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VISÃO JUDAICA • abril de 2003 • Nissan / Iyar • 5763

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Reprodução <strong>de</strong> pintura <strong>de</strong> Michal Meron, Israel<br />

20<br />

<strong>VISÃO</strong> <strong>JUDAICA</strong> <strong>•</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2003</strong> <strong>•</strong> <strong>Nissan</strong> / <strong>Iyar</strong> <strong>•</strong> <strong>5763</strong><br />

Lag BaOmer é uma festivida<strong>de</strong><br />

do calendário judaico,<br />

que, como seu<br />

nome sugere, é celebrada<br />

no 33º dia das sete semanas<br />

da contagem do Omer, entre<br />

Pessach e Shavuot. Sua data no calendário<br />

hebraico é 18 <strong>de</strong> <strong>Iyar</strong>. Na época<br />

dos Templos, em Jerusalém, um omer<br />

(unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medida) <strong>de</strong> cevada era oferecido<br />

por todos os agricultores <strong>de</strong> Israel<br />

no segundo dia <strong>de</strong> Pessach. Até que<br />

esta oferenda era feita, pães e grãos<br />

não podiam ser consumidos (Levítico:<br />

23-14). A partir <strong>de</strong>ste dia, os agricultores<br />

contavam então 49 dias até Shavuot,<br />

o festival da colheita, quando novamente<br />

peregrinavam à Jerusalém.<br />

A razão do semi-luto (não se fazem<br />

gran<strong>de</strong>s celebrações,<br />

nem se corta o<br />

cabelo) observado<br />

durante o período do<br />

Omer vem do Talmud,<br />

que <strong>de</strong>screve como<br />

uma praga matou os 24<br />

mil discípulos <strong>de</strong> Rabbi<br />

A festa <strong>de</strong> Lag BaOmer<br />

Akiva (no ano I da Era Comum). A praga<br />

cessou em Lag BaOmer. Foi também<br />

durante esse período, 350 anos atrás,<br />

que c orreram os massacres <strong>de</strong> Chmielnitzki<br />

na Rússia, Ucrânia e Polônia<br />

quando milhares <strong>de</strong> homens, mulheres<br />

e crianças ju<strong>de</strong>us foram mortos.<br />

Em Lag BaOmer, a revolta judaica<br />

li<strong>de</strong>rada por Bar Kochba assegurou uma<br />

vitória contra os romanos, após uma<br />

série <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrotas. Rabbi Shimon Bar Iochai<br />

(autor do Zohar, primeiro livro da<br />

Cabala) morreu em Lag BaOmer. Cabalistas<br />

e hassidim se reúnem em seu<br />

túmulo, em Meron (na Galiléia - Israel),<br />

em Lag BaOmer acen<strong>de</strong>ndo fogueiras,<br />

realizando o primeiro corte <strong>de</strong> cabelo<br />

<strong>de</strong> seus filhos, dançando e cantando<br />

por toda a noite.<br />

As fogueiras são a principal maneira<br />

com que este dia é celebrado em<br />

Israel e na Diáspora, tanto por ju<strong>de</strong>us<br />

religiosos quanto pelos seculares. O<br />

fogo representa a conversão do material<br />

em energia, similar a um conceito<br />

cabalístico <strong>de</strong> faíscas <strong>de</strong> santida<strong>de</strong>, inerentes<br />

ao mundo material.<br />

Durante a Contagem do Omer não<br />

se celebram casamentos ou outras festas,<br />

sendo que muitos costumam realizá-los<br />

em datas comemorativas como:<br />

Rosh Cho<strong>de</strong>sh (início do mês), Iom<br />

Haatsmaut (Dia da In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

Israel) e Iom Ierushalaim (Dia da Reunificação<br />

<strong>de</strong> Jerusalém) - tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

