong>Uma</strong> <strong>relação</strong> <strong>entre</strong> a psicomotricidade<br />

e a aprendizagem da escrita<br />

RESUMO<br />

Este trabalho teve a intenção de verificar a <strong>relação</strong> <strong>entre</strong> a<br />

psicomotricidade e o nível de escrita de 20 alunos de 8 a 10 anos pertencentes<br />

aos 4º anos da CEU Profª. Harume Kubota da Silva, em Penápolis – SP. Foi<br />

solicitado aos alunos que realizassem testes de habilidades de coordenação e<br />

equilíbrio, esquema corporal, lateralidade, orientação espacial e orientação<br />

temporal. Para as avaliações do nível de habilidades psicomotoras foram<br />

utilizadas tabelas propostas por Oliveira (2009). O segundo teste pressupôs<br />

avaliar e classificar os níveis de aprendizagem de escrita. Utilizou-se então, a<br />

Avaliação de Dificuldade de Aprendizagem – ADAPE (SISTO, 2002). Para<br />

verificar a eficiência dos níveis psicomotores e dos níveis da escrita, foi<br />

utilizada a freqüência relativa (%) dos resultados obtidos por cada aluno.<br />

Palavras Chave: Educação Física; Psicomotricidade; Escrita


INTRODUÇÃO<br />

A idéia de desenvolver esta pesquisa tendo como tema principal a<br />

psicomotricidade e a escrita, partiu da observação da literatura específica da<br />

área, de relatos de professores de 4ª séries do ensino fundamental referentes<br />

às dificuldades de escrita de seus alunos e de alguma experiência dos<br />

pesquisadores com estas salas de aula.<br />

Pode-se verificar que a Educação Física que até pouco tempo,<br />

priorizava o ser humano somente nos aspectos biofisiológicos limitando assim<br />

sua capacidade de desenvolvimento integral, a partir da psicomotricidade,<br />

modifica este pensamento limitado para uma visão ampla, ou seja, analisa o<br />

homem em seu contexto social, histórico e cultural.<br />

Desta forma, pode-se dizer que a psicomotricidade é a <strong>relação</strong> da ação<br />

motora com aspectos afetivos, cognitivos e sociais. Esta nova visão transforma<br />

este pensamento e analisa o homem numa <strong>relação</strong> <strong>entre</strong> pensamento e ação,<br />

englobando funções neurofisiológicas e psíquicas e criando uma <strong>relação</strong> <strong>entre</strong><br />

a ação motora e os aspectos afetivos, cognitivos e sociais.<br />

Quando se pensa em psicomotricidade, reporta-se a Assunção; Coelho<br />

(2006, p.108) que afirmam que a psicomotricidade é a “educação do<br />

movimento com atuação sobre o intelecto, numa <strong>relação</strong> <strong>entre</strong> pensamento e<br />

ação, englobando funções neurofisiológicas e psíquicas”. Além disso, possui<br />

uma dupla finalidade: “assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta<br />

as possibilidades da criança, e ajudar sua afetividade a se expandir e<br />

equilibrar-se, através do intercâmbio com o ambiente humano”.<br />

A escrita conjectura um desenvolvimento motor adequado, portanto<br />

certas habilidades motoras como a coordenação fina, o esquema corporal, a<br />

lateralização, a discriminação auditiva e visual e a organização espaço-<br />

temporal são essenciais para sua aprendizagem.<br />

A psicomotricidade auxiliar então, na execução do movimento<br />

consciente, pois ela desenvolve as funções motoras e sua <strong>relação</strong> com as<br />

funções mentais. “É concebida como a integração superior da motricidade,<br />

produto de uma <strong>relação</strong> inteligível <strong>entre</strong> a criança e o meio. É um instrumento<br />

privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa”.<br />

(MOLINARI e SENS, 1998, p. 2).


