teologia trinitária da revelação na história proposta - FaJe
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Constatar em Vattimo o pensiero debole como núcleo constitutivo <strong>da</strong> ontologia<br />
hermenêutica ou perspectiva privilegia<strong>da</strong> de interpretação <strong>da</strong> cultura contemporânea implica<br />
ir além <strong>da</strong> simples afirmação do fim <strong>da</strong> metafísica e do advento do niilismo89 . Evoca<br />
considerar a <strong>história</strong> do Ocidente, desde os primórdios <strong>da</strong> filosofia grega, como <strong>história</strong> do<br />
enfraquecimento do ser. Positivamente, sob certo aspecto, <strong>história</strong> <strong>da</strong> passagem <strong>da</strong>s<br />
pretensões absolutas e absolutizadoras à situação onde a possibili<strong>da</strong>de de existência <strong>da</strong><br />
ver<strong>da</strong>de sugere di<strong>na</strong>mismo consensual. Acerca do conceito de interpretação Vattimo<br />
esclarece: “[...] não há experiência <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de que não seja interpretativa, eu não conheço<br />
<strong>na</strong><strong>da</strong> se não me interessa, mas se me interessa é evidente que não o considero de modo<br />
desinteressado” 90 .<br />
A fun<strong>da</strong>mentação teórica do pensiero debole emerge a partir <strong>da</strong> constatação do<br />
processo de secularização ocorrido ao longo dos séculos XVIII e XIX. Tal tendência<br />
secularizante se faz presente <strong>na</strong> cultura ocidental atual e, como já explicitado, não se restringe<br />
ao universo europeu91 . Na perspectiva filosófica, esse processo culmi<strong>na</strong> <strong>na</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong> ideia <strong>da</strong><br />
filosofia como racio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong>cio<strong>na</strong>l. Em termos religiosos, sobretudo cristãos, abre<br />
espaço à discussão acerca dos dogmas, ao possibilitar o questio<strong>na</strong>mento <strong>da</strong> ordem “<strong>na</strong>tural”<br />
apregoa<strong>da</strong> pelas Igrejas cristãs.<br />
Acerca <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de de tal pensamento, <strong>na</strong> tarefa de interpretar e traduzir a reali<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> cultura contemporânea, Vattimo atesta:<br />
E, porém, uma <strong>da</strong>s provas de que o pensamento fraco ain<strong>da</strong> está vivo pode ser vista<br />
exatamente no fato de que a exigência de ‘pensamento forte’ ain<strong>da</strong> vem sendo<br />
continuamente reivindica<strong>da</strong> por setores mais diversos, usualmente por pessoas ou<br />
grupos que sentem a necessi<strong>da</strong>de de alguma ‘restauração’: <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Igreja,<br />
por exemplo [...]. 92<br />
Para Bruno Forte, a afirmação do pensiero debole implica o risco de se conviver com<br />
89 É a partir do estudo de Ga<strong>da</strong>mer que Vattimo apreende ca<strong>da</strong> experiência <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de como experiência<br />
interpretativa, um tema desenvolvido mais por seu mestre Luigi Pareyson que pelo próprio Ga<strong>da</strong>mer (Cf.<br />
VATTIMO, G.; PATERLINI, P. Non essere Dio, op. cit., p. 126).<br />
90 VATIMO, G. Addio alla verità, op. cit., p. 73.<br />
91 ROMANO, R. Niilismo e mercadejo ético brasileiro. “Niilismo e relativismo de valores. Mercadejo ético ou<br />
via <strong>da</strong> emancipação e <strong>da</strong> salvação”? - Revista do Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, ano X, n.<br />
354, p. 13-17, 20 dez. 2010. p. 13. Para o filósofo Roberto Romano a corrosão “de alto a baixo” no caráter de<br />
indivíduos e grupos, bem como a supervalorização do mercado são traços peculiares do niilismo em terras<br />
brasileiras.<br />
92 VATTIMO, G. O que está vivo e o que está morto no pensamento fraco. In: PECORARO, R. (Org.).<br />
Filosofia contemporânea: niilismo, política, estética. São Paulo: Loyola, 2008. p. 10. No mesmo artigo à p.<br />
16 o autor e<strong>na</strong>ltece o destino de enfraquecimento do pensamento e pondera: “Visando o próprio<br />
enfraquecimento, o pensamento tem ain<strong>da</strong> muito caminho a percorrer e nesse sentido continua a ser de ple<strong>na</strong><br />
atuali<strong>da</strong>de”.<br />
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