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aproveitamento dos resíduos de couros curtidos com - Unisalesiano

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APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DE COUROS CURTIDOS COM<br />

CROMO: RESÍDUOS DA REBAIXADEIRA<br />

HENRIQUE PESSIN VAZ<br />

LEANDRO APARECIDO BADARÓ FERREIRA DA SILVA<br />

MARCOS LEANDRO MARTINS<br />

OLAYR MODESTO JUNIOR<br />

LINS – SP<br />

2009


APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DE COUROS CURTIDOS COM<br />

CROMO: RESÍDUOS DA REBAIXADEIRA<br />

RESUMO<br />

O trabalho <strong>de</strong>senvolvido discute os problemas ambientais gera<strong>dos</strong> pelos <strong>resíduos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>couros</strong> curti<strong>dos</strong> <strong>com</strong> cromo, gera<strong>dos</strong> por um <strong>dos</strong> equipamentos <strong>com</strong>uns das linhas<br />

<strong>de</strong> produção <strong>dos</strong> curtumes, a rebaixa<strong>de</strong>ira. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi o <strong>de</strong><br />

apresentar e discutir as diferentes propostas para dispor ou utilizar esses <strong>resíduos</strong>,<br />

visando minimizar os impactos ambientais, bem <strong>com</strong>o, <strong>de</strong>senvolver opções voltadas<br />

ao <strong>aproveitamento</strong>, analisando a maneira mais a<strong>de</strong>quada para o seu <strong>de</strong>stino. Foram<br />

encontradas várias maneiras <strong>de</strong> se <strong>de</strong>stinar as aparas do couro, on<strong>de</strong> elas se<br />

tornam matérias–prima para processos <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> novos produtos, tais <strong>com</strong>o<br />

re-couro, tijolo a frio e muitos outros, para to<strong>dos</strong> eles tem-se mais vantagens do que<br />

<strong>de</strong>svantagens, já que a <strong>de</strong>stinação atual <strong>dos</strong> <strong>resíduos</strong> são os aterros sanitários. Um<br />

<strong>dos</strong> meios mais a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> para este tipo <strong>de</strong> resíduo é a incineração e póstratamento<br />

do mesmo, pois recupera o cromo sem agredir o meio ambiente.<br />

Palavras-chave: Química ambiental. Resíduos sóli<strong>dos</strong>. Cromo. Disposição<br />

a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> <strong>resíduos</strong>.


INTRODUÇÂO<br />

Nos dias atuais é relevante a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estabelecer condições<br />

sustentáveis aos processos industriais, tendo em vista que toda indústria contribui<br />

significativamente para o agravamento <strong>dos</strong> problemas ambientais. Neste trabalho se<br />

dá <strong>de</strong>staque à indústria coureira por causa da geração <strong>de</strong> <strong>resíduos</strong> sóli<strong>dos</strong> contendo<br />

um <strong>dos</strong> metais mais tóxicos existentes o cromo, pois in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do estado<br />

<strong>de</strong> oxidação que estiver no material <strong>de</strong>scartado po<strong>de</strong> ser convertido a cromo (VI) em<br />

reações ambientais espontâneas.<br />

O fato <strong>de</strong> se usar produtos químicos <strong>com</strong> alto índice <strong>de</strong> periculosida<strong>de</strong> no<br />

processo <strong>de</strong> industrialização <strong>de</strong> <strong>couros</strong>, sem um planejamento <strong>de</strong> <strong>com</strong>o tratar ou<br />

dispensar a<strong>de</strong>quadamente seus <strong>resíduos</strong>, trouxe uma visão negativa do setor, a <strong>de</strong><br />

que ele é um <strong>dos</strong> maiores responsáveis pela geração <strong>de</strong> <strong>resíduos</strong> nocivos ao meio<br />

em que vivemos.<br />

Os órgãos fiscalizadores da poluição ambiental e as organizações vinculadas<br />

ao setor estão trabalhando, embora separa<strong>dos</strong>, <strong>de</strong> forma semelhante, para que os<br />

<strong>resíduos</strong> gera<strong>dos</strong> por este seguimento recebam o tratamento mais a<strong>de</strong>quado<br />

possível, procurando encontrar soluções a<strong>de</strong>quadas para este problema.<br />

