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POLÍTICA INDUSTRIAL NA<br />

Noruega 86<br />

Com as descobertas de petróleo e gás no Mar do Norte,<br />

o governo norueguês decidiu pelo fomento ao desenvolvimento<br />

de uma indústria local competitiva associada<br />

à extração desses recursos naturais. A esse respeito, o<br />

primeiro passo foi escolher o local de instalação dessa indústria.<br />

A principal justificativa para a escolha de uma só<br />

localidade era a necessidade de concentrar as atividades<br />

econômicas de forma a obter economias de aglomeração,<br />

que permitissem o aumento de produtividade das empresas<br />

norueguesas pela proximidade com as empresas<br />

estrangeiras que já dominavam a tecnologia necessária.<br />

Adicionalmente, foram colocadas em prática diversas<br />

medidas para fomentar o surgimento de uma indústria<br />

local associada à extração de petróleo e gás. A Lei de Concessões<br />

de 1963 representa a mais relevante medida do<br />

governo norueguês nesse sentido. Essa lei foi o primeiro<br />

mecanismo visando o desenvolvimento de fornecedores<br />

de bens e serviços locais, visto que determinava: (i) empresas<br />

multinacionais que entrassem no país deveriam<br />

subcontratar empresas norueguesas; (ii) agências do governo<br />

tinham autorização para dar benefícios a empresas<br />

de acordo com a defesa dos interesses da Noruega. 87<br />

Nas primeiras licenças em 1965, o governo norueguês<br />

não detinha muito poder de barganha com relação<br />

às grandes companhias de petróleo. No entanto, a situação<br />

mudou após o início da década seguinte, quando<br />

muitas empresas de petróleo foram excluídas de várias<br />

regiões do mundo. Com as descobertas do Mar do Norte<br />

mostrando-se cada vez mais promissoras e o preço<br />

internacional do petróleo subindo, o governo norueguês<br />

viu seu poder de barganha incrementado. Como consequência,<br />

em 1972 decretou-se uma lei dando preferência<br />

às empresas norueguesas em processos de concorrência<br />

quando elas fossem competitivas. 88 No entanto, não<br />

havia razão para que o governo norueguês fizesse valer<br />

essas exigências de contratação de firmas locais, dado a<br />

falta de capacidade ou interesse em fornecer bens e serviços<br />

para a indústria de extração de petróleo e gás.<br />

35<br />

Outra medida adotada foi a exigência de que as operadoras<br />

fornecessem ao Ministério de Petróleo e Energia<br />

a lista de empresas que iriam participar do processo de<br />

concorrência para fornecer bens e serviços. 89 De posse da<br />

lista, o governo poderia inserir empresas norueguesas no<br />

conjunto de potenciais fornecedores. Adicionalmente, o<br />

governo deveria ser informado de quais empresas seriam<br />

as efetivas fornecedoras antes mesmo que as operadoras<br />

informassem as escolhidas. O objetivo era dar ao ministério<br />

o direito de mudar a decisão. No entanto, somente<br />

em uma única ocasião, o governo acabou mudando a<br />

decisão da empresa. Com maior frequência, as influências<br />

eram feitas em estágios anteriores na tentativa de<br />

promover o conteúdo local.<br />

O governo norueguês usou também outras estratégias<br />

para a promoção de competência local, como o retardamento<br />

da quarta rodada de concessões. A terceira rodada<br />

ocorreu na primeira metade da década de 1970 e a seguinte<br />

só ocorreu em 1978, justamente para que as empresas<br />

norueguesas tivessem tempo para conseguir ficar mais<br />

competitivas frente às demais. Essa rodada ocorreu justamente<br />

quando o preço do petróleo dobrou, gerando um<br />

ímpeto adicional para que as autoridades norueguesas<br />

e empresas de extração de petróleo e gás chegassem a<br />

um consenso quanto a objetivos comuns com relação ao<br />

desenvolvimento da indústria local. A ingerência política<br />

aumentou nesse período, mas houve também maior influência<br />

de sindicatos, empresas locais e entidades governamentais<br />

que, em conjunto, conseguiram interferir até<br />

mesmo na escolha da tecnologia a ser adotada. 90<br />

Embora diversos tipos de medidas governamentais<br />

voltadas para o desenvolvimento de empresas locais<br />

tenham sido adotados, nunca foram especificados requerimentos<br />

de conteúdo local a partir de percentuais<br />

mínimos ou algo semelhante. 91 No entanto, as autoridades<br />

norueguesas sempre deixaram claro que a escolha<br />

de fornecedores locais poderia facilitar negociações de<br />

licenças futuras.

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