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No Brasil, a forte elevação nos preços das commodities e uma acentuada valorização<br />
cambial, após 2009, levaram a que o debate sobre a primarização das exportações e a desindustrialização<br />
passasse a ocupar posição prioritária nas discussões sobre os rumos da<br />
política industrial. O lançamento do Plano Brasil Maior de 2011, ao lado de outras medidas<br />
que o governo adotou desde então, identificadas como protecionistas (elevação de alíquotas<br />
de importações), têm sido interpretadas como um possível viés em direção às práticas do<br />
passado, do modelo de ”desenvolvimento para dentro”.<br />
Neste contexto, o estudo argumentou que o debate sobre as estratégias de política industrial<br />
brasileira remonta ao início dos anos 2000. Um consenso foi formado, desde então,<br />
e se refere à importância da inovação tecnológica no aumento da produtividade e competitividade<br />
dos produtos e serviços brasileiros. Por outro lado, o tema das políticas seletivas<br />
setoriais e do uso de instrumentos que interferem diretamente nos preços relativos nunca<br />
foi abandonada, embora nunca tenha sido consensual. A conjuntura pós 2008, ao propiciar<br />
um aumento acentuado nos coeficientes de importações em setores industriais, acirrou<br />
esse debate. No entanto, o cerne da política industrial, conforme salientado no Plano Brasil<br />
Maior, continua ser a inovação tecnológica e mais o adensamento das cadeias produtivas<br />
locais. Nesse último caso, se insere o tema das políticas de conteúdo local.<br />
Foi analisado o uso da política de conteúdo local nos setores de petróleo e gás e de<br />
equipamentos médicos hospitalares, pelas razões apresentadas na introdução. Partiu-se<br />
da premissa que a ênfase da análise seria a de avaliar a relação entre o instrumento e o<br />
objetivo da política industrial — inovação tecnológica. No caso dos equipamentos médicos,<br />
devem ser incluídos os objetivos das políticas de saúde pública. Não se repete aqui, contudo,<br />
as conclusões específicas da análise de cada setor que estão nas subseções finais desses<br />
estudos de casos. Apenas ressalta-se que, nos dois casos, foi argumentado que essas políticas<br />
podem afastar ainda mais o país de alcançar melhorias no padrão tecnológico.<br />
Por último, chamou-se atenção da questão do adensamento das cadeias produtivas locais<br />
e as estratégias das políticas de comércio exterior e industrial. Não é possível repetir<br />
as décadas passadas, quando o ritmo da inovação tecnológica era mais lento e as cadeias<br />
produtivas podiam ser abastecidas com fornecedores locais com ”custos administráveis”.<br />
É preciso considerar os benefícios de se integrar às cadeias produtivas globais (o que exige<br />
menores tarifas de importações para bens intermediários, investimentos em logística)<br />
e/ou estimular as cadeias produtivas regionais. Políticas de conteúdo local, se não forem<br />
bem administradas e limitadas, podem alijar o país dessa integração produtiva. O resultado<br />
seria uma estrutura produtiva com custo elevado o que contradiz o objetivo de melhorar a<br />
competitividade brasileira no mercado mundial.<br />
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