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28 DE DEZEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 17<br />

GREVES E MANIFESTAÇÕES MARCAM 2008<br />

A Europa se levanta contra a crise e a direita no poder<br />

Um grande número de manifestações e greves tomou conta do velho continente durante o ano. Uma reação praticamente espontânea das<br />

massas contra os ataques promovidos pelos governos direitistas e o avanço da crise diante da profunda decadência da esquerda burguesa e<br />

reformista, que conduziu o movimento de massas à paralisia dos últimos anos<br />

Os regimes que<br />

caem aos pedaços<br />

Logo no início do ano o governo<br />

italiano passou por uma<br />

profunda crise, tendo como<br />

centro a renúncia do premiê<br />

Romano Prodi, depois de apenas<br />

20 meses no poder, em janeiro.<br />

Ele já havia se demitido<br />

uma primeira vez no dia 21 de<br />

fevereiro de 2007 devido a uma<br />

crise com o Senado sobre sua<br />

política externa pró-imperialista,<br />

mas acabou retornando por<br />

vontade de Napolitano, obtendo<br />

a confiança das duas Câmaras.<br />

O que se viu nos meses seguintes<br />

foi a sucessão de tentativas<br />

de formar um governo<br />

interino e a dissolução do parlamento,<br />

num esforço para remediar<br />

um governo irremediavelmente<br />

comprometido pela corrupção<br />

e desmoralização.<br />

Assinalamos, diante da evolução<br />

dos acontecimentos, que<br />

“na realidade a reforma eleitoral<br />

se transformou numa necessidade<br />

para a burguesia, que na<br />

situação atual não consegue<br />

realizar nenhum acordo entre<br />

seus setores políticos que se<br />

encontram totalmente fragmentados.<br />

Nesse sentido, é muito<br />

similar à reforma política realizada<br />

no Brasil, no último período,<br />

que legislou sobre a fidelidade<br />

partidária com o objetivo<br />

de manter o domínio dos caciques<br />

burgueses.<br />

“Esta fragmentação política é<br />

o resultado visível da divisão de<br />

dois setores fundamentais da<br />

burguesia, o que ocorre não<br />

apenas na Itália, mas um fenômeno<br />

comum em vários países.<br />

De um lado, a burguesia nacional<br />

e industrial e de outro, a<br />

burguesia imperialista financeira.<br />

Esta, por sua vez, ocorre<br />

devido à crise econômica mundial,<br />

com epicentro na recessão<br />

norte-americana. A diminuição<br />

do dinheiro impulsiona uma luta<br />

entre esses dois setores pela<br />

maior parte do dinheiro e assim,<br />

uma luta pela sobrevivência<br />

desta crise” (Causa Operária nº<br />

467, 3/2/2008).<br />

Não demorou muito até que<br />

a crise “por baixo” se alastrasse<br />

para países como a França,<br />

Espanha e Alemanha.<br />

Em março, os servidores<br />

públicos alemães entraram em<br />

greve paralisando quase 90% do<br />

funcionalismo; a reivindicação:<br />

aumento salarial.<br />

No mesmo mês ocorreram<br />

as eleições russas, onde o atual<br />

presidente Dimitri Medvedev foi<br />

eleito e Vladmir Putin consolidou<br />

seu controle sobre o poder<br />

no cargo de Primeiro Ministro.<br />

Representando o avanço das<br />

contradições econômicas e sociais<br />

no gigantesco país euroasiático,<br />

assinalamos que “todo<br />

o espaço geográfico da ex-<br />

União Soviética, como exatamente<br />

previu Trótski, transformou-se<br />

‘terra de ninguém’.<br />

Graças ao stalinismo, converteu-se<br />

em território da contrarevolução<br />

e experiência da restauração<br />

do capitalismo. Ao<br />

proletariado russo e de todas as<br />

ex-repúblicas soviéticas está<br />

colocada como tarefa urgente a<br />

construção de partidos operários<br />

que inscrevam em seus programas<br />

a luta pela liquidação de<br />

todos os privilégios dos novos<br />

ricos que se apropriaram das<br />

riquezas construídas pelo povo<br />

trabalhador, expulsando as<br />

máfias que controlam o Estado,<br />

na perspectiva do restabelecimento<br />

da democracia soviética<br />

e das conquistas da Revolução<br />

de Outubro” (Causa Operária<br />

Online nº 1.553, 4/3/2008).<br />

