Turismo Ecossocial, Educação Ambiental e Capacitação - Banco da ...
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1) Introdução<br />
Muito se discute sobre o alarmante progresso <strong>da</strong> devastação e utilização pre<strong>da</strong>tória dos<br />
recursos naturais <strong>da</strong> Amazônia pelo homem. Sempre ouvimos nos jornais notícias em tom<br />
alarmante sobre crimes ambientais, ver<strong>da</strong>deiras “atroci<strong>da</strong>des” cometi<strong>da</strong>s pelos habitantes<br />
desta que é a última fronteira agrícola do país.<br />
Muito se discute, muito se alardeia, e os olhos <strong>da</strong> opinião pública quase sempre recaem<br />
sobre os desestruturados órgãos de fiscalização ambiental. Pensa-se muito em<br />
fiscalização, proibição, punição... Pouco em educação... concientização... em alternativas<br />
econômicas sustentáveis.<br />
“Não temos política agrícola e só podemos plantar em 20% de nossas terras.<br />
Além disso, não podemos queimar nem temos acesso a máquinas.” 1<br />
Ora, o caboclo <strong>da</strong> Amazônia está apenas tentando sobreviver com as ferramentas de que<br />
dispõe.<br />
Tomado por um profundo sentimento de injustiça e amparado pela impuni<strong>da</strong>de, faz o que<br />
acredita ser o certo, perpetuando práticas centenárias her<strong>da</strong><strong>da</strong>s de seus antepassados.<br />
Pensando exclusivamente na garantia do sustento de sua familia, são incapazes de<br />
aceitar que a natureza não está mais “<strong>da</strong>ndo conta do recado”. Dentro deste pensamento<br />
imediatista, sua leitura chega muitas vezes a encarar o escasseamento dos recursos<br />
naturais como castigo de Deus pela intervenção do homem, na figura do IBAMA,<br />
interferindo com leis humanas na premissa “o que Deus dá nunca se acaba” (ver “A<br />
Próxima Refeição" - videodocumentário em anexo). E se a televisão lhe mostra um mundo<br />
repleto de bens materiais, que trarão comodi<strong>da</strong>de e conforto para sua família, qual será a<br />
maneira de ganhar dinheiro para adquiri-los? Dentro de suas possibili<strong>da</strong>des e<br />
conhecimentos?<br />
>> Explorando a floresta.<br />
Em nossa visão, não há como falar em preservação <strong>da</strong> bio-diversi<strong>da</strong>de na amazônia sem<br />
antes trabalhar a questão econômico-cultural <strong>da</strong> população que nela habita, os caboclos<br />
ribeirinhos, os ver<strong>da</strong>deiros donos <strong>da</strong> amazônia. É como querer apagar um incêndio<br />
direcionando o jato d’água sempre na ponta <strong>da</strong> labare<strong>da</strong>. Pode-se até apagá-lo, mas a<br />
que custo?<br />
E se o gargalo de todo este entrave não é apenas econômico, mas também cultural, são<br />
necessários projetos de longo prazo, que operem na compreensão sintomática dos<br />
problemas por parte de quem os causa. Auto-compreensão que leva a auto-gestão –<br />
assim a continui<strong>da</strong>de de qualquer projeto estará assegura<strong>da</strong> por gerações.<br />
1 Getulio de Souza – Ribeirinho <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de Nossa Senhora do Carmo, em Silves – Entrevista a Maura Campanili<br />
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