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28 DE DEZEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 18<br />

OS CONFLITOS DO IMPERIALISMO<br />

Guerras na África e na América Latina<br />

Vimos no decorrer deste ano um enfrentamento aberto entre forças do movimento popular revolucionário e do imperialismo. Na África, conflitos<br />

antes adormecidos por um breve período de pseudo-estabilidade capitalista vieram à tona, enquanto que na América Latina, o imperialismo quis<br />

transformar a região em mais um de seus cenários de guerra<br />

Álvaro Uribe: “cão de<br />

guerra” do imperialismo<br />

O ano de 2008 na América Latina,<br />

particularmente na América<br />

do Sul, foi marcado pelo clima<br />

belicista e golpista fomentado pelo<br />

imperialismo em países estratégicos<br />

por sua importância política<br />

e econômica. No primeiro dia de<br />

março, caças colombianos bombardearam<br />

um acampamento das<br />

FARC (Forças Armadas Revolucionárias<br />

da Colômbia) em território<br />

equatoriano, matando ao<br />

todo 17 guerrilheiros, dentre eles<br />

o número dois das FARC, Raúl<br />

Reyes. Imediatamente após o ataque,<br />

o governo Venezuelano, em<br />

resposta à intromissão colombiana<br />

no Equador, fechou sua embaixada<br />

em Bogotá e mobilizou<br />

batalhões, tanques e aviões em<br />

toda a fronteira com a Colômbia.<br />

A ordem de Hugo Chávez veio<br />

logo após o presidente do Equador,<br />

Rafael Correa, ter retirado<br />

seu embaixador de Bogotá e expulsado<br />

o representante diplomático<br />

colombiano de Quito por<br />

causa da invasão.<br />

Foi comprovado que a manobra<br />

militar foi orquestrada pela<br />

CIA e pelo governo norte-americano<br />

com o objetivo de incentivar<br />

um conflito armado na<br />

América do Sul e dessa forma<br />

dividir o subcontinente para iniciar<br />

o aprofundamento da pilhagem<br />

do imperialismo sobre os recursos<br />

naturais da região, principalmente<br />

o gás e o petróleo.<br />

Uribe pretendia com a morte<br />

de um dos principais dirigentes<br />

das FARC receber os louros pela<br />

maior vitória do governo em toda<br />

a história do conflito colombiano,<br />

porém a festa foi frustrada com<br />

as manobras militares e com a denúncia<br />

do massacre.<br />

O imperialismo quer fazer da<br />

Venezuela o Iraque da América<br />

Em meados de setembro irrompeu<br />

sobre a Bolívia um levante<br />

protagonizado por bandos fascistas<br />

nos departamentos controlados<br />

pela direita boliviana, representada<br />

pela oligarquia e empresários<br />

industriais pró-imperialistas.<br />

Latina. Um país muito rico em petróleo<br />

e controlado por um militar<br />

nacionalista. Por isso as provocações,<br />

a tensão e as crises.<br />

Tudo isso deve ser entendido<br />

como uma tentativa explícita do<br />

imperialismo em querer dominar<br />

ainda mais a região.<br />

Uribe, nesse sentido, é um<br />

verdadeiro “cão de guerra” dos<br />

EUA, um mercenário, um testa-de-ferro<br />

financiado pelo<br />

tráfico de drogas, pelos paramilitares<br />

e pela CIA.<br />

O Partido da Causa Operária<br />

participou no único ato organizado<br />

no Brasil contra a<br />

agressão imperialista e seu títere<br />

Álvaro Uribe, chamando a<br />

classe operária brasileira a repudiar<br />

a agressão colombiana<br />

contra o Equador e o assassinato<br />

dos militantes das FARC.<br />

Outros desdobramentos da crise<br />

no continente foram marcados<br />

pela operação que libertou a franco-colombiana<br />

Ingrid Betancourt,<br />

capturada pelas FARC desde fevereiro<br />

de 2002. Ao todo foram libertados<br />

15 reféns, dentre eles três soldados<br />

norte-americanos.<br />

Batizada de Operação Jaque, as<br />

Forças Armadas colombianas elaboraram<br />

um detalhado plano para<br />

libertar Betancourt e mostrar ao<br />

mundo a derrota final das FARC.<br />

No entanto, Betancourt, ex-candidata<br />

