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28 DE DEZEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA 7<br />

UM ESTADO POLICIAL<br />

Ditadura em xeque: ano da repressão e da reação popular<br />

O ano de 2008 foi marcado pela intensificação da repressão policial contra a população. A política de transformação do Rio de Janeiro e outras metrópoles do País na terra<br />

das milícias para-militares, mostraram o verdadeiro estado de sítio que sofre a população pobre e trabalhadora. Neste mesmo ano pôde-se ver a reação espontânea da população<br />

contra a repressão que ocorreu nas favelas e bairros populares, mostrando o nível da crise do regime político e uma reação popular a esta ditadura estabelecida contra o povo<br />

Bogotarj<br />

Em 2008 veio à tona no Rio de<br />

Janeiro uma situação de verdadeira<br />

guerra civil comandada pela<br />

polícia.<br />

Neste ano foi desvendada a<br />

atuação de milícias paramilitares do<br />

governo atuando nas comunidades<br />

cariocas, facções de tipo fascista<br />

organizadas pelo próprio<br />

Estado ou sob a sua cobertura. Isto<br />

evidenciou a crise do regime político<br />

obrigado a se apoiar neste tipo<br />

de organização para manter seu<br />

controle sobre a população.<br />

Todo este aparato veio à tona e<br />

tornou-se mais evidente para a<br />

população em geral depois que<br />

repórteres do jornal O Dia foram<br />

torturados quando tentavam fazer<br />

uma matéria denunciando a atuação<br />

de tais grupos.<br />

O fato foi imediatamente noticiado<br />

por nossa imprensa e analisado<br />

de um ponto de vista revolucionário.<br />

“A tortura praticada contra os<br />

repórteres do jornal O Dia aconteceu<br />

no dia 14 de maio na favela<br />

do Batan, no Realengo, Zona Oeste<br />

da cidade do Rio de Janeiro.<br />

“A equipe de reportagem, formada<br />

por uma repórter, um fotógrafo<br />

e um motorista foram pegos<br />

pela milícia paramilitar que atua na<br />

favela e torturados brutalmente.<br />

“Os repórteres estavam produzindo<br />

uma reportagem na favela do<br />

Batan. A reportagem tinha como<br />

tema o funcionamento das milícias<br />

na favela e para isso haviam<br />

alugado uma casa no local onde<br />

estavam morando há duas semanas<br />

para acompanhar de perto o<br />

cotidiano da milícia e da população<br />

(...) Em pesquisa feita pelo Gabinete<br />

Militar da Prefeitura do Rio em<br />

2006 foi constatado que uma milícia<br />

tomava conta das favelas a<br />

cada 12 dias. Atualmente, no Rio<br />

de Janeiro, são mais de 100 locais<br />

onde atuam essas milícias que são<br />

formadas em sua maioria de policiais<br />

militares e civis em atividade<br />

ou aposentados e também por líderes<br />

comunitários, bombeiros,<br />

agentes de segurança pública, vigilantes,<br />

agentes penitenciários e<br />

parlamentares.” (Causa Operária,<br />

edição número 485, 8/6/2008).<br />

Neste mesmo ano no Rio foi<br />

denunciado um verdadeiro esquema<br />

de esquadrão da morte, com<br />

a execução da população das favelas.<br />

“No Rio de Janeiro, nos últimos<br />

dois anos, pelo menos 9 mil pessoas<br />

desapareceram sem qualquer<br />

causas divulgadas pela polícia,<br />

Indicando que pode haver uma<br />

operação de extermínio em gigantesca<br />

escala na cidade<br />

(...)<br />

No início de 2008, em janeiro,<br />

o Instituto de Segurança Pública<br />

havia divulgado, também, um recorde<br />

de assassinatos da população<br />

pela polícia. Nada menos que<br />

1.260 pessoas teriam sido mortas<br />

no que a secretaria descreve como<br />

“confrontos” com a polícia, quando<br />

se sabe que boa parte das vítimas<br />

da pela PM são execuçõesn<br />

:”(Causa Operária Notícias Online,<br />

12/12/2008).<br />

A violência policial não ocorreu<br />

apenas no Rio, mas também em<br />

São Paulo, assim como em outras<br />

metrópoles.<br />

“Um levantamento feito Secretaria<br />

da Segurança Pública (SSP),<br />

mostrou que a Polícia Militar de<br />

São Paulo matou quase o dobro de<br />