Segundo Oliveira (2002), a escrita é uma capacidade indispensável para<br />

a adaptação e integração do sujeito ao meio social, sendo uma forma de<br />

comunicação e expressão <strong>entre</strong> as pessoas. A linguagem escrita tem papel<br />

decisivo na compreensão do mundo e na transmissão de valores pessoais,<br />

sociais e culturais.<br />

Atualmente, pesquisas demonstram a <strong>relação</strong> <strong>entre</strong> o desenvolvimento<br />

psicomotor e a aprendizagem da escrita, sendo que, o primeiro auxilia no<br />

desenvolvimento do segundo. Portanto, o desenvolvimento psicomotor não se<br />

restringe somente ao aspecto motor, mas também é um suporte para a<br />

aprendizagem da escrita.<br />

Segundo Furtado (1998), há uma <strong>relação</strong> direta <strong>entre</strong> o desenvolvimento<br />

psicomotor e a aprendizagem da leitura e escrita. Crianças com maior nível de<br />

desenvolvimento psicomotor possuem resultados significativos na<br />

aprendizagem da escrita, embora a psicomotricidade não seja o principal fator<br />

das dificuldades escolares.<br />

De acordo com Fonseca (1995), estudos das praxias finas utilizadas na<br />

escrita, demonstraram as múltiplas relações existentes <strong>entre</strong> os domínios do<br />

comportamento cognitivo e do comportamento motor de crianças com<br />

dificuldade de aprendizagem, principalmente nas relações encontradas <strong>entre</strong><br />

os problemas de escrita e aspectos motores como equilíbrio estático,<br />

lateralidade, noção de corpo, estruturação espacial e planificação motora.<br />

Portanto, a educação psicomotora nas séries iniciais do ensino<br />

fundamental tem ação preventiva, podendo evitar vários problemas como má<br />

concentração, confusão no reconhecimento de palavras, confusão com letras e<br />

sílabas e outras dificuldades relacionadas à alfabetização.<br />

Assim sendo, este estudo tem como objetivo verificar a existência da<br />

<strong>relação</strong> <strong>entre</strong> a psicomotricidade e o nível de escrita dos educandos. Busca<br />

analisar o nível de habilidades psicomotoras, o nível de aprendizagem de<br />

escrita e ainda compreender se o nível da dificuldade de aprendizagem de<br />

escrita dos discentes corresponde ao nível de seu desenvolvimento<br />

psicomotor.<br />

Para se chegar aos resultados, foram aplicados dois testes. O primeiro<br />

refere-se à avaliação e classificação dos níveis psicomotores com referenciais<br />

propostos por Oliveira (2009). Incluem as habilidades de coordenação e


equilíbrio, esquema corporal, lateralidade, orientação espacial, orientação<br />

temporal.<br />

O segundo teste pressupôs avaliar e classificar os níveis de<br />

aprendizagem de escrita. Utilizou-se então, a Avaliação de Dificuldade de<br />

Aprendizagem – ADAPE (SISTO, 2002), na qual consiste no ditado de um texto<br />

denominado “<strong>Uma</strong> tarde no campo”, composto por 114 palavras.<br />

Para verificar a eficiência dos níveis psicomotores, dos níveis da escrita<br />

e se o nível da dificuldade de aprendizagem de escrita dos discentes<br />

corresponde ao nível de seu desenvolvimento psicomotor, foi utilizada a<br />

freqüência relativa (%) dos resultados obtidos por cada aluno.<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

Desde o início das civilizações, o homem se comunica graficamente.<br />

Isso permitiu à escrita um destaque no meio social, tornando-se indispensável<br />

ao ser humano para sua integração ao meio.<br />

“A sociedade exige do indivíduo o domínio da leitura e da escrita, o<br />

saber escrever tem uma dimensão que ultrapassa a sala de aula, é<br />

indispensável para que o indivíduo se integre e se adapte ao meio social.”<br />

(FÁVERO; CALSA, 2003).<br />

A criança utiliza-se da linguagem para expressar seus sentimentos, seus<br />

valores e sua personalidade e o movimento como significado de expressão,<br />

emoção e sentimentos constitui na primeira forma de linguagem que permite à<br />

criança agir e atuar no meio em que vive<br />

Desta forma, psicomotricidade contribui de maneira efetiva para a<br />

formação e para a estruturação global do indivíduo e tem como objetivo<br />

principal incentivar a pratica do movimento em todas as etapas da vida da<br />

criança.<br />

Le Boulch (1988) considera a educação psicomotora uma base para o<br />

aprendizado escolar, pois ela pode promover o desabrochar humano, não só<br />

no desenvolvimento das funções motoras, mas nas relações desta com as<br />

funções mentais.


