13.04.2013 Views

jRT5O

jRT5O

jRT5O

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

tico, em especial política de defesa da concorrência e abertura<br />

da economia à concorrência internacional.<br />

O terceiro canal merece maior atenção. Diversos autores<br />

ressaltam que as externalidades somente são apropriadas<br />

pelas firmas domésticas sob certas condições.<br />

Por exemplo, os spillovers das firmas multinacionais são<br />

mais bem aproveitados na presença de um mercado de<br />

crédito doméstico desenvolvido, que permita a inserção<br />

dos fornecedores locais na cadeia produtiva das empresas<br />

estrangeiras. 43 Desse modo, caso a intenção do governo<br />

seja incentivar o investimento direto estrangeiro, cabe<br />

combinar essa política com intervenções que aumentem a<br />

intermediação financeira em âmbito doméstico.<br />

Além disso, há evidências de que o investimento direto<br />

estrangeiro aumenta a produtividade das empresas<br />

domésticas somente se o estoque de capital humano<br />

for grande o suficiente. 44 Nesse caso, vale combinar<br />

promoção de investimento direto estrangeiro com políticas<br />

educacionais e de treinamento de mão-de-obra,<br />

ou manter o foco em setores nos quais já exista um número<br />

razoável de trabalhadores qualificados.<br />

A relação entre investimento direto estrangeiro e<br />

mercado de trabalho é uma via de mão dupla. Na verdade,<br />

se a mão-de-obra qualificada é condição necessária<br />

para que investimento estrangeiro gere externalidades<br />

para as empresas domésticas, as multinacionais também<br />

geram externalidades positivas para os trabalhadores<br />

domésticos em termos de melhores salários. 45<br />

Finalmente, as evidências sobre as externalidades do<br />

investimento direto estrangeiro e os canais pelos quais<br />

elas se manifestam ainda são, em grande medida, inconclusivas.<br />

46 Desse modo, em vez de políticas de incentivo<br />

ao investimento direto estrangeiro, faz mais sentido<br />

políticas para eliminar as barreiras que impedem que<br />

as firmas domésticas construam relacionamentos com<br />

as multinacionais, melhorando o acesso a insumos de<br />

qualidade, crédito e tecnologia. 47 Ademais, como no Brasil<br />

ainda há muitos entraves ao investimento direto (estrangeiro<br />

ou doméstico), faz mais sentido políticas para<br />

removê-los do que algum tipo de subsídio ao influxo de<br />

capital externo.<br />

19<br />

3.<br />

CONCLUSÕES<br />

Medidas de política industrial, em particular de política<br />

industrial pesada, somente são justificadas na presença<br />

de falhas de mercado, em particular de externalidades.<br />

Nesse sentido, mostra-se útil separar as iniciativas de<br />

política industrial de acordo com o seu objetivo. Se o objetivo<br />

é preservar setores já estabelecidos ou diversificar o tecido<br />

industrial para segmentos correlatos aos já existentes<br />

– política industrial in the small –, a melhor opção é remover<br />

obstáculos que impedem o desenvolvimento desses setores,<br />

em lugar de protegê-los. Assim, devem ter prioridade<br />

iniciativas que destravem o crescimento da produtividade, e<br />

não as ações voltadas a compensar a falta de competitividade.<br />

Promoção da qualificação do capital humano, investimento<br />

em infraestrutura, melhora do ambiente de negócios<br />

e redução da complexidade tributária e da incerteza regulatória<br />

devem estar no topo da agenda. 48 Ou seja, trata-se<br />

basicamente de uma agenda de política industrial leve.<br />

Entretanto, se o objetivo é fazer grandes apostas,<br />

pela criação de setores inteiramente novos na economia<br />

– política industrial in the large –, é bastante provável que<br />

seja necessário o uso de medidas de política industrial<br />

pesada. Nesse sentido, a literatura econômica e a experiência<br />

histórica sugerem que é preciso ter regras simples<br />

e caminhar com cuidado.<br />

Políticas industriais pesadas devem ter prazo determinado<br />

para acabar: quando utilizado, o esquema<br />

de promoção e proteção (como barreiras à importação e<br />

políticas de conteúdo nacional) deve ser gradualmente<br />

removido. Mais do que escolher vencedores, a política industrial<br />

deve ser capaz de eliminar perdedores, sob pena<br />

de desenvolver setores pouco competitivos e incapazes<br />

de se inserirem no mercado internacional.<br />

Além disso, dada a necessidade de burocracia estatal<br />

muito bem preparada, de arranjo institucional complexo<br />

(para dar conta da coordenação entre diferentes atores<br />

do governo e entre eles e o setor privado) e de acompanhamento<br />

sistemático, é preciso ter foco. Não é possível<br />

fazer muitas apostas estratégicas ao mesmo tempo, sob<br />

pena de não conseguir sucesso em nenhuma delas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!