O presente trabalho, <strong>de</strong>senvolvido em bases bibliográficas, teve <strong>com</strong>o<br />

objetivo discutir as diferentes alternativas, em fase <strong>de</strong> pesquisa ou implantação <strong>de</strong><br />

plantas piloto, que po<strong>de</strong>m ser utilizadas para <strong>de</strong>stinar a<strong>de</strong>quadamente os <strong>resíduos</strong><br />

sóli<strong>dos</strong> gera<strong>dos</strong> por um <strong>dos</strong> equipamentos <strong>com</strong>uns das linhas <strong>de</strong> produção <strong>dos</strong><br />

curtumes, a rebaixa<strong>de</strong>ira, <strong>resíduos</strong> estes forma<strong>dos</strong> por fragmentos <strong>de</strong> couro curtido<br />

ao cromo.<br />

No primeiro capítulo apresenta-se um breve histórico da evolução do<br />

processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> peles e <strong>couros</strong>, bem <strong>com</strong>o, um resumo <strong>de</strong> cada uma das<br />

etapas envolvidas no processo produtivo mo<strong>de</strong>rno do couro, para <strong>de</strong>monstrar em<br />

que momentos esse tipo <strong>de</strong> indústria gera <strong>resíduos</strong>, enfatizando os <strong>resíduos</strong><br />

gera<strong>dos</strong> pela rebaixa<strong>de</strong>ira, objeto <strong>de</strong>ste trabalho. No segundo capítulo abordam-se<br />

aspectos da importância mundial do couro, e no capítulo final discutem-se as<br />

alternativas já encontradas quer seja para <strong>de</strong>scartar a<strong>de</strong>quadamente os <strong>resíduos</strong> <strong>de</strong><br />

couro curtido, quer seja para aproveitá-lo <strong>com</strong>o matéria-prima em outros produtos ou


ainda para recuperar o cromo na produção <strong>de</strong> Na2CrO4 que po<strong>de</strong> ser utilizado<br />

novamente nos processos <strong>de</strong> curtimento.<br />

1.1 O processo <strong>de</strong> industrialização do couro<br />

O Brasil é responsável direto pela produção <strong>de</strong> couro mundialmente falando,<br />

este possui a quinta posição no nível <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> peles, sendo superado<br />

apenas por paises <strong>com</strong>o Argentina, Índia, Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> e Rússia (PACHECO,<br />

2005).<br />

A industrialização <strong>de</strong> <strong>couros</strong> se concentra em regiões on<strong>de</strong> há um maior<br />

número <strong>de</strong> rebanhos e frigoríficos. Esta<strong>dos</strong> <strong>com</strong>o o <strong>de</strong> São Paulo e Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul são responsáveis por gran<strong>de</strong> parte da produção <strong>de</strong> <strong>couros</strong> do país, só que nos<br />

últimos anos o estado <strong>de</strong> São Paulo vem per<strong>de</strong>ndo seu potencial no mercado,<br />

<strong>de</strong>vido à diminuição significativa do seu rebanho (PACHECO, 2005).<br />

A principal importância <strong>de</strong>ste setor é o fato <strong>de</strong> que este gera um aumento no<br />

lucro líquido do país <strong>com</strong> a <strong>com</strong>ercialização <strong>de</strong> produtos diretos e indiretos,<br />

alavancando o PIB. Esta importância passou a ser significante na década <strong>de</strong> 90. No<br />

ano <strong>de</strong> 2.004, o país foi o responsável pela produção <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 35 milhões <strong>de</strong><br />

couro, on<strong>de</strong> 75 % <strong>de</strong>sse valor foram <strong>de</strong>stina<strong>dos</strong> à exportação para países <strong>com</strong>o<br />

Itália, Hong Kong, China e Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> (PACHECO, 2005).<br />

Devido ao gran<strong>de</strong> potencial <strong>com</strong>petitivo que este setor impõe, é necessário<br />

que se tenha um produto final <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, por esse motivo, tem-se a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar um bom processo <strong>de</strong> industrialização, que se inicia <strong>com</strong> o<br />

abate do animal, esten<strong>de</strong>ndo até o tratamento <strong>dos</strong> <strong>resíduos</strong> gera<strong>dos</strong>. Para uma<br />

melhor <strong>com</strong>preensão, <strong>de</strong>screvemos abaixo um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> reduzido da produção <strong>de</strong><br />

<strong>couros</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o abate até o couro acabado, e seus <strong>resíduos</strong> gera<strong>dos</strong> (CARDOSO,<br />

