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28 DE DEZEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA ECONOMIA 5<br />
A revista Exame, na sua edição<br />
da primeira quinzena de<br />
março, trouxe na capa a manchete:<br />
“É a vez do Brasil?”, e sustentou<br />
que o País está prestes a<br />
ingressar no clube dos países<br />
mais ricos do mundo. “O país<br />
vive o melhor momento econômico<br />
em três décadas, com<br />
uma inédita combinação entre<br />
estabilidade, aumento do consumo<br />
e da renda e investimentos<br />
recordes na produção. É a oportunidade<br />
de o Brasil ingressar na<br />
elite do capitalismo mundial”,<br />
dizia o artigo principal daquela<br />
edição.<br />
Esta campanha, puramente<br />
ideológica – sustentada por vários<br />
meses por toda a imprensa<br />
capitalista – sustentava-se na divulgação<br />
de mentiras como as<br />
de que o governo estaria em<br />
condições de pagar a dívida externa<br />
e de informações fajutas<br />
como a de que teria aumentado<br />
o consumo da chamada classe<br />
C – o que equivale, de acordo<br />
com o critério escolhido pelos<br />
economistas burgueses para<br />
dividir a população de acordo<br />
com faixas salariais, à renda<br />
média entre 730 e 1,2 mil reais<br />
mensais.<br />
Esta farsa, que se manteve,<br />
principalmente, até o começo de<br />
outubro – coincidindo com o<br />
primeiro turno das eleições municipais,<br />
profundamente marcado<br />
por esta campanha conservadora<br />
n – desmorona largamente<br />
a cada semana diante da<br />
situação de crise generalizada<br />
que se alastra como um furacão<br />
por todo o País, ameaçando profundamente<br />
as já deterioradas<br />
condições de vida da maioria da<br />
população brasileira.<br />
O governo Lula transformou<br />
a maior parte da dívida externa<br />
em dívida interna através da<br />
compra e da negociação das<br />
dívidas dos estados, aumentando<br />
a dívida pública brasileira.<br />
Atualmente, o montante devido<br />
no país equivale a praticamente<br />
um PIB brasileiro – em torno de<br />
R$ 1,9 trilhão. Esta operação<br />
financeira entrega dinheiro de<br />
presente aos bancos.<br />
Lula fez a dívida pública custar<br />
mais caro, passando dos<br />
3,5% de juros encontrados no<br />
mercado internacional, para ser<br />
reajustada de acordo com os inacreditáveis<br />
13,75% da taxa básica<br />
de juros brasileira, a maior<br />
do mundo, o que tende a transformar<br />
a dívida pública em algo<br />
insustentável.<br />
A dívida pública estava em<br />
quase um trilhão de reais há dois<br />
anos atrás e a redução da dívida<br />
externa, através da sua transformação<br />
em dívida interna, irá<br />
BRASIL - 2008<br />
Da fantasia para a realidade<br />
Lula e capitalistas falavam que o País caminhava para o primeiro mundo. Agora, querem cortar empregos, salários e<br />
diretos para garantir os lucros dos capitalistas<br />
“A vez do Brasil”<br />
Ao invés de o capital advindo das exportações ser revertido<br />
em melhorias e diversificação do parque industrial nacional,<br />
foi largamente utilizado para garantir a especulação<br />
SETEMBRO<br />
EUA virtualmente<br />
estatizam as duas<br />
maiores hipotecárias<br />
norte-americanas<br />
Depois de tentar conter por<br />
todos os meios a falência das duas<br />
maiores hipotecárias do mundo,<br />
as norte-americanas Fannie Mae<br />
e Freddie Mac, o governo dos<br />
Estados Unidos decidiu estatizálas<br />
para evitar a bancarrota total<br />
OUTUBRO<br />
Mais um gigante<br />
agravar esse quadro.<br />
A política do governo equivale<br />
a uma gigantesca operação de<br />
doação de dinheiro a estas instituições<br />
que estão à beira da falência<br />
nos quatro cantos do<br />
mundo.<br />
O acúmulo de reservas deveria<br />
estar voltado ao investimento<br />
no próprio mercado brasileiro,<br />
