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Os Meus Amores - Nautilus

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no choco, intervindo desta vez também o António,<br />

a quem o jogo fazia sono. Demais, diante do pai e<br />

da mãe, nem que soubesse o António pegaria nas<br />

cartas. Mas não sabia. No baralho só conhecia os<br />

valetes, de ter jogado com umas raparigas o<br />

mafarrico, numa noite de Natal, fazendo horas para<br />

a missa do galo.<br />

Mas quando os rapazes menos o esperavam,<br />

em pausa que fez a conversa, a Tia Maria começou:<br />

– «Era uma vez uma raposa e um lobo...»<br />

Grande atenção por banda dos rapazes, que<br />

principiaram logo a esfregar as mãos! A Tia Maria<br />

continuou, sem tirar os olhos da roca:<br />

– «Foram-se uma noite a um galo, estava o<br />

pastor a dormir, e furtaram um carneiro.»<br />

– Ó minha madrinha, mas os cães? –<br />

interrompeu o André muito interessado.<br />

Ela fez que não ouviu; e sem despegar os<br />

olhos do manelo de estopa, e sem afrouxar no giro<br />

o fuso vivo, continuou:<br />

– «Furtaram um carneiro, e o lobo, por<br />

agradecido, disse logo para o repartirem. Mas como<br />

era mais manhosa, a raposa disse-lhe assim: –<br />

«Fica isso pra amanhã, ó compadre. Hoje tenho de<br />

ir a um baptizado, um raposinho que nasceu pra aí<br />

pra baixo, e então pode ficar isso pra amanhã.» – O<br />

lobo disse que sim: – «Pois sim, comadre, fica<br />

então isso pra amanhã.» – «Enterra-se o carneiro?»<br />

disse-lhe a raposa. O lobo respondeu que sim, e que<br />

se lhe deixava de fora a ponta do rabo, pra saberem<br />

onde o tinham enterrado.<br />

«Assim fizeram, e o lobo e a raposa inda<br />

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