2008).<br />

1.1 Abate e esfola


Os objetivos do abate e esfola, que é realizada ainda no frigorífico ou<br />

matadouro, não se resume apenas à matança do animal, mas sim a forma <strong>com</strong>o ele<br />

é abatido, e principalmente <strong>com</strong>o é feito o processo <strong>de</strong> retirada da pele do mesmo.<br />

Essa pele, que recebe o nome <strong>de</strong> couro ou pele ver<strong>de</strong>, possui<br />

aproximadamente cerca <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> água, que após um tempo médio <strong>de</strong> 3 a 4 horas<br />

<strong>com</strong>eça a sofrer ataques <strong>de</strong> bactérias, po<strong>de</strong>ndo dar inicio em a sua <strong>de</strong><strong>com</strong>posição.<br />

Após a esfola é indispensável atribuir um cuidado todo especial <strong>com</strong> as peles,<br />

<strong>com</strong>o a retirada <strong>de</strong> toda e qualquer impureza que possa estar a<strong>de</strong>rida a superfície<br />

da pele, diminuindo o ataque das bactérias. A aplicação <strong>de</strong> agentes bactericidas nas<br />

peles ver<strong>de</strong>s tem <strong>com</strong>o objetivo a sua preservação, que tem efeito <strong>de</strong><br />

aproximadamente 48 a 72 horas (MOREIRA, 2003).<br />

1.2 Pré-remolho<br />

Na etapa <strong>de</strong> pré-remolho, as peles são carregadas manualmente e <strong>com</strong><br />

auxilio do transmatick, separando por peso, pequenos (abaixo <strong>de</strong> 25 kg), médios<br />

(25-35 kg) e gran<strong>de</strong>s (acima <strong>de</strong> 35 kg). Trabalhando <strong>com</strong> fulões em rotação<br />

baixa, em torno <strong>de</strong> 3rpm, programa<strong>dos</strong> automaticamente por um temporizador<br />

(PACHECO, 2005).<br />

1.3 Remolho<br />

O processo <strong>de</strong> remolho tem por finalida<strong>de</strong> hidratar as peles que sofreram<br />

conservação por salga, e/ou limpar a superfície <strong>de</strong>stas no que se refere a sangue<br />

e gordura. Esse processo também condiciona o pH para o processo seguinte.<br />

O principal resíduo gerado nessa etapa consiste basicamente em um<br />

resíduo liquido, <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água usada nesse processo e na<br />

lavagem que antece<strong>de</strong> formado a partir da mistura entre a água e alguns<br />

produtos empregos nessa etapa, <strong>com</strong>o: bactericidas, sais, tensoativos e enzimas<br />

(FIGUEIREDO, 2000).


1.4 Pré-<strong>de</strong>scarne<br />

Esta etapa <strong>de</strong> pré-<strong>de</strong>scarne que se processa após o remolho tem por<br />

finalida<strong>de</strong> fazer a remoção <strong>de</strong> gorduras não caleadas (cebo). Que por sinal se<br />

converte em matéria-prima utilizada por indústrias <strong>de</strong> cosméticos, sabão e<br />

atualmente na produção <strong>de</strong> biodiesel, além <strong>de</strong> evitar gastos excessivos <strong>de</strong><br />

produtos químicos na etapa seguinte.<br />

O principal resíduo gerado nessa etapa é constituído <strong>de</strong> matéria orgânica,<br />

<strong>de</strong>nominada carnaça e cebo (HOINACKI, 1994).<br />

1.5 Depilação<br />

O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pilação ou caleiro tem por finalida<strong>de</strong> remover o pêlo e<br />

todo o sistema epidérmico pela a ação da cal e do sulfeto <strong>de</strong> sódio e também<br />

preparar a pele para as operações mecânicas seguintes. Este processo é<br />

responsável por 85% da carga poluidora <strong>dos</strong> efluentes.<br />

Também são gera<strong>dos</strong> <strong>resíduos</strong> sóli<strong>dos</strong>, causa<strong>dos</strong> pela <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> pêlos<br />

e gorduras retira<strong>dos</strong> da pele (AMARAL, 2003).<br />

1.6 Descarne<br />

O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarne se resume basicamente em uma etapa mecânica,<br />

que tem por objetivo remover os materiais a<strong>de</strong>ri<strong>dos</strong> à pele, <strong>com</strong>o gordura e<br />

carnais, facilitando a penetração <strong>dos</strong> produtos químicos aplica<strong>dos</strong> nas próximas<br />

etapas.<br />

Neste processo temos <strong>com</strong>o resíduo sólido, a carnaça, que se <strong>com</strong>põe em<br />

mais ou menos 50% do colágeno (HOINACKI, 1994).<br />

1.7 Divisão


A divisão é uma operação cuja finalida<strong>de</strong> é dividir a pele em duas camadas<br />

paralelas, <strong>de</strong>nominando a camada superior em flor e a camada inferior em raspa.<br />

