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28 DE DEZEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 19<br />
IRAQUE, AFEGANISTÃO, PAQUISTÃO, ÍNDIA, GEÓRGIA, TIBETE, CHINA...<br />
A crise do imperialismo se estende por todo Oriente<br />
Os episódios registrados ao longo do ano no maior continente do mundo são uma expressão da decomposição do imperialismo que está levando o<br />
mundo todo para um conflito aberto<br />
O pior ano da ocupação<br />
do Iraque<br />
O ano de 2008 completou o<br />
aniversário de cinco anos da ocupação<br />
do Iraque. O jornal Causa<br />
Operária impresso e na Internet<br />
acompanhou quase que diariamente<br />
a luta e a resistência do<br />
povo deste país contra a ingerência<br />
imperialista. Em cinco anos de<br />
ocupação, este foi sem dúvida o<br />
pior ano para as tropas norteamericanas<br />
e para a OTAN.<br />
Os cinco anos de ocupação do<br />
Iraque trazem um quadro desolador<br />
para o país. Milhões de iraquianos<br />
foram obrigados a abandonarem<br />
suas casas neste tempo<br />
e mais de um milhão de pessoas<br />
foram mortas pelas tropas estrangeiras.<br />
“A maioria da população apóia<br />
silenciosamente as ações de resistência<br />
levantadas pelas milícias<br />
muçulmanas e confirmadas<br />
pelo enorme número de atentados<br />
e emboscadas contra as tropas<br />
invasoras”, ressaltou o jornal<br />
Causa Operária Online em<br />
sua edição publicada em 6/8/<br />
2008.<br />
Já são mais de quatro mil baixas<br />
apenas entre os militares<br />
norte-americanos e dezenas de<br />
milhares com problemas psíquicos<br />
e inválidos. A imprensa burguesa<br />
faz de tudo para esconder,<br />
mas houve muitas manifestações<br />
dos EUA contra a ocupação do<br />
Iraque. Manifestações de massa,<br />
as maiores em cinco anos, também<br />
ocorreram dentro do Iraque.<br />
Desesperados para suprir sua<br />
cota mensal de recrutamento, o<br />
Exército ameaça alunos com<br />
baixo rendimento escolar a se<br />
alistarem. Do contrário, são considerados<br />
traidores e ameaçados<br />
de serem fuzilados. Porém no<br />
combate, negros e latinos são as<br />
principais vítimas, pois o Exército<br />
procura preservar os seus<br />
cidadãos nativos cuja indenização<br />
é mais cara.<br />
O Exército contou em 2008<br />
com milhares de deserções, recusas<br />
de missões e altos índices<br />
de suicídio. Muitos veteranos<br />
são convocados novmanete à<br />
frente e até mesmo a Guarda<br />
Nacional está servindo no Iraque<br />
em períodos que chegam até<br />
dois anos. Tanto para as tropas<br />
como para o povo iraquiano, a<br />
ocupação se tornou insuportável.<br />
Mais de um milhão de iraquianos<br />
foram mortos e o país foi<br />
completamente arrasado. Escolas,<br />
universidades, hospitais, sistema<br />
de água, transporte, esgoto<br />
e energia elétrica. Esta é a maior<br />
quantidade de mortos desde a<br />
Segunda Guerra Mundial e em<br />
um período tão curto.<br />
Em dezembro o governo iraquiano<br />
assinou junto com Washington<br />
um plano de retirada das<br />
tropas até 2012, porém trata-se de<br />
um plano forjado para garantir a<br />
permanência perpétua das bases<br />
militares e o domínio sobre as<br />
jazidas de petróleo. O povo iraquiano<br />
continuará lutando contra<br />
todas as formas de opressão.<br />
Sete anos depois, Talibã<br />
reconquista o Afeganistão<br />
No dia 13 de novembro de 2001<br />
uma coalizão formada por vários<br />
países e liderada pelos EUA derrubou<br />
o regime Talibã. Era neste país<br />
que atuava o inimigo público nº 1 do<br />
imperialismo, Osama Bin Laden, arquiteto<br />
dos atentados de 11 de setembro,<br />
realizado menos de um<br />
mês antes das tropas militares invadirem<br />
e ocuparem o Afeganistão<br />
com a operação enganosamente<br />
chamada “Liberdade Duradoura”.<br />
No entanto, como assinalou o<br />