Para Ajuriaguerra (1988), a escrita é uma atividade que obedece a<br />

exigências precisas de estruturação espacial, pois a criança deve compor<br />

sinais orientados e reunidos de acordo com normas. A sucessão faz destes<br />

sinais palavras e frases, tornando a escrita uma atividade espaço-temporal.<br />

A escrita pressupõe um desenvolvimento motor adequado, através das<br />

habilidades essenciais para o seu desenvolvimento. Assim, a coordenação<br />

motora fina irá auxiliar numa melhor precisão dos traçados, preensão correta<br />

do lápis ou caneta, bom esquema corporal, boa coordenação óculo-manual. “A<br />

escrita é um ato motor que mobiliza diferentes segmentos do corpo”<br />

(OLIVEIRA, 2002, p. 114).<br />

Além de possuir relevância nos aspectos motores, afetivos e sociais, a<br />

psicomotricidade também é significante no âmbito cognitivo, como na<br />

aprendizagem da escrita.<br />

Haetinger (2005) afirma que a psicomotricidade é uma área de estudo<br />

multidisciplinar, pois estuda o movimento humano relacionado ao ambiente, à<br />

cognição, à emoção e às significações, no qual cada movimento está<br />

associado ao seu contexto.<br />

Segundo Negrine (1980), os exercícios psicomotores devem estar<br />

contidos nas aprendizagens escolares básicas e o seu processo evolutivo é<br />

significante para a aprendizagem da escrita.<br />

Estudos realizados por Furtado (1998) e Oliveira (1992) consolidam a<br />

importância da psicomotricidade nas aprendizagens escolares e destacam a<br />

necessidade de promover atividades motoras desde o ensino infantil, focando o<br />

fortalecimento e a consolidação das funções psicomotoras, imprescindíveis<br />

para o êxito na aprendizagem da escrita.<br />

Fávero e Calsa (2003), afirmam que a prática das atividades<br />

psicomotoras promove o movimento consciente, auxiliando a criança na<br />

interação com o mundo através da ação, utilizando-se dos movimentos e<br />

gestos, contribuindo para o desenvolvimento global e as aprendizagens.<br />

Furtado (1998), concluiu em seu estudo sobre as relações <strong>entre</strong> o<br />

desempenho psicomotor e aprendizagem da leitura e escrita, que ao provocar<br />

o aumento do potencial psicomotor da criança, proporcionam-se também<br />

condições favoráveis às aprendizagens escolares.


A aquisição da escrita começa quando a criança tem suficiente domínio<br />

motor para segurar o lápis, coordenar <strong>relação</strong> viso-motora <strong>entre</strong> o lápis, o papel<br />

e as linhas e controlar as relações de força e velocidade. Ou seja, a escrita é<br />

também um aprendizado motor. “A percepção espacial e a representação<br />

mental necessárias à escrita e leitura estão associadas à psicomotricidade”.<br />

