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Evolução das características físico-químicas e da maturação

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Capítulo 2 – Transformação de leite em queijo<br />

tempo de coagulação por acção de enzimas quer a firmeza <strong>da</strong> coalha<strong>da</strong>, sendo a coagulação<br />

mais rápi<strong>da</strong> e com uma coalha<strong>da</strong> muito mais firme no que toca ao leite de ovelha.<br />

CAPÍTULO 2 - Transformação de leite em queijo<br />

O fabrico de queijo pode envolver diversas fases, que vão desde a preparação <strong>da</strong> matéria-prima<br />

até ao acabamento final do queijo, sendo a coagulação o fenómeno central tal como o<br />

dessoramento resultante <strong>da</strong> sinérese, sendo por isso trata<strong><strong>da</strong>s</strong> em pormenor a seguir.<br />

Nem to<strong><strong>da</strong>s</strong> as fases se usam ou se promovem <strong>da</strong> mesma maneira ou com a mesma intensi<strong>da</strong>de<br />

em todos os queijos e, por isso, a diversi<strong>da</strong>de é grande. Uma <strong><strong>da</strong>s</strong> fases que pode existir é a<br />

cura, muito complexa mas muito importante na determinação <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>características</strong> finais do queijo,<br />

pelo que é também trata<strong>da</strong> com pormenor a seguir.<br />

2.1. – Coagulação<br />

A coagulação do leite que se traduz pela formação de um gel, resulta <strong><strong>da</strong>s</strong> modificações <strong>físico</strong>-<br />

<strong>químicas</strong> que intervêm ao nível <strong><strong>da</strong>s</strong> micelas de caseínas; os mecanismos propostos na formação<br />

do coágulo diferem totalmente, conforme estas modificações sejam introduzi<strong><strong>da</strong>s</strong> por acidificação<br />

ou pela acção <strong><strong>da</strong>s</strong> enzimas coagulantes (Brule e Lenoir, 1987).<br />

A coagulação enzimática <strong>da</strong> proteína do leite ocorre em duas fases e pode ser efectua<strong>da</strong> por<br />

meio de enzimas de origem animal, vegetal e microbiana predominantemente proteases áci<strong><strong>da</strong>s</strong><br />

ou aspárticas (Alvarenga, 2008).<br />

A coagulação do leite pela acção de enzimas coagulantes tem lugar em duas fases, a fase<br />

primária que se designa por enzimática, durante a qual o coagulante ataca o componente<br />

estabilizador <strong>da</strong> micela e a fase secundária, fase de coagulação, que corresponde à formação do<br />

gel, por associação <strong><strong>da</strong>s</strong> micelas modifica<strong><strong>da</strong>s</strong> pela acção <strong><strong>da</strong>s</strong> enzimas (Brule e Lenoir, 1987).<br />

Na primeira fase o coagulante promove um corte na ligação peptídica existente entre a posição<br />

105 e 106, constituí<strong>da</strong> pelos aminoácidos fenilananina e metionina <strong>da</strong> caseína k (Phe105 –Met106).<br />

A enzima que apresenta maior especifici<strong>da</strong>de para quebra desta ligação, a quimosina, é de<br />

origem animal. Esta acção divide a caseína k em duas fracções: o glicomacropéptido (GMP),<br />

solúvel, hidrofílico, constituído pelos aminoácidos 106-169, o qual fica no soro, e a fracção para-<br />

caseína k, insolúvel, hidrofóbica, constituí<strong>da</strong> pelos aminoácidos 1-105, a qual permanece liga<strong>da</strong><br />

às caseínas αS1 e β e por ser altamente hidrofóbico e alcalino, conduz à destabilização <strong><strong>da</strong>s</strong><br />

micelas (Dalglish, 1999). É uma fase puramente enzimática ao longo <strong>da</strong> qual não se notam<br />

modificações macroscópicas no leite, até que seja atingi<strong>da</strong> uma proporção significativa <strong>da</strong><br />

caseína k (85-90%), implicando uma desestabilização micelar tal que permite que as restantes<br />

caseínas, sensíveis ao cálcio, iniciem um processo de agregação micelar captando o cálcio<br />

iónico disponível na solução, indispensável, portanto, para que se verifique a coagulação<br />

(Martins e Vasconcelos, 2003/2004).<br />

P Gomes (2011). Instituto Superior de Agronomia.<br />

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