jornal Causa Operária Online,<br />
“com a queda do Talibã, estaria<br />
cumprida a primeira etapa de uma<br />
operação que se estenderia por<br />
OUTUBRO<br />
Acordo entre EUA e<br />
Iraque fixa prazo<br />
para desocupação<br />
Um acordo bilateral entre o<br />
governo iraquiano e norte-americano<br />
após meses de discussão<br />
chegou à uma conclusão sobre<br />
a retirada das tropas norte-americanas,<br />
estabelecendo um prazo<br />
até 2011. No entanto, acor-<br />
todo o mundo, a chamada ‘guerra<br />
global contra o terror’, um processo<br />
que extraiu resultados semelhantes<br />
ao de um bumerangue, que<br />
foi e voltou contra o próprio imperialismo”<br />
(20/11/2008).<br />
No entanto, nos últimos sete<br />
anos, desde que foi deposto, o<br />
Talibã reconquistou mais de 70%<br />
do território afegão, instituindo<br />
novamente seu próprio governo<br />
em grande parte das províncias.<br />
Até o final de 2008, a insurgência<br />
já ocupa os arredores da capital<br />
Cabul e às tropas só resta esperar<br />
o combate final.<br />
Em sete anos de ocupação,<br />
do visa a permanência das bases<br />
militares estrangeiras no país<br />
árabe. (Causa Operária Notícias<br />
Online, edição 1780)<br />
NOVEMBRO<br />
Barack Obama é o<br />
44º presidente norteamericano<br />
O resultado das eleições norte-americanas<br />
revela a profunda<br />
derrota imposta ao imperialismo<br />
pela luta das massas<br />
Está em jogo na Ásia Central a disputa entre o imperialismo e<br />
a Rússia pelo controle político e econõmica da região.<br />
nenhum resultado foi conquistado<br />
pelo imperialismo, exceto enormes<br />
despesas militares, recorde de<br />
baixas e o assassinato em massa<br />
de civis.<br />
Os EUA invadiram o Afeganistão<br />
e agora não sabem mais como<br />
sair. Estão confinados numa região<br />
montanhosa dominada por<br />
milícias islâmicas. São um corpo<br />
estranho misturado em meio a um<br />
povo extremamente pobre.<br />
A OTAN (Organização do Tratado<br />
do Atlântico Norte) é atualmente<br />
a mantenedora da ocupação,<br />
na qual coordenam a Força<br />
Internacional de Assistência à<br />
Segurança (ISAF), encabeçada<br />
pelos EUA e com 34 mil efetivos<br />
em suas fileiras. Este número não<br />
é minimamente razoável para combater<br />
as milícias e o crescimento<br />
do Talibã em várias províncias do<br />
País.<br />
A situação também vai de mal a<br />
pior para as tropas britânicas. Em<br />
novembro, o comandante das<br />
Forças Especiais Britânicas (SAS,<br />
na sigla em inglês) no Afeganistão,<br />
Sebastian Morley, apresentou seu<br />
pedido de renúncia acusando o<br />
governo e o Ministério da Defesa de<br />
“negligência” pela falta de segurança<br />
para os seus soldados neste país.<br />
A cada ano, a crise aumenta e<br />
se espalha para outras zonas de<br />
influência do imperialismo. No<br />
Afeganistão, ofuscado pela ocupação<br />
do Iraque, em muitos aspectos<br />
a situação é pior ainda. Em<br />
todas as campanhas militares lideradas<br />
pelos EUA, as tropas<br />
estão sem alternativas e num<br />
impasse completo, esperando<br />
utopicamente o dia que irão acordar<br />
de um pesadelo.<br />
Paquistão e Índia: duas<br />
potências mergulhadas na<br />
crise política<br />
Se o imperialismo não consegue<br />
controlar as ocupações do<br />
Iraque e do Afeganistão, a crise<br />
no Paquistão tornou esta tarefa<br />
totalmente impossível. Mesmo<br />
substituindo o ditador Pervez<br />
Musharraf por um governo de<br />
fachada democrática, a situação<br />
só piora.<br />
O ápice desta crise no ano de<br />
2008 ocorreu em agosto, quando<br />
o presidente do Paquistão,<br />
Pervez Musharraf (ou “Busharraf”,<br />
como é chamado pelos<br />
mundialmente que esmagou o<br />
governo Bush. O colapso conjunto<br />
dos dois partidos do imperialismo<br />
