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seção seguinte, a correção das falhas de mercado como<br />

argumento para o uso de instrumentos da política industrial<br />

requer cuidado. Ademais, quando são utilizadas<br />

medidas de proteção há sempre o risco de serem criadas<br />

novas distorções.<br />

O lançamento do Plano Brasil Maior de 2011 foi<br />

realizado num contexto internacional de incertezas<br />

quanto à recuperação da economia mundial, e de acirramento<br />

do debate no Brasil sobre o risco da desindustrialização<br />

associada à valorização cambial. 19 A<br />

questão do adensamento das cadeias produtivas ganhou<br />

força, ainda mais que o governo identificou no<br />

crescimento da demanda associado aos novos investimentos<br />

(petróleo, construção naval, energia, saúde)<br />

uma oportunidade de estimular a oferta doméstica ao<br />

longo das cadeias produtivas.<br />

Assim, as orientações estratégicas do Plano Brasil Maior<br />

(2011) 20 foram:<br />

Promover a inovação e o desenvolvimento tecnológico;<br />

Criar e fortalecer competências críticas da economia<br />

nacional;<br />

Aumentar o adensamento produtivo e tecnológico<br />

das cadeias de valor;<br />

Ampliar os mercados interno e externo das empresas<br />

brasileiras;<br />

Garantir crescimento socialmente inclusivo e ambientalmente<br />

sustentável;<br />

Ampliar os níveis de produtividade e competitividade<br />

da indústria brasileira.<br />

O cerne continuava como nos planos anunciados ao<br />

longo dos anos 2000. Na questão da inovação tecnológica,<br />

porém, foi conferida uma maior ênfase ao tema das<br />

cadeias produtivas locais. Desta forma, foram definidos<br />

cinco Blocos de Sistemas Produtivos:<br />

Bloco 1: Sistemas da Mecânica, Eletroeletrônica e Saúde 21<br />

Bloco 2: Sistemas produtivos intensivos em escala<br />

Bloco 3: Sistemas produtivos intensivos em trabalho<br />

13<br />

Bloco 4: Sistemas produtivos do agronegócio<br />

Bloco 5: Comércio, logística e serviços<br />

Como já mencionado, a participação nas cadeias produtivas<br />

globais foi uma das forças que atenuou as demandas<br />

por proteção. No caso do Brasil, entretanto, esta mesma<br />

motivação teria aumentado a demanda por proteção. Foi<br />

conferida maior ênfase ao tema do aumento do valor adicionado<br />

localmente, o que tem sido alvo de debate e suscita<br />

controvérsias. Não se trata, entretanto, de debater se o<br />

Brasil está ou não mais protecionista, mas se as medidas,<br />

como as exigências de conteúdo local, auxiliam no objetivo<br />

de criar um parque industrial tecnologicamente eficiente e<br />

inserido nas cadeias globais. Algumas observações são relevantes<br />

para esclarecer tal consideração.<br />

No último relatório da OMC sobre o G-20, consta a elevação<br />

temporária das tarifas de importações para 100 produtos<br />

(classificação a 8 dígitos) anunciadas pelo governo<br />

brasileiro, em setembro de 2012. A média das tarifas desses<br />

produtos passou de 13,6% para 23,4% e, nesse conjunto,<br />

predominam bens intermediários, o que encarece o custo<br />

dos produtos finais. A representatividade dos produtos na<br />

pauta de importações é pequena (3,1%), mas acumularam<br />

um déficit de US$ 1,5 bilhões no período de janeiro a julho<br />

de 2012. No mesmo relatório, porém, consta a redução temporária<br />

de cerca de 800 produtos dos setores de bens de<br />

capital, informática e telecomunicações. 22<br />

Uma vez que consideramos que avaliar o uso de<br />

instrumentos e os objetivos da política industrial é um<br />

caminho que pode contribuir para o debate no lugar de<br />

questionar se há ou não um viés protecionista na política<br />

inaugurada no ano de 2011, caberia questionar se o aumento<br />

observado nas tarifas não teria seguido alguma<br />

lógica ditada pelas diretrizes da política industrial. Ademais,<br />

se a redução das tarifas não sinalizaria a preocupação<br />

com a competitividade dos produtos.<br />

Um segundo esclarecimento se refere ao tema das cadeias<br />

produtivas. No passado, exigências de conteúdo local<br />

associadas às compras governamentais desempenharam<br />

um papel importante na construção da oferta doméstica<br />

ao longo das cadeias. No cenário atual, onde o ritmo da

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