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À sombra da pátria - Curso de Florais de Bach

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6 Peregrino<br />

Informação, Cultura e Livre Expressão<br />

Ah, amanhã eu faço. Pra que<br />

pressa? Agora não estou afim. E vamos<br />

empurrando com a barriga...<br />

Esta atitu<strong>de</strong>, bem conheci<strong>da</strong> nossa,<br />

quando feita só <strong>de</strong> vez em quando não<br />

tem problema, afinal todos temos o<br />

direito a ter um pouco <strong>de</strong> preguiça. O<br />

problema surge quando o “<strong>de</strong>pois eu<br />

faço” se torna um hábito. O nome para<br />

isto é procrastinação, palavra difícil<br />

para significar <strong>de</strong>ixar para <strong>de</strong>pois,<br />

transferir para outro momento, adiar.<br />

Procrastinar é muito comum em<br />

adolescentes, pois ain<strong>da</strong> não tomaram<br />

as ré<strong>de</strong>as <strong>da</strong> própria vi<strong>da</strong>, não<br />

assumiram a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> por si<br />

mesmos. Quantas mães se arrancam os<br />

cabelos tentando que seus filhos<br />

limpem o quarto e sempre escutam<br />

“<strong>de</strong>pois eu faço”. Até aí está tudo<br />

normal, por mais irritante que seja.<br />

Preocupante é quando a procrastinação<br />

inva<strong>de</strong> a vi<strong>da</strong> adulta e fica.<br />

Jogar os problemas para frente, não<br />

resolvê-los, adiar tudo até o último<br />

momento traz sofrimento embora não<br />

pareça. A pessoa vive se culpando por<br />

ser assim, como <strong>de</strong>ixou tudo para<br />

<strong>de</strong>pois acaba ansioso, prejudica sua<br />

vi<strong>da</strong> pessoal e profissional. Sua<br />

credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> fica abala<strong>da</strong>, pois como<br />

as pessoas po<strong>de</strong>rão contar com quem<br />

está sempre <strong>de</strong>ixando tudo para a<br />

última hora?<br />

Quem procrastina tem a esperança<br />

<strong>de</strong> que, se adiar bastante, o problema<br />

se resolverá sozinho. Procura uma saí<strong>da</strong><br />

mágica, pois assim evita a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pelos seus atos. Como uma<br />

avestruz que acha que se escon<strong>de</strong>r sua<br />

cabeça o mundo <strong>de</strong>saparecerá. Esta<br />

atitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> provocar um alívio<br />

temporário, mas é só temporário<br />

mesmo.<br />

Deixa pra <strong>de</strong>pois...<br />

Acontece que o problema, a tarefa<br />

ou seja lá o que foi adiado ain<strong>da</strong><br />

continuará on<strong>de</strong> está, e não haverá<br />

varinha <strong>de</strong> condão que o faça sumir. O<br />

procrastinador sabe disso e gasta muita<br />

energia, tempo e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> para adiar<br />

uma tarefa.<br />

Vamos fazer um paralelo com a<br />

física. O conceito <strong>da</strong> inércia diz que<br />

uma massa em repouso ten<strong>de</strong> a<br />

permanecer em repouso. Assim é<br />

necessário mais força para tirar esta<br />

massa <strong>da</strong> inércia do que para mantê-la.<br />

Assim po<strong>de</strong>mos concluir que estar em<br />

inércia é estar em uma zona <strong>de</strong> conforto,<br />

então, no caso <strong>da</strong> procrastinação,<br />

adiando suas tarefas, o indivíduo fica<br />

em inércia, na sua zona <strong>de</strong> conforto.<br />

Percebam que esta atitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> se<br />

tornar um círculo vicioso: o que foi<br />

adiado gerará ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e o indivíduo<br />

ten<strong>de</strong>rá à inércia novamente adiando<br />

mais alguma coisa para que entre<br />

novamente na zona <strong>de</strong> conforto; não tem<br />

fim.<br />

O procrastinador pensa que a tarefa<br />

<strong>de</strong>saparecerá se ele fizer <strong>de</strong> conta que<br />

ela não existe, tem baixa tolerância á<br />

frustração, é imaturo, é perfeccionista<br />

e estabelece objetivos muito elevados<br />

para si próprio, fantasia <strong>de</strong>mais, fica<br />

fixado em uma parte pequena do<br />

problema e não vê o todo, dá mais valor<br />

a tarefas menos importantes do que ás<br />

mais importantes, procura sempre<br />

agra<strong>da</strong>r a todos, tem baixa auto-estima,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> sempre <strong>da</strong> aprovação do outro<br />

e não tem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> escolha e <strong>de</strong>cisão.<br />

