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Os Meus Amores - Nautilus

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Esmola ao m ‘nino do fol’,<br />

Que quer falar e não pode!<br />

Era um gaguinho. Talvez a Maria da<br />

Eufrásia, que tinha um pequeno preso da fala...<br />

– Ana – disse a Tia Maria Lorna –, leva-lhe<br />

lá um chouricinho.<br />

Todos se calaram, muito doridos diante<br />

daquela desgraça. Ouvia-se a criança vagir abafada<br />

pelo xaile da madrinha. Tirou da<br />

estaca um chouriço, a Ana, e depois de o<br />

beijarem todos – pela fisga, sem olhar, passou-o a<br />

quem estava de fora, que era com efeito a comadre<br />

da Eufrásia.<br />

– Também, foi bem infeliz, coitada! –<br />

reataram as mulheres. – Morre-lhe o primeiro<br />

afogado, e este depois vem-lhe assim, que parece<br />

mesmo que é parvinho!<br />

– Eu assim o tenho! – abonou o barbeiro com<br />

autoridade.<br />

– Mas isto do pequeno faz-nos lembrar agora<br />

o que talvez não saibam...<br />

– O quê? o quê? – perguntaram todos muito<br />

curiosos.<br />

– A história do Ti João Beitão... – sondou, a<br />

ver se sabiam, o José Bernardo.<br />

Não sabiam. «O pobre do homem ninguém já<br />

ouvia falar nele. Parecia mesmo que tinha morrido!<br />

Apanhou a filha bem casada; e como era surdo<br />

como uma porta, pediu-lhe uma cama para se<br />

deitar, um caldo para comer, e não quis saber de<br />

mais nada! Estava na cama havia uns poucos de<br />

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