O principal resíduo gerado nessa etapa é <strong>de</strong>nominado em aparas caleadas<br />

(gelatina), que tem por <strong>de</strong>stino principal a utilização nas indústrias alimentícias e<br />

na fabricação <strong>de</strong> produtos farmacêuticos e cosméticos (MOREIRA, 2003).<br />

1.8 Desencalagem<br />

O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencalagem ou <strong>de</strong>scalcinação, tem por objetivo a<br />

remoção da cal, e outros produtos químicos alcalinos emprega<strong>dos</strong> à pele em<br />

etapas anteriores<br />

O principal resíduo gerado nesta etapa consiste na liberação <strong>de</strong> gases<br />

sulfídricos na atmosfera, constituído pela ação da amônia e do bissulfito <strong>de</strong> sódio<br />

emprega<strong>dos</strong> neste processo (HOINACKI, 1994).<br />

1.9 Curtimento<br />

O curtimento consiste em transformar as peles em couro, ou seja, em<br />

material imputrescível, dando a estes futuras origens a diversas finalida<strong>de</strong>s <strong>com</strong>o<br />

calça<strong>dos</strong>, estofamentos, artefatos, artigos <strong>de</strong> segurança e até vestuários. Através<br />

do curtimento as peles passam a ter maior resistência ás bactérias e ao calor.<br />

Atualmente são utiliza<strong>dos</strong> dois processos <strong>de</strong> curtimento <strong>de</strong> peles,<br />

curtimento mineral e curtimento vegetal.<br />

1.10 Classificação<br />

Após o <strong>de</strong>scanso, os <strong>couros</strong> passam pela etapa <strong>de</strong> classificação, que tem<br />

por objetivo classificar os <strong>couros</strong>, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o padrão e exigências da<br />

empresa, a fim <strong>de</strong> obter um produto final <strong>com</strong> baixo índice <strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong>s<br />

<strong>com</strong>o: manchas, riscos, carrapatos, bernes e furos (MOREIRA, 2003).


1.11 Rebaixamento<br />

A etapa <strong>de</strong> rebaixamento que também se baseia em uma operação<br />

mecânica, tem por objetivo fazer a retirada da parte inferior do couro, dando a<br />

este uma espessura uniforme e <strong>de</strong>sejada, já que os <strong>couros</strong> após a etapa <strong>de</strong><br />

curtimento apresentam uma espessura relativamente alta ente 0.10 e 0,20 mm.<br />

Os <strong>resíduos</strong> gera<strong>dos</strong> nesta etapa são conheci<strong>dos</strong> <strong>com</strong>o aparas curtidas e<br />

raspas azuis (pó <strong>de</strong> rebaixa<strong>de</strong>ira). Atualmente estes <strong>resíduos</strong> são <strong>de</strong>stinadas a<br />

aterros sanitários, <strong>de</strong>vido ao gran<strong>de</strong> risco ambiental que estes apresentam se<br />

dispersando ao solo (PACHECO, 2005).<br />

1.12 Recurtimento<br />

O recurtimento é a etapa em que se promove ao couro curtido a aplicação<br />

<strong>de</strong> produtos químicos.<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>stas etapas, são gera<strong>dos</strong> apenas <strong>resíduos</strong> líqui<strong>dos</strong>, <strong>de</strong>vido<br />

ao gran<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> água e produtos químicos emprega<strong>dos</strong> nestes processos<br />

(FIGUEIREDO, 2000).<br />

1.13 Pré-acabamento<br />

O pré-acabamento consiste em uma seqüência <strong>de</strong> etapas mecanizadas,<br />

<strong>com</strong>o: estiragem, secagem, condicionamento, secagem final estirada, lixamento e<br />

<strong>de</strong>sempoar, que preparam o couro para a etapa <strong>de</strong> acabamento.<br />