presidencial, pode ser uma<br />

próxima alternativa ao governo e<br />

com um total alinhamento político<br />

junto á Uribe.<br />

A libertação dos reféns significa<br />

uma luta pela influência política<br />

na América Latina, uma disputa<br />

entre o “chavismo” nacionalista<br />

burguês de Chávez e a “democracia”<br />

pró-imperialista de Uribe, que<br />

está servindo mais como um biombo<br />

de Washington.<br />

Os planos da direita e as<br />

massas bolivianas<br />

JULHO<br />

Colômbia: Após seis<br />

anos, Ingrid<br />

Betancourt é libertada<br />

O resgate dos reféns faz parte<br />

de um jogo que pretende, por<br />

um lado, não dar mais crédito político<br />

ao governo venezuelano,<br />

que mediava a crise. (Causa Operária<br />

Notícias Online, edição<br />

1674)<br />

O prefeito de Santa Cruz, a<br />

região mais rica e desenvolvida do<br />

país, Rubén Costas, junto ao presidente<br />

do Comitê Cívico local, o<br />

empresário de origem croata,<br />

Branko Marinkovich, orquestraram<br />

com os EUA, na pessoa do<br />

Durante o governo do presidente Álvaro Uribe, dezenas de<br />

milhares de pessoas foram perseguidas e assassinadas.<br />

embaixador Phillip Goldberg, uma<br />

tentativa de golpe de Estado civil.<br />

Milícias de extrema-direita iniciaram<br />

uma campanha de terror<br />

contra camponeses, indígenas e<br />

militantes de esquerda, incluindo<br />

mulheres, crianças e idosos. Ocuparam<br />

e depredaram prédios públicos<br />

e espancaram pessoas pobres.<br />

O principal grupo à frente<br />

destas ações foi a União Juvenil<br />

Cruzenhista (UJC), financiados<br />

pelas famílias que detém a maior<br />

parte das terras bolivianas.<br />

Ao mesmo tempo, o governo do<br />

presidente Evo Morales procurou<br />

sempre negociar com a direita, esta<br />

que chegou a cometer inclusive um<br />

massacre contra os camponeses<br />

bolivianos no dia 11 de setembro no<br />

departamento de Pando.<br />

O governo boliviano tenta até<br />

hoje firmar um acordo com a direita<br />

corrupta e assassina para<br />

viabilizar um referendo constitucional<br />

e canalizar a crise política pela<br />

via institucional, contendo qualquer<br />

tentativa de mobilização independente<br />

e revolucionária dos trabalhadores<br />

bolivianos.<br />

Enquanto a oligarquia tenta<br />

estabelecer seu poder regional e<br />

derrubar o governo nacional,<br />

Morales procura o acordo com a<br />

direita e a manutenção do regime<br />

burguês e da propriedade privada.<br />

Em junho, a presidente argentina<br />

Cristina Kirchner enfrentou a<br />

primeira crise política em seu governo.<br />

As maiores associações de<br />

produtores agrícolas iniciaram uma<br />

campanha de locautes para pressi-<br />

onar o governo a baixar o imposto<br />

sobre a exportação de grãos. Os<br />

patrões do campo, com o apoio de<br />

empresas transportadoras, realizam<br />

bloqueios de estradas e piquetes<br />

para impedir a circulação de cargas<br />

de alimentos e combustível.<br />

A crise teve início em março,<br />

quando o governo decidiu rever as<br />

chamadas “retenções Móveis”,<br />

impostos sobre exportação taxados<br />

com base na variação dos<br />

preços internacionais. As quatro<br />

maiores organizações do setor<br />

agropecuário, formado por latifundiários,<br />

grandes agricultores e<br />

fazendeiros iniciaram um boicote<br />

contra o governo que causou a<br />

escassez de alimentos na Argentina,<br />

incluindo carne, verduras e<br />

laticínios, além do combustível.<br />

Novamente, o Partido da Causa<br />

Operária, por meio de sua imprensa<br />

revolucionária, chamou os<br />

trabalhadores da cidade e do campo<br />

a atuarem com uma política<br />

própria, independente do governo<br />

e dos ruralistas.<br />

O jornal Causa Operária impresso<br />

e na internet acompanhou<br />

também as crises nos outros países<br />

sul-americanos, como a repressão<br />