no entanto, enquanto o país<br />
continua exportando cerca de<br />
14% a 15% do seu PIB, o dinheiro<br />
acumulado está sendo usado<br />
para socorrer os capitalistas em<br />
crise.<br />
Ao invés de o capital advindo<br />
das exportações ser revertido<br />
em melhorias e diversificação<br />
do parque industrial nacional,<br />
foi largamente utilizado para<br />
garantir a especulação, com<br />
altíssimo custo para o país que<br />
paga esta farra com os quase<br />
40% de carga tributária.<br />
Cada 0,5% a.a. de taxa de juros<br />
fixada pelo Conselho de Política<br />
Econômica representa um<br />
desembolso de mais de US$ 1<br />
bilhão dos cofres públicos.<br />
Mesmo assim, e com todos os<br />
países do mundo reduzindo<br />
drasticamente os juros para impulsionar<br />
o consumo diante do<br />
colapso capitalista, o governo<br />
Lula mantém no País as mais<br />
altas taxas de juros do mundo fazendo<br />
a alegria dos banqueiros.<br />
Além disso, estes ainda foram<br />
os maiores beneficiários dos pacotes<br />
aprovados pelo governo e<br />
pelo Congresso mensalão, que<br />
destinaram mais de R$ 360 bilhões<br />
para o socorro dos grandes<br />
capitalistas, à custa de uma<br />
enorme expropriação da população<br />
trabalhadora.<br />
A queda do preço das matérias-primas<br />
em todo mundo,<br />
evidenciou o desastre em ter<br />
mantido a política de incentivo<br />
à transformação do Brasil em um<br />
enorme exportador de matériasprimas.<br />
As exportações de petróleo,<br />
minério de ferro e soja<br />
sustentam a balança comercial<br />
brasileira. Com o aumento –<br />
anterior - dos preços das commodities<br />
que o Brasil dispõe para<br />
a exportação, e o conseqüente<br />
aumento das exportações, o<br />
governo criou um fundo de<br />
reservas que esta usando para<br />
servir para operações de resgate<br />
dos principais bancos internacionais<br />
em meio à crise do<br />
sistema financeiro.<br />
Como assinalou Causa Operária<br />
em sua edição nº 474, de<br />
24/03/08: “enquanto o governo<br />
arrancou da população uma parcela<br />
expressiva dos seus rendimentos<br />
através do pagamento<br />
de impostos, para entregar aos<br />
banqueiros, uma parcela de pe-<br />
decreta falência nos<br />
Estados Unidos<br />
Lehman Brothers, quarto maior<br />
banco dos EUA, decreta falência,<br />
depois que o britânico Barclays<br />
recusou a compra do banco<br />
sem a ajuda financeira pública<br />
do governo norte-americano<br />
Empresas<br />
automobilísticas têm<br />
piores vendas em 35<br />
anos<br />
Enquanto economistas discutem<br />
os problemas do mercado<br />
Ao contrário do que afirmou o governo, o programa de<br />
recuperação do capitalismo internacional está custando<br />
enormes sacrifícios à maioria da população brasileira.<br />
As declarações efusivas e positivas da equipe econômica e<br />
da cúpula do governo Lula, servem para tentar abafar as<br />
quenos proprietários e da própria<br />
população trabalhadora recebeu,<br />
a título de “compensação”,<br />
o acesso ao crédito voltado<br />
para o consumo de determinados<br />
bens, comprometendo a<br />
parcela que restou de seus rendimentos<br />
com o endividamento<br />
junto aos bancos e financeiras”.<br />
Ao contrário do que afirmou<br />
o governo, o programa de recuperação<br />
do capitalismo internacional<br />
está custando enormes<br />
sacrifícios à maioria da população<br />
brasileira.<br />
A crise mundial está fazendo<br />
rodopiar profundamente a eco-<br />
nomia brasileira, ficando o povo<br />
brasileiro com os custos aumentados<br />
desta política sem qualquer<br />
compensação.<br />
Como afirmávamos netas páginas<br />
em março deste ano, “a política<br />
de Lula e do PT mostra-se,<br />
desde o início tão colonial como<br />
a de FHC e os trabalhadores não<br />
podem cair no canto de sereia da<br />
fábula do “crescimento econômico”<br />