permitiu a ascensão de<br />
Obama. (Causa Operária Notícias<br />
Online, edição 1800)<br />
Espanha:<br />
trabalhadores se<br />
insurgem contra<br />
plano de demissão da<br />
Nissan<br />
A recessão mundial está atingindo<br />
de maneira devastadora as<br />
montadoras de carros em todo<br />
mundo. Praticamente todas as<br />
principais montadoras tiveram<br />
paquistaneses), renunciou ao seu<br />
cargo após nove anos no poder.<br />
Musharraf foi, no Sul da Ásia, o<br />
principal aliado dos EUA, país ao<br />
qual serviu com obediência cega,<br />
e desde 1999 assumia a chefia do<br />
governo, quando liderou um<br />
golpe de Estado. Deixou o poder<br />
totalmente sozinho e abandonado,<br />
sem nenhum apoio do imperialismo.<br />
Desde fevereiro, quando os<br />
dois maiores partidos burgueses<br />
do País formaram uma coalizão,<br />
quedas nas vendas, resultando<br />
em fechamento de fábricas,<br />
demissão em massa de trabalhadores,<br />
paralisação da produção,<br />
férias coletivas etc. (Causa<br />
Operária Notícias Online, edição<br />
1806)<br />
Ataques em Bombaim<br />
expressam avanço da<br />
crise asiática<br />
Ataque cinematograficamente<br />
planejado contra um dos<br />
principais centros comerciais<br />
do Sul da Ásia indica o princípio<br />
da extensão da crise que<br />
atinge toda a região para o maior<br />
País asiático. (Causa Operá-<br />
Musharraf vinha perdendo terreno.<br />
O ingresso da ala democratizante<br />
no poder foi o primeiro<br />
passo para a queda de Musharraf.<br />
O imperialismo o descartou<br />
e agora aposta nestes partidos<br />
para dar continuidade à sua política<br />
de terror sobre os povos.<br />
O Paquistão é o ponto de<br />
equilíbrio em todo o Sul da Ásia,<br />
assim como o Irã para o Oriente<br />
Médio e o Brasil para a América<br />
Latina, ou seja, o elo de sustentação<br />
do domínio imperialista<br />
sobre a região. A crise aguda<br />
neste país expressa uma profunda<br />
decomposição do domínio<br />
imperialista nas regiões estratégicas<br />
do mundo. Estes países<br />
desestabilizam um conjunto de<br />
outros países dependentes de<br />
sua influência política e econômica.<br />
Sua renúncia foi, nesse sentido,<br />
uma derrota para a dominação<br />
do imperialismo de conjunto<br />
e esta dominação está se<br />
dissolvendo em todo o mundo.<br />
“A crise no Paquistão despertou<br />
inevitavelmente a vizinha<br />
Índia. Além da desestabilizada<br />
região da Caxemira, que registrou<br />
eleições locais em 2008 e<br />
muitas mortes por causa de<br />
atentados, uma série de ataques<br />
contra o coração financeiro da<br />
Índia mostrou mais um capítulo<br />
da falência do imperialismo<br />
em todo o corredor que segue<br />
desde o Oriente Médio até o<br />
Sudeste asiático” (Causa Operária<br />
Online nº 1.826, 2/12/<br />
2008).<br />
Em novembro, a maior e<br />
mais populosa cidade da Índia,<br />
Bombaim, foi palco dos atentados<br />
mais sangrentos de sua história.<br />
Mais de 125 pessoas foram<br />
mortas, a maior parte delas<br />
dentro do luxuoso hotel Taj<br />
Mahal.<br />
Bombaim compete com as<br />
economias de Hong Cong e Cingapura.<br />
Embora tenha uma importância<br />
muito grande regionalmente,<br />
o impacto da crise econômica<br />
mundial afeta toda a<br />
Ásia. A economia da Índia sofre<br />
um crescente déficit em<br />
conta corrente e uma imensa<br />
fuga de capital estrangeiro. O<br />
ataque teve como alvo o aumento<br />
do número de executivos de<br />
empresas multinacionais e banqueiros<br />
que investem na região.<br />
Muitos compararam os ataques<br />
com o 11 de setembro de 2001<br />
em Nova Iorque e os atentados<br />
de Londres e Madrid, sendo alvos<br />
econômicos vitais para a<br />
economia mundial.<br />
A crise que se espalhou pelo<br />
Sul da Ásia durante o ano passado<br />
permanece ativa e tem como<br />