Em maio deste ano também<br />

o governo Brown, na Inglaterra,<br />

menos de 10 meses depois<br />

de ter sido escolhido primeiroministro,<br />

vê possibilidade de ser<br />

afastado do cargo nas próximas<br />

eleições.<br />

Este foi apenas o prenúncio<br />

do período de manifestações e<br />

greves que se seguiram.<br />

A crise no Leste Europeu<br />

ABRIL<br />

Medvedev foi eleito e Putin se manteve no poder.<br />

América do Sul:<br />

Locaute de produtores<br />

rurais na Argentina<br />

Há três meses no poder, a presidente<br />

Cristina Kirchner passa por<br />

sua primeira crise política, considerada<br />

a maior desde o Argentinaço<br />

de 2001. (Causa Operária<br />

Notícias Online, edição 1582)<br />

Haiti: Revolta popular<br />

contra a ocupação<br />

Em mais uma manifestação<br />

contra a alta dos alimentos e a<br />

precária condição de vida da população,<br />

milhares de haitianos<br />

exigiram a retirada imediata das<br />

tropas, principais responsáveis<br />

pelo aprofundamento da miséria<br />

no país. (Causa Operária Notícias<br />

Online, edição 1595)<br />

A região do Cáucaso viu a crise de perto com o conflito entre<br />

a Rússia e a Geórgia, em agosto. Destacamos prontamente<br />

que só a mobilização da população georgiana e russa e, em<br />

última instância, a revolução proletária pode garantir a<br />

independência desses países.<br />

A independência do Kosovo<br />

em relação à Sérvia em fevereiro<br />

deu margem a uma<br />

tentativa do imperialismo<br />

norte-americano de constituir<br />

um enclave nos Bálcãs e<br />

abocanhar um mercado posto<br />

à deriva pela dissolução da<br />

União Soviética.<br />

Dissemos, em nosso jornal<br />

diário na Internet, à época: “o<br />

objetivo de se afirmar que<br />

este é um caso único e incomparável<br />

visa também esconder<br />

os diversos casos em<br />

que o imperialismo literalmente<br />

criou países artificiais<br />

para manter ou abrir sua influência<br />

política e econômica<br />

nas regiões. É o que aconteceu<br />

com o Paquistão, Bangladesh,<br />

Israel e vários países<br />

do Golfo Pérsico e na<br />

África, onde o imperialismo<br />

delimitou todas suas fronteiras,<br />

além da Palestina, no<br />

centro da crise do Oriente<br />

Médio. A política do imperialismo<br />

consiste em impedir o<br />

surgimento de países ali as<br />

nacionalidades são oprimidas<br />

e criar artificialmente os países<br />

que lhe convém” (Causa<br />

Operária Online nº 1.545,<br />

25/2/2008).<br />

A crise política se refletiu<br />

na Sérvia em março quando<br />

o Parlamento foi dissolvido e<br />

as eleições foram antecipadas<br />

para maio.<br />

Em abril, a região se evidenciou<br />

como palco da disputa<br />

pela influência com a<br />

aprovação da instalação de<br />

um escudo antimísseis na<br />

República Checa e na Polônia.<br />

Dissemos à época que “a<br />

aprovação da proposta mostra<br />

o quão atrelado estão os<br />

países membros da OTAN<br />

em relação aos interesses do<br />

imperialismo norte-americano.<br />

Desde o fim da chamada<br />

Guerra Fria, os EUA vieram<br />

pouco a pouco se estabelecendo<br />

no Leste europeu atra-<br />

vés do incentivo à completa<br />

divisão da região. Este incentivo,<br />

diga-se de passagem,<br />

significa guerras sangrentas,<br />

massacres e os mais variados<br />

crimes de Estado contra as<br />

nações” (Causa Operária<br />

nº476, 6/4/2008).<br />

Em julho, o imperialismo<br />

avançou na sua política, nossas<br />

páginas assinalaram que<br />

“o acordo assinado pelo governo<br />

norte-americano serve<br />

para abrir as portas para a<br />

entrada do capital norte-americano<br />

representado diretamente<br />

pelo chamado complexo<br />

industrial-militar no território<br />

que foi desde a Segunda<br />

Guerra Mundial área de<br />

influência exclusiva da antiga<br />

União Soviética.<br />

“(...) A operação toda vem<br />

recoberta pelo manto da defesa<br />

da democracia, usado<br />

para disfarçar que os maiores<br />

terroristas, por serem os<br />

