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Revista SÍNTESE, v 6, n. 1 e 2, jan/dez de 2011. - ECG / TCE-RJ

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CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O mo<strong>de</strong>lo da municipalização não foi capaz <strong>de</strong> evitar a continuida<strong>de</strong> das<br />

significativas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s nas re<strong>de</strong>s instaladas <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Isso<br />

levou o Ministério a recorrer à estratégia da regionalização como meio <strong>de</strong><br />

induzir a formação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais funcionais e relações intergovernamentais<br />

mais cooperativas.<br />

Como <strong>de</strong>scrito, a NOAS não alcançou os objetivos pretendidos. Não se<br />

po<strong>de</strong> fugir <strong>de</strong>sta constatação ao criar normatizações novas, que busquem<br />

soluções para os problemas <strong>de</strong> acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Por mais que<br />

se recomen<strong>de</strong>m pactuações intergestores, planejamento, avaliações quanto<br />

ao cumprimento <strong>de</strong> metas, análise sobre a melhoria das condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

da população – todos eles <strong>de</strong> fundamental importância – não se vislumbra,<br />

a longo prazo, a manutenção <strong>de</strong> práticas cooperativas, indispensáveis na<br />

estratégia da regionalização, caso não se instituam instrumentos formais<br />

que mantenham o grupo <strong>de</strong> entes fe<strong>de</strong>rativos coesos, coor<strong>de</strong>nando seu<br />

funcionamento <strong>de</strong> maneira coletiva.<br />

Um retrato disso foi apresentado no corpo <strong>de</strong>ste trabalho. De fato, a <strong>de</strong>speito<br />

da implementação da regionalização no Norte Fluminense, consolidada com a<br />

formulação do PDR/<strong>RJ</strong>, não houve ampliação do acesso à internação hospitalar.<br />

Ao contrário, para alguns municípios o déficit entre o número <strong>de</strong> internações<br />

programadas x realizadas assume proporções preocupantes.<br />

Fleury e Ouverney (2007) ressaltam que os avanços advindos com a <strong>de</strong>mocracia,<br />

ampliando o campo das políticas sociais e o surgimento <strong>de</strong> sujeitos<br />

políticos que cobrem do Estado o atendimento <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>mandas, contrastam<br />

com a incapacida<strong>de</strong> governamental <strong>de</strong> oferecer soluções, em tempo hábil,<br />

a esta nova realida<strong>de</strong>.<br />

No campo da saú<strong>de</strong>, a incapacida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser retratada nos aspectos estruturais<br />

(<strong>de</strong> re<strong>de</strong> instalada <strong>de</strong> serviços), <strong>de</strong> recursos humanos (escassez <strong>de</strong> profissionais<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>), gerenciais (baixa autonomia <strong>de</strong> planejamento, controle e avaliação)<br />

e financeiros. A noção <strong>de</strong> re<strong>de</strong> então se encontra na cooperação <strong>de</strong> atores<br />

distintos que possuam objetivos comuns e que troquem recursos entre si a<br />

fim <strong>de</strong> alcançá-los.<br />

Mas a <strong>de</strong>speito disso, não se po<strong>de</strong> esquecer que os entes são autônomos e<br />

que possuem perfis institucionais distintos. Isso se apresenta como o gran<strong>de</strong><br />

dilema na manutenção da estratégia <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e na implementação<br />

real do mo<strong>de</strong>lo cooperativo, já que atores com maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

recursos ten<strong>de</strong>m a ditar as regras do jogo, pleiteando para si próprios um<br />

maior grau <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

Como o estabelecimento <strong>de</strong> uma estrutura hierarquizada <strong>de</strong>sconstrói a<br />

dinâmica cooperativa da re<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>safio está em instituir instrumentos que<br />

possibilitem a coexistência <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res, a manutenção da autonomia dos municípios<br />

envolvidos, o controle das ativida<strong>de</strong>s realizadas e que todo o processo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>TCE</strong>-<strong>RJ</strong>, v. 6, n. 1 e 2, p. 32-49, Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>jan</strong>./<strong><strong>de</strong>z</strong>. 2011<br />

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ESTUDOS<br />

SAÚDE NO NORTE FLUMINENSE<br />

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