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Dias Amargos<br />

Dr. Adamastor envelhecia. Não mais conseguia sair de casa para trabalhar.<br />

O que era fácil de ser feito, passou a ser difícil: uma simples troca<br />

de lâmpada, o conserto da torneira que pingava ou dar um telefonema,<br />

eram adiados para o mês ou ano seguinte; às vezes, para sempre. Aos<br />

poucos tinha certeza de que a maioria dos seus planos jamais realizarse-iam,<br />

faltava-lhe energia; sua vida não mais era administrada pela sua<br />

vontade.<br />

Lembrava, com saudade, de um tempo distante, quando controlava,<br />

ainda, uma boa parte dos fatos à sua volta. Hoje, continua a percebê-los<br />

como durante sua juventude, mas, dentro dele, não mais existe o jovem<br />

do passado, capaz de provocar ou evitar os acontecimentos; ”Sou um<br />

velho: entretanto, continuo pensando, muitas vezes, com minha cabeça<br />

de jovem, esta não me larga. Vejo uma moça de vinte anos e a desejo,<br />

como se eu também tivesse sua idade.”<br />

Ele vivia, como todo velho, de recordações, de um passado que jamais<br />

retornaria. Quanto mais sentia as forças se extinguindo, a débil vontade<br />

diante dos fatos incontroláveis, mais ele abrigava-se no passado. Lá, na<br />

sua toca, ele se resguardava da tirania do presente, bem como da insensibilidade<br />

do futuro. No passado, bonito e forte, tinha sonhos; imaginava<br />

poder controlar seu destino; hoje, derrotado e alquebrado, dominado<br />

pelo ambiente, sente-se empurrado para um futuro cada dia mais estreito,<br />

afunilado, com uma única saída.<br />

Consciente de tudo, desesperado por conhecer sua incapacidade crescente,<br />

ele aguardava, a qualquer momento, sua última ancoragem. Não<br />

sabia quando e nem onde. Tinha pavor da chegada. Sua mente maldita<br />

mostrava-lhe, com clareza, o que temia e evitava: a perda do controle do<br />

barco; comandado, há muito, pelo leve sopro de um vento caprichoso,<br />

oscilante e sem rumo.<br />

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