centro a crise do próprio imperialismo<br />
norte-americano.<br />
Geórgia: um enclave em disputa<br />
Um acontecimento inesperado<br />
surpreendeu todo o mundo em<br />
plenas Olimpíadas. No mês de<br />
agosto, tropas georgianas invadiram<br />
a região separatista da Ossétia<br />
do Sul para tomá-la definitivamente<br />
como parte integrante de<br />
seu território.<br />
O ataque surpresa levou a<br />
Rússia a responder de forma<br />
contundente a esta provocação<br />
financiada pelos EUA. Em cinco<br />
dias de conflitos, tropas russas<br />
praticamente dizimaram o Exército<br />
da Geórgia.<br />
O pano de fundo deste conflito<br />
é a disputa pelo controle econômico<br />
e político de uma região<br />
que até o início dos anos 90 faziam<br />
parte da União Soviética.<br />
A Geórgia, embora pequena, é<br />
de uma importância vital do ponto<br />
de vista geopolítico, pois milhares<br />
de barris de petróleo e gás são<br />
produzidos ali diariamente, extraídos<br />
do Mar Cáspio e transportados<br />
através do Mar Negro com<br />
destino para o Mar Mediterrâneo<br />
e o resto do mundo.<br />
Os EUA controlam sozinhos<br />
todos os oleodutos que passam<br />
pela Geórgia e o restante passa<br />
pela Rússia. Com a Ossétia do Sul<br />
integrando-se à Rússia, os oleodutos<br />
georgianos deixaram de ser<br />
controlados pelos EUA. Por isso<br />
a Geórgia, EUA e OTAN prepararam<br />
este ataque.<br />
Existem no Cáucaso uma<br />
complexa teia de relações, acordos<br />
e pactos de todos os tipos.<br />
Acordos econômicos, políticos,<br />
comerciais, de cooperação militar,<br />
etc. A movimentação destas<br />
relações perigosas desencadeou,<br />
ria Notícias Online, edição<br />
1822)<br />
DEZEMBRO<br />
Grécia: assassinato de<br />
estudante em<br />
manifestação gera<br />
protestos em todo país<br />
inevitavelmente, um conflito armado.<br />
“O ataque georgiano contra a<br />
Ossétia do Sul no dia sete de<br />
agosto, que desencadeou uma<br />
escalada militar que não pára de<br />
crescer, foi cuidadosamente planejado<br />
pelos EUA e pela OTAN<br />
(Organização do Tratado do<br />
Atlântico Norte), a aliança militar<br />
imperialista que reúne 26 países”,<br />
denunciou Causa Operária Online<br />
em sua edição nº 1.733 de 31<br />
de agosto de 2008.<br />
A disputa nesta região levará<br />
certamente a novos desdobramentos<br />
em 2009 e tudo indica que<br />
não será no campo diplomático,<br />
mas militar.<br />
Ao mesmo tempo, o Tibete<br />
registrou as maiores mobilizações<br />
populares dos últimos 20 anos. A<br />
questão da independência do Tibete<br />
é historicamente explorada<br />
pelo imperialismo para forçar<br />
mais um enclave no continente<br />
asiático, mais especificamente na<br />
região do Himalaia, fortemente<br />
influenciada pela China.<br />
Há nesta região milhões de<br />
dólares despejados pela CIA diretamente<br />
nas mãos do Dalai-lama<br />
para fazer propaganda do imperialismo<br />
e servir como peça de<br />
reposição contra-revolucionária<br />
diante de uma eventual crise do<br />
regime da burocracia de Pequim.<br />
A China também vê o resultado<br />
direto da crise econômica<br />
mundial. As demissões em massa<br />
no país mais populoso do<br />
mundo estão levando os trabalhadores<br />
a se organizarem, aprofundando<br />
ainda mais a crise da burocracia<br />
do governo.<br />
Protestos e confrontos com<br />
a polícia tomam as principais<br />
cidades gregas, sendo as maiores<br />
mobilizações no país desde<br />
a queda da ditadura militar em<br />
1974. (Causa Operária Notícis<br />
Online, edição 1803)<br />
Trabalhadores<br />
ocupam fábrica nos<br />
EUA<br />
Trabalhadores ocupam a fábrica<br />
de portas e janelas, Republic<br />
Windows and Doors, no<br />
estado de Chicago, contra demissões<br />
promovidas pela diretoria.<br />
(Causa Operária Notícias<br />
Online, edição 1840)