e da ida ao “primeiro<br />
mundo”, o que, afinal nada mais<br />
é que a propaganda enganosa do<br />
próprio governo FHC do qual<br />
Lula nada mais é que um continuador”<br />
(Causa Operária em<br />
sua edição nº 474, de 24/03/08).<br />
Nada a esperar, muito<br />
pelo que lutar<br />
Os patrões e o governo, com o apoio da burocracia sindical,<br />
estão tramando neste final de 2008, acordos em torno da<br />
redução dos salários, da retirada de direitos<br />
Apesar dos avisos das autoridades<br />
econômicas do próprio<br />
imperialismo de que a crise será<br />
prolongada, de que mais bancos<br />
irão falir e de que “o pior ainda<br />
está por vir” como disse o FMI,<br />
o governo Lula, a burguesia e a<br />
imprensa capitalista insistiram<br />
ao longo de todo o ano em ser<br />
otimistas, apresentar uma versão<br />
cor-de-rosa sobre a situação.<br />
Ainda hoje prevêem uma crise<br />
de curta duração e, mais ainda,<br />
financeiro, a indústria automobilística<br />
nos Estados Unidos apresenta<br />
estado de recessão<br />
Pânico generalizado<br />
Na Europa, bancos à beira da<br />
falência promovem quebradeira<br />
geral nas bolsas de todos os continentes<br />
que tiveram os piores<br />
resultados desde o início da crise.<br />
No Brasil, a Bovespa fechou<br />
as operações duas vezes<br />
NOVEMBRO<br />
Unibanco e Itaú<br />
anunciam fusão de<br />
suas operações<br />
Dois dos maiores brasileiros<br />
anunciaram a fusão de suas operações<br />
como conseqüência da<br />
crise financeira internacional<br />
que não esta não vai afetar seriamente<br />
o Brasil, ou mesmo que<br />
o crescimento se manterá no<br />
País.<br />
Ao mesmo tempo, os patrões<br />
e o governo, com o apoio da<br />
burocracia sindical, estão tramando<br />
neste final de 2008,<br />
acordos em torno da redução<br />
dos salários, da retirada de direitos,<br />
ao mesmo tempo em que<br />
realizam centenas de milhares de<br />
demissões, cortam gastos com<br />
Prenúncio de recessão<br />
derruba preço do<br />
petróleo<br />
Estimativas negativas para o<br />
crescimento futuro das economias<br />
em todo o mundo, derrubaram<br />
em mais de três dólares o preço do<br />
barril de petróleo que foi negociado<br />
a US$ 63,91 o barril.<br />
Lula doa R$ 40 bilhões<br />
em um dia<br />
Com adiamento do pagamento<br />
de impostos e dinheiro do Banco<br />
do Brasil e do BNDES, Lula<br />
repassa R$ 40 bilhões em dinheiro<br />
público para os capitalistas<br />
falidos com a crise<br />
DEZEMBRO<br />
saúde, educação, aposentadorias<br />
etc.<br />
A crise tende a se aprofundar<br />
mais e mais e a tarefa das organizações<br />
operárias é a de preparar<br />
os trabalhadores para enfrentá-la<br />
e não esperar pelo<br />
melhor.<br />
É preciso ter um programa<br />
econômico que preveja a estatização<br />
de todo o sistema financeiro<br />
em oposição à estatização<br />
das perdas, a estatização dos se-<br />
tores chaves da economia como<br />
o petróleo, um plano para a saúde,<br />
a educação, a luta pela defesa<br />
dos salários através de uma<br />
escala móvel e dos empregos<br />
através de medidas de luta como<br />
a ocupação de fábricas.<br />
O governo Lula emprega os<br />
poucos recursos que tem para<br />
salvar banqueiros e não para armar<br />
um plano emergencial diante<br />
da crise. Os trabalhadores devem<br />
opor a ele sua própria política.<br />
Lula: pai e mãe dos<br />
capitalistas<br />
Enquanto a população tem drasticamente o nível de vida<br />
rebaixado, banqueiros, especuladores e grandes monopólios são<br />
os únicos que ganham com a pequena evolução da economia<br />
O governo Lula foi um verdadeiro<br />
serviçal dos banqueiros<br />
e capitalistas durante o ano<br />
de 2008. Em meados de setembro,<br />
já com a crise financeira<br />
bastante avançada, dando<br />
prejuízo para todos os ramos<br />
da economia, surge a<br />
notícia publicada na edição<br />