(HAETINGER, 2005, p. 118)<br />

Sendo assim, o desenvolvimento psicomotor deve ser proporcionado<br />

pelas instituições de ensino desde a educação pré-escolar, favorecendo ao<br />

educando outros meios para o processo de ensino e aprendizagem, como na<br />

aquisição da escrita.<br />

Para Ajuriaguerra (1988), a escrita é resultado de um desenvolvimento<br />

psicomotor extremamente complexo, no qual contribui diversos fatores como a<br />

maturação do sistema nervoso, sustentado pelos exercícios motores; o<br />

desenvolvimento psicomotor na sua generalidade, principalmente ao sustento<br />

tônico e à coordenação dos movimentos; o desenvolvimento das atividades<br />

finas dos dedos e da mão, pois os exercícios de manipulação e de habilidade<br />

digital fina contribuem para o crescimento da escrita.<br />

Oliveira (1996), Fávero e Calsa (2003, Fávero (2004) têm mostrado que<br />

muitas das dificuldades de escrita são derivadas de disfunção psicomotora, já<br />

que a escrita pressupõe um desenvolvimento adequado dessa área, pois<br />

certas habilidades motoras são essenciais para a aprendizagem da linguagem<br />

escrita, como a coordenação fina, o esquema corporal, a lateralização, a<br />

discriminação auditiva e visual e a organização espaço-temporal. Os alunos<br />

que apresentaram dificuldades de aprendizagem de escrita possuíam também<br />

problemas de coordenação, equilíbrio, e orientação espaço-temporal.<br />

(FÁVERO, 2004).<br />

Pesquisas realizadas por Cunha (1990) confirmam que crianças com<br />

bom nível de desenvolvimento psicomotor, são as mesmas que apresentam<br />

resultados significantes na aprendizagem da escrita.<br />

Outro estudo relacionado é o de Oliveira (1992), no qual crianças com<br />

dificuldades de aprendizagem, após serem submetidas a um trabalho de<br />

reeducação psicomotora, apresentaram melhorias no desempenho escolar.<br />

Estes resultados assemelham-se aos obtidos por Cunha, 1990; Oliveira,<br />

1992; Furtado, 1998, de acordo com os quais, a aprendizagem da escrita é


especialmente, um processo de <strong>relação</strong> perceptivo-motora, pois os sinais<br />

gráficos devem ser transcritos para o papel de forma organizada, seguindo<br />

tempo e espaço.<br />

Pode-se concluir, portanto, que as contribuições da psicomotricidade na<br />

aquisição da pré-escrita estão relacionadas com o domínio do gesto,<br />

estruturação espacial e orientação temporal que são os três fundamentos<br />

básicos da escrita, os quais supõem: uma direção gráfica (escrevemos<br />

horizontalmente da esquerda para a direita; noções de em cima e embaixo (n e<br />

u) de esquerda e direita e de oblíquas e curvas (g); noção de antes e depois,<br />

sem o que a criança não inicia seu gesto no local certo.<br />

Exercícios de pré-escrita e de grafismo são necessários para a<br />

aprendizagem das letras e dos números, sua finalidade é fazer com que a<br />

criança atinja o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e a<br />

compreensão da imagem a reproduzir. Esses exercícios são desenvolvidos<br />

através de atividades puramente motoras ou de grafismo (exercícios<br />

preparatórios para a escrita na lousa ou no papel).<br />

Em síntese, pode-se observar que a psicomotricidade tem relevante<br />

função na aprendizagem da escrita e que os dados obtidos em estudos,<br />

confirmaram que as dificuldades de escrita podem estar relacionadas ao baixo<br />

desenvolvimento psicomotor.<br />

Metodologia<br />

A pesquisa classifica-se como uma Pesquisa Experimental que se<br />

caracteriza por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto<br />

de estudo. (CERVO; BERVIAN, 2004, p.68).<br />

Foi realizada no Centro Educacional Unificado “Profª. Harume Kubota da<br />

Silva”, situado na Avenida Regina Célia Bittencourt, nº. 80, na cidade de<br />

Penápolis – SP.<br />

A população alvo foi composta por alunos dos 4º anos do ensino<br />

fundamental. A amostra escolhida por sorteio foi de 20 sujeitos de ambos os<br />

gêneros, com idade <strong>entre</strong> 8 a 10 anos, moradores da zona urbana. Equivaleu a<br />

30% do total de alunos.