aos trabalhadores peruanos,<br />

as manifestações dos 35 anos<br />

do golpe militar no Chile, bem<br />

como a posse do governo de frente<br />

popular no Paraguai liderado pelo<br />

ex-bispo Fernando Lugo, esclarecendo,<br />

contra a propaganda enganosa<br />

de parte da esquerda, o seu<br />

caráter burguês e de conciliação<br />

com o imperialismo.<br />

Somália e Zimbábue: retrato<br />

da exploração capitalista<br />

Sérvia:<br />

Preso o “carniceiro de<br />

Sarajevo”,<br />

responsável pela<br />

matança na<br />

guerra da<br />

Bósnia<br />

O governo sérvio anuncia a<br />

prisão do ex-presidente sérvobósnio,<br />

Radovan Karadzic, um<br />

dos homens mais procurados do<br />

mundo por seus crimes durante<br />

a guerra da Bósnia. (Causa Operária<br />

Notícias Online, edição<br />

1694)<br />

AGOSTO<br />

Cáucaso: Rússia e<br />

Geórgia iniciam<br />

guerra<br />

Os Exércitos da Geórgia e da<br />

Rússia se enfrentam na região<br />

separatista da Ossétia do Sul.<br />

conflito foi planejado pelos EUA<br />

para ocupar uma das regiões<br />

mais ricas em petróleo e gás do<br />

mundo. (Causa Operária Notícias<br />

Online, edição 1711)<br />

Paquistão: Pervez<br />

Musharraf renuncia à<br />

O jornal Causa Operária<br />

acompanhou ao longo do ano<br />

cada passo da crise na África e<br />

o processo de desmantelamento<br />

de grandes países promovidos<br />

pelo imperialismo. A Somália é<br />

uma destas nações vítimas dos<br />

ataques imperialistas, do dinheiro<br />

e das armas que financiam<br />

milícias em busca de poder local<br />

e domínio sobre reservas naturais.<br />

Na Somália, desde que a<br />

União das Cortes islâmicas (UCI)<br />

foram expulsas por tropas etíopes,<br />

a crescente resistência contra<br />

a ocupação estrangeira está<br />

levando o país à uma situação<br />

revolucionária. As tropas etíopes,<br />

financiadas pelos EUA, foram<br />

expulsas da maior parte das<br />

cidades. O governo está a um<br />

passo de ser derrubado por milícias<br />

islâmicas que contam com<br />

o respaldo popular por estar a<br />

frente da luta contra a ocupação.<br />

A Etiópia iniciou sua intervenção<br />

militar em dezembro de 2006<br />

com o objetivo de minar a insurgência<br />

na Somália e evitar que ela<br />

se espalhasse para os demais<br />

países árabes do continente africano.<br />

No entanto, dois anos<br />

depois, os soldados estão deixando<br />

o país.<br />

Embora a Somália tenha uma<br />

economia pobre – resultado de<br />

décadas de guerras patrocinadas<br />

pelo imperialismo - sua posição<br />

geográfica é extremamente importante<br />

para a economia e para<br />

a política imperialista. Localizada<br />

no “chifre da África”, a Somália<br />

está próximo ao Golfo<br />

Pérsico, região que mais produz<br />

petróleo no mundo e importante<br />

rota marítima para os navios<br />

petroleiros que passam pelo<br />

Canal de Suez, no Egito - também<br />

próximo à Somália – distribuindo<br />

a matéria prima para Europa<br />

e EUA.<br />

As tropas etíopes e o Exército<br />

somali estão passando pela<br />

mesma humilhação sofrida pelas<br />

tropas norte-americanas em<br />

1993, quando, sob o disfarce de<br />

uma missão humanitária da<br />

ONU, os EUA passaram por um<br />

vexame. Dezoito soldados foram<br />

mortos, baixas suficientes<br />

para os EUA fugirem do país e<br />

deixarem a ONU sozinha.<br />

No mesmo continente, o Zimbábue<br />

foi mais um país cuja crise<br />

adormecida despertou neste ano.<br />

Desde a sua independência britânica<br />

em 1965, o país passa por<br />

sua pior crise. O desemprego<br />

atinge 90% dos trabalhadores e<br />

a inflação chegou a surreais<br />

131.000.000% como se não<br />

bastasse, uma epidemia de cólera<br />

já matou em apenas quatro<br />

meses mais de 600 pessoas.<br />

O atual governo não tem nenhuma<br />

força e vem respondendo<br />

à crise com uma brutal repressão.<br />

