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Evolução das características físico-químicas e da maturação

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Capítulo 2 – Transformação de leite em queijo<br />

<strong>da</strong> desmineralização <strong><strong>da</strong>s</strong> micelas de caseína (Lawrence et al., 1987). O metabolismo de lactose<br />

residual completo e extenso é essencial para a produção de queijos de boa quali<strong>da</strong>de e a sua<br />

rapidez depende entre outros factores, <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de sal existente na coalha<strong>da</strong>, uma vez que<br />

as bactérias lácticas de arranque são mais sensíveis ao sal do que as bactérias lácticas que não<br />

pertencem a esse grupo (Fox et al., 1999).<br />

Para além <strong><strong>da</strong>s</strong> bactérias lácticas, existem outros microrganismos capazes de fermentar os<br />

monossacáridos <strong>da</strong> lactose e transformá-los em diversos produtos, que podem ser indesejáveis<br />

e produzem defeitos no queijo. Por exemplo, os coliformes transformam a lactose em ácido<br />

láctico, ácido acético e em ácido fórmico, enquanto as leveduras transformam-na não só em<br />

ácidos orgânicos, mas também em álcool, acetaldeído e em dióxido de carbono (Dumais et al.,<br />

1991).<br />

O ácido láctico resultante <strong>da</strong> fermentação <strong>da</strong> lactose também sofre modificações. Por exemplo,<br />

pode combinar-se com o cálcio do soro para formar lactato de cálcio e, dependendo do tipo de<br />

queijo, o lactato e o ácido láctico podem ser fermentados em ácido propiónico (C3), ácido acético<br />

(C2) e dióxido de carbono (CO2) (Dumais et al., 1991).<br />

A evolução do lactato é variável consoante o tipo <strong><strong>da</strong>s</strong> pastas. Nas pastas moles os bolores<br />

degra<strong>da</strong>m-no rapi<strong>da</strong>mente. A sua evolução é especialmente importante entre o quarto e o sétimo<br />

dia. A fermentação <strong>da</strong> lactose e do lactato durante a <strong>maturação</strong> intervém certamente nas<br />

quali<strong>da</strong>des organolépticas dos queijos (Choisy et al., 1987).<br />

2.2.2 - Proteólise<br />

A matriz proteica sofre mu<strong>da</strong>nças estruturais durante a cura. Em queijos recentemente<br />

coagulados, os agregados de caseína perdem a sua forma esférica devido aos fenómenos<br />

ocorridos durante a coagulação, passando a apresentar uma estrutura fibrosa conheci<strong>da</strong> como<br />

rede proteica. À medi<strong>da</strong> que a cura avança, ocorrem processos de dissociação nas proteínas<br />

fibrosas, levando à formação de cama<strong><strong>da</strong>s</strong> com estrutura mais homogénea. O fenómeno<br />

responsável por esta alteração é a proteólise, que é o evento primário mais complexo que ocorre<br />

durante a <strong>maturação</strong> e o mais importante no desenvolvimento do perfil de textura e também de<br />

flavour, muitos autores pensam que a proteólise é mesmo a mais importante transformação que<br />

decorre durante a <strong>maturação</strong> dos mais variados tipos de queijo. A proteólise contribui para as<br />

alterações neste perfil de quatro formas diferentes: libertação de aminoácidos e péptidos, que<br />

podem estar directamente associados ao sabor amargo e, indirectamente através <strong>da</strong> via do<br />

catabolismo dos aminoácidos, pela formação de compostos que contribuem para o flavour como<br />

aminas, ácidos, tióis, tioésteres, entre outros (Alvarenga, 2008). Os ácidos provenientes do<br />

catabolismo dos aminoácidos são o ácido isobutírico (isoC4), ácido isovalérico (isoC5) e ácido<br />

valérico (C5) (Partidário, 1998).<br />

As enzimas responsáveis pela proteólise podem agrupar-se em dois grupos principais: as<br />

P Gomes (2011). Instituto Superior de Agronomia.<br />

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