Resíduos gera<strong>dos</strong>: líqui<strong>dos</strong> e sóli<strong>dos</strong>. Os líqui<strong>dos</strong> são provenientes <strong>de</strong> águas<br />

usadas no processo, já os sóli<strong>dos</strong> são originários <strong>dos</strong> recortes <strong>de</strong> aparas semi-<br />

acadas e do pó do lixamento (HAINACKI, 1994).<br />

1.14 Acabamento


O acabamento confere ao couro aspectos físicos <strong>de</strong>finitivos, já que esta etapa<br />

é o ultimo processo <strong>de</strong> industrialização dado ao couro, atribuindo a este<br />

características <strong>com</strong>o brilho, lustro, maciez, textura e cor superficial que <strong>de</strong>terminam<br />

sua aparência final.<br />

São gera<strong>dos</strong> <strong>com</strong>o <strong>resíduos</strong> no final <strong>de</strong>ste processo <strong>resíduos</strong> líqui<strong>dos</strong>,<br />

forma<strong>dos</strong> da sobra <strong>de</strong> produtos químicos e solventes, gasosos origina<strong>dos</strong> da mistura<br />

<strong>de</strong> solventes <strong>com</strong> outros produtos químicos e sóli<strong>dos</strong>, provenientes <strong>de</strong> aparas<br />

acabadas (MOREIRA, 2003).<br />

2. DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS DE COURO DA REBAIXADEIRA<br />

Atualmente são enviadas aos aterros sanitários 200 mil toneladas/ano <strong>de</strong><br />

rejeito industrial, e <strong>de</strong>stes, 60% originam-se da industrialização <strong>de</strong> <strong>couros</strong>. Por este<br />

motivo é que se tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar a estes um fim a<strong>de</strong>quado (FIGUEIREDO,<br />

2000).<br />

É claro que um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio a ser <strong>de</strong>senvolvido é o <strong>de</strong> converter o<br />

processo <strong>de</strong> curtimento <strong>de</strong> <strong>couros</strong> a um processo ecologicamente viável, mas<br />

atualmente ainda não existe efetivamente nenhuma forma <strong>de</strong> <strong>aproveitamento</strong> <strong>de</strong>stes<br />

materiais <strong>de</strong> maneira que os mesmos retornem ao processo <strong>de</strong> fabricação gerando<br />

assim um ciclo produtivo.<br />

2.1 Utilização <strong>com</strong>o carga em cimento<br />

Outra possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disposição <strong>dos</strong> <strong>resíduos</strong> <strong>de</strong> couro curtido ao cromo foi<br />

misturá-lo <strong>com</strong>o carga no cimento Portland.<br />

Para essa aplicação o resíduo passou por vários ensaios, <strong>de</strong>ntre os mais<br />

importantes foram observando, quais <strong>com</strong>postos estavam presentes no Lixiviado<br />

(liquido resultante do ensaio <strong>de</strong> Lixiviação), a verificação do pH, pois, a Habilida<strong>de</strong><br />

que um sistema tem em imobilizar metais é normalmente em função do pH, e o<br />

potencial <strong>de</strong> oxi-redução, para assegurar o controle <strong>de</strong> tais mudanças <strong>de</strong> valências,<br />

principalmente a do cromo (CR (III) para CR (VI)).<br />

Um <strong>dos</strong> gran<strong>de</strong>s aspectos vantajosos <strong>de</strong>sse <strong>aproveitamento</strong> da serragem <strong>de</strong><br />

couro curtido ao cromo, na aplicação do cimento Portland, é seu custo econômico,<br />

pois o custo em nível laboratorial do pré-tratamento está voltado na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


ácido fosfórico aplicada, que po<strong>de</strong> utilizar um ácido <strong>com</strong> impureza, seu custo é <strong>de</strong><br />

aproximadamente R$ 600.00 para tratar uma tonelada <strong>de</strong> resíduo. Na Tabela 8 está<br />

representado o calculo do custo do tratamento <strong>de</strong> uma tonelada <strong>de</strong> resíduo, no qual<br />

se utilizaria meia tonelada <strong>de</strong> ácido, na proporção <strong>de</strong> duas partes <strong>de</strong> resíduo para<br />

uma <strong>de</strong> ácido (2/1) (TACHARD, 2008).<br />

Para <strong>de</strong>scartar esse resíduo em aterro sanitário o custo é aproximadamente<br />