O objetivo da pesquisa foi verificar a existência da <strong>relação</strong> <strong>entre</strong> a<br />

psicomotricidade e o nível de escrita dos educando. Sendo assim, buscou-se<br />

compreender se o nível da dificuldade de aprendizagem de escrita dos<br />

discentes corresponde ao nível de seu desenvolvimento psicomotor.<br />

No primeiro momento foi realizada uma reunião <strong>entre</strong> os pesquisadores<br />

e a direção da instituição para conseguir a autorização da pesquisa na escola.<br />

Posteriormente foi feita uma reunião com os pais e alunos dos 4º anos<br />

escolhidos para o estudo, com a finalidade de esclarecer os procedimentos da<br />

pesquisa e explicar o consentimento livre e esclarecido. Após todas as<br />

explicações, foram assinados os referidos termos.<br />

Os testes foram aplicados durante 11 dias do mês de agosto, no período<br />

da manhã, durante o horário de aula.<br />

Foi planejada para o estudo a aplicação de dois tipos de testes. O<br />

primeiro refere-se à avaliação e classificação dos níveis psicomotores com<br />

referenciais propostos por Oliveira (2009). Incluem as habilidades de<br />

coordenação e equilíbrio, esquema corporal, lateralidade, orientação espacial,<br />

orientação temporal. As classificações gerais dos testes estabeleceram o perfil<br />

do desenvolvimento motor, tendo como base o desenvolvimento do esquema<br />

corporal proposto por Le Boulch (1992).<br />

Para as avaliações do nível de habilidades psicomotoras foram utilizadas<br />

tabelas propostas por Oliveira (2009) nas quais foram colocadas as pontuações<br />

atribuídas aos alunos, conforme o nível alcançado em cada um dos itens<br />

observados. Portanto, estes testes foram aplicados no pátio da escola, por<br />

oferecer condições ideais para os mesmos.<br />

Para a habilidade coordenação e equilíbrio, foram observados<br />

problemas morfológicos ou má estrutura física; desenvoltura no andar;<br />

presença de sincinesias; coordenação dos movimentos corporais; postura ao<br />

sentar; independência dos membros; tensão ou rigidez muscular; manuseio de<br />

lápis e tesoura; imobilidade ou balanceio do corpo e rapidez ou lentidão ao<br />

executar os movimentos.<br />

Já para analisar o esquema corporal, foram analisados qualidade dos<br />

desenhos; orientação espacial no papel; semelhança com o real; traçados;<br />

capacidade de relaxar, conforme instrução; diferenças <strong>entre</strong> um lado e outro;


conhecimento de partes do corpo; inversão de direita e esquerda; capacidade<br />

de controle das extremidades superiores;<br />

Para a habilidade de lateralidade, foram observados aspectos como<br />

preensão do movimento; rapidez; distinção <strong>entre</strong> direita e esquerda;<br />

deformações dos movimentos; inversão de direita e esquerda; conhecimento<br />

de dois lados do corpo.<br />

Na estruturação espacial foram analisados itens como posição e<br />

adaptação no espaço; orientação espacial no papel; memorização<br />

visuoespacial; números de elementos de uma figura; horizontalidade;<br />

distanciamento ou os ângulos; <strong>relação</strong> das alturas dos elementos <strong>entre</strong> si.<br />

Por fim, para analisar a habilidade organização e estruturação temporal,<br />

foram considerados aspectos como conhecimento dos termos temporais;<br />

noção da passagem do tempo; noção de antes e depois; noção de velocidade;<br />

domínio de ritmo; ritmo espontâneo; conceitos de tempo.<br />

O segundo teste pressupôs avaliar e classificar os níveis de<br />

aprendizagem de escrita. Utilizou-se então, a Avaliação de Dificuldade de<br />

Aprendizagem – ADAPE (SISTO, 2002), na qual consiste no ditado de um texto<br />

denominado “<strong>Uma</strong> tarde no campo”, composto por 114 palavras, sendo que 60<br />