pessoas no 1.º trimestre deste ano<br />

em relação ao mesmo período de<br />

2007.<br />

De acordo com os dados apresentados<br />

pela Secretaria, foram<br />

registradas 107 mortes em confronto,<br />

apenas nos três primeiros<br />

meses do ano. Já entre janeiro e<br />

março do ano passado foram<br />

contabilizados 69 assassinatos por<br />

policiais. A maior alta foi contabilizada<br />

em janeiro, quando a polícia<br />

realizou 41 embates com mortes,<br />

17 a mais do que os que ocorreram<br />

em 2007" (Causa Operária<br />

Notícias Online, 20/5/2008).<br />

Enquanto a imprensa capitalista<br />

e a própria imprensa procurava<br />

assinalar o crescimento das milícias<br />

como uma ação em oposição<br />

ao Estado e ao regime político<br />

burguês, o Causa Operária foi o<br />

único jornal a assinalar a ligação<br />

umbilical entre o regime, seu aparelho<br />

repressivo, sua orientação<br />

para reprimir opovo em nome do<br />

combate à drogas e o crescimento<br />

das milícias.<br />

Rebelião popular<br />

encosta Cabral, Lula e o<br />

Exército contra a parede<br />

ABRIL<br />

Dengue: fora de<br />

controle<br />

Depois de ter iniciado no mês<br />

de março um surto de dengue<br />

toma conta do Rio e sai do controle<br />

do governo.<br />

Números oficiais são de 67<br />

mortos e 47.779 infectados pela<br />

dengue no estado<br />

No primeiro trimestre do ano,<br />

em todo o País, ocorreram<br />

125.349 casos de dengue, 40%<br />

dos casos no Rio de Janeiro.<br />

(Causa Operária, edição número<br />

475)<br />

Rondônia: massacre<br />

preparado e encoberto<br />

por toda a burguesia<br />

Em Jacinópolis, a 400 km da<br />

capital Porto Velho, área de maior<br />

conflito do estado de Rondônia,<br />

ocorreu um massacre no dia<br />

9 de abril, encoberto por toda a<br />

imprensa burguesa e o governo<br />

latifundiário de Ivo Cassol.<br />

Segundo os sem-terra, 30<br />

A política de transformação do Rio de Janeiro e outras<br />

metrópoles do País na terra das milícias para-militares,<br />

mostraram o verdadeiro estado de sítio que sofre a população<br />

pobre e trabalhadora.<br />

Diante da brutalidade das ações<br />

policiais e das forças armadas,<br />

diversas manifestações espontâneas<br />

ocorreram pelo País.<br />

A população começou a reagir<br />

à repressão policial que assolou o<br />

País neste ano. O protesto da<br />

população no Morro da Providência<br />

contra a presença do Exército<br />

foi um dos mais simbólicos acontecimentos.<br />

Os militares, a pretexto<br />

de fazer segurança para<br />

obras públicas nas favelas, na<br />

Providência, entregaram três jovens<br />

para traficantes do morro<br />

vizinho, sendo estes brutalmente<br />

assassinados.<br />

“Nesta semana, três jovens<br />

negros, moradores de uma favela<br />

no Rio de Janeiro foram vítimas<br />

de uma extrema violência e mortos<br />

barbaramente, após terem<br />

sido entregues por soldados do<br />

Exército a traficantes de um<br />

morro rival.<br />

“No domingo, dia 15, David<br />

Wilson da Silva, de 24 anos,<br />

Marcos Paulo Campos, de 17<br />

anos, e Wellington Gonzaga da<br />

Costa, de 19, moradores do<br />

Morro da Providência foram<br />

achados mortos num aterro sanitário<br />

de Gramacho, em Duque de<br />

Caxias, na Baixada Fluminense<br />

(RJ). Os corpos, com braços e<br />

pernas mutilados, apresentavam<br />

também vários sinais de tortura.<br />

“Os moradores se revoltaram<br />

com a barbaridade e organizaram<br />

um protesto em frente ao quartelgeneral<br />

do Comando Militar do<br />

Leste. Os soldados foram recebidos<br />

a pedradas e sob os gritos<br />

de retirada imediata das tropas do<br />

morro da Providência. Os operários<br />

que trabalhavam no projeto do<br />

governo paralisaram as obras e<br />

afirmam que elas só serão retomadas<br />

depois que o Exército deixar<br />

o morro. Os protestos, no entanto,<br />

foram recebidos pelo governo<br />

com a repressão. Foram<br />

lançadas contra os moradores<br />