únicos no mundo com este<br />

poder, estão no próprio governo<br />

dos EUA a promover a<br />

guerra, a fome e a ameaça de<br />

uma catástrofe social com o<br />

colapso de sua economia”<br />

(Causa Operária Online nº<br />

1.680, 9/7/2008).<br />

A região do Cáucaso viu a<br />

crise de perto com o conflito<br />

entre a Rússia e a Geórgia,<br />

em agosto. Destacamos<br />

prontamente que “só a mobilização<br />

da população georgiana<br />

e russa e, em última instância,<br />

a revolução proletária<br />

pode garantir a independência<br />

desses países. No entanto,<br />

se o conflito na Geórgia se<br />

generalizar, como está indicando<br />

a situação, e se transformar<br />

em um conflito entre<br />

o imperialismo norte-americano<br />

e a Rússia, este último,<br />

que é também um país atrasado<br />

e oprimido pelo imperialismo,<br />

deve ser apoiado em<br />

sua luta contra ele” (Causa<br />

Operária Online nº 1.714, 12/<br />

8/2008).<br />

MAIO<br />

Crise na Europa: Onda<br />

de greves na França<br />

Uma série de greves ocorrem<br />

na França. Professores e outras<br />

categorias cruzaram os braços em<br />

protesto contra o governo Sarkozy<br />

e sua tentativa de descontar a<br />

crise econômica sobre os trabalhadores.<br />

(Causa Operária Notícias<br />

Online, edição 1627)<br />

Manuel Marulanda:<br />

Morre o fundador das<br />

FARC, o guerrilheiro<br />

mais velho do mundo<br />

França, Itália, Grécia...<br />

Europa em chamas<br />

A onda de manifestações não parou durante o ano.<br />

Ao final de 2008, um ciclo de<br />

enormes manifestações de massa<br />

se completou, passando por<br />

alguns dos países mais importantes<br />

do continente europeu, a começar<br />

pela França, onde o presidente<br />

Nicolas Sarkozy completou<br />

um ano de mandato em abril<br />

com os piores índices de aprovação<br />

da história.<br />

Assinalamos, no artigo “Popularidade<br />

de Sarkozy caiu porque<br />

a direita está caindo”, que “a<br />

tendência internacional à esquerda<br />

manifestada pela classe operária<br />

em primeiro lugar (a greve<br />

dos condutores de trens na França<br />

no ano passado [2007, n. e.],<br />

os operários metalúrgicos norteamericanos<br />

em greve na General<br />

Motors) é o sinal claro de que<br />

as amplas massas populares<br />

estão se agitando com cada vez<br />

mais intensidade. As tendências<br />

a um deslocamento à esquerda da<br />

população expostas nas manifestações<br />

grevistas durante o ano<br />

passado se desenvolvem gradativamente<br />

por baixo, enquanto<br />

que a experiência negativa anterior<br />

com o Partido Socialista e o<br />

governo de coabitação com a direita<br />

repeliram a eleição de Ségolène<br />

Royal no ano passado<br />

[2007]. Assim como nos demais<br />

governos imperialistas, a crise do<br />

governo Sarkozy é inevitável na<br />

medida em que este conclui uma<br />

aliança estreita com o capital<br />

norte-americano em crise e se alinha<br />

com a do Iraque” (Causa<br />

Operária nº 481, 11/5/2008).<br />

Desde o final de abril uma<br />

série de greves ocorreu na França.<br />

Professores e outras categorias<br />

cruzaram os braços em protesto<br />

contra o governo Sarkozy<br />

e sua tentativa de descontar a<br />

crise econômica sobre os trabalhadores.<br />

Em maio, os protestos contra<br />

inflação e aumento dos combustíveis<br />

tomaram conta da Europa.<br />

Ao final do mês, toda a frota pesqueira<br />

de Portugal permaneceu<br />

atracada, bem como trabalhadores<br />

pesqueiros da Espanha,<br />

França, Bélgica e Itália cruzaram<br />

os braços em protesto.<br />

No mês de junho, uma segunda<br />

onda de greves em função da<br />

alta do petróleo se espalhou pela<br />

Europa. Os caminhoneiros espanhóis<br />

realizaram uma paralisação<br />

protestando contra o aumento de<br />

20% dos preços do diesel apenas<br />

até aquela altura do ano. Os trabalhadores<br />

ferroviários franceses<br />

seguiram a tendência e também<br />

realizaram greves. Ao final<br />

do mês, uma nova reforma de<br />