Mas nem tudo está perdido e este<br />

comportamento po<strong>de</strong> ser corrigido.<br />

Basta querer, mas querer mesmo.<br />

Procure se conhecer mais, um trabalho<br />

<strong>de</strong> autoconhecimento vai lhe revelar<br />

suas potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e aumentar sua<br />

auto-estima. Organize-se o máximo que<br />

pu<strong>de</strong>r, tenha agen<strong>da</strong>s e calendários<br />

sempre à mão. Estabeleça seus objetivos<br />

<strong>de</strong> forma clara e realista.<br />

Estabeleça priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s. <strong>À</strong>s vezes<br />

será necessário repartir as tarefas em<br />

partes menores para <strong>da</strong>r conta do<br />

recado. Faça isso. Permita-se errar e<br />

aceite-se como ser humano imperfeito<br />

como todos nós somos. Dê o primeiro<br />

passo e aja, sem pensar muito, senão<br />

não faz. Recompense-se quando<br />

conseguir realizar uma tarefa a contento.<br />

Respeite seu ritmo e não se cobre<br />

mais do que po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r. Peça aju<strong>da</strong>.<br />

Comece agora. Não <strong>de</strong>ixe para<br />

<strong>de</strong>pois, que o <strong>de</strong>pois não chega nunca.<br />

Colaboração: Maria <strong>de</strong> Fátima<br />

Hiss Olivares<br />

Psicóloga Clínica<br />

olivaresmh@ig.com.br<br />

Dia <strong>de</strong>sses durante uma aula, <strong>de</strong><br />

repente a sala ficou em silêncio<br />

absoluto, a conversa entre os alunos<br />

cessou, a música no aparelho <strong>de</strong> som<br />

terminou e nenhum som se ouviu por<br />

alguns instantes... Um gran<strong>de</strong> alívio me<br />

envolveu e por um momento me <strong>de</strong>liciei<br />

com a paz que se revelou naquele<br />

silêncio.<br />

Pensei então como é barulhento o<br />

mundo em que vivemos, como é gran<strong>de</strong><br />

a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> falar, falar e falar,<br />

para “não ver o tempo passar”, para o<br />

encontro ficar “interessante”. Nas ruas<br />

cruzamos com veículos que tocam<br />

músicas ensur<strong>de</strong>cedoras, carros<br />

divulgam propagan<strong>da</strong>s sonoras “aos<br />

berros”, nos mercados e lojas ouvimos<br />

música o tempo todo. Parece que o<br />

mundo teme o silêncio e não é capaz<br />

<strong>de</strong> viver com ele. O resultado disso tudo<br />

é que nossos ouvidos se cauterizam,<br />

fecham-se e acabamos por per<strong>de</strong>r a<br />

habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> discernir os sons, as<br />

palavras per<strong>de</strong>m seu valor. Quem <strong>de</strong><br />

nós, por exemplo, nunca ouviu uma<br />

mãe queixar-se: “eu falo o tempo todo<br />

a mesma coisa e meu filho não me<br />

escuta...”?<br />

Alguns estudiosos talvez possam<br />

argumentar que tememos aquilo que<br />

ouviremos e veremos quando estivermos<br />

em silêncio, talvez algo que<br />

surja lá do fundo <strong>de</strong> nós mesmos e <strong>de</strong><br />

cujo contato provavelmente estamos<br />

fugindo. Possivelmente resi<strong>de</strong> nisso<br />

uma gran<strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mas, o que me<br />

