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Os Meus Amores - Nautilus

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«Diabo! era preciso animar aquilo! Assim<br />

não tinha jeito!» – E puseram-se a falar do tempo,<br />

das moscas, daqueles idiotas que andavam na praça<br />

a dar-se ares. Ensoberbecia-os a ideia de que iam<br />

tomar três limonadas – e sentiam-se felizes,<br />

alegres, um tanto estroinas.<br />

O Ernestinho deu dois passos fora da porta, e<br />

chamou para a varanda, onde grandes manjericões<br />

floriam:<br />

– Ó Emília! Emilinha!<br />

A mulher assomou, gorducha, muito mole.<br />

– Três limonadas, ouves? Três limonadinhas,<br />

depressa.<br />

As conversas animavam-se. – «Pois<br />

senhores! havia de ser difícil encontrar uma<br />

colecção de asnos assim!» Falavam dos que<br />

passeavam na praça, aos grupos. «Deus os faz,<br />

Deus os ajunta!» O palerma do Fernandinho deralhe<br />

agora para cantar! Lá anda ele. Volta, meia<br />

volta,<br />

Vai alta a Lua na mansão da morte<br />

com umas tremuras na voz que eram mesmo de o<br />

esbofetear! Estava antipático, aborrecido, desde<br />

que andava de namoro com a Marques. Só tinha<br />

uma coisa boa – a caligrafia. – Um talhe de letra<br />

bonito – confessavam. – E as calças, hem? reparem<br />

vocês naquelas calças: vai flamante! Casualmente,<br />

Fernandinho olhou de longe para os do estanco,<br />

disse-lhes adeus com a mão, afável.<br />

Corresponderam todos muito risonhos, mas a<br />

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