delas apresentam algum tipo de dificuldade como encontro consonantal,<br />

dígrafo, sílaba composta e silaba complexa, e 54, não.<br />

Para a realização deste teste, utilizou-se uma sala de aula e cada<br />

educando recebeu uma folha de papel almaço, lápis e borracha. Em seguida,<br />

os educandos transcreveram o texto ditado pelos pesquisadores.<br />

O resultado do teste foi transposto para uma escala da avaliação da<br />

dificuldade de aprendizagem na escrita. A escala permitiu que os sujeitos<br />

fossem classificados em: sem indícios de dificuldade de aprendizagem (DA),<br />

dificuldade de aprendizagem leve (DA leve), dificuldade de aprendizagem<br />

moderada (DA moderada), dificuldade de aprendizagem acentuada (DA<br />

acentuada). Assim, cada palavra foi considerada um item ou unidade de<br />

medida.<br />

Para verificar a eficiência dos níveis psicomotores, a eficiência dos<br />

níveis da escrita e analisar se o nível da dificuldade de aprendizagem de<br />

escrita dos discentes corresponde ao nível de seu desenvolvimento psicomotor<br />

foi utilizada a freqüência relativa (%) dos resultados obtidos por cada aluno.


Resultados<br />

Foram analisadas habilidades psicomotoras de coordenação e equilíbrio,<br />

esquema corporal, lateralidade, orientação espacial e orientação temporal,<br />

alem dos níveis de dificuldade de aprendizagem.<br />

Foram observadas 20 crianças de ambos os gêneros as quais passaram<br />

por testes psicomotores com referenciais propostos por Oliveira (2009) e teste<br />

de Avaliação de Dificuldade de Aprendizagem – ADAPE (SISTO, 2002).<br />

Pretende-se identificar os níveis das habilidades psicomotoras, o nível de<br />

dificuldade de aprendizagem de escrita e compreender se o nível da dificuldade<br />

de aprendizagem de escrita dos discentes corresponde ao nível de seu<br />

desenvolvimento psicomotor.<br />

A tabela 1 apresenta a classificação dos níveis de habilidades<br />

psicomotoras investigadas. Dos 20 alunos analisados, dentro da habilidade de<br />

coordenação e equilíbrio, 2 se encontram no nível IB; 4 no nível II; 7 no IIA e 7<br />

no IIB, indicando que 6 alunos encontram-se abaixo do nível esperado. Na<br />

habilidade de esquema corporal 1 no nível IB, 5 no IIA e 14 no IIB, indicando<br />

que 1 aluno encontra-se abaixo do nível esperado. Na lateralidade, 4 no nível<br />

IB, 3 no nível II, 12 no IIA e 1 no IIB, indicando que 7 alunos encontram-se<br />

abaixo do nível esperado. Orientação espacial 3 no nível IIA e 17 no IIB, onde<br />

nenhum aluno apresenta nível abaixo do esperado. Na orientação temporal 1<br />

no nível IB, 12 no IIA e 7 no IIB, indicando 1 aluno abaixo do nível esperado.<br />

Tabela 1 – Classificação dos níveis das habilidades psicomotoras<br />

alcançadas pelos alunos<br />

Habilidades/Estágios I IA IB II IIA IIB III<br />

Coordenação e Equilíbrio 2 4 7 7<br />

Esquema Corporal 1 5 14<br />

Lateralidade 4 3 12 1<br />

Orientação espacial 3 17<br />

Orientação temporal 1 12 7<br />

Legenda: I=imagem de corpo vivido; IA=reorganização do corpo vivido; IB=indícios de<br />

presença de imagem de corpo percebido; II=imagem de corpo percebido; IIA=reorganização do<br />

corpo percebido; IIB= indícios de presença de corpo representado; III= imagem de corpo<br />

representado.