Robert Mugabe é o homem<br />

forte do Estado do Zimbábue e<br />

está no poder desde que o país<br />

se tornou independente (Causa<br />

Operária Notícias Online, 16/6/<br />

2008).<br />

O governo pró-imperialista de<br />

Mugabe se tornou num dos mais<br />

corruptos de todo o continente<br />

africano, estando ligado à venda<br />

paralela de diamantes e outros<br />

minerais.<br />

Todo o problema para o imperialismo<br />

consiste em impedir<br />

que a crise terminal do regime de<br />

Mugabe de lugar a uma convulsão<br />

social que pode começar a se<br />

alastrar para toda a região.<br />

Congo e Sudão: diamantes,<br />

ouro, petróleo e gonocídio<br />

Parte da África está vivenciado<br />

o que pode ser chamado de holocausto<br />

negro. O conflito aberto na<br />

República Democrática do Congo<br />

(ex-Zaire) iniciado em novembro<br />

de 2008 levou dezenas de milhares<br />

de pessoas a abandonar suas<br />

casas por causa dos enfrentamentos<br />

entre tropas governamentais,<br />

apoiadas pelas milícias hutus de<br />

Ruanda, e o Congresso Nacional<br />

para a Defesa do Povo (CNDP),<br />

liderado pelo general tutsi congolês<br />

Laurent Nkunda.<br />

Os enfrentamentos entre tutsis<br />

e hutus causaram o massacre de<br />

civis tanto por parte dos rebeldes<br />

de Nkunda como do exército<br />

congolês e tem sua origem o genocídio<br />

de Ruanda em 1994.<br />

Enquanto os minerais africanos<br />

estiverem bem cotados no mercado<br />

mundial, a República Democrática<br />

do Congo e todo o continente<br />

africano serão usados pelo imperialismo<br />

como campo de batalha.<br />

Tal como assinalou a edição<br />

online do jornal Causa Operária<br />

em sua edição publicada em oito de<br />

novembro, “a luta entre os imperialismos<br />

pelo controle da região,<br />

tem conduzido a uma instabilidade<br />

crescente e que as forças políticas<br />

cada vez mais escapam ao<br />

controle e conduzem a situação a<br />

novas crises”.<br />

presidência<br />

Após nove anos no poder, o<br />

presidente do Paquistão, Pervez<br />

Musharraf anuncia sua renúncia<br />

ao governo. Regime muda de<br />

No Sudão a situação consegue<br />

ser ainda mais dramática. O conflito<br />

em Darfur começou em<br />

meados de 2003 e estima-se que<br />

mais de 300 mil pessoas tenham<br />

sido mortas, além de mais de dois<br />

milhões terem abandonado suas<br />

casas. Darfur é uma província<br />

semi-árida, no Oeste do Sudão,<br />

maior país do continente africano.<br />

O País é dividido etnicamente<br />

por uma maioria árabe, mas em<br />

Darfur a maioria da população é<br />

negra, de origem centro-africana.<br />

Disputas territoriais pelo controle<br />

dos recursos naturais, como o<br />

petróleo, e de terras, envolvendo<br />

nômades e fazendeiros, estão na<br />

origem do conflito.<br />

A África está no centro dos interesses<br />

do imperialismo em todos<br />

os sentidos. Politicamente, economicamente<br />

e militarmente o continente<br />

negro é controlado pelo imperialismo<br />

norte-americano e europeu,<br />

na qual se apoderam de todos<br />

os recursos naturais, além de ser<br />

uma importante base na sua campanha<br />

de “guerra ao terrorismo”.<br />

Na verdade, o suposto combate<br />

ao terrorismo esconde uma<br />

guerra suja pelo petróleo africano<br />

e dos demais minérios preciosos.<br />

Todos estes conflitos foram e<br />

continuam atendendo aos interesses<br />

de forças muito poderosas.<br />

governo para que tudo continue<br />

no mesmo lugar. (Causa Operária<br />

Notícias Online, edição 1721)<br />

SETEMBRO<br />

Massacre: Fascistas<br />

matam 16<br />

camponeses em<br />

Pando<br />

Dezesseis camponeses são<br />

massacrados no departamento<br />

de Pando por grupos pagos pela<br />

oligarquia fascista para intimidar<br />

o movimento dos trabalhadores.<br />

(Causa Operária Notícias Online,<br />

edição 1733)

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