499, “Bancos crescem 100%<br />
a mais que a economia e recebem<br />
de presente novo aumento<br />
da taxa de juros” (Causa<br />
Operária, nº 499, 14/9/2008).<br />
Enquanto a população tem<br />
drasticamente o nível de vida<br />
rebaixado, “Banqueiros, especuladores<br />
e grandes monopólios<br />
são os únicos que ganham<br />
com a pequena evolução da<br />
economia alcançada às custas<br />
de uma expropriação da população<br />
trabalhadora e da economia<br />
nacional” (idem).<br />
Com estes lucros recordes<br />
ficou evidente que o “sucesso”<br />
dos bancos sobrevivem<br />
com o dinheiro público doado<br />
por Lula e o Banco Central brasileiro,<br />
“Nestas condições, os<br />
três maiores bancos do País<br />
(Bradesco, Banco do Brasil e<br />
Itaú), passaram a integrar,<br />
pela primeira vez, a relação dos<br />
15 maiores da América.<br />
“Em meio a tantos bons resultados,<br />
os bancos ainda receberam<br />
do Banco Central de<br />
Lula, no dia de ontem [10 de<br />
setembro], outro presente:<br />
uma nova elevação de 0,75%<br />
das taxas de juros a pretexto<br />
de conter a inflação. Desta<br />
forma, o governo Lula patrocina<br />
com a expropriação da<br />
população a festa dos banqueiros,<br />
em meio a uma crise<br />
generalizada de toda economia<br />
mundial, inclusive do sistema<br />
financeiro, cujo parasitismo<br />
estatal ficou evidente no “socorro”<br />
dado pelo governo<br />
O banco britânico<br />
pede falência por falta<br />
de capital<br />
O London Scottish Bank,<br />
com sede em Manchester, tinha<br />
quase um século de existência,<br />
contava com cerca de 2 mil funcionários<br />
e cerca de 10 mil clientes,<br />
e foi colocado sob administração<br />
judicial<br />
Itália tem PIB de -<br />
0,9% e entra em<br />
recessão<br />
Com dois trimestres seguidos<br />
de crescimento abaixo de zero<br />
a Itália entrou oficialmente em<br />
recessão<br />
Bush a dois gigantes do sistema<br />
financeiro [setor de hipotecas]<br />
norte-americano. Lá,<br />
como aqui, estes sanguessugas<br />
da economia e do trabalho<br />
da classe operária são cada<br />
vez mais dependentes da intervenção<br />
estatal para garantir<br />
seus lucros.” (idem).<br />
Além dos bancos, o governo<br />
Lula também salvou da crise<br />
empresários de vários setores,<br />
“Foi aprovado na última<br />
quinta-feira, dia 30, o aumento<br />
da verba destinada ao setor<br />
agrícola. Este aumento vai ser<br />
de R$ 2,6 bilhões por meio da<br />
alta do repasse da poupança<br />
rural. O governo aumentou em<br />
5% a alíquota que vai da poupança<br />
rural para o crédito agrícola.<br />
A elevação da alíquota foi<br />
de 65% para 70%. Outra medida,<br />
foi diminuir a alíquota dos<br />
depósitos compulsórios relacionados<br />
com a poupança rural.<br />
A redução da alíquota do<br />
recolhimento dos depósitos<br />
compulsórios caiu de 20%<br />
para 15%. Outro beneficiado<br />
com o dinheiro público será o<br />
setor dos exportadores, que<br />
receberão ajuda do BNDES<br />
(Banco Nacional de Desenvolvimento<br />
Econômico e Social)<br />
que ampliará a verba deste<br />
setor. O governo já tinha destinado<br />
R$ 3 bilhões para o setor<br />
e agora vai aumentar esse valor<br />
para R$ 4 bilhões.”<br />
(¨ Causa Operária, nº 506,<br />
2/11/2008).<br />
E as montadoras não ficaram<br />
de fora, “Entre estas medidas,<br />
está os R$ 4 bilhões que<br />
já foram anunciados para as<br />
montadoras e que sairão do<br />
Banco do Brasil. “ (Causa<br />
Operária, nº 507, 9/11/2008).<br />
Como ficou evidente, Lula seguiu<br />
à risca a política pró-imperialista<br />
.<br />
Ocupação de fábrica<br />
nos EUA sai vitoriosa<br />
Trabalhadores da Republic<br />
Windows& Doors foram atendidos<br />
depois de seis dias de<br />
ocupação da fábrica, mostrando<br />
que contra as demissões o<br />
caminho é a ocupação das fábricas