R$ 450,00, mais o frete e os encargos fiscais. Concluindo assim, que o <strong>de</strong>stino da<br />

serragem <strong>de</strong> couro em cimento é viável (TACHARD, 2008).<br />

Mesmo sendo viável temos que observar alguma consi<strong>de</strong>ração técnica antes<br />

da aplicação em planta-piloto, <strong>com</strong>o por exemplo; os gases (odor, <strong>com</strong>posição, etc.)<br />

resultantes da dissolução do resíduo em ácido.<br />

Por fim concluindo através das análises feitas, que a adição da serragem <strong>de</strong><br />

couro dissolvida em ácido fosfórico na relação <strong>de</strong> duas partes <strong>de</strong> resíduo para uma<br />

<strong>de</strong> ácido, se torna viável por não apresentar nenhum tipo <strong>de</strong> cromo no extrato<br />

solubilizado, e no lixiviamento o cromo apresenta estável, pois o cromo é o gran<strong>de</strong><br />

problema <strong>de</strong>sse resíduo.<br />

2.2 Recuperação do cromo na forma <strong>de</strong> Cromato <strong>de</strong> Sódio<br />

No intuito <strong>de</strong> reduzir a quantida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>resíduos</strong> <strong>de</strong> curtume <strong>de</strong>stina<strong>dos</strong> aos<br />

aterros sanitários, criaram-se pesquisas voltadas ao <strong>aproveitamento</strong> <strong>de</strong>stes por um<br />

processo <strong>de</strong> incineração.<br />

O tratamento térmico <strong>dos</strong> <strong>resíduos</strong> <strong>de</strong> <strong>couros</strong> curti<strong>dos</strong> ao cromo gera energia<br />

<strong>com</strong> sua incineração e redireciona as cinzas do material, rica em cromato <strong>de</strong> sódio<br />

para a ca<strong>de</strong>ia produtiva do couro.<br />

Inicialmente os pesquisadores visavam somente reduzir a quantida<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

<strong>resíduos</strong> por incineração, já na segunda fase os envolvi<strong>dos</strong> na pesquisa <strong>de</strong>scobriram<br />

uma maneira <strong>de</strong> aproveitar as cinzas provenientes da incineração <strong>dos</strong> <strong>resíduos</strong>,<br />

transformando o óxido <strong>de</strong> cromo Cr2O3 em cromato <strong>de</strong> sódio Na2CrO4, um <strong>dos</strong> sais<br />

que po<strong>de</strong> ser usado no processo <strong>de</strong> curtimento <strong>de</strong> <strong>couros</strong> e peles (CASTRO, 2004).<br />

A sistemática do projeto <strong>de</strong> restauração <strong>dos</strong> sais <strong>de</strong> cromo fundamenta-se na<br />

oxidação do Cr2O3 (óxido <strong>de</strong> cromo) resultante das cinzas <strong>dos</strong> rejeitos à Na2CrO4<br />

(cromato <strong>de</strong> sódio), sob a temperatura <strong>de</strong> 900°C por um tempo <strong>de</strong> 90 minutos.


A ignição do reator que processa esta oxidação é feita <strong>com</strong> algum tipo <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível, <strong>com</strong>o querosene ou gás natural, a partir daí todo o funcionamento do<br />

sistema <strong>de</strong> incineração se conduz por auto<strong>com</strong>bustão, <strong>de</strong>corrente <strong>dos</strong> vapores<br />

gera<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> próprios <strong>resíduos</strong>, formando assim um ciclo <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aquecimento. O material a ser incinerado é submetido a uma temperatura inicial <strong>de</strong><br />

650°C passando do estado sólido para gasoso isento <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. Os gases<br />

particula<strong>dos</strong> resultantes da queima precipitam-se na parte <strong>de</strong> baixo do equipamento.<br />

Materiais que possuem gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar energia po<strong>de</strong>m provocar um<br />

aquecimento no interior da câmara <strong>de</strong> até 1600°C (CA STRO, 2004).<br />

Comparando-se <strong>com</strong> valores <strong>de</strong> mercado (cromato <strong>de</strong> sódio = R$ 1,61/Kg) foi<br />

possível observar que esta pesquisa é econômica e financeiramente viável por gerar<br />

uma redução <strong>de</strong> custo na <strong>com</strong>pra <strong>de</strong>ste produto <strong>de</strong> 74,5%/Kg.<br />