do costume local. Isto porque, no<br />

século II E.C, no período entre Pessach<br />

e Shavuot, Bar Kochba e os discípulos<br />

<strong>de</strong> Rabbi Akiva sofreram uma grave<br />

<strong>de</strong>rrota em sua rebelião contra os romanos.<br />

O Talmud (Ievamot 62b) <strong>de</strong>screve<br />

este episódio não como uma <strong>de</strong>rrota<br />

militar, mas sim como uma epi<strong>de</strong>mia<br />

que irrompeu entre os soldados<br />

<strong>de</strong> Bar Kochba. Seja como for, 24 mil<br />

dos jovens seguidores <strong>de</strong> Rabbi Akiva<br />

per<strong>de</strong>ram a vida. Por este motivo, este<br />

período <strong>de</strong> sete semanas é marcado por<br />

luto parcial.<br />

Mas uma exceção à regra é Lag Ba<br />

Omer, a qual merece especial <strong>de</strong>staque.<br />

A palavra Lag, em hebraico, é formada<br />

por duas letras, lamed e guimel, cujo<br />

valor numérico (cada letra do alfabeto<br />

hebraico tem um valor) é 33. Portanto,<br />

Lag BaOmer significa o 33º dia da<br />

Contagem do Omer. Neste dia (o qual<br />

observamos até hoje), segundo a tradição,<br />

aconteceram alguns fatos muito<br />

significativos para o Povo Ju<strong>de</strong>u:<br />

1) O maná, alimento vindo dos<br />

céus e que alimentou o povo durante<br />

a travessia do <strong>de</strong>serto, começou a cair<br />

neste dia;<br />

2) A epi<strong>de</strong>mia que dizimava os jovens<br />

discípulos <strong>de</strong> Rabbi Akiva, cessou<br />

completamente;<br />

3) Rabbi Shimon Bar Yochai, autor<br />

do Zôhar - obra máxima da mística judaica<br />

- faleceu neste dia, pedindo para<br />

que sua passagem não fosse marcada por<br />

tristeza e <strong>de</strong>solação. Muito pelo contrário:<br />

exortou a seus discípulos que comemorassem<br />

esta data com alegria e júbilo.<br />

E é justamente <strong>de</strong>sta última personagem<br />

que provém os costumes <strong>de</strong> Lag<br />

BaOmer. Durante o domínio romano, os<br />

ju<strong>de</strong>us foram proibidos <strong>de</strong> estudar a<br />

Torá sob pena <strong>de</strong> morte. Rabi Shimon<br />

Bar Yochai, por sua vez, teve <strong>de</strong> refugiar-se<br />

em uma caverna nas montanhas<br />

da Galiléia, on<strong>de</strong> permaneceu por 13<br />

anos. Seus discípulos, para po<strong>de</strong>rem se<br />

encontrar com ele tinham <strong>de</strong> sair aos<br />

campos carregando arcos e flechas, fingindo<br />

que iam caçar. Desta forma, con-<br />

seguiam enganar os soldados romanos<br />

e continuavam a receber os ensinamentos<br />

<strong>de</strong> seu mestre. Por isso, em Israel,<br />

o feriado é comemorado com piqueniques,<br />

fogueiras e concursos e brinca<strong>de</strong>iras<br />

<strong>de</strong> arco e flecha para crianças,<br />

sendo que muitos visitam seu túmulo<br />

em Meron, tendo as fogueiras como tributo<br />

à sua memória. Uma outra explicação<br />

para o arco é que, segundo a lenda,<br />

o arco-íris, que não apareceu durante<br />

toda a sua vida, voltou a brilhar<br />

suas cores no céu neste dia. No dia da<br />

morte <strong>de</strong> Rabbi Shimon Bar Yochai ele<br />

ensinou seus estudantes muitas das lições<br />

escondidas da Torá. Neste dia o<br />

sol não se pôs e o dia não terminou<br />

até que ele não terminasse <strong>de</strong> ensinar<br />

tudo que D-us lhe permitira revelar.<br />

Mil anos <strong>de</strong>pois, durante as Cruzadas<br />

na França e Alemanha, comunida<strong>de</strong>s<br />

judaicas completas foram mortas<br />

durante o período do Omer. E nos anos<br />

<strong>de</strong> 1648 e 1649, Bogdan Chmielnitzki<br />

li<strong>de</strong>rou os cossacos russos no ataque e<br />

assassinato <strong>de</strong> 300 mil ju<strong>de</strong>us.<br />

O costume <strong>de</strong> Lag BaOmer das crianças<br />

brincarem com arcos e flechas <strong>de</strong><br />

brinquedo, recorda-nos <strong>de</strong> quando os<br />

romanos reinavam sobre a Terra <strong>de</strong> Israel.<br />

Os romanos não permitiam o estudo<br />

da Torá. Todos que fossem pegos<br />

estudando a Torá eram mortos. Rabbi<br />

Akiva não parou <strong>de</strong> ensinar a Torá. Ele<br />

dizia: “Ju<strong>de</strong>us sem a Torá são como<br />

peixes fora d’água! Devemos continuar<br />

estudando a Torá!”. Ele e seus estudantes<br />

se disfarçavam <strong>de</strong> caçadores, carregavam<br />

arcos e flechas no meio das<br />

florestas, e estudavam a Torá, às vezes<br />

escondidos em cavernas.<br />

Em várias comunida<strong>de</strong>s, garotos<br />

que ainda não tiveram seus cabelos<br />

cortados e atingiram a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3 anos<br />

tem seu primeiro corte <strong>de</strong> cabelo em<br />

Lag BaOmer. Na Terra <strong>de</strong> Israel, muitas<br />

pessoas levam seus filhos a Meron,<br />

o local on<strong>de</strong> Rabbi Shimon Bar<br />

Iochai está enterrado, e lá cortam seus<br />

cabelos pela primeira vez.

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