bombas de gás lacrimogêneo e de<br />

efeito moral. Carros foram destruídos<br />

pela população revoltada<br />

que momentos antes participaram<br />

do enterro das vítimas” (Causa<br />

Operária, nº 487, 22/6/2008).<br />

Em poucas semanas o protesto<br />

da população terminou com a<br />

retirada forçada dos militares da<br />

região, uma enorme demonstração<br />

de crise do governo federal,<br />

de seu plano de colocar o Exército<br />

como policia nas favelas, e<br />

uma evidência de que a população<br />

não aceita mais repressão e ações<br />

hediondas do Estado capitalista,<br />

do regime político e seu braço<br />

armado nos bairros pobres. A esta<br />

manifestação precederam e sucederam<br />

diversos outros casos de<br />

manifestações espontâneas as<br />

quais uma parte tratamos na cronologia<br />

publicada nesta edição.<br />

A crise dentro do próprio<br />

aparato militar mostra a<br />

ditadura do regime<br />

pessoas desapareceram e número<br />

de mortos não pode ser confirmado,<br />

pois os pistoleiros ainda<br />

cercam o acampamento. (Causa<br />

Operária, edição número 477)<br />

MAIO<br />

Dorothy Stang: o país<br />

dos assassinos<br />

Por cinco votos a dois, o júri<br />

absolveu o fazendeiro Vitalmiro<br />

Bastos de Moura, o Bida, mandante<br />

do assassinato da missionária<br />

norte-americana Dorothy Stang,<br />

no Pará. Ele havia sido condenado<br />

em outro julgamento a 30 anos<br />

de prisão como o mandante do<br />

assassinato da missionária há três<br />

anos, em Anapu, Sudeste do Pará<br />

(Causa Operária, edição número<br />

481)<br />

Roraima - Tentativa de<br />

massacre contra os<br />

indígenas<br />

Líder dos arrozeiros, Quartieiro,<br />

prefeito de Pacairama (DEM-<br />

RR), município da reserva Raposa<br />

Serra do Sol, envia pistoleiros<br />

ataca os indígenas e imagens são<br />

A crise do governo não se<br />

resumiu à presença militar nas<br />

favelas e no repúdio popular,<br />

mas em uma crise interna do<br />

aparato militar<br />

Neste ano ocorreu uma disputa<br />

dentro da própria polícia<br />

que terminou em uma guerra<br />

campal entre a polícia civil e<br />

militar em São Paulo, com a<br />

primeira reivindicando melhorias<br />

salariais. Este foi um dos<br />

picos de crise do governo do<br />

PSDB de José Serra na cidade.<br />

“A imprensa notificou espantada<br />

o primeiro conflito entre as<br />

policias Militar e Civil, que estão<br />

em greve há mais de um mês<br />

na cidade de São Paulo. O confronto<br />

aconteceu na ultima<br />

quinta (16), próximo à sede do<br />

governo do estado de São Paulo<br />

(Palácio dos Bandeirantes)<br />

(...) Os policiais civis estavam<br />

reunidos em frente ao estádio do<br />

Morumbi. Por volta das 15h,<br />

uma comissão formada por 14<br />

sindicalistas aguardavam um<br />

representante do governo de<br />

José Serra (PSDB) para negociar.<br />

Impacientes com o descaso<br />

do governo, os policiais civis<br />

se dirigiram à barreira da PM,<br />

formada por três cordões de<br />

isolamento que contava com<br />

policiais civis, 40 carros e 50<br />

motos do Garra, 30 carros do<br />

GOE, em um contingente de<br />

260 policiais. Nos outros dois<br />

cordões estavam policiais militares<br />

da Tropa de Choque, da<br />

Cavalaria e da Força Tática.<br />

A tentativa de chegar ao Palácio<br />

dos Bandeirantes foi reprimida<br />

duramente pela policia<br />

militar, que investiu contra os<br />

manifestantes atirando, como<br />

tradicionalmente fazem nas<br />

manifestações da população,<br />

com bombas de gás lacrimogêneo<br />

e realizando disparos de<br />

armas de fogo e de balas de<br />

borracha. Os policiais civis reagiram<br />

e as ruas de São Paulo<br />

viraram um cenário de uma<br />

guerra civil (...) Os conflitos<br />

diretos encerraram-se por vota<br />

das 17h, mas a situação permaneceu<br />

tensa” (Causa Operária,<br />

edição número 504, 19/10/<br />

2008).<br />

A greve da Polícia Civil e a<br />

reação do Estado contra seus<br />

