teologia trinitária da revelação na história proposta - FaJe
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centro do universo e senhor do ser, não favoreceu a existência autêntica ou menos fabuliza<strong>da</strong><br />
do humano, por este ain<strong>da</strong> não ter, a partir de si, edificado novo fun<strong>da</strong>mento. Isso porque o<br />
homem só mantém a posição de ‘centro’ <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, a que alude a concepção corrente do<br />
humanismo, por força <strong>da</strong> referência a um Grund garantidor desse papel. A per<strong>da</strong> do<br />
fun<strong>da</strong>mento e o sentimento de errância <strong>da</strong>í advindos configuram o cenário de crise e evocam a<br />
toma<strong>da</strong> de atitude do ser humano. Mais: de um lado, possibilitam o crescimento do ateísmo;<br />
de outro, o retorno do ser humano ao religioso, este último como se verá mais adiante.<br />
Recai sobre o ateísmo a acusação de promover a destruição geral dos valores humanos<br />
ao endossar a crise de sentido e ao se apresentar como postura que se contrapõe ao resgate dos<br />
valores últimos. Para além <strong>da</strong> conde<strong>na</strong>ção do ateísmo, permanece o elo paradoxal entre a crise<br />
do humanismo e a morte de Deus. Paradoxal, considerando-se o fato de o humanismo, a<br />
priori, privilegiar situar no centro do universo o ser humano. Porém, ao perder o Grund, o<br />
fun<strong>da</strong>mento ou relato a ancorar as decisões huma<strong>na</strong>s (Deus), o próprio humano se esvai.<br />
Tensio<strong>na</strong> tal problemática o fato de hoje a crise do humanismo se encontrar em conexão com<br />
a crise <strong>da</strong> técnica, causa do processo geral de desumanização.<br />
A presente pesquisa considera a “morte de Deus”, a crise do humanismo e o fim <strong>da</strong><br />
metafísica, traços constitutivos do niilismo e elementos desencadeadores <strong>da</strong>s múltiplas<br />
transformações político-cultural-religiosas em curso, sobretudo a partir do fi<strong>na</strong>l do século<br />
XIX. Cabe recor<strong>da</strong>r a definição nietzschia<strong>na</strong> para o niilismo: “Que significa niilismo? – Que<br />
os valores supremos desvalorizem-se. Falta o fim; falta a resposta ao ‘Por quê’” 34 ? Nessa<br />
perspectiva, a crise do humanismo constitui um aspecto <strong>da</strong> crise <strong>da</strong> metafísica35 , como se tem<br />
34<br />
NIETZSCHE, F. O Niilismo Europeu. In: NIETZSCHE, F. W. A vontade de poder. Rio de Janeiro:<br />
Contraponto, 2008. p. 29.<br />
35<br />
VATTIMO, G. O fim <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de, op. cit., p. 28. No campo político, outro aspecto <strong>da</strong> crise <strong>da</strong> metafísica<br />
reside <strong>na</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong> centrali<strong>da</strong>de do Ocidente, como afirma o filósofo: “In un mondo dove non si crede più che<br />
l’Europa sia il massimo dello sviluppo della civiltà uma<strong>na</strong> e che gli altri siano primitivi, non si può più<br />
parlare tanto di u<strong>na</strong> verità oggetiva come questa perchè, nel frattempo, anche le scienze hanno preso atto dei<br />
loro limiti paradigmatici” (VATTIMO, G.; ORLANDO, F.; ZABALA, S. Nichilismo e religione:<br />
conversazione filosofica con Gianni Vattimo. Interventi di Federico Orlando e Santiago Zabala. Roma:<br />
Valter Casini Editore, 2005. p. 14).<br />
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