ocorre é como são gran<strong>de</strong>s as lições que<br />

estão presentes nas falas mais comuns<br />

do dia-a-dia e que não ouvimos por<br />

conta, muitas vezes, <strong>de</strong> havermos<br />

ficado surdos com todo barulho interno<br />

e externo que nos ro<strong>de</strong>ia, quantas coisas<br />

lin<strong>da</strong>s po<strong>de</strong>ríamos apren<strong>de</strong>r ao ouvir<br />

um filho nos contar algo, por mais banal<br />

que possa parecer diante <strong>de</strong> to<strong>da</strong><br />

“serie<strong>da</strong><strong>de</strong>” <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> hoje em dia.<br />

Lembro-me <strong>de</strong> certa vez, quando<br />

estava com uma pressa <strong>da</strong>quelas<br />

durante a correria diária <strong>de</strong> uma mãe<br />

com filhos pequenos, minha filha ain<strong>da</strong><br />

bem pequena ter-me dito: “Mamãe, eu<br />

fiz uma história...!” Apesar <strong>da</strong> pressa<br />

fiquei curiosa para saber o que haveria<br />

ali para se mostrar e então ela me<br />

contou:<br />

Ribeirão Preto - SP - Julho/2004<br />

Ouvir com o coração<br />

“Era uma vez uma menininha que<br />

tinha um vestido que adorava, era<br />

sempre ele que ela escolhia para usar<br />

quando ia a um lugar importante. Em<br />

seu guar<strong>da</strong>-roupa moravam outros<br />

vestidos também, mais novos, talvez<br />

até bem mais bonitos que o seu<br />

preferido, mas na<strong>da</strong> disso fazia com que<br />

a garotinha mu<strong>da</strong>sse <strong>de</strong> opinião na hora<br />

<strong>de</strong> vestir-se. Porém, um dia os outros<br />

vestidos resolveram que isso não podia<br />

continuar; eles já estavam muito tristes<br />

e não achavam correto nunca po<strong>de</strong>rem<br />

ser escolhidos também. A menina<br />

pensou como po<strong>de</strong>ria não abandonar<br />

seu querido vestido sem magoá-lo (pois<br />

era bem ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que já estava ficando<br />

velhinho...) e mostrar aos outros<br />

vestidos que também eram importantes.<br />

Foi então que tomou a<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> começar a usar todos os<br />

vestidos novos, mas, por baixo <strong>de</strong>les<br />

ain<strong>da</strong> continuaria usando o seu amado<br />

vestidinho e assim todos ficariam<br />

felizes.”<br />

Não saberia dizer a vocês em<br />

quantas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s essa singela<br />

estória me fez pensar e ain<strong>da</strong> faz. O<br />

quanto me inspirou a refletir sobre<br />

padrões, comportamentos, relacionamentos,<br />

apegos, <strong>de</strong>sapegos, fins,<br />

recomeços e tanto mais. Meu ouvido<br />

na<strong>da</strong> perceberia disso se meu coração<br />

não estivesse disposto a ouvir também.<br />

Assim, penso que temos que<br />

apren<strong>de</strong>r a ouvir outra vez, começar a<br />

reconhecer os lindos sons e a harmonia<br />

que a vi<strong>da</strong> traz nas falas e nos gestos<br />

mais simples todos os dias, abafados<br />

por tantos outros sons aparentemente<br />

mais po<strong>de</strong>rosos. Mas, para isso é<br />

preciso não temer o silêncio. Tenho<br />

certeza <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>remos <strong>de</strong>scobrir<br />

gran<strong>de</strong>s lições ocultas nele que se<br />

transformarão em preciosos tesouros<br />

para nós e para o mundo...!<br />

Um gran<strong>de</strong> abraço e até o próximo<br />

mês!<br />

Colaboração: Leila Scaff<br />

Assistente Social, Profa. <strong>de</strong> Pintura<br />

em Ma<strong>de</strong>ira, Membro <strong>da</strong><br />

Associação <strong>de</strong> Pe<strong>da</strong>gogia Social<br />

com Base Antroposófica no Brasil<br />

leilascaff@terra.com.br

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