A tabela 2 apresenta a classificação do nível de dificuldade de<br />

aprendizado de escrita. Dos 20 alunos analisados 2 apresentaram até 10 erros<br />

o que indica não apresentarem indícios de dificuldade de aprendizagem. Do<br />

total, 5 alunos apresentaram de 11 a 19 erros indicando DA leve, 12 tiveram de<br />

20 a 49 erros indicando DA moderada e apenas 1 aluno teve mais que 50 erros<br />

apresentado DA acentuada.<br />

Tabela 2 – Classificação do nível de dificuldade de aprendizado alcançado<br />

pelos alunos<br />

Nº de acertos Classificação Nº de Alunos<br />

Até 10 acertos DA 2<br />

11 – 19 acertos DA leve 5<br />

20 – 49 acertos Da moderada 12<br />

50 ou mais Da acentuada 1<br />

Legenda: DA= Sem indício de dificuldade; DA leve= Dificuldade Aprendizado leve; DA<br />

moderada= Dificuldade de Aprendizado moderada; DA acentuada= Dificuldade de Aprendizado<br />

acentuada.<br />

Trabalhando com os dados acima, pode-se verificar que das 20 crianças<br />

analisadas apenas 2 não apresentaram dificuldade de aprendizagem da escrita<br />

e se encontraram dentro do nível esperado no teste de habilidades<br />

psicomotoras. Das que apresentaram DA leve 2 não apresentaram alteração<br />

no nível psicomotor, 1 apresentou dificuldade na habilidade de lateralidade, 1<br />

dificuldade de coordenação e equilíbrio e 1 apresentou dificuldade na<br />

coordenação e equilíbrio e na lateralidade. Das crianças que apresentaram DA<br />

moderada, 7 estavam dentro dos níveis esperados nos testes psicomotores, 1<br />

apresentou dificuldade na coordenação e equilíbrio, 1 na lateralidade, 2 na<br />

coordenação e equilíbrio e lateralidade, 1 na lateralidade e no esquema<br />

corporal. Apenas uma criança apresentou DA acentuada e dificuldades na<br />

coordenação e equilíbrio, lateralidade e orientação espacial.<br />

Portanto com as análises dos dados pode-se concluir que das 20<br />

crianças que freqüentam os 4º anos do ensino fundamental apenas 10%<br />

apresentaram DA e estão nos níveis esperados das habilidades psicomotoras.<br />

Destes alunos 25% apresenta DA leve, porém 10% estão nos níveis esperados<br />

nas habilidades psicomotoras e 15% não. Na DA moderada estão presentes


60% das crianças, sendo que 35% estão dentro dos níveis esperados e 25%<br />

estão abaixo. No DA acentuado encontra-se apenas 5% da amostra, porém<br />

apresentam o nível mais baixo de habilidades psicomotoras, apresentando<br />

dificuldades em três das cinco habilidades testadas.<br />

CONCLUSÕES<br />

Analisando-se os dados coletados pode-se concluir que dos alunos que<br />

freqüentam o 4º ano do ensino fundamental apenas duas crianças não<br />

apresentam dificuldade de aprendizagem da escrita e estão no nível esperado<br />

de habilidades psicomotoras. Apesar de algumas crianças que apresentaram<br />

dificuldades na escrita estarem nos níveis psicomotores esperados, a maioria<br />

apresenta pelo menos uma habilidade psicomotora abaixo do nível ideal.<br />

Estes dados levam a concordar com a literatura que observa relações<br />

existentes <strong>entre</strong> o desenvolvimento psicomotor e a aprendizagem da escrita e<br />

demonstra a importância de atividades que desenvolvam o potencial<br />

psicomotor da criança para a ampliação das condições básicas de<br />

aprendizagem escolar.<br />

Portanto este trabalho leva a uma reflexão sobre a educação<br />

psicomotora nas séries iniciais do ensino fundamental, tendo como ponto de<br />

partida a psicomotricidade como uma ação preventiva que venha evitar<br />

problemas como a desconcentração, confusão no reconhecimento de palavras,<br />

confusão com letras e sílabas e outras dificuldades relacionadas à<br />

alfabetização.<br />

Le Boulch (1988) considera a motricidade um fator relevante para o<br />

desenvolvimento mental, portanto a psicomotricidade pode ajudar o aluno a<br />

alcançar um desenvolvimento mais integral o que o preparará para uma<br />

aprendizagem mais satisfatória.<br />

Embora a psicomotricidade não seja o principal fator das dificuldades da<br />

alfabetização, este trabalho pode mostrar que crianças com maior nível de<br />

desenvolvimento psicomotor possuem resultados significativos na aquisição da<br />