Sarkozy também despertou o<br />

espírito grevista dos trabalhadores<br />

do setor de rádio e TV. A<br />

greve dos transportes atravessou<br />

o continente e o tempo, chegando<br />

à Alemanha em julho.<br />

O governo italiano ensaiou<br />

uma guinada fascista na sua<br />

política em agosto, acenando<br />

com a repressão aos imigrantes.<br />

As FARC confirmam a morte<br />

do número um da guerrilha, o líder<br />

Manuel Marulanda, 77 anos, o<br />

“Tirofijo” (tiro certo, em português).<br />

(Causa Operária Notícias<br />

Online, edição 1640)<br />

Após aplicar estado de emergência<br />

em todo território nacional e<br />

aprofundar medidas para expulsar<br />

imigrantes ilegais, colocou o<br />

Exército nas ruas das principais<br />

cidades italianas.<br />

As mobilizações estudantis<br />

encostaram o governo italiano<br />

contra a parede em outubro e forçaram<br />

a paralisação de seus projetos<br />

de reforma e ataque ao ensino<br />

público no início do ano,<br />

bem como o fizeram retroceder<br />

na aprovação de suas medidas<br />

fascistóides. Várias escolas e universidades<br />

foram ocupadas em<br />

um protesto que ultrapassou os<br />

limites da mera luta contra a reforma<br />

educacional.<br />

A onda de manifestações não<br />

parou e, no início de novembro,<br />

os operários metalúrgicos da<br />

Nissan na Espanha se revoltaram<br />

contra as demissões e se reuniram<br />

com paus e pedras para<br />

protestar na sede da empresa.<br />

Assinalamos naquele momento<br />

que “o protesto é o resultado imediato<br />

do maior colapso financeiro<br />

do capitalismo, que após varrer<br />

os maiores bancos dos EUA<br />

e Europa atinge agora a economia<br />

dos países de todo o mundo,<br />

mergulhados na recessão”<br />

(Causa Operária nº 508, 16/11/<br />

2008).<br />

Em dezembro, o assassinato<br />

de um estudante na Grécia foi o<br />

estopim para uma onda de mobilizações<br />

que tomou conta do país.<br />

A falta de empregos - fundamentalmente<br />

entre a juventude - e os<br />

inúmeros escândalos políticos de<br />

corrupção contribuiu para lançar<br />

mais gasolina na fogueira. As manifestações,<br />

encabeçadas pelo<br />

movimento estudantil, se generalizaram<br />

em uma greve nacional de<br />

diversos setores da indústria, comércio<br />

e funcionalismo público.<br />

A uma semana do início das manifestações,<br />

nosso jornal diário<br />

ressaltou que “o movimento nacional<br />

na Grécia não é uma demonstração<br />

isolada da revolta de<br />

um punhado de jovens sem perspectivas.<br />

É a juventude com o salário<br />

mais baixo da União Européia<br />

(cerca de 650 euros). Os trabalhadores<br />

também são atacados<br />

pelas reformas trabalhistas, demissões<br />

e privatizações levadas a<br />

cabo pelo governo dominado pela<br />

direita e com o respaldo do oficialista<br />

Partido Socialista, que faz a<br />

oposição de fachada, bem como<br />

os stalinistas do Partido Comunista<br />

grego.<br />

“O assassinato do jovem Alexandros<br />

Grigoropoulos, enterrado<br />

na terça-feira (9) foi a centelha<br />

que incendiou a situação de<br />

crise que a Grécia acumulou<br />

durante anos a fio. Este crime de<br />

Estado foi o pretexto que faltava<br />

para fazer eclodir em escala nacional<br />

uma onda de revoltas contra<br />

o governo burguês e o regime<br />

capitalista em estado terminal”<br />

(Causa Operária Online nº<br />

1.835, 11/12/2008).<br />

JUNHO<br />

Eleições EUA: Barack<br />

Obama confirma sua<br />

candidatura à<br />

presidência da<br />

república<br />

Obama obtém a candidatura<br />

pelo Partido Democrata à presidência.<br />

A candidatura de Obama,<br />

apresentada desde o início como<br />

sendo um empenho pela “mudança”<br />

– seu lema de campanha – se<br />

aproximou das posições defendidas<br />

pela burguesia e pela esquerda<br />

liberais, particularmente em função<br />

do desenvolvimento da crise dos<br />

EUA com a guerra no Iraque.<br />

(Causa Operária Notícias Online,<br />

edição 1618)

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