próprios homens armados mostrou<br />

a ditadura do regime político<br />

e do que este é capaz contra<br />

a classe trabalhadora desarmada.<br />

Estado de sítio em<br />

plenas eleições<br />

Nunca tantos municípios tiveram a presença do Exército,<br />

especialmente em estados do País onde há um completo<br />

vácuo político causado pela crise das burguesias locais<br />

O aumento da repressão do<br />

Estado foi medido em época<br />

eleitoral, quando a pretexto de<br />

combater o tráfico e as milícias,<br />

cabos eleitorais de parlamentares<br />

no Rio, o Tribunal Superior<br />

Eleitoral e os governos estaduais<br />

requisitaram a presença<br />

do Exército nas ruas.<br />

Nunca tantos municípios tiveram<br />

a presença do Exército,<br />

especialmente em estados do<br />

País onde há um completo vácuo<br />

político causado pela crise<br />

das burguesias locais e um claro<br />

acirramento da luta de classes.<br />

Estados foram verdadeiramente<br />

sitiados, o que só foi<br />

denunciado nestes termos pelo<br />

Causa Operária.<br />

“Além de defender o Exército<br />

nas Ruas do Rio durante as<br />

eleições, o governo Lula ainda<br />

anunciou por meio do ministro<br />

da Defesa e depois de requisição<br />

do Tribunal Regional Eleitoral<br />

que o Exército tome as ruas da<br />

cidade nos próximos sete dias.<br />

Para tanto, o ministro Nelson<br />

Jobim já anunciou que uma tropa<br />

de entre 450 e 900 homens<br />

estarão nas ruas na próxima<br />

semana, atuando em pelo menos<br />

17 comunidades (...) Há um<br />

plano delineado para transformar<br />

o Exército em polícia utilizando<br />

as eleições. Foi repassado<br />

para o próprio TSE o poder<br />

transmitidas em jornais televisivos.<br />

Indicado o ministro do<br />

Meio Ambiente<br />

carimbador, Carlos<br />

Minc<br />

Novo ministro é braço direito<br />

de Sérgio Cabral contra população<br />

das favelas no Rio (Causa<br />

Operária, edição número 482)<br />

JUNHO<br />

Caso da Providência:<br />

Rebelião popular<br />

encosta Cabral, Lula e<br />

de definir em que regiões da<br />

cidade o Exército irá atuar”<br />

(Causa Operária, edição número<br />

498, 7/9/2008).<br />

“Nesta sexta-feira, o Tribunal<br />

Superior Eleitoral aprovou às<br />

pressas que o Exército envie<br />

homens para 459 municípios do<br />

País. O balanço com o número<br />

de municípios foi divulgado no<br />

início da tarde deste sábado e<br />

não incluía os 27 municípios do<br />

Rio que serão ocupados. O total<br />

real, portanto, é de 486<br />

municípios.<br />

Serão 12 estados no total os<br />

que terão o Exército nas ruas:<br />

Alagoas (18 municípios), Amazonas<br />

(38), Amapá (5), Maranhão<br />

(29), Mato Grosso do Sul<br />

(4), Pará (99), Paraíba (3), Piauí<br />

(131), Rio Grande do Norte<br />

(106), Sergipe (23) e Tocantins<br />

(3), além do Rio de Janeiro.<br />

As autorizações para a presença<br />

militar, que andavam devagar<br />

apesar da imensa operação<br />

que já está sendo realizada<br />

no Rio de Janeiro, onde somente<br />

em uma favela, a do Alemão,<br />

há mais de quatro mil homens,<br />

os juízes do tribunal correram<br />

extremamente rápido na sextafeira<br />

(3). Quase dobrou o número<br />

de municípios nos quais a<br />

presença do Exército havia sido<br />

aprovada” (Causa Operária<br />

Notícias Online, 5/10/2008).<br />

o Exército contra a<br />

parede<br />

Três jovens negros, moradores<br />

do Morro da Providência, no<br />

Rio de Janeiro foram mortos<br />

barbaramente, após terem sido<br />

entregues por soldados do Exército<br />

a traficantes de um morro<br />

rival.<br />

Os moradores se revoltaram<br />

com a barbaridade e organizaram<br />

um protesto em frente ao quartelgeneral<br />

do Comando Militar do<br />

Leste. Os soldados foram recebidos<br />

a pedradas e sob os gritos de<br />

retirada imediata das tropas do<br />

morro da Providência. (Causa<br />

Operária, edição número 487)

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