Baseado em valores <strong>de</strong> custo/benefício das empresas participantes da<br />

pesquisa o superávit econômico seria <strong>de</strong> 98,6% em um período <strong>de</strong> vinte e um<br />

meses, já que todo o cromato <strong>de</strong> sódio consumido pelos curtumes é proveniente <strong>de</strong><br />

importação (CASTRO, 2004).<br />

Outra possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se reaproveitar o cromato <strong>de</strong> sódio produzido por este<br />

processo <strong>de</strong> incineração é na fabricação do aço inoxidável. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sulfato<br />

<strong>de</strong> cromo existente nas cinzas é <strong>de</strong> 60%, enquanto que o extraído da natureza<br />

<strong>de</strong>tém 40%. Devido a esta superiorida<strong>de</strong> na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cromo é que as ligas<br />

obtiveram uma maior resistência térmica e mecânica, (po<strong>de</strong>ndo suportar uma<br />

temperatura <strong>de</strong> até 1,7 mil graus Celsius), em <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> as ligas metálicas<br />

produzidas <strong>com</strong> minério <strong>de</strong> cromo <strong>de</strong> origem orgânica (CASTRO, 2005).<br />

Alguns fatores contribuem para a não utilização <strong>de</strong>ste método <strong>de</strong><br />

re<strong>aproveitamento</strong> <strong>de</strong> <strong>resíduos</strong>, um <strong>de</strong>les é a não liberação do funcionamento <strong>de</strong>ste<br />

processo por órgãos do governo, enquanto outro se <strong>de</strong>ve ao fato da quantida<strong>de</strong> a<br />

ser consumida é maior do que a produzida, ou seja, <strong>de</strong>manda maior do que o<br />

produto (CASTRO, 2005).<br />

Embora a incineração <strong>de</strong>stes <strong>resíduos</strong> do setor calçadista/coureiro seja<br />

eficiente no que diz respeito a termos econômicos do meio ambiente e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

este, no entanto se encontra em fase <strong>de</strong> pesquisa, <strong>de</strong>vido a exigências impostas por<br />

órgãos <strong>de</strong> fiscalização ambiental <strong>com</strong>o a Fundação Estadual <strong>de</strong> Proteção Ambiental<br />

do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – FEPAM (CASTRO, 2004).


Do ponto <strong>de</strong> vista teórico, qualquer que seja a forma <strong>de</strong> dispersão ou<br />

<strong>aproveitamento</strong> <strong>de</strong>ste material é viável ao meio ambiente, mas a realida<strong>de</strong> não é<br />

bem assim, temos que levar em consi<strong>de</strong>ração que quanto mais dispersamos este<br />

material tóxico, maior será a área <strong>de</strong> contaminação, incluindo terra, água e ar,<br />

conseqüentemente prejudicando todo ser vivo. Ou seja, a melhor maneira <strong>de</strong><br />

aproveitarmos este material, no caso o resíduo <strong>de</strong> cromo, é promovermos a redução<br />

<strong>de</strong>ste material (óxido <strong>de</strong> cromo) a cromato <strong>de</strong> sódio, para ser novamente<br />

incorporado no processo <strong>de</strong> curtimento <strong>de</strong> peles.<br />

CONCLUSÕES<br />

Os riscos ambientais <strong>com</strong> a utilização <strong>de</strong> sais <strong>de</strong> cromo nos processos <strong>de</strong><br />

curtimento <strong>de</strong> peles e <strong>couros</strong> foram explicita<strong>dos</strong> por diversos autores que<br />

fundamentaram esse trabalho.<br />

Gran<strong>de</strong> parte das alternativas encontradas até o momento não resolvem o<br />

problema apenas adiam a disseminação <strong>dos</strong> <strong>resíduos</strong> no meio ambiente. Apenas<br />

uma <strong>de</strong>ntre todas se mostrou realmente a<strong>de</strong>quada a recuperação do cromo, a que<br />

propõe a incineração e tratamento das cinzas para converter o cromo recuperado<br />

em cromato <strong>de</strong> sódio, que po<strong>de</strong>rá ser novamente utilizado nos processos <strong>de</strong><br />

curtimento. Com certeza essa é a alternativa <strong>de</strong> maior custo, pois as <strong>de</strong>mais utilizam<br />

as raspas <strong>de</strong> couro <strong>com</strong>o carga em outros materiais <strong>com</strong>o tijolos, cimento e asfalto,<br />

necessitando apenas <strong>de</strong> moagem, porém é uma solução para o problema e não um<br />

paliativo <strong>com</strong>o as outras.<br />

Acredita-se que nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> <strong>resíduos</strong> o custo ambiental<br />

<strong>de</strong>va também ser <strong>com</strong>putado e não apenas o custo financeiro.