escrita.<br />

É importante lembrar aos professores, que a psicomotricidade ajuda no<br />

movimento consciente e que a escrita conjectura um desenvolvimento motor


adequado, portanto certas habilidades motoras como a coordenação fina, o<br />

esquema corporal, a lateralização, a discriminação auditiva e visual e a<br />

organização espaço-temporal são essenciais para a aprendizagem da escrita.<br />

Ainda faltam pesquisas que relacionem as habilidades psicomotoras<br />

com o objetivo da aprendizagem escolar. Algumas dúvidas ainda ficam sem<br />

resposta. Porque será que alguns alunos não atingem o grau esperado nas<br />

habilidades psicomotoras? As habilidades psicomotoras interferem na<br />

aprendizagem geral do aluno?<br />

Muitos aspectos desta pesquisa merecem maior reflexão, porém os<br />

resultados obtidos e os novos questionamentos contribuirão para futuros<br />

estudos referentes à função da psicomotricidade no ambiente escolar e sua<br />

conseqüente <strong>relação</strong> com a aprendizagem da escrita.


ABSTRACT<br />

This work had the intention to verify the relationship between the<br />

psicomotricidade and the level of writing 20 students from 8-10 years belonging<br />

to 4 years of CEU Profª Harume Kubota da Silva, Penápolis – SP. Students<br />

were asked to launch coordination skills tests and balance the body, laterality<br />

scheme, spatial and temporal orientation. For skill level assessments were used<br />

tables psicomotoras proposed by Oliveira (2009). The second test meant<br />

assessing and sort write learning levels. Were then learning difficulty<br />

assessment – ADAPE (SISTO, 2002). To verify the efficiency of psychomotor<br />

levels and levels of writing, relative frequency was used (%) of the results<br />

obtained by each student.<br />

Key Words: physical education; Psicomotricidade; written


REFERÊNCIAS<br />

AJURIAGUERRA. J. A Escrita Infantil – Evolução e Dificuldades. Porto Alegre:<br />

Artes, 1988. p. 301.<br />

ASSUNÇÃO, Elisabete J.; COELHO, Maria Teresa. Problema de<br />

aprendizagem. 12. ed. São Paulo: Ática, 2006. p. 232.<br />

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia cientifica. 5. ed. São Paulo:<br />

Prentice Hall, 2004.<br />

CUNHA, M.F.C. Desenvolvimento psicomotor e cognitivo: influência na<br />

alfabetização de criança de baixa renda. 1990. 250 f. Tese (Doutorado) –<br />

Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1990.<br />

FÁVERO, M. T. M. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem da<br />

escrita. Maringá, 21 e 22 out. 2004. Disponível em:<br />

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Autores:<br />

Claudioni Aparecido Colevati - Graduando em Educação Física pela<br />

<strong>Unisalesiano</strong> - Lins<br />

dioni.colt@hotmail.com – fone: (18) 3652-3023<br />

Ednaldo Donizete Pinho - Graduando em Educação Física pela <strong>Unisalesiano</strong> -<br />

Lins<br />

ednaldopinhobombeiro@hotmail.com - fone: (16) 8829-0355 (16) 3403-5204<br />

Eduardo Manzano Sorroche – Graduando em Educação Física pela<br />

<strong>Unisalesiano</strong> – Lins<br />

dudumanzano10@hotmail.com – fone: (18) 3652-5760<br />

Orientadora:<br />

Profª M.Sc Maria de Fatima Paschoal Soler – Mestre em Educação Física pela<br />

UNIMEP-Piracicaba<br />

mfafau@yahoo.com.br - fone: (18) 3653-2377

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