EXPLOITATION OF the LEATHER RESIDUES TANNED WITH CHROMIUM<br />

Exploitation of the Residue of the Rebaixa<strong>de</strong>ira<br />

ABSTRACT<br />

The <strong>de</strong>veloped work argues the ambient problems generated by the leather residues<br />

tanned with chromium, generated for one of the <strong>com</strong>mon equipment of the lines of<br />

production of the tanneries, the rebaixa<strong>de</strong>ira. The objective of this work was to<br />

present and to argue the different proposals to make use or to use these residues,<br />

aiming at to minimize the ambient impacts, as well as, to more <strong>de</strong>velop options<br />

directed to the exploitation, analyzing the adjusted way toward its <strong>de</strong>stination. Some<br />

ways of if <strong>de</strong>stining shavings of the leather had been found, where they be<strong>com</strong>e raw<br />

material for processes of manufacture of new products, such as reverse speedleather,<br />

brick the cold and many others, for all they have more advantages of what<br />

disadvantages, since the current <strong>de</strong>stination of the residues is the sanitary aterros.<br />

One of the half ones more adjusted for this type of residue is the incineration and<br />

post-cure of the same, therefore it recoups chromium without attacking the<br />

environment.<br />

Word-key: Ambient chemistry. Solid residues. Chromium. A<strong>de</strong>quate disposal of<br />

residues.


REFERÊNCIAS<br />

AMARAL, A. P. et al. Produção mais limpa no processamento do couro. Porto<br />

Alegre: Vacum, 2003.<br />

CARDOSO, E. E. Sistemas integra<strong>dos</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> peles e <strong>couros</strong> no Brasil.<br />

Disponível em: www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/ sistemas.html. Acesso em:<br />

09/9/2009.<br />

CASTRO, Fernando <strong>de</strong>. Atualida<strong>de</strong>s. Química e Deriva<strong>dos</strong>. n. 431, 2004.<br />

Disponível em: . Acesso em: 10/9/2009.<br />

CASTRO, Fernando <strong>de</strong>. Atualida<strong>de</strong>s. Química e Deriva<strong>dos</strong>. n. 434, 2005.<br />

Disponível em: . Acesso em: 10/9/2009<br />

FIGUEIREDO, M. J. Plano nacional <strong>de</strong> prevenção <strong>dos</strong> <strong>resíduos</strong> industriais.<br />

Lisboa: PNAPRI, 2000.<br />

HOINACKI, E.; KIEFER, C.; MOREIRA, M. Manual básico <strong>de</strong> processamento do<br />

couro. Porto Alegre: SENAI, 1994.<br />

MOREIRA, M. V; TEIXEIRA, R. C. Estado da arte tecnológico em processamento<br />

do couro. Porto Alegre: SENAI, 2003.<br />

PACHECO, J. W. F. Curtumes. Série P + L. São Paulo: CETESB, 2005.<br />

TACHARD, A. L. R. S.; RIBEIRO, D. V.; MORELLI, M. R. Avaliação da resistência<br />

mecânica <strong>de</strong> argamassas <strong>de</strong> cimento Portland contendo serragem <strong>de</strong> couro<br />

tratada em meio ácido. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 17/11/2008.


Autores:<br />

Henrique Pessin Vaz – Graduando em Química<br />

henrique.pessin@bol.<strong>com</strong>.br- fone: (18) 3652.5441<br />

Leandro Aparecido Badaró Ferreira da Silva – Graduando em Química<br />

Leandro.badaro@midoriatlantica.<strong>com</strong>.br - fone: (18) 3652.6663<br />

Marcos Leandro Martins – Graduando em Química<br />

le.martins2006@ig.<strong>com</strong>.br – fone: (18) 9718.9767<br />

Orientador:<br />

Prof. Dr do . Olayr Mo<strong>de</strong>sto Junior<br />

Olayr.mo<strong>de</strong>sto@